Sem perder a esperança escrita por Ester


Capítulo 19
CAPÍTULO 19 – Briga




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POV KATNISS E PEETA

Cedo levei minha mãe e minha irmã para estação de trem. Elas ficaram por duas semanas devido a uma folga da mamãe. Prim aproveitou um feriado escolar e faltou algumas aulas mas parecia feliz e também fiquei, foram ótimos dias. Realmente uma boa surpresa. Nesses dias Peeta ficou afastado talvez para nos dar privacidade, mal o vi a não ser de manhã quando trazia o pão. E com a minha mãe aqui não tive coragem de ir dormir em sua casa. Sei que anda chateado pela aproximação do Gale mas não tenho o que fazer. Prometi tentar achar coragem para dizer a ele que estamos juntos, mas não consegui. Sempre penso que ficará magoado e desisto de falar. No domingo em que amanheci em sua casa minha mãe não acreditou na história do passeio e quando Gale saiu me pressionou para saber a verdade. Contei que estava na casa do Peeta. Ela não brigou mas foi a farmácia comprou várias caixas de contraceptivos e me obrigou a tomar um a cada dia. Expliquei que não estávamos juntos “dessa forma” mas ela se limitou a dizer:

_Você dorme todas as noites com um rapaz. E mesmo que nunca aconteça vai tomar o remédio._ não discuti pois apesar de saber que não estou pronta para avançar em nosso relacionamento tem vezes que realmente me sinto tentada, então é melhor me precaver. É claro que não vou dizer nada ao Peeta pois pode entender que com isso quero ir além e não posso fazer isso ainda. Mas todas as noites passei a tomar o medicamento.

Agora que foram embora penso em passar na padaria, esse foi o maior tempo que já ficamos separados desde que voltou ao doze e sinto saudades, mas tenho tantos problemas a resolver que deixo para mais tarde. Vou até o escritório assino os documentos e caminho fazendo as inspeções. Como sempre Gale se aproxima tentando conversar. Ele não voltou a me procurar desde aquele domingo, mas hoje se aproxima e conversa como se nada tivesse acontecido. Passo pelo mercado e encontro Peeta ele nos olha, respira fundo, abaixa a cabeça e sai sem falar comigo. Não entendo sua reação ele sempre fala algo mesmo quando estou com Gale. Decido terminar meu trabalho e procurá-lo para esclarecer isso.

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Encontrar Katniss e Gale andando e rindo pelo mercado foi a gota que faltava para fazer transbordar o copo da minha paciência. Depois de tantos dias sem nos vermos direito ela vai primeiro atrás dele. Não consegui falar com nenhum dos dois, simplesmente saí sem dizer nada. Minha cabeça parece que vai explodir e mesmo estando no meio de tantas pessoas os flashes ameaçam minha sanidade. Sempre acontece isso quando fico muito nervoso. Corro para o escritório e tomo a medicação indicada pelo médico para esses momentos. Apesar disso leva um tempo para me acalmar. Sabendo que não vou conseguir produzir mais nada largo tudo e vou para casa. A fala de Gale dizendo que ela só sente pena de mim por causa do que aconteceu na Capital começa a contaminar minha mente e se for verdade? Por que após ficar comigo durante tanto tempo, não consegue se definir. Haymitch está certo vou ter que criar coragem e confrontá-la, não vou mais aceitar isso. Ela vai ter que escolher entre mim e ele. Ou fica comigo de forma plena ou não vale a pena. Entro no atelier e me tranco lá passo o resto do dia pintando.

Termino o serviço e vou até a padaria. Fico sabendo que Peeta foi para casa antes do meio dia. Isso nunca aconteceu, mas depois do que fez hoje começo a achar que realmente não está normal. Até Gale estranhou seu comportamento dizendo que devia ter ficado louco de vez. Não gostei do comentário mas sei que algo deve estar errado. Vou até a sua casa, nem bato entro e começo a procurá-lo, o encontro pintando tranquilamente no seu atelier. Fico extremamente irritada com ele, pensei que estivesse em crise ou algo assim. Mas parece tranquilo pintando. Como não gosto de enrolação e constato que está bem, vou logo dizendo:

_Dá para dizer o que está acontecendo? _paro na porta do quarto, cruzo os braços e espero sua resposta. Ele se vira e me vê, pega um pano começa a limpar as mãos e diz:

_Oi, para você também Katniss._ sua voz sai fria e de forma irônica.

_Ah! Agora precisa cumprimentar primeiro, lá no mercado isso não era importante._ toda a situação e sua fala implicante só aumentam minha irritação.

