Gamemakers - O Legado de Crane escrita por Melwën


Capítulo 3
Capítulo II - Firulas de Crane


Notas iniciais do capítulo

Dedicado aos meus amados e únicos leitores até agora: Chandelier, Beatriz McCall e Lady Vitória Lannister Stark, e ao meu amado amigo Dave.
Então, galerinha bonita, esse Capítulo realmente ficou uma merda. Por que? Porque hoje é meu aniversário. Que bom, não? Que bom coisíssima nenhuma. Foi o dia mais filho da puta que esse ano já teve.
Por isso e outras coisas, talvez eu poste um novo Capítulo no Sábado, para abonar a grande merda que eu fiz na minha história com isso que vocês vão ler.
Boa leitura.



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FIRULAS DE CRANE

G A M E M A K E R S - O LEGADO DE CRANE

As roupas de Crane estavam espalhadas pelo chão em montes, as malas que Penha arrumara para ela estavam abertas na cena do crime e os acusados, ele e Sância, estavam sentados entre as pilhas de bugigangas e as montanhas de tecidos finos cometendo o pior crime da moda da história de Panem.

— Você tem certeza que você escondeu no forro de um vestido?

— Absoluta. — a garota respondeu, rasgando com a mão o forro de um tecido com bolinhas - E trate de rasgar isso, quero achar a carta rápido.

— Ninguém vai rasgar coisa nenhuma aqui! E tire essas unhas imundas da minha obra de arte.

Penha puxou o vestido das mãos dela, mas ela não o largou. Ambos ficaram naquele cabo de guerra modal, mas não por muito tempo.

— O vestido é meu! — gritava um.

— Mas fui eu quem fiz! — retrucava o outro.

E o tecido ruiu.

— O que está acontecendo aqui? — Perguntou Alexei indignado ao entrar no quarto - Eu ouvi os gritos da escandalosa ali e vim ver se vocês ainda não haviam se matado.

— Viu? Até Alexei te acha escandalosa.

— Eu estava falando de você!

Sância soltou um "hum" com desdém, enchendo o peito de ar e de orgulho por ser vitoriosa. Penha encolheu-se num canto entre as roupas e voltou a descosturar a bainha de um vestido, estava ruborizado e queria ser soterrado com os tecidos, de tanta vergonha que tinha.

— Você chegou em boa hora, Czei. — Disse ela, ainda com um sorriso idiota no rosto - Eu precisava mesmo de você.

— Não sei porque eu ainda lhe ajudo, quanto mais eu faço, mais você pede.

Revoltada, a jovem Crane se levantou e empurrou Alexei para fora do quarto de Penha, batendo a porta na sua cara.

— Deixe seu mau humor aí fora e entre quando resolver ser gente.

Batidas de palmas batendo na porta ecoaram pelo quarto.

— Psiu! Você está louca? — Sussurrou Penha.

— Não!

A porta foi aberta e o homem mais alto entrou novamente. Seus cachos louros balançaram conforme ele assentia o nada com a cabeça, balançando-a para lados diferentes.

— Diga, Sasha.

— Há um ano eu te dei uma carta de Sêneca para guardar em algum lugar que eu não soubesse qual era.

— Que carta?

— Aquela pra garota. — Ela disse — A que ele gostava.

— Ah! Eu deixei a original guardada nas minhas coisas, lá no quatro. Mas tenho uma cópia comigo porque sabia que a Trinket vinha.

— Você tinha me dito que havia guardado ela no forro de um vestido.

— E você tinha dito que era para eu não lhe contar onde realmente estava.

— HÁ! Foi pega. — Berrou Penha, largando o descosturador.

Os olhos da jovem se ergueram para o rosto do maquiador, a unha do seu indicador encostou no peito dele e ela engoliu em seco gritando:

— Eu preciso desta carta agora!

— Eu trouxe uma cópia dela, porque sabia que Effie Trinket estaria aqui.

