Anonima escrita por Masacotinha


Capítulo 2
Enfeitando o início.


Notas iniciais do capítulo

Para que entendam melhor minha confusão de primeiro pra segundo capítulo...



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E hoje, supostamente seria o meu primeiro dia no colegial, se não fosse meu irmão, lindo e amoroso ter me convidado para matar o primeiro dia de aula, para um passeio no parque, seguido de uma bela porção de fritas... Acho que nunca tinha ficado com tanto medo, do que aquele dia. Passear com o meu irmão não é nada ruim, ainda mais quando se tem mais pessoas por perto, e não saiamos a sós... Porque senão, o bicho come.

Chegar em casa, 19h50 nunca foi tão empolgante quanto naquele dia... Não ouvir meus pais reclamarem pela hora, apenas tê-los a todo ouvidos, querendo – ironicamente – saber sobre o meu primeiro dia de aula!

– Pai, estou exausta, por favor, amanhã conversamos...

– Okay, vai comer então, logo logo vamos sair.

Eu realmente estava morrendo de cansaço, afinal, caminhar durante uma tarde toda, sendo sedentária, com mais três adolescentes que praticam esportes, não é nada fácil! Mas tinha valido a pena, e por isso, não iria reclamar.

– Para onde vamos? Estou cansada, pai.

– Vamos na sua madrinha... Vá se aprontar logo, que só falta tu e teu irmão.

Sendo super sincera, não me lembro ao certo como cheguei ao meu quarto, lembro-me de chegar ao apartamento de minha madrinha, comer, discutir um pouco sobre música, e por fim, lembro de ter acordado em meu quarto, no dia seguinte...

– Ana Paula, tá pronta já?

– Calma, tô quase.

– Cara, como tu demora, caramba!

– Cala boca, por que será que demorei, né?

– Sei de nada...

Hoje nós iremos a aula, segundo dia é importante... E como sou 'rebelde', vou do pior jeito para a aula, all star confortável, calça jeans confortável, e apenas porque meu irmão que deu, a minha blusa da Nirvana... O engraçado do seu primeiro dia de aula ser o segundo, é que, todos da sala já se conheceram, e de repente, mais uma criatura surge, para a “alegria” de todos... Eu não sou uma pessoa muito sociável, como a metade da turma em que eu acabei caindo, notou! Mas, têm pessoas legais, com quem vale a pena conversar e socializar...

Hoje, sobrou-me apenas um lugar a sentar, terceira carteira da fileira da parede. “Que delicia”, de cara, foi o que pensei. Na minha frente tinha um grupo de meninas sentadas... Uma tal de Barbara, que sentava com outra tal de Bruna, e na frente delas, uma tal de Brenda e uma outra tal de Gabriela... Era um ano diferente para mim, eu havia parado de roer unha, e estava mais “comportada”, mantinha o meu cabelo sempre preso a um rabo de cavalo – eu não mudaria o meu rabo de cavalo por nada! – e sem nada de maquiagem. Foi um grande impacto para mim, perceber que no ensino médio, mais do que na escola básica, as meninas competem quem tem a unha mais bonita e a maquiagem mais forte. Mais do que isso, foi bem impactante ver que, meu Deus, eu sou a única “morena” nessa sala! Pior, a única “cabelo ruim” ... Nem em festa alemã tinha visto tanta e tanto louro de olho azul e cabelos lisos e cheios de movimento... A minha sala, mais parecia um camarim de “modelos” do que uma sala de aula... Tá, eu não estava de uniforme, beleza, mas eu estava mais comportada e confortável que qualquer uma dali.

Depois de tomar meu choque para a nova realidade que eu enfrentaria dali a diante, finalmente, já era hora do recreio. – incrível como os primeiros dias de aula, voam... – Fui surpreendida por uma garota quando estava me retirando da sala, para o recreio...

– Gostei da camisa.

– Legal, obrigada.

– Sou a Brenda, e você deve ser a Ana...

– É pra ser isso.

– Tem companhia para o intervalo?

– Tenho! – E realmente, eu tinha, não me importa o quanto a minha indesejável companhia era perturbante, mas eu tinha.

– Ah, tudo bem, nos vemos depois.

Apenas forcei um sorriso à menina... Ela era incrivelmente linda. Não era muito mais alta que eu, tinha os cabelos curtos e era gordinha... - Se chama Brenda e gosta de nirvana, é, com certeza seus pais não devem ter mais de 30 / 35 anos...

