Você não me quer, não

Você não precisa de mim

Como eu quero você, oh

Como eu preciso de você

Os olhos perolados o olhavam com admiração, mas não tinha retorno. Seu sentimento era unilateral, era somente ela. O encarar de longe, o observar de longe, o apoiar de longe era tudo o que poderia fazer. Sua timidez não a deixava fazer mais que isso.

E eu quero você na minha vida

E eu preciso de você na minha vida

Querer? O que nos faz querer algo ou alguém?! Seria poder?! Ambição?! Desejo?! Instinto?! Inveja?! Seria... Viver?! Para viver, era necessário ter outra pessoa?! Céus! Ela o deseja tanto, era sufocante, repressor, amargo esse sentimento que a dominava.

Sufocante, porque ao estar ao seu lado, não conseguia reagir, falar, pensar, simplesmente sua mente travava, não conseguia nada.

Repressor, porque era desesperador esta ao seu lado, sem ter nada, nenhuma palavra, nenhum conforto, nenhum contado.

Amargo, por perceber a admiração dele pela outra, sua colega, amiga, cúmplice, companheira, irmã.

Você não pode me ver, não

Como eu vejo você

Eu não posso ter você, não

Como você me tem

A imagem? Ela o via como alguém além do que ele, realmente era. E queria que ele a visse da mesma forma, mas não tinha esse sentimento devolvido, sentindo por ele.

Ter? O que você faria por alguém? Até onde chegaria por alguém? Até onde mudaria para agradar alguém? Hinata foi até a última gota de sua esperança.

Uma mulher apaixonada, realmente, é capaz de tudo? Se afastar de seus familiares, amigos, companheiros, tudo isso era necessário para conseguir o que queria? Mas para construir uma família, não tinha que se “afastar” da sua? Não era essa a lei da vida? Os filhos crescem, afloram o mundo e vivem! Então onde ela errou para conseguir aquilo que queria?

Desejar tão fortemente uma pessoa era algum crime?! Pecado?! Mas até que ponto o desejo se reflete ou se transforma em obsessão? Obsessão e desejo fluem do mesmo sentimento? São palavras e significados tão diferentes, mas que andavam tão próximos, quase de mão dadas, onde foi que o desejo da Hinata virou, transformou-se em obsessão?

E eu quero você na minha vida

E eu preciso de você na minha vida

Amor, amor, amor

Amor, amor, amor

Amor, amor, amor

Amor? Afinal de contas, o que é o amor? Onde ele se encontra? Ao mesmo tempo em que nos fortalece, nos joga para baixo. Ao mesmo tempo em que nos da alegria, nos da em dobro a tristeza. Ao mesmo tempo em que nos atribui sentido na vida, nos tira a razão de viver. Céus, o que era o amor afinal? Simples, uma via de mão dupla, que se rompe com o simples pesar do tempo. Ou se fortalece pelas barreiras vencidas. Hinata sentia esses sentimentos em todos os momentos. Amar Uzumaki Naruto era uma via de mão dupla para Hinata, e ela sabia que continuar amando-o iria sentir esses sentimentos em milésimos, segundos, minutos, horas, semanas, meses, anos... Sua vida inteira.

Amar por dois?! Isso realmente bastaria? O amor não deve ser bilateral?! Algo compartilhado entre eles, e não repassado por apenas um. O amor é algo que surge com o nada e continua com o nada? Ou o amor é algo que surge do nada e gera o tudo? Mas como gerar o tudo, sem contado, sem fala, sem cumplicidade, sem confiança, sem companheirismo, sem amor? Céus, ela iria amar pelo os dois, iria repassar seu amor até chegar nele, e quem sabe um dia, esse sentimento poderia se tornar realmente amor.

Amor próprio? Antes de amar o outro, não era necessário amar a si mesmo? Onde você se colocaria no amor? Primeiro? Segundo? Último? No caso da Hinata, ela colocou Naruto em primeiro e ela por último. Mas como você pode amar o outro, sem si amar? Até onde o amor pode suportar si excluir? Si enxergar no outro? O outro era apenas um reflexo seu, afinal? Então o amor, é apenas uma palavra bonita, para substituir o narcisismo?

Você não pode me sentir, não

Como eu sinto você

Eu não posso te roubar, não

Como você me roubou

Sentir? Em um único olhar, entregou seu coração a uma pessoa desconhecida. Amor a primeira vista? Isso realmente existe? Uma alma gêmea? Sua cara metade!

Naquele dia, ela acreditou que sim. Com o decorrer do tempo, passou a ignorar. A vida exigia que ela tivesse que crescer. E acreditar em contos de fadas, não lhe era mais permitido.

Apoio? Do loiro, raras vezes tivera, podiam contar em uma das palmas da mão, e foram tão breves quantos seus encontros. Sem sentimento, sem carinho, sem nada, simplesmente a emoção era só dela. Vinham e iam só dela.

Dedicar-se, entregar-se sem ter nada em troca. Apenas um sorriso, apenas as migalhas que eram da outra. Mas ele não fazia o mesmo? Não corria atrás das migalhas da outra? Então porque apedrejá-la? Porque recriminá-la? Qual era a diferença? Só por ele ser homem e ela mulher? Era esse o motivo?!

_Quanta hipocrisia! – exclamou em seu delírio.

Não, Hinata, claro que não era isso! Talvez, por eles sempre andaram juntos, serem cúmplice nas brincadeiras, nas brigas também. Talvez por eles serem companheiros e por ser nele que a outra se apoiava sempre que lhe era permitido. Talvez pela outra sempre apoiar ele, nos seus sonhos, planos, loucuras. E talvez pela outra retribuir aos poucos os sentimentos para ele.

Altruísmo? Amar também requer altruísmo? Requer deixar o outro viver feliz sem ser ao seu lado? Sem esta junto a si? Mas e se ele fosse mais feliz com ela do que com a outra? Nunca iria saber essa resposta. Mas eu lhe respondo, Hinata. Sim! Ele seria mais, e mais feliz com a outra, divagou seu inconsciente. Foi isso que ele fez pela outra, durante toda sua vida. E até mesmo agora. Que estavam casados e com filhos!

Com a faca na mão e as lagrimas escorrendo pelo seu rosto alvo e pingando em suas mãos, os soluços altos e em uma freqüência constante, a sua sorte é que não tinha ninguém em casa. Estava colocando a culpa do seu choro, na cebola que estava pinicando para o almoço. Mas sabia que era pelos seus pensamentos sobre seu relacionamento e como ele foi, é e sempre será baseado.

Simplesmente por compaixão!

E eu quero você na minha vida

E eu preciso de você na minha vida

Continua...