— Uma cópia? — Berrou Sância, virando-se de costas para ele e andando em direção ao seu frigobar. Ela sacou uma garrafa de uísque e, trêmula, tentou encher um copo. — Você por acaso abriu a carta?

— De uma vez por todas, eu NÃO abri a porcaria da carta!

Crane desistiu de encher o copo e levou a garrafa até a boca.

— Se não abriu a carta, como foi que tirou uma cópia? - Perguntou Penha.

— Meu primo tem um amigo, que tem um irmão, que tem outro amigo que tem uma copiadora na Capital, e eles fazem copias por "raio x". Copiaram até o envelope.

— Vá buscar a carta, Czei - Sância começou a dizer de forma calma, mas completou berrando: - Agora!

— Shhh! Quer acordar o trem inteiro? — Repreendeu Penha.

— Quero.

Alexei saiu enquanto Sância e seu estilista arrumavam a bagunça. E, aos poucos, os amontoados de vestidos tornaram-se pilhas de roupas dobradas e dentro das malas, as tralhas que Penha havia trazido para ajeitar os vestidos também, tudo estava na mais perfeita ordem.

— Não acredito que descosturamos os forros de todos aqueles vestidos à toa.

— Não acredito que Czei mentiu pra mim.

—Não acredito que arrumamos tudo isso tão rápido.

— Não acredito que eu achei! — Disse Alexei, entrando no quarto outra vez.

Sância correu na direção do recém-chegado e tentou pegar o papel em suas mãos enquanto pedia por ele, mas Alexei levantava o envelope cada vez mais alto.

— Não vai pegar! —Disse o homem. — Não enquanto você não for pro vagão principal desse trem e não conversar com todos os mentores.

— Mas agora é cedo dem...

— São seis e meia da manhã, amorzinho. — disse Penha — Vamos demorar, no mínimo, uma hora para lhe arrumar.

— Não preciso que vocês me arrumem.

— E é aí que você se engana! — Alexei virou-a e a guiou para a cadeira estofada em frente a uma penteadeira. — Você vai fazer uma turnê pelo país, se não achar nenhum homem bonito, minha querida, se jogue da ponte.

O maquiador parecia uma estátua em seu espelho, sua pele tinha cor de mármore e textura de seda.

— Não tem pontes no distrito oito.

— Não mesmo. Eles devem ter arrancado até a madeira delas para vender.

— Mas, se somos uma equipe tão perfeita assim — disse Penha subindo em sua cama —, agora é hora de começarmos a cantar uma música sobre como você pode encontrar o homem perfeito em Panem.

— E sobre como ele pode estar em qualquer distrito.

— Menos no doze, as pessoas do doze fedem!

Os dois capitalistas riram. Sância ficou o pasma com a brincadeirinha xenofóbica, pois conhecera uma ou duas pessoas do doze que cheiravam bem (lê-se: Peeta Mellark).

— Parem! — Ela berrou, se levantando. —Que merda é essa?

As luzes redondas que contornavam o espelho da cômoda tremeluziram quando Sância deu um soco no meio dela, fazendo com que as risadas parassem.

— O que foi agora? — Perguntou Alexei.

— Não é porque as pessoas são do doze que elas fedem. Elas fedem porque não nasceram em berços de ouro que nem você e você. — Ela apontou para cada um. — Elas moram em casas sujas e caindo aos pedaços porque trabalham o dia todo e não ganham o suficiente para tapar os buracos do telhado enquanto vocês esbanjam com perfumes e tecidos finos.

— A gente sabe disso, Sasha. Mesmo assim é nojento.

Alexei era descendente de pessoas da "antiga Rússia", e por isso chamava Sância de "Sasha", que era um apelido comum em seu país.

— Nojento é você reclamar de engraxar os próprios sapatos enquanto tem gente passando fome. - Ela respondeu rispidamente - E trate de me dar essa porcaria de carta!

A carta lhe foi entregue, e o coração dele foi partido. Odiava engraxar os sapatos e, em sua mente, fazê-lo era pior do que não ter o que comer.

