POV. KATNISS E PEETA

Katniss saiu a pouco tempo e já sinto sua falta, principalmente ao perceber a quantidade de neve que cai e constatar que enfrentaremos mais uma nevasca. Todos os anos é assim, quando o inverno chega passamos muitos dias trancados sem poder saí. No ultimo inverno que enfrentei aqui amarguei três dias sem sair de casa, o pior era que Katniss estava com Gale em sua casa devido ao episódio das chicotadas e havia ligado dizendo que precisava falar comigo. Durante os três dias imaginei as piores coisas possíveis, de casamento com ele a fuga pra floresta sem mim. No fim, disse que queria começar um levante aqui no Doze e por mais que a ideia parecesse absurda me esforcei para aceitar pois nada poderia ser pior do que havia pensado.

Hoje estou aqui esperando uma nova tempestade e sabendo que não estarei sozinho. Quando Katniss ficou me olhando sem consegui responder a minha pergunta, reuni toda coragem que consegui e finalmente a beijei, pensei que fosse me rejeitar, brigar comigo e estava pronto para assumir as consequências se ficasse chateada, por que simplesmente não dava mais para ficar sem sua boca, seu cheiro, tocar sua pele. Então a beijei e ela mas não me rejeitou ao contrário retribuiu como se fosse algo que esperava a tempo e o momento que passamos juntos foi muito bom. Nunca havíamos trocados tantos beijos. Talvez se eu não me preocupasse tanto com a possibilidade de rejeição já estivéssemos a muito tempo juntos. Não queria que tivesse ido embora, mas não poderia segurá-la mais tempo aqui, só de lembrar em quantas noites fica comigo, na quantidade de beijos que trocamos e em como retribuiu cada beijo que dei, cada caricia, me sinto feliz. Um sorriso brota dos meus lábios e meu pensamento vai automaticamente para ela, o que estará fazendo?

Sei que este será o primeiro inverno que passa sozinha e por experiência própria entendo que não será fácil, gostaria de estar lá, não posso impor a minha presença mas pelo menos a noite estarei presente. Cozinho mais comida do que preciso, prevendo dias em que a água fica tão gelada que é impossível fazer qualquer coisa. Subo e tomo um banho rápido pois está ficando muito frio. Penso em ligar pra ela e saber como está. Decido fazer isso depois do jantar, me sento em frente a tv e passo um tempo vendo o noticiário. Escuto o telefone tocar e vou atender.

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_Alô,_ Ele diz bem tranquilo.

_ Peeta é a Katniss _como se não fosse reconhecer minha voz.

_Oi amor, estou sentindo sua falta–_ ele sempre diz essas coisas de forma tão largada que me deixa sem reação. Por um momento fico sem fala, pensando em o que responder.

_Katniss, Katniss. Aconteceu alguma coisa?

_ Não, nada é que queria te fazer uma pergunta. Lembra quando o aquecedor daqui deu defeito e você ficou de pedir a peça de substituição?

_Lembro encomendei e pedir para que entregassem aí. Por que? Deu defeito de novo?

_Deu e não sei se a peça foi trocada.

_Eu vou aí verificar, é só um minuto.

_Não Peeta, não precisa sair de casa neste tempo, só queria saber se você fez a encomenda.

_Katniss você está sozinha e sem aquecedor é claro que vou. Até logo.

Desligo pensando na nevasca que Peeta vai enfrentar, vou até a frente da casa e fico esperando, por sorte o vento está mais fraco e logo ele atravessa a rua e chega, está com uma capa preta de plástico e nossas casas são tão perto uma da outra que não dá tempo dele sentir muito frio.

_Oi,_ Fala segurando meu rosto e me beijando com vontade, fico sem reação, não sei o que fazer, ele se afasta um pouco e abre um sorriso.

_Posso entrar? Está muito frio aqui fora.

_Pode claro _ entro e fecho a porta atrás de nós, ele então volta a me beijar muito. Não resisto e em poucos minutos estou sendo prensada contra a parede e tenho que pará-lo. Ele ri e se dirige até porão, lá constata que realmente a peça não foi trocada, leva mais de uma hora tentando arrumar mas não consegue. Fico observando seu trabalho e percebo próximo ao aquecedor uma caixa com uma encomenda feita em seu nome. Peeta a abre e a peça está lá. Ele a leva para a cozinha, para ler o manual e descobrir se poderá trocar sozinho. Quando estamos lá somos surpreendidos com uma batida na porta.

_Quem sairia de casa neste tempo e a essa hora?_ Pergunto. Ele parece sério, não deixa que vá abrir a porta e ele mesmo vai.

_É o Gale _ Fala com surpresa na voz.

Estranho a hora, mas lembro que não fui muito cordial ao telefone e provavelmente deve estar querendo uma explicação. Gale entra na casa sem muita cerimônia. Olha pra Peeta com uma expressão séria e pergunta o que está fazendo em minha casa a essa hora. Peeta não responde se limita a fechar a porta e seguir para a cozinha onde deixou a caixa antes de atendê-lo.

_Eu o chamei_ Estou chateada pelo jeito com que o tratou.

_E pra quê? ­_ Pergunta rapidamente chegando a cozinha.

_ Não tenho que explicar isso a você Gale, essa é minha casa quem chamo aqui diz respeito só a mim_ Estou no limite de minha paciência por esse comportamento controlador dele.

_Vim tentar arrumar o aquecedor_ Peeta responde tentando amenizar o clima entre nós. Gale observa a caixa e a peça e depois pergunta o que quebrou. Peeta lhe explica informando um nome técnico que desconheço e mostra a caixa. Ele pega e verifica que é uma encomenda vinda de outro Distrito e ver o nome de quem encomendou.

