POV PEETA

Acordo sentindo muita dor nas costas, passei à noite toda sentado em uma cadeira vigiando o sono da minha mãe, ela ainda não acordou e permanece na UTI do hospital, segundo os médicos enfrenta uma pneumonia crônica agravada pelo sarampo. Meu pai diz que ela estava apresentando os sintomas há meses, mas que não tinham o que fazer, além de oferecer alguns remédios caseiros que Ripper conseguia fazer e que quando pegou o sarampo piorou, o corpo já frágil pela pneumonia não teve resistência, se não tivesse sido socorrida a tempo não sobreviveria. Esses dias tem sido muito confusos para mim, acreditar que havia perdido minha família foi algo difícil, demorou meses para o Dr. Aurélio me convencer disso e principalmente tirar a ideia de que Katniss havia matado a todos, porém de uma hora para outra essa realidade mudou e agora tenho me sentido perdido por que minha mente não quer aceitar essa realidade, na verdade me pego sempre retornando a ideia de que não estou vivendo a realidade que é tudo fruto de minha mente confusa. Me esforço para fazer o certo acreditando que eles estão aqui mas meu subconsciente não aceita.

Meu pai e meus irmão se acomodaram em minha casa e eu vim direto para o hospital esperando que o silêncio e a observação constante do rosto de minha mãe me ajudem a aceitar que essa é a realidade e não um sonho. Sem conseguir pensar direito ligo para o Dr. Aurélio ele prometeu estar aqui ainda hoje para me ajudar a entender essa nova realidade.

_Filho?_ escuto meu pai me chamando, sua voz está diferente parece com receio de algo, talvez seja por que estou puxando os cabelos em absoluto desespero. Assim que o escuto tento agir como se tudo estivesse bem.

_Oi, pai tudo bem?_ ele balança a cabeça e me estende um copo com café, está bem quente e com um cheiro ótimo, agradeço e o levo rapidamente a boca. Logo depois dele entram meus irmãos, eles ainda olham tudo com desconfiança, e eu também sou alvo dos receios deles. Nunca tivemos um relacionamento muito bom, eles implicavam demais comigo e minha eterna paixão pela Katniss, diziam que eu era um trouxa por ficar tanto tempo pensando em uma só garota e quando voltamos da primeira arena e que eu tinha a atenção das pessoas o tempo todo isso só piorou. Pois eles viam ela andando com o Gale para todos os lados e usavam isso contra mim.

_Alguma novidade?_ diz apontando para a cama onde está minha mão, digo a eles os que os médicos disseram durante à noite, que o caso é grave e que precisam de mais tempo até que possam tirá-la do coma induzido.

_Quem diria que no Doze nós teríamos um hospital como esse em? Não vi muita coisa ainda mais parece tudo diferente agora._ meu pai caminha até a janela que por ser no terceiro andar oferece um bom ponto de observação, existem muitas mudanças principalmente nas construções, antes tínhamos barracos que caiam aos pedaços em todos os lugares, hoje temos casas bem construídas graças ao trabalho da Katniss e do Haymitch. Meu pai pede para visitar a padaria, também estou ansioso para mostrá-la para todos, como durante o dia as enfermeiras assumem os cuidados com minha mãe, não precisamos ficar aqui. Caminhamos juntos pela cidade, muitas pessoas se aproximam para cumprimentar, elas aproveitam para falar sobre a Katniss e eu ao meu pai, ele não diz nada mais percebo que fica com o semblante preocupado. Assim que avistamos a frente da padaria ele abre um sorriso, não reconstruí sua casa, mas ocupei todo o espaço com a construção, dentro dela ele começa a admirar a decoração, as mesas, enfim tudo que trouxe da Capital e de outros Distritos para compor o ambiente. Meus irmãos não dizem outra coisa a não ser soltarem graça sobre eu ter ficado pobre para fazer tudo isso, que sou muito metido por isso encomendei fornos automáticos quando a gente sempre se virou bem com o forno a lenha pela vida inteira, enfim aproveitam o momento para voltarem a prática preferida deles que é infernizar minha vida, ironicamente é a fala deles que mais me prende a realidade, fico irritado com os dois mais certo de que se fosse tudo imaginação da minha cabeça, eu não seria burro o suficiente para imaginá-los tão chatos. A chegada da Katniss não melhora muito as coisas, pois sabem que passei à noite no hospital e ela chega cedo acompanhada pela por Gale.