Durante o recreio, algo incrível aconteceu... Ele me viu. “Droga”, pensei.

– Aninha, hey, Aninha...

Eu tinha vontade de me virar e correr o máximo possível, mas seria muita falta de educação.

– Oi...

– Então você veio mesmo para cá...

– Não, não. Eu sou um holograma, olha só, eu me atravesso. – Fiz um movimento com as mãos e braços, para demonstrar que era um holograma.

– Sempre engraçadinha... Você está muito linda, sabia?

– Legal! – Sorri o máximo meiga que consegui, era difícil ser sarcástica com ele, e mais difícil ainda era olhar para ele...

– Porque tão fria?

– Porque tão idiota?

– Ahá, aprendeu... – Ele parecia ter se animado...

– Um dia eu teria que aprender, certo? – Aquela conversa já estava me enjoando, mas ainda tínhamos uns sete minutos de recreio.

– Sabe, me surpreendo com você a cada dia. – Naquele momento eu realmente não sabia se ele estava sendo sincero ou irônico.

– Desculpa, preciso ir ao banheiro. – Sair correndo com essa desculpa não me parecia o mais sensato a fazer, mas foi o jeito.

Quando o sinal finalmente bateu, pude me retirar com segurança do banheiro, e acabei esbarrando em um garoto.

– Bet!! Que saudades.

– Aninha! – Ele me deu um abraço envergonhado.

Bet, ou melhor, Rafael, era um garoto que eu havia conhecido um ano antes, da turma do meu irmão... Não seria surpresa encontrar ele por ali, mas era bom ver um rosto conhecido e amigável.

– Já encontrou “ele”?

– Infelizmente...

– Podes começar a passar o intervalo comigo, ele nunca fica por perto de mim.

– Obrigada. Mas preciso ir para a aula. – Dei um beijo em seu rosto e sai quase que em disparada para a porta da minha sala.

– Está atrasada, senhorita!

– Estava perdida... – Menti! Certamente não conseguiria me perder pelo o colégio que tanto visitei no ano anterior, e conhecia como a palma da minha mão.

– E o uniforme, cadê?

– Em casa. – Naquele momento percebi que não me daria bem com aquele professor.

– Devia estar no seu corpo! – Seu tom tinha me parecido no mínimo irônico. – Eu te vi com o Pereira, e sei que não estavas perdida, já te vi várias vezes por aqui. Mas dessa vez passa.

Engoli o seco, entrei de cabeça baixa e me sentei...

– Olá, eu sou o professor de sociologia, Hélcio.

– Oi. – a turma corou.

– Como vocês ainda não me conhecem, vou dizer qual o meu método. Antes, farei a chamada.

A turma não calava a boca, me esforcei o máximo possível para escutar ele chamar meu nome. Sou sempre a primeira da chamada, e por isso, odiava bagunça!

– Daniel... – O professor chamou. “Droga”, pensei, “meu primeiro dia e já vou com falta por culpa desses idiotas”.

– Professor, desculpa, mas não ouvi meu nome... – Avisei-o.

– Já te chamei, senhorita Winkler. – A cada palavra que saía da boca dele, eu o odiava mais.

Quando ele finalmente terminou de explicar seu método de ensino e fazer a chamada, começou a explicar sobre o nosso primeiro trabalho. – “É o nosso primeiro dia com o senhor, e já vai passar trabalho?” – Foi meu primeiro pensamento... E acho que não fui a única que pensou isso, após ouvir o suspiro geral da turma.

Quando finalmente bateu o sino para a última aula, entrou na sala um senhor careca, baixinho e moreno – sem contar, gordo. – me chamando. “Mas que droga, meu primeiro dia e já vou pra direção... Sério?”

– Poderia trazer sua bolsa junto?

– Claro... – Respondi, meio curiosa.

– Ela irá se retirar, tudo bem, professor? O pai dela veio buscar.

– Tudo bem. – Tchau, senhorita...?

– Ana Winkler!

– Winkler. – Ele pronunciou algo como “uinquiler”, odeio quando pronunciam errado!

– “Vincler” – Repeti.

Para um primeiro dia, aquele tinha sido o pior dos últimos 12 anos!

– Que horas acaba suas aulas? – Meu pai um pouco indignado perguntou-me.

– As 18h.

– Pensei que acabasse mais cedo... – “Bem mais cedo” pensei, me dando conta do que tinha acontecido.

A cada dia que se passava, me sentia mais sozinha naquela sala, quando finalmente uma garota sentou ao meu lado.