Sância sentou-se em sua cama para calçar os sapatos quando percebeu que ainda estava com a cópia da carta nas mãos. Ela não entendia como pessoas preconceituosas conseguiam viver em Panem, afinal, eles não passavam de uma gigantesca cooperativa.

— Esses idiotas me fodem os nervos. — Ela disse para as paredes. — Ainda bem que eu tenho meu corotinho, não é neném? Vem cá, dá um beijinho na Sancha!

O cantil se virou em seus lábios e ela bebeu toda a aguardente que restava ali num gole só. "Quanto mais eu bebo melhor fica", Sância pensou, rindo consigo mesma, " Será que tem mais no vagão 'socializador de mentores'?". E, como uma criança que viu um doce, Sância foi atrás do seu objeto de amor maior no momento: a bebida.

Seria mentira dizer que Crane era uma grande beberrona, ela não era. Bebia ocasionalmente, nos momentos de raiva — normalmente após surrar os empregados — e, de vez em quando, entornava o caneco com um dos responsáveis pela segurança no distrito quatro, seu nome era Dave.

Dave saíra do treze depois da revolução, seu nome verdadeiro era Derrichevich - a família dele viera do mesmo lugar que a família de Alexei - e sua cor favorita era vermelho. Dave ajudara a mudar Panem, mas havia sido só mais um peão naquele enorme tabuleiro, e isso o revoltara.

— Senhorita Crane — chamou uma voz fina à porta de Sância logo que ela pegou a carta para ler -, está tudo bem?

— Claro, Trinket. Já estou indo.

A jovem escondeu a carta debaixo do travesseiro e correu para destrancar a porta.

— Que bom. Sabe, ficamos preocupadíssimos por você não ter aparecido ontem a noite. Aconteceu algo?

— Não, não mesmo.

Foi aí que Effie viu o pescoço e os braços arranhados de Sância. Ela parecia ter sido atacada por vários gatos ao mesmo tempo e, como as feridas eram recentes, o tom avermelhado dos machucados não adiantava muito.

— O que foi isso? — Perguntou a moça de vestido rosa.

— As malditas lantejoulas e boiolices da Capital que enfiaram em mim ontem.

— Não são lantejoulas, são arranhões!

— Eu quis dizer que fiz isso em mim tentando tirar aquilo, Trinket.

— Ah! — Ela exclamou, aliviada.

Crane virou um pouco seu corpo em direção ao quarto e espirrou.

—Você tem certeza que está bem?

"Estaria ótima se pudesse jogar algo na sua cara e isso te fizesse sair daqui" pensou Sância " Ou melhor, que isso fizesse desaparecer sua existência cor-de-rosa".

— Claro que estou, Trinket. — Disse a mais nova virando-se para dentro do quarto outra vez, como se fosse espirrae novamente. Effie escondeu seu rosto atrás de um lenço. — Aliás, por que você veio aqui?

— Vim lhe acordar. Não quero que ninguém perca a hora.

— Tente com seu bêbado encantado, talvez ele precise disso mais do que eu.

Nisso, Sância começou a fechar a porta, mas foi interrompida por Effie que, controlando milimétricacamente sua paciência, meteu-se na fresta da porta.

— Senhorita Crane, por favor!

— Ok, ok. Mas espere eu acabar de me vestir - ela disse, quando Effie fez menção de entrar no quarto - ali fora.

E a porta fez um enorme estrondo quando a jovem Crane a bateu. Desesperada e afoita, arrancou a carta debaixo do travesseiro e a enfiou no cofre de qualquer jeito, então saiu pela porta e encontrou Effie a esperando.

— Pensei que fosse trocar de roupa.

— Pensei que fosse desistir quando eu batesse a porta na sua cara. - Respondeu Sância, com um sorriso sarcástico nos lábios.

— Desistir é uma palavra que não está no meu vocabulário.

Trinket andou pelo trem com Crane. Era até distópico vê-las caminhando pelo mesmo corredor, lado a lado.