_Achei que tinha dito que as coisas por aqui estavam diferente, mas esqueceu de falar das coisas que continuam iguais, como o amor da sua vida viver sempre com outro cara. _ Brenno sorri e bate em meu ombro assim que termina sua frase, estamos na parte da frente da padaria observando o movimento da rua, os dois caminham em direção a porta de entrada sorrindo, não sei o que conversam mais parece algo divertido depois do comentário feliz do meu irmão não dá para ficar indiferente, mesmo assim me esforço para não demonstrar nada.

_Peeta!_ ela chama assim que me vê, vou em sua direção e a abraço, não costumamos passar muitas noites separados por isso é estranho só vê-la pela manhã.

_Oi amor, senti sua falta. _ colo nosso lábios em um beijo rápido afinal quase toda minha família observa a cena.

_Também senti sua falta, mas não passei à noite sozinha Madge está lá em casa, ela não tinha para onde ir e ofereci um dos quartos para ela, fiz mal?

_Não, claro que não, eu pensei exatamente nisso, sei que não deixaria ela sem ter onde ficar e na verdade fiquei mais tranqüilo acreditando que não passaria à noite sozinha. _ ela se vira em direção a minha família e cumprimenta a todos, Gale já fez isso enquanto estávamos abraçados, quando ela se afasta ele estende sua mão para mim, aperto e falo com ele com a maior cortesia que consigo, ainda é difícil encontrar os dois andando juntos mesmo que eu saiba que ela evita ao máximo que isso aconteça. Conversamos um pouco e logo ela volta sua atenção para mim, quer saber se comi, e me convida a voltar para nossa casa.

_Nossa casa? Vocês moram juntos?_ pergunta meu pai, ele e meus irmãos passaram a noite em minha casa e devem ter percebido que não tem muitas coisas minhas lá, porém não disse a eles que morava com Katniss. Confirmo somente com a cabeça e vejo a expressão de espanto em meus irmãos. Concordo com ela pois sei que preciso urgente de um banho e trocar de roupa, caminhamos devagar, ela parece pensativa mas depois pergunta:

_Está tudo bem entre você e seus irmãos? Eles parecem estranhos, sei lá irritados.

_Eles sempre foram assim, não e preocupe está tudo bem. _ a verdade é que achei que depois de mais de dois anos que não nos víamos as coisas seriam diferentes, mas não são, assim que me viram já começaram a gritar: Olha se não é o eterno apaixonado, ainda se arrastando atrás da Katniss irmãozinho? Sei que é o jeito deles de lidarem comigo, embora me tirem do sério as vezes. Entro em casa e ela procura por nossa hóspede mas volta com um bilhete dela avisando que foi der um passeio pelo Distrito e que deve estar de volta depois do almoço.

_Você sabe o que isso significa, não sabe?_ ela balança a cabeça negando e me aproximo dela a agarrando pela cintura. _Que podemos ter um tempo só para nós dois e depois de fica à noite toda longe de você, quero muito matar essa saudade que sinto de você._ não deixo que escape mesmo com suas tentativas de se soltar e quando a beijo não resiste.

_Achei que precisava tomar banho._ fala depois que a levo para o quarto.

_Podemos fazer isso juntos. _ ela aceita a proposta e depois do banho ficamos novamente juntos. Quando minha mente parece confusa não consigo pesar em mais nada que não envolva ficar com ela, isso por que as sensações que me trás me fazem ter certeza que não as conseguiria reproduzir se não fossem reais. Ela parece entender que não estou muito bem, pois fica o tempo todo falando que tudo está bem, que vamos ficar sempre juntos. Katniss desenvolveu essa capacidade de se antecipar as minhas crises, parece que sempre sabe quando estou perto de uma e faz de tudo para impedir que aconteçam, sabe quando preciso ficar com ela para confirmar que o que temos é real e faz isso muito bem, tem conseguido aos poucos atenuar meus conflitos, as crises estão ficando mais espaçadas, as vezes bem leves. Embora ainda não tenha ficado totalmente livre. Quando deita em meu peito não consigo deixar de suspirar.