– Oi... – Ela começou.

– Oi, olá.

– Sou a Suellen...

– Ana.

A conversa silenciou ai. Um cara bem alto sentou na nossa frente, seguido de um loiro baixinho. Foi o primeiro dia que me senti enturmada em algum lugar da turma. – E já tinha uma semana que as aulas tinham começado.

– Ana, Sotê?

– Söthe.

– Como pronuncia?

– “Sôtchi”.

– Sotê é mais legal... Lembra batata.

Eu não sabia discernir se aquilo era um elogio ou um xingão.

– Taí, batatinha sotê. Vou te chamar assim.

– Tudo bem, eu acho...

Esse apelido acabou pegando, e logo a turma toda me conhecia como “Batatinha Sotê” ... O que eu não imaginava, é que todos pensavam que eu era uma cdf.

– Boa tarde turma.

– Boa tarde... – nunca o coro da sala tinha sido tão desanimado, como aquele, àquela semana.

– Como eu acho que vocês já sabem, sou o professor regente de vocês. E hoje estarei fazendo votação para saber quem será o nosso líder de turma. – Quem era? O Hélcio. Meu tão doce e adorado, Hélcio. - Bom, funciona assim, quem quiser se eleger, diga o nome, e vocês também podem indicar alguém, mas essa pessoa só valerá, se ela aceitar.

– Ana, posso te indicar? – Uma garota de cabelo muito longo e com cílios longos, pintados de preto, me perguntou.

– Acho que sim, mas...

– Sugiro a Ana, professor. – ela me interrompeu.

– Mais alguém?

– Nathalia Souza. – Uma garota se indicou.

– Mais alguém?

– Suellen... – Para a minha surpresa, a menina que havia sentado comigo, e agora, tinha se mudado para o outro lado da sala, se indicou.

– Vamos começar a votação. Começando por este lado. – Ele indicou o lado direito da sala.

– Nathalia. – Indicou a Sandy

– Nathalia. – indicou a Eduarda

Umas 07 indicações depois, me surpreendi com 19 indicações sendo para mim. As votações gerais tinham ficado: 19 Ana, 07 Nathalia e 03 Suellen. Eu tinha virado a líder da turma. Mas o que na verdade, é ser líder de turma?

– Ana, nova líder, Nathalia vice, e Suellen, reserva.

– O que eu devo fazer? – Perguntei indiscretamente para o professor...

– O que qualquer líder faz. – As ironias dele me davam nojo!

– Ou seja, dedar os outros, fingir ser uma santa, e virar amiguinha de professores irônicos? – Não deu um minuto e eu já havia me arrependido do que tinha falado. Mas já era tarde, o professor me levou a direção. – O que não adiantou nada, pois não fomos atendidos. – Pedi desculpas e de volta a sala, eu tinha virado o centro das atenções. “Droga, porque tinha que falar aquilo?”, eu pensava.

– Que deu? – Curiosos me perguntavam com olhos cheios de brilho, como se aquilo tivesse sido a coisa mais legal do mundo...

– Nada, deixa pra lá. – Eu estava muito envergonhada comigo mesma, para falar sobre.

Finalmente o recreio, não acredito que hoje tinha demorado tanto... Sai correndo da sala, para o primeiro piso do CEDUP, encontrei com o Bet, e advinha quem estava lá... o Spoke – era assim que eu havia começado a chamar o amigo dele, depois que o mesmo cortou o cabelo. Ele tinha ficado realmente muito parecido. – Eu ainda não sabia o nome dele, mas, fazer o que...

– Oi. – Reverenciei à ele.

– Olá. Como vai a jovem?

– Muito bem, obrigada. E o cavalheiro?

– Melhor impossível. Ao que lhe devo a companhia? – Tínhamos um jeito de conversar, no mínimo “adequado demais”. Mas gostava das nossas reverencias, e das sempre sutis conversas...

