Narrador POV’s

Faziam exatas duas semanas desde que Thalia havia voltado para o AMS, às duas semanas que ela considerava as melhores desde que sua memória podia-se lembrar.

Não a leve a mal, ela apreciava a caçada, era uma coisa que ela realmente gostava. Mas... ela sentia falta da diversão, daquele ‘’ficar com os amigos’’, das piadas, do riso, da preguiça...De tudo aquilo que não existia no não muito extenso dicionário das caçadoras.

Naquele dia, ela estava saindo da aula de esgrima com Percy e Annabeth (Jason estava na aula escalada com a Piper e o Leo), quando um dos irmãos Stoll (Thalia nunca conseguiu identificar qual era qual), passou, distribuindo folhetos impressos, não se sabia aonde, falando sobre uma festa. O horário e o local (chalé de Hermes às 20h) estavam especificados, assim como a data, que era o próprio dia.

Na parte inferior do papel dizia que a tal festa era aprovada pelo Quíron, e tinha o que parecia uma assinatura desleixada.

–Uhn, bom que a festa foi aprovada, porque da última vez, eu realmente não gostei de limpar o banheiro do refeitório por um mês – Percy comentou, ainda olhando para o folheto.

–Tem razão, isso é bom... Desse jeito talvez até eu vá. – e, virando-se para Thalia, que estava com a maior cara de tacho, explicou – Eventualmente, os Stoll fazem festas de sexta, umas festas enormes, e convidam todos os campistas com mais de 15 anos. Eles vem fazendo isso faz mais ou menos uns 6 ou 7 messes, sem permissão nenhuma para tal, e da última vez, eles conseguiram levar algumas bebidas, e muuuuita gente ficou bêbada, e ai o Quíron e o Dr. D descobriram e puniram com um mês de serviços todos os que estavam na festa.

– Como eu pude perder essa? – a morena perguntou, rindo internamente da cena que montou em sua cabeça do Quíron e do Dr. D dando bronca em um monte de campistas bêbados.

– Foi realmente muito engraçado para quem não estava na festa – Annie soltou um risinho – né Percy? – ela completou, dando um beijo na bochecha do namorado, que já estava ficando de saco cheio.

– Bom, pelo menos essa eu não vou perder – ela disse, já com grandes planos de como fugir da festa em caso de emergência, mesmo que soubesse que, quando ficava bêbada (o que não aconteceu muitas vezes na curta vida de adolescente que teve), era possível de sequer lembrar-se do seu nome – Já sabe o que vai usar, Bethie?

–Sei lá, nem sei se vou – a loira respondeu, prendendo seus cabelos em um coque.

– Ótimo – Thalia respondeu, ignorando por completo a última fala da amiga – passo no seu chalé às 18h para decidirmos, ou você prefere o meu?

Annabeth bufou, não importa o que ela falasse, Thalia não iria aceitar, ela ia perder de qualquer jeito, então porque não poupar saliva e ceder logo?

– O meu vai estar cheio, chego as 17h30 no seu chalé para nos arrumarmos, e é bom você expulsar Jason de lá.

Esse, na verdade, era outro assunto que Thalia não gostava de tocar. Ao invés de ficar no chalé de Ártemis, como faria se as outras caçadoras estivessem lá, ela optou por ficar no chalé de seu pai, junto com seu irmão.

– Tá bom, vou indo povo! – ela respondeu, animada, dirigindo-se ao chalé de Zeus, despedindo-se de Percy e Annie.

Quando chegou ao dito chalé, ela pegou uma folha de caderno, escreveu um bilhete a Jason, que ainda estava com Piper, dizendo-lhe que ele deveria sair do chalé as 17h, pegou o livro que estava lendo, no momento Maze Runner (N/A: genteeee, esse livro é muito perfeito, leiam!), se tacou no beliche de cima, que desde que chegara declarara que era seu, e começou a ler. Não demorou muito pra ela simplesmente cair no sono.

Nico’s POV

Eu estava andando pelas sombras, depois de caminhar com uma estátua de vários metros nas costas, andar sozinho era simples demais.