— Quantos faltam?

— Katniss, Johanna, Peeta e Haymitch.

— Ah, sempre o bêbado encantado! — Sância suspirou, como se aquilo fosse extremamente romântico. v Quis dizer: "quantos você ainda não acordou?"

Effie corou.

— Enobaria. Bati na porta dela por mais de meia hora.

Um sorriso malicioso apareceu nos beiços da jovem Crane enquanto ela disse:

— O que acha de uma ajudinha?

O trem havia evoluído desde a última edição dos Jogos Vorazes e, nas portas, haviam sensores que agiriam de acordo com cada situação se captassem qualquer indício de perigo, inclusive em casos de incêndio. Sância e Effie acenderam fósforos perto do sensor, o que fez o sistema de segurança ser desativado.

— Que número calça, Trinks?

— Trinta e sete.

— Ótimo, me dê seu sapato — Respondeu Sância, esticando a mão.

Não sem muito relutar, Effie lhe deu o sapato. Ela colocou o salto agulha gigantesco entre os fechos de metal da porta e o quebrou, girando-o para o lado. As portas se abriram e o salto do sapato de Trinket caiu no chão, acompanhado de um silencioso ataque de histeria.

— Meu sapatinho lindo! — Ela dizia, apavorada. — Você matou meu sapatinho lindo!

Sância pegou o salto agulha do chão e avançou para dentro do quarto. Enobaria estava jogada na cama, com as pernas e braços esparramados, um fio de baba escorria da sua boca entreaberta.

— Olha, Trinks, ela parece uma porca gorda estirada na lama.

Enobaria era mais magra do que a jovem Crane.

— Não. Não faça isso! — Effie berrou enquanto a outra enfiou um pedaço do salto na orelha da mentora que dormia. — Vai estragar ainda mais o meu salto!

— E nem assim a porca suja acorda.

Sância olhou ao seu redor, não havia nada que podia usar para acordar Enobaria além de água. Então pegou um vaso de plantas e o esvaziou ali no chão mesmo.

Effie cutucou a garota que dormia com as pontas dos dedos, mas ela parecia estar permanentemente desmaiada. Sua colega fez o mesmo, mas deu com as botinas no corpo adormecido que, por sua vez, sequer se mexeu.

Crane, então, subiu na cama, com uma perna em cada lado de Enobaria, que roncava descontroladamente.

— Acorde, seu saco de ossos imundo e rasgado! — Berrou Sância, jogando o vaso com toda a sua força contra as costas de Enobaria. — A lavagem da manhã não vai se comer sozinha.

Enobaria mexeu-se na cama, e até tentou pegar uma arma em cima da sua cômoda, mas Effie foi mais rápida ao acertar o sapato que lhe restava na garota.

— Acorde, sua... — Disse Sância, parando antes de soltar alguma besteira.

— ... Safra de sacas de esterco do Distrito 10!

Aquilo, sem dúvidas, superou o ato de “transformar carvão em pérolas”.

Quando chegaram no Distrito Sete, Johanna Mason entrou no trem sem nenhum segundo de atraso nem nenhuma peça de roupa. Não tinha de quem se despedir e nem porque se vestir; era rude com o povo da televisão, rude com o povo da Capital, rude com o povo da rua, rude com o povo que havia se voluntariado — ou não — para aquela “palhaçada”, como ela dizia. Ao ver Sância Crane pela primeira vez, sofreu um gigantesco choque de encantamento instantâneo.


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Notas finais do capítulo

Socorro, meu forninho caiu! O SAPATO DA EFFIE É 37!
Aconteceram umas coisas muito filhas da puta comigo que não me permitiram fazer um Capítulo com coisas importantes. Desculpem.
Um beijo.
Que a sorte esteja com vocês!
(P.S.: Pra quem leu o último Capítulo, me desculpe pela reposta das reviews ir "codificada", acontece que meu celular é uma merda mesmo.)



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