Ele era alto e moreno, cabelo tipo índio. Pele branca, um pouco mais pálida que o normal... Tínhamos poucas coisas em comum... Ambos adorávamos TBBT e ambos sofriam do mesmo mal. Melhor que ninguém, eu sabia como era perder cabelos, tomar injeções e ter que redobrar os cuidados com a saúde. Ele tinha leucemia, o que é, câncer no sangue. Na época, eu não sabia, mas, com o tempo, e a nossa aproximação, fui o descobrindo... O que ele não sabia, e continua não sabendo, é que sei bem como é ter, porque, bem, eu também passei por os mesmos estados que ele. A grande diferença, foi que a minha foi dedução. Eu era muito pequena e estava muito doente. Diagnosticaram leucemia, e logo o tratamento começou... O cabreiro é que, quase finalizando o tratamento, outro médico resolveu dizer que o diagnóstico estava errado, e eu estava com pneumonia, então tudo virou uma confusão... Fiquei com mancha no pulmão, e por isso, e outras tantas complicações que sofro, minha imunidade está sempre muito baixa e tenho mais crises do que seria o meu normal. Luis era um menino muito meigo, e complicado. Sem contar que era viciado em jogos. Gostava de andar e conversar com ele, mas, acabei fazendo o favor de me apaixonar por ele. Sabendo que seu melhor amigo, e meu melhor amigo também, era apaixonado por mim. Isso era o que podia considerar como uma situação cabreira. Mas acabei por me deixar levar por aquela paixão, e ele se entregou também. E logo começamos a nos entrelaçar, fora da amizade.

– Ou tu termina com ele, ou nunca voltaremos a ser amigos!

– Bet, para de ser assim, eu não posso terminar com ele, porque você é apaixonado por mim. Entenda, eu não vou ficar com você, mesmo assim, não se força alguém, se conquista, infelizmente, você não conseguiu.

– Ana, eu não vou desistir.

– Desculpa, eu não vou terminar com ele por você!

Esse tipo de discussão entre nós dois estava cada vez mais frequente. Mas, um dia, ela mudou, eu até poderia dizer que para melhor... Ele começou a fazer aula de dança comigo, e frequentava a minha casa, sozinho. Dou graças até hoje por ele nunca ter feito nada, nem contra, nem a favor de mim. Mas mesmo com a mudança radical entre nós, ele ainda insistia em meu término, e quando finalmente começaram as minhas aulas de inglês – que por acaso, eu só fui por obrigação. – Bet acabou mudando muito, talvez fosse o ciúmes incontestável que ele sentia do Luis, pois, eu começara a frequentar sua casa às quartas-feiras, afinal, ele morava muito próximo a escola, e eu precisava arranjar um lugar para ficar durante o tempo de término da aula-curso e início da aula-ensino médio. E por que não, a casa do meu “namorido”?

Eu nunca fui muito boa em inglês, até porque, na escola que antigamente eu frequentava, não tínhamos professor de inglês, desde que a Joissi tinha saído. Ir para àquele curso era até bom. Conheci uma professora muito louca, e alguém por quem valia a pena acordar cedo. – mesmo que eu sempre chegasse atrasada no curso. – Pensar em curso de inglês era o mesmo que pensar em chocolate, um desejo profundo de ter pra sempre, sabendo que enjoa e que não dura tanto...

Nesse tempo, já tinha me entrosado com a Suellen, e surpreendentemente, ela havia virado uma agradável companhia – ao meu ver, é claro. – E andar sem ela, já não fazia mais sentido. Eu tinha virado um diário humano dela, e com tudo que ela me contava, se algum dia nós brigássemos, bom, eu poderia fazer zilhões de coisas para “ferrar” com ela. – Mas não sou assim, e não quero ser.

– Luis, me salva. – Não era sempre que eu me dava bem no curso. Sou um tanto quanto envergonhada. E estar num lugar com pessoas que, aparentemente sabiam o que estavam fazendo, não era nada acolhedor.

– O que aconteceu?

– A professora nos fez apresentar, e me colocou para apresentar com àquele loirinho que eu te contei.

– E...?

– Acho que melhor que ninguém, você consegue imaginar a fiasqueira!

Era horrível contar a ele sobre o curso, porque na maioria das vezes ele ria de mim. E a outra maioria das vezes, tentava me “ajudar”, refazendo todas as lições e repetindo o que eu tivera de aula durante o curso, em casa!

– Não ri, poxa! – Após esse tipo de frase, normalmente eu fazia uma cara de indignação ou tristeza. O que só colaborava mais para as risadas dele.

– Desculpa... Agora vem cá. – Acho que era a única maneira que ele conhecia de pedir desculpas, após uma frase tão mixuruca como essa, me puxava pra perto dele, e normalmente me beijava.

– “I’m Slender...”

– O que? – Ele normalmente não se surpreendia tão fácil com o que eu falava. Então era bem legal sentir curiosidade em suas perguntas, devido há qualquer coisa que eu falasse.

– Jeanne nos fez pesquisar algumas palavras no dicionário, hoje. Uma delas era, “slender”.

– E o que significa?