O acampamento era meio longe de Los Angeles (saída mais simples dos domínios de Hades), mas isso realmente não importava, eu precisava passar a mensagem de meu pai para Quíron, coisas bastante ruins podiam acontecer se não conseguisse a tempo.

Cheguei lá 3 horas antes do pôr do Sol, o horário máximo que meu pai havia imposto para passar o recado. Aparentemente, todos os campistas estavam em atividade, então foi fácil achar Quíron na Casa Grande.

Passei-lhe logo a mensagem, e pedi-lhe que tratasse de tomar alguma atitude a respeito rápido. Eu simplesmente não tinha um bom pressentimento.

Quando terminei de tirar todas as dúvidas de Quíron a respeito do recado de Hades, retirei-me para perto dos campos de morango, para ver o Sol se pondo. Essa era uma cena que não tinha muito no mundo inferior, então quando eu fazia uma visita para os reinos de meus tios, e gostava de apreciar a vista.

E eu continuei lá, sozinho, vendo a paisagem sensacional a minha frente, até que alguém se sentou do meu lado.

– Bela vista. – Jason disse, fazendo uma longa pausa – Vai ficar por aqui dessa vez?

– Na verdade, já estou de saída – respondi - só estava vendo o pôr do Sol...

– Tem certeza? Vai ter uma festa dos Stoll hoje à noite, por que não fica pelo menos pra essa? E ai amanhã você vai.

– Pode ser... A última vez foi muito engraçado... – eu disse, com um meio sorriso.

– Só porque você tem a capacidade de sumir nas sombras e não ficar de castigo e os outros não! – ele bufou.

–Bom, acho que já vou indo pro meu chalé, se vou ficar, vou ver se leio alguma coisa antes da festa – disse, me levantando e limpando a gosma de morango da minha calça.

– Também preciso ir indo... – Jason respondeu, também se levantando.

E assim, andando calmo e sem pressa, eu fui ao meu chalé, me taquei na única cama que tinha lá e peguei meu livro, no momento, um de Shakespeare, “O Rei Lear”, que já era a terceira vez que eu lia (N/A: genteee, essa história é muito boa!), e simplesmente amava.

Narrador POV’s

Eram pontualmente 17h30 quando Annabeth chegou ao chalé de Zeus, nem um minuto a menos, nem um minuto a mais. Ela nunca chagava fora do horário, e não pretendia chegar nunca, se possível.

Bateu na porta uma vez e esperou, sendo atendida pouco depois por uma Thalia com uma cara de sono e com marcas de páginas de livro na cara.

–Estava lendo, é? – perguntou, rindo

–Hahaha, muito engraçado! Estou morrendo de rir viu? – a morena nunca acordava de bom humor – E sim, eu estava lendo, problemas?!

–Não – a loira continuava a rir – só me parece mais que você estava dormindo.

Thalia bufou.

– Convidei Piper pra se arrumar conosco também, espero que você não se importe – ela ia entrando no amplo chalé – Jason acabou de sair, e eu não faço a mínima ideia do que vou usar.

– Nem eu – Annabeth disse, mostrando a mochila relativamente grande que levara – trousse tudo o que considerei usável.

A morena riu, enquanto tirava metade das roupas do seu armário. Só para Annabeth desaprovar ¾ das tais.

Thalia estava quase indo lá e estapeando a amiga por falar mal da sua calça favorita quando elas ouviram outra batida na porta. Annabeth, entendendo que iria apanhar, quase correu para atender a porta.

Uma Piper ofegante e com gloss espalhado por toda a volta da boca se encontrava na porta.

– Des-culpa –ela respirava no meio de cada silaba –fui – respira – parada – respira – no – respira – meio – respira – do caminho.

– Estamos vendo – Thalia respondeu, rindo, de dentro do quarto, sem ver que Piper corava descaradamente.

–Já sabe o que vai usar? – Annabeth perguntou, segurando o riso por respeito à amiga.

–Acho que sim – ela respondeu, caminhando com a loira em direção à cama onde Thalia se encontrava – Por quê?

– Porque nós não, então você vai nos ajudar! – a morena respondeu pela amiga, já mostrando a Piper suas roupas.

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Eram 20h30 quando as meninas estavam quase prontas, só arrumando os cabelos e retocando a maquiagem umas das outras.