_Quando quebrou? _Pergunta com um tom de voz estranho.

_Acho que hoje a tarde, no inicio da noite é que percebi o frio_ Respondo .

_Então por que ele já tinha a encomenda?_ Está obviamente acusando Peeta de alguma coisa que não consigo compreender.

_O que você está alegando? Pergunta Peeta visivelmente irritado_ Que vim aqui e quebrei o aquecedor, e depois me ofereci para arrumar, já tendo a peça para trocar? Isso por que? Porque sou um tipo de maluco psicopata?

_Só estou dizendo que é estranho, já ter a peça para repor.- retruca gritando.

_Peeta não tinha a peça_ Interfiro prevendo uma briga_ Ela foi encomendada por ele como um favor a minha mãe. No último inverno que estivemos aqui o aquecedor quebrou e ele trouxe o técnico que indicou que uma peça precisava ser trocada, mas por causa do massacre minha mãe deve ter esquecido de informar que havia chegado._ Explico da forma mais clara possível para acabar de vez com a discussão.

Apesar de estar bastante irritado Gale se oferece para ajudar e Peeta aceita, os dois vão para o porão com a caixa e aproveito o tempo e ligo para minha mãe. Prim atende e logo começa a falar sem parar, esse tem sido o melhor momento do dia, quando conta sobre sua escola e o estágio que está fazendo no hospital que minha mãe trabalha. Tomo coragem e falo do beijo que Peeta e eu trocamos, ela escuta em silêncio e depois pergunta:

_O que você achou? _ sua voz sai bem baixinha.

_ Gostei e me senti muito bem_ Confesso sinceramente_ Mas não sei o que fazer, nem o que esperar disso tudo e ainda tem o Gale que via ficar magoado se descobrir, não sei o que esperar disso._ exponho o que está no meu coração.

_Talvez você não precise fazer nada, deixe as coisas fluírem e vê no que dá, de repente Gale aceite numa boa, nunca se sabe. _ fala como se fosse a pessoa mais entendida no assunto.

_ E de onde vem toda essa experiência hein?_ implico, pois sei que nunca namorou.

_ Ah! Nem vem com essa. A gente não precisa de experiência para entender certas coisas. O que sei é de observar as pessoas e também de saber que vocês sempre foram próximos. Fui eu quem acompanhou toda aquela confusão no treze e sei que você gosta dele._ ela fala e me lembro de como sua ajuda foi essencial para mim.

_Tem razão, você realmente entende as pessoas e a mim. Vou deixar o tempo passar e ver o que vai acontecer, qualquer coisa te ligo. Manda um beijo para mãe e diz que estou com saudades.

_Pode deixar vou mandar o beijo e Katniss aproveita bastante, ele gosta muito de você.

_Eu sei, pode deixar vou tentar não estragar tudo. Beijos.

_Você não estraga. Fica com Deus.

Depois do telefonema desço ao porão. Estranhamente os dois estão se entendendo e conversando sobre o conserto. Peeta me informa que para trocar a peça vai precisar de uma ferramenta que eles não possuem e que talvez o melhor seja ligar para o técnico. Mas devido a hora não posso ligar hoje. Informo a hora a Peeta que parece ter ficado confuso quanto ao tempo depois de verificar como está tarde fica pensando em uma solução. Obviamente deveria ir para sua casa e ficar lá mas como fazer isso sem dar muita bandeira com o Gale? Se não estivesse aqui iria para lá sem problemas, mas agora tento pensar em uma solução.

_Você vai ficar lá em casa durante esse tempo_ Gale fala de forma decidida. Não me animo com a ideia, na casa dele tem muitas pessoas e mais uma pode trazer algum tipo de transtorno. E se tenho que ficar em outro lugar seria na casa de Peeta. Ele me olha com uma expressão séria aguardando a minha decisão.

_Não quero incomodar sua mãe. Vou ficar aqui mesmo, talvez nem faça tanta falta._ Sei que fará mas não quero ficar lá.

_Você não irá incomodar e não pode ficar aqui a temperatura pode cair muito e não terá o que fazer.

_Fique em minha casa_ Peeta diz de forma direta.

_Não! Ela não vai ficar lá, ela irá para minha casa._ Gale conclui com raiva.

_Essa decisão não é sua é da Katniss._ Peeta argumenta sem perder a calma.

Gale o olha furioso, mas se limita a esperar minha decisão. Para um pouco para pensar, mas não vejo alternativa. Quero ficar com o Peeta mas tento ao menos melhorar a situação com o Gale.

_Obrigado por oferecer sua casa_ falo me virando para ele_ Mas a essa hora sua mãe e irmãos devem já estar dormindo e isso pode ser um transtorno para eles. Vou ficar em sua casa_ Olho para Peeta- Só preciso arrumar uma mala com algumas coisas.

Subo rapidamente não querendo ouvir mais discussão, é claro que não preciso de nada já que na casa do Peeta tem coisas minhas, mas para Gale não desconfiar, coloco algumas roupas, calças, blusas e agasalhos na mala. Percebo meu quarto ficando frio. Termino de arrumar tudo e desço. Peeta vem até a escada e pega a mala da minha mão. Gale permanece em silencio, com uma expressão dura no rosto. Pela forma que os dois estão se olhando acredito que tenham discutido, mas não pergunto nada. Tento me despedir do Gale mas ele passa por nós sem falar nada, visivelmente irritado. Mas não há o que possa fazer. Fecho a casa e vou para casa do Peeta