– Magro, esbelto. No meu caso, magra, esbelta.

– Saudades quando no meu curso, o professor mandava procurar palavras no dicionário. – Luis cursava inglês há três anos, já estava no nível “conversations”. Por isso, gostava de colocar em ênfase minha “burrice” para com o inglês.

– Tu, é assim babaca sempre, ou só comigo? – Fitava meu olhar nele, e nessa hora já havia aumentado bastante meu tom de voz.

– Calma, estou só brincando. – E de novo, me puxara para perto dele, mas dessa vez desviei o rosto, antes de receber seu beijo.

– Ah, é assim, então? Também não te beijo mais!

– Tudo bem, vou voltar pro Cedup. – E novamente ele me puxara para perto dele.

Eu adorava ficar manhosa com ele, e pelo visto, ele odiava minhas manhas. Mas era ótimo sentir-me amada.

[...]

– Sue, me sinto péssima, sabia?

– Não fica assim, amiga. – Suellen normalmente tinhas palavras simples, mas sempre sabia ajudar. – A culpa não é sua!

– Mas eu nem conheço o garoto, e estar sentindo algo por ele é no mínimo estranho, e é como se fosse uma traição. Não é? – Sue, talvez por ser a única amiga que eu tivera feito, era a única também, que conhecia meus segredos e sentimentos. Eu confiava nela!

– Mas ninguém controla o que sente! Se você sente algo por ele, é sinal que o Luis não te faz tão bem quanto deveria. E não é culpa sua, sentir na pele, que quem tu desejas, mesmo não estando junto, te faz melhor que quem está junto de ti!

Toda vez que conversávamos, me sentia leve como uma pena, desabafar com a Suellen era especial para mim. As palavras que ela me dirigia, as vezes eram tão mais acolhedoras, do que um abraço... Embora eu sentisse mais vontade de receber um abraço dela, guardava suas palavras. Sue nunca foi do tipo “física”, não gostava de abraços ou de pessoas muito grudentas, era muito inusitada a nossa amizade... Logo eu, uma criança tão carente que ama abraços, e ela, uma menina tão “adulta” que prefere mil vezes distância com palavras, do que silêncios com toques.

– Você já descobriu qual o nome dele?

– Já...

– Como é?

– Kalebe...

– Isso é nome de cachorro?

– Literalmente... – Mostrava a língua e ria, quando disse isso.

– Fala sério. – Ela me olhou com tanta indignação, que não pude segurar a risada, o que foi péssimo, o professor se irritou e nos chamou atenção.

– As duas, ou calem a boca, ou se retirem da sala. – Quem tivera chamado a atenção, era o Antônio. Ele era sempre bem calmo, e parecia um tanto amistoso, porém, o que não ajudava, era a matéria que ele leciona... Biologia era uma matéria um tanto quanto “pesada”, e um professor que só dá aula falando o tempo todo, sem dar nenhum tipo de anotação, puxava mais ainda...

– Desculpa... – coramos, tanto falando, quanto ficando vermelhas... Afinal, era muito constrangedor ser chamadas a atenção!

[...]

– Aneeeeeeenha! – Jota sempre tentava me receber o máximo feliz que conseguia. Era amável.

– Jota!

– Tudo bem?

– É...

– Que deu? Aninha, tu nunca é assim!

– To com um baita problemão...

– O que foi? Tu sabe que pode contar comigo sempre...

Nesse momento ele passava por nós, o acompanhei com o olhar e ele me deu oi, retribui com um sorriso... E com isso, acabei não prestando atenção no que o Jota havia dito...

– Ham? Repete?

– Hmmmm, já me toquei de tudo! Ele estuda comigo, quer que eu faça teus lados?

Dei um empurrão nele e oo briguei.

– Jota, deixa de ser idiota! Isso fica entre nós...

– Ele é legal, apoio vocês!

– Eu to com o Luis, lembra?

– Mas o Luis não é a pessoa certa pra ti! Ele é possessivo, egoísta! Ele te trata como um objeto, não como uma namorada.

– Jota, é o jeito dele.

– Ana, nem tu suporta mais esse moleque. Tais apaixonada pelo Kalebe, dá pra perceber só do modo como tu sorri pra ele, e como teus olhos se enchem de brilho quando o vê.

– Por favor... Isso fica entre nós! Tudo bem?

– Tá.

– Promete?

– Prometo, prometo. Chata!

– Quando eu me sentir preparada, eu mesmo conto.

– Vesh, já vi que vai demorar...


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