Capítulo 7 – Imposing

“Do you know what your fate is?”

Say (All I Need) | One Republic

Natsu atirou a camisa no chão do quarto.

Jogou-se na cama, apoiando a mão fechada na testa e lembrando-se de tudo o que tinha acontecido naquela noite. O que tinha começado como a comemoração do aniversário de Juvia rapidamente terminou como a festa de seu casamento com a princesa de Magnólia, Lucy Heartfilia. Inimaginável até para ele.

Embora estivesse a um passo de entrar no período reprodutivo ele se sentia estranhamente calmo. Talvez fosse a bebida alcóolica circulando em seu sangue ou apenas porque no momento encontrava-se sozinho, já que sua mulher tinha sido tirada do seu lado assim que Wendy sendo guiada por Mavis havia dado a cerimônia por completa.

Na tradição de Fiore, após o casamento o homem bebia com os amigos enquanto a mulher era preparada e vestida para a primeira noite do casal, coisa que para ele não fazia sentido já que no final de tudo ela acabaria sem nada.

Pensar em todas essas coisas o deixava apreensivo. Não tinha trocado nenhuma palavra com ela, não sabia o que ela estava pensando, nem mesmo se ela queria isso. E embora em teoria tivesse decidido que a opinião dela não mudaria nada, na prática se tornava um pouco mais complicado.

Poderia ficar horas divagando sobre tudo isso se o barulho da porta sendo aberta não tivesse desviado totalmente sua atenção, sentou abruptamente colando os olhos na mulher parada à porta. Sua esposa.

Lucy mordeu o canto do lábio inferior sem saber como deveria agir, Levy e Juvia tinham lhe instruído de algumas coisas que talvez ela devesse levar em consideração e só de lembrar-se de algumas delas sentia a face corar. Natsu a mapeava com tanta lascívia que seu olhar parecia queimar enquanto percorria o corpo da loira por completo.

– Venha até aqui Luce – chamou com a voz rouca, ele não a chamaria de princesa naquela noite.

Ela caminhou até Natsu de maneira tão lenta e sensual que ele chegava a questionar-se se Lucy tinha alguma noção do efeito que aquilo causara nele, apenas com aquele simples ato já se sentia rígido e queimava em expectativa e excitação.

Queria tanto ela que chegava a tremer.

Mas ao tocar a coxa deliciosamente farta pôde constatar que não era o único, Lucy estava trêmula. E pelo cheiro que ela exalava era nítido que não era de medo.

Pensou brevemente em quantos homens em Fiore matariam para estar no seu lugar, afinal ter uma princesa em sua cama não era um privilégio de muitos.

Deslizou a mão até a cintura dela levantando a camisola semitransparente no processo, sorriu em malícia ao perceber que não havia nada por baixo. Subitamente algo o atingiu, uma dúvida extrema.

Levantou o pescoço para fixar seus olhos nos de Lucy.

– Tem uma coisa que preciso te contar, mas não sei se esse é o momento certo.

Imitando Wendy ela pousou as mãos nas bochechas dele e as deixou escorregar até os fios róseos enquanto sentava-se com as pernas abertas no colo de Natsu.

Ele arfou em satisfação com o contato íntimo e pessoal.

– Então não me conte – a frase sussurrada em seu ouvido o fez estremecer contraindo ainda mais os músculos do corpo.

E mais uma vez ela tinha o poder de surpreendê-lo, quebrou o contato selando seus lábios com os dele, o que logo se tornou um beijo lascivo e repleto de luxúria.

As mãos de Natsu se prenderam à cintura de Lucy com possessão, cada vez que ele apertava com mais firmeza ela arfava em sensações desconhecidas fisicamente.

Em um movimento rápido e preciso girou seus corpos jogando Lucy na cama, ficando por cima dela, os beijos ávidos desceram pelo pescoço da garota enquanto a mão direita de Natsu vagava livremente desde os seios de Lucy até o tornozelo.

Tudo estaria perfeito se não fosse batidas incontroláveis na porta.

Natsu levantou furioso e a abriu com violência.

Gray parecia nervoso, mas o draconiano sabia que se ele não considerasse importante o amigo estaria em uma grande enrascada.

O olhar penetrante quase furava o moreno com ódio.

– A barreira foi quebrada – passou a mão no cabelo nervosamente – Estamos sobre ataque.

Natsu franziu o cenho, aquilo era uma audácia. Olhou para Lucy que já estava recomposta e sentada na cama.

Puxou-a pelo pulso beijando-a fervorosamente e em seguida a depositou nos braços de Gray.

– Leve-a e a proteja – disse firme. Aquilo era expressamente uma ordem.

– Espera, o que... – nem teve chances de terminar, Gray a colocara nos ombros correndo pelo corredor da casa.

– Não se preocupe princesa – disse ofegante – Vou leva-la a um local seguro.

Lucy se lembrou da visão passada sentindo um aperto no peito. Debateu-se até que o moreno a colocou no chão confuso.

– O que houve?

– O Natsu, ele vai...

– Ficar bem, não se preocupe, vamos – puxando-a pela mão.

– Não, você não entende, ele vai morrer – impulsionando-se para o lado contrário.

– Isso é impossível princesa.

– Não é, eu sei – finalmente conseguiu se libertar e correu para o centro do vilarejo.

Quando Natsu avistou as três pessoas que estavam destruindo tudo, a primeira coisa que fez foi incendiar os punhos e saltar na direção deles. A mulher de cabelos vermelhos foi a que tomou a luta para si, depois de desferir alguns golpes contra ela, que foram sucessivamente revidados, ele observou a face determinada e os olhos enérgicos. Instantaneamente se lembrou da garotinha que não conseguiu salvar quando fugiu do castelo, e mesmo que fosse improvável não hesitaria em perguntar.