Depois que Piper escolheu as roupas – muito bem na opinião de quem iria usá-las – cada uma tomou um banho, lavou o cabelo, pintou as unhas, e vestiu-se.

–Já estamos atrasadas – Annabeth reclamou, terminando um último detalhe de seu cabelo – e eu não gosto de chegar atrasada!

– Já estamos indo – Piper exclamou, enquanto colocava a última mecha do cabelo de Thalia no lugar – se acalma Annie!

– É! – Thalia exclamou também, só pra deixar a amiga mais irritada, enquanto se levantava e virava a borda de seu coturno.

Elas conseguiram chegar ao chalé de Hermes só quinze minutos depois, mesmo com a pressa de Annabeth, porque o cinto de Piper tinha estourado o fecho e ela precisou trocá-lo por outro.

– Hey, vocês chegaram! – Percy exclamou, quando as três entraram no chalé, que estava sem as camas, com um Buffet, algo que se assemelhava a um bar, uma pista de dança, uma mesa de DJ (com um garoto de Apolo atrás), e algumas mesinhas com cadeiras, não se sabe até hoje como – Já estava achando que vocês estavam fabricando as roupas! – ele passou uma das mãos por trás da cintura da namorada e deu-lhe um selinho- Você esta linda – ele sussurrou no ouvido da loira.

– Estávamos esperando vocês para provar o ponche – Jason disse, aparecendo do nada, e também passando uma das mãos por trás da cintura da namorada – se for para morrermos por causa dele, melhor morremos todos juntos – ele continuou, arrancando uma risada da irmã.

Percy foi o primeiro a pegar um copo, soltando uma risadinha quando o liquido chegou a sua língua.

–Tem álcool – ele respondeu a cara estranha que Leo (outra pessoa que parecia ter aparecido das sombras) fazia – e não é pouco.

Thalia riu também, já pegando um copo cheio, e virando tudo de uma vez.

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Em menos de meia hora, já estavam quase todas as pessoas na festa bêbadas, menos é claro Annabeth, que simplesmente achava que tinha que ter pelo menos alguém sóbrio em um local fechado e cheio de adolescentes.

Thalia, pelo contrário, bebeu tudo o que podia, quase acabando com o ponche que tinha na festa.

Sóbria, a morena provavelmente não faria o que estava fazendo, que era dançar tudo o que podia, como se o mundo fosse acabar na manhã seguinte.

Ela estava dançando desse modo, com a música do Simple Plan “Welcome To My Live” (N/A: eu coloquei essa música pra Thals dançar porque eu acho que se encaixa mais ou menos [mais ou menos] na situação dela no momento), quando de repente, deu um apagão que depois as pessoas descobririam ser intencional, e todas as pessoas na pista começaram a se agarrar.

Thalia se sentiu meio deslocada, afinal, a parte bêbada dela também queria agarrar alguém. Como não tinha, literalmente, ninguém na pista disponível para ela beijar, ela simplesmente puxou um garoto que ela sentiu que passava pela borda da pista e o beijou.

De primeira, o garoto não correspondeu, ficou só lá, parado, com os lábios rígidos ao encontro dos dela. Mas depois, ele respondeu, e o beijo se tornou um beijo intenso e cheio de ardor. O melhor primeiro beijo que uma garota podia querer.

Mas então o 1% de Thalia que não foi afetado pelo álcool apareceu.E ela lembrou-se das prevenções de Ártemis, e do fato de que se infringisse alguma regra não poderia voltar nunca mais a caçada. E do fato que estava quebrando uma regra.

Então ela sentiu-se como se afogando-se em um copo d’água. Apertada e desesperada.

E, por isso, ela saiu correndo, empurrando o menino que a beijava/que ela beijava para longe, sem ao menos lembrar-se de olhar na cara dele para saber quem era.

E o garoto ficou lá. Olhando-a sair correndo pela porta, ainda processando o fato de tê-la beijado, e o fato de ter gostado. Gostado realmente muito.

Na sua cabeça, ele se perguntava o que tinha feito de tão bom para merecer beijar alguém como Thalia.

Até hoje ele não sabe.