_Desculpa, devia ter parado e falado com você e seu “amigo” mas na hora não consegui. _ pelo frisar da palavra “amigo” automaticamente entendo o motivo de sua raiva. Está com ciúmes por causa de Gale, isso tem sido um motivo de discussão entre nós dois a um tempo. Mesmo assim continuo questionando.

_E por que não conseguiu falar com a gente?_ ele me encara com uma expressão dura.

_Porque estou cansado de encontrar vocês por todos os cantos, porque eu fiquei vários dias sem te ver e quando finalmente você fica livre vai primeiro a ele e porque..._para respirando fundo e continua_ estou cansado de ser o segundo para você.

_Você não é o segundo para mim nunca foi. _ sei que em muito momentos Gale tem interferido, mas sempre tento compensá-lo depois. E não é justo que diga isso.

_Não? Então quem é? Ele?_ sua voz está mais alta_ Então porque sou eu que tenho que ficar esperando até que vá embora? Porque sou eu que não posso pegar em sua mão em lugar nenhum mais ele pode? Porque sou eu que fico com as sobras, com o resto do seu tempo?_ termina gritando muito alto. Fico sem fala devido a surpresa, ele nunca gritou comigo, a não ser naquela confusão na Turnê da Vitória, então seus gritos me deixam em choque mas logo revido.

_Isso para mim parece cobrança e acontece que elas não fazem parte do nosso acordo._ mal termino de falar e me arrependo não devia colocar nosso relacionamento nesses termos. Ele logo percebe minha referência e reage rápido.

_Então é isso que somos para você? Depois de três meses, em que estamos juntos nós ainda somos só um acordo? _ se cala como se esperasse uma resposta mas nem me dá tempo para isso pois logo continua. _ Quer saber? Eu propus esse acordo porque estava desesperado, com medo de te perder, achava que com o tempo as coisas mudariam. Que você conseguiria me amar. Mas isso nunca vai acontecer, nada nunca vai mudar. E não importa mais porque não vale a pena, não vou reprimir todas as minhas vontades por você se não fizer nada em troca. Relacionamento é uma via de mão dupla, os dois devem ceder não um só. Estou cansado de ser o responsável pelo nosso. Eu ofereço tudo a você e não consegue se quer fazer o mínimo que é falar para aquele infeliz sobre nós, e dizer a ele que está nos atrapalhando. Talvez porque realmente não estejamos juntos.

_O que você quer dizer com isso?_ na verdade não quero ter a resposta. Sei aonde quer chegar mas me recuso a acreditar.

_ Eu quero dizer que para mim nosso “acordo” acabou. Não serve mais. Não precisa falar para ninguém sobre nós, por que esse nós já não existe. Está livre, livre desse fardo. Viva sua vida, passeie com quem você quiser. Passe suas noites com quem quiser. Mas não venha mais para cá depois disso. Não me dê sobras. Esqueça que te fiz qualquer proposta, esqueça o que falei para você. Por que a partir de hoje é o que farei eu vou fazer questão de esquecer tudo a seu respeito.

Termina de falar e não está mais gritando sua voz sai baixa e firme, leva alguns segundos para eu entender o que está dizendo. Ele está me tirando de sua vida. Pondo fim ao nosso relacionamento e pelo jeito que falou até na nossa amizade. Não tenho nada a dizer, viro as costas e vou embora. Em casa sento no chão escorada na porta de entrada, lágrimas escorrem sem controle e toda a discussão passa pela minha cabeça, a forma magoada com que me falou. Ele realmente acha que é segundo para mim? Quando finalmente consigo em erguer, tomo um banho e deito sem querer pensar em nada, mas os pesadelos não deixam.

Quando ela sai penso que fiz a maior burrada da minha vida. Talvez se lhe desce mais tempo compreenderia melhor minha situação. Queria somente conversar com ela e fazê-la entender que precisava se decidir. Mas quando cobrou que seguisse o acordo a ficha caiu. Ela não será capaz de se relacionar comigo do jeito que quero. Nunca vai me ver como único. Sempre estará dividida. Depois de muito me recriminar pelas minhas atitudes uma constatação me ocorre: Não poderia fazer diferente. Provavelmente a joguei nos braços dele, mas se realmente optar por isso é porque nunca foi minha. E se nunca foi minha não há o que lamentar. Lamentamos por aquilo que perdemos, não pelo que nunca tivemos. Nunca a tive, sempre esteve dividida, então não tenho nem como lamentar. Percebo isso quando nenhuma lágrima brota dos meus olhos, eu só sinto pesar.


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