Agarrou a lâmina da espada e puxou de encontro ao seu corpo, o sangue escorreu até o cabo caindo nas mãos dela que parecia perplexa com a ação, naquele breve segundo ele perguntou esperançoso.

– Erza?

Mas para sua insatisfação, ela nada disse, apenas puxou a espada da mão dele se preparando para desferir um ataque mortal.

E ele deixaria que ela fizesse para enfim perceber que nada poderia mata-lo.

Quando o atrito finalmente se faria presente, um raio dourado passou diante de si e seus olhos se arregalaram ao ver quem havia tomado o golpe em seu lugar.

Erza gritou como nunca enquanto Natsu permaneceu estático ao ver o corpo feminino desabar no chão.

Inaceitável.

Caiu de joelhos tocando os cabelos loiros, afastou-os da face corada, seus olhos queimaram ao perceber que ela não se movia.

– Luce – chamou suplicante – Não me deixe. LUCE.

Erza encarava aquela cena em completo horror pelo que tinha feito, não podia ter matado Lucy, nenhum castigo no mundo seria o suficiente se o tivesse feito.

Em completo êxtase só voltou de seu transe particular quando viu o homem de cabelos rosa correndo com a princesa em seus braços sendo seguido por uma pequena garota de cabelos azulados.

Naquele momento a batalha tinha acabado. E as consequências poderiam ser trágicas.

{...}

Os raios do sol adentravam a enorme janela da sala.

Em frente à porta do quarto seis pessoas esperavam impacientes. Erza, Laxus e Mystgun permaneciam ajoelhados no canto da sala, o costume para quando um membro da família real está prestes a falecer ou sendo submetido a algum tipo de cirurgia, enquanto Natsu andava de um lado para o outro, as roupas ainda manchadas com o sangue de Lucy. Gray tentava manter-se calmo, mas falhava em cada tentativa. Juvia estava inquieta, havia convencido Natsu de que era melhor manter os generais vivos para que Lucy tomasse uma decisão sobre eles.

Sendo extremamente persuasiva, prova disso era estar casada com Gray Fullbuster, quem todos afirmavam que tinha o coração de gelo, conseguiu convencê-lo.

Porlyusica saiu do quarto secando as mãos recém-lavadas em uma toalha branca, era uma espécie de curandeira que servia o vilarejo em casos de necessidade extrema, pois preferia manter-se em clausura.

Natsu aproximou-se dela com o coração apertado.

– Como ela está?

– A garota vai sobreviver, na realidade estou surpresa com ela – ele escutava atentamente – Ela não é uma humana comum e seu corpo se cura com facilidade, num futuro próximo é melhor que discutam suas diferenças para que coisas semelhantes não aconteçam – repreendeu-o.

– E eu posso vê-la?

– Na verdade, você deve obrigá-la a ficar quieta.

Natsu franziu o cenho sem entender, mas ao ver Lucy escorada na porta tentando se equilibrar passou de preocupado a furioso.

– O que você está tentando fazer?- perguntou fazendo ela se apoiar em seu ombro.

O abraço vindo dela o surpreendeu. E mais que isso, aplacou sua fúria.

– Você está bem – afirmou serena sorrindo docemente.

Se até agora Natsu não tinha certeza se estava apaixonado por ela essas dúvidas já não existiam mais.

Lucy mapeou a sala reconhecendo todas as pessoas presentes.

– Minha princesa – Laxus ajoelhou-se diante dela com a intenção de possivelmente tocá-la.

Natsu sentiu o corpo ferver em ódio. Ele estava chamando sua mulher de minha princesa? Era um pedido claro para morrer. Um rosnado ínfimo partiu de si tornando-se hostil. Iria avançar no loiro, se Lucy não tivesse tomado sua frente com tanta imponência.

Sua postura era tão autoritária que nem mesmo Natsu Dragneel, o grande Salamander ousou impedi-la. Aquele ato significava claramente que quem resolveria aquela situação não seria ninguém além dela. Lucy tinha o poder, e sabia como usá-lo.

Laxus esticou o braço na direção de Lucy sendo surpreendido com o tapa dado com as costas da mão da loira, com uma força surpreendente. O loiro estalou os olhos, abismado, mas Lucy estava disposta a impressioná-lo muito mais.

Quando Laxus fez menção de se levantar ela disse algo que jamais havia dito a alguém.

– Permaneça ajoelhado perante a mim Laxus. Não ouse se levantar na minha presença.

Natsu estava boquiaberto, Gray e Juvia estavam boquiabertos e acima de tudo, os generais estavam boquiabertos, o que não os deu tempo de revidar.

– Como vocês ousam invadir o vilarejo em que eu estou hospedada? – Laxus abriu a boca para responder, mas sua voz não saía – Com que autoridade vocês ameaçam vidas de pessoas inocentes com quem eu me importo? – Desviou os olhos para Erza – E como, pelos deuses, você levanta uma espada para o meu marido?

A atmosfera em volta de Lucy estava tão pesada que ninguém se pronunciou em resposta, o que apenas deixou a princesa mais revoltada.

– Eu não estou falando sozinha, responda-me, primeiro general – cuspiu com desdém.

– Princesa eu... O rei nos mandou... Para salvá-la – disse o que parecia ser menos ofensivo.

– Eu não quero ser salva – silêncio e choque total – Então presumo que o trabalho de vocês terminou – virou-se para voltar ao quarto.

– Se não a levarmos de volta o rei irá nos matar.

Lucy tornou a olhá-los, mas dessa vez com a feição terna que eles já conheciam.

– Eu não mandei vocês voltarem para o castelo, muito menos os expulsei daqui.

Juvia sorriu fascinada, Lucy era divinamente magnífica e era impossível não pensar que ela seria uma ótima rainha.