_Você está bem?_ pergunta olhando bem para mim, sei que não vai adiantar esconder então resolvo falar.

_Não estou, acho que estou ficando maluco Katniss, minha mente não quer aceitar que estão de volta, os flashs estão ficando muito freqüentes, hoje meu pai me flagrou a beira de um, ele ficou tão assustado, nada está adiantando, eles simplesmente não passam.

_Amor, muita coisa aconteceu é natural que esteja confuso, talvez só esteja precisando de um tempo para aceitar tudo e principalmente descansar. Desde o sábado você não dormiu, faz isso agora, garanto que quando acordar vai estar bem melhor. _ ela beija meus lábios e desta vez me acomoda em seus braços, fica passando as mãos no meu cabelo e rapidamente adormeço. Porém o sono não é muito bom, tenho muitos pesadelos com a morte de todos, neles sempre Katniss é culpada. Acordo em desespero e verifico que estou sozinho no quarto. Vou para o banheiro e passo um bom tempo debaixo da água contando que ela vai me ajudar a ficar calmo.

_Amor, está tudo bem? _ Katniss pergunta bem perto do boxe, não percebi sua presença.

_Está tudo bem sim, eu já estou saindo. _ espero que saia mas não faz isso, ao contrário retira toda sua roupa e pega a esponja me ajudando a tomar banho.

_Não precisa esconder nada de mim Peeta, aliais acho que nem tem como fazer isso, sei que não está bem, mas vai ficar só precisa relaxar. _realmente não tem como esconder nada por isso nem perco meu tempo tentando esconder.

_Não dormi muito bem, tive muitos pesadelos, mas não se preocupe, liguei para o Dr. Aurélio ontem e ele garantiu que estará aqui no final do dia._ ela se enrola em uma toalha e me entrega outra, veste sua roupa e antes de sair do quarto fala:

_Vai ser bom para você conversar com ele, fiz um lanche para a gente então não demora. _ visto rapidamente a roupa e desço, assim que comemos vamos para a sala e logo recebo a ligação do doutor dizendo que já está no Distrito e que quer me ver no hospital, vou até lá e Katniss espera do lado de fora, a seção dura mais de duas horas, ele fica tentando fazer com que minha mente aceite todos os fatos mas é difícil. Saio de lá extremamente cansado e ainda preciso passar na padaria pois fiquei o dia todo fora. Para minha surpresa meus pais e meus irmãos estão trabalhando por lá. Beth me informa que ficaram o dia todo. Isso eu tenho que admitir sobre eles nunca fogem do trabalho.

_Olha quem resolveu voltar ao trabalho, que foi cansou de não fazer nada foi?

_Não enche Adam. _ assim que entro percebo que fizeram muita coisa, pães, bolos, broas , acho que tudo que devem ter sentido falta durante todo esse tempo.

_Acha que vamos conseguir vender tudo isso ainda hoje?_ meu pai pergunta com certeza se lembrando que antes não podíamos produzir mais do que vendíamos, mas hoje quando isso acontece simplesmente ligo para Katniss e ela me ajuda a distribuir.

_Provavelmente não, mas não tem problema, estava pensando em chamar o pessoal do seu grupo para comer aqui, eles também devem estar com saudades de comer tudo isso. _ ele sorri e meus irmãos começam é claro implicar comigo novamente , nem consigo perceber o assunto da vez, os dois começam a rir quando fico sem resposta, isso nunca acontecia por mais implicantes que fossem eu sempre conseguia responder a altura, mas durante nossa discussão percebo que finalmente minha mente aceitou: eles estão de volta, vão fazer parte de minha vida agora e não tem como eu me sentir mais feliz.