Momentos. escrita por Marilyn


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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"Uma névoa escura me carregava adiante, olhei para meus próprios pés e eles não tocavam o chão. Estava livre, de novo, as árvores me aconchegavam tanto quanto minha cama em um dia frio. Atrás de mim só havia escuridão e a minha frente as árvores acabavam, um abismo se abria em frente aos meus próprios olhos e eu não tinha para onde correr. Novamente eu cairia naquele buraco fundo, úmido e escuro. Estava perto de mais. Dois metros... Um metro... Meio metro..."

E eu acordava novamente encharcada de suor em meio aos gritos com meu pai ao pé da cama vindo me abraçar, ele era um anjo, tinha pena dele por ter que aguentar isso todas as noites, mas eu não conseguia parar, deviam ser os novos remédios que o doutor havia me receitado. Quando já havia me acalmado meu pai saiu do quarto cambaleando de sono, sabia que depois desse pesadelo não conseguiria mais dormir, então peguei meu notebook e desci as escadas até a sala, liguei a televisão e fiquei ali até que meu despertador tocasse.

Isso já havia virado rotina para mim, ainda mais depois dos remédios novos. Bom, eu tomo remédios para não enlouquecer, pelo menos é isso que minha mãe me diz. "Quem quer uma filha louca de pedra? Não, eu não mereço." E foi com essas palavras que ela me deixou nas mãos de meu pai. Não a culpo, muito pelo contrário, sei que se estivesse no lugar dela eu também faria o mesmo, e conforme o tempo passava eu estava não só a mim, mas enlouquecendo a ela também. Meu pai havia cuidado de mim como ela nunca cuidara, ele me colocava em primeiro plano e nunca recusou gastar toda sua poupança para a "casa dos sonhos" em remédios caros que eu odiava tomar. Eu o amava.

*TRIIIIIIIIIIIMMMM"

Meu despertador nada barulhento tocava desesperadamente no meu quarto e eu as pressas procurava em baixo dos meus cobertores. Consegui desligar. Novo dia, nova semana, primeiro dia de aula. Ótimo! E eu nem havia dormido.

Procurei uma roupa qualquer no roupeiro, uma calça e um tênis. Penteei os cabelos, passei um rímel e desci as escadas sentido o cheiro de torradas que a tanto tempo eu não sentia. Papai estava na mesa engolindo uma torrada quase inteira e lendo um jornal.

"O que há de novo?" perguntei.

"Nada de anormal. Essa cidade já foi mais interessante." Ele disse jogando o jornal no canto da mesa. "Você está preparada? Sabe que esse vai ser um novo recomeço. Mas tente ficar calma."

"Papai, assim você está me deixando pior. Mas eu vou me concentrar em esquecer tudo que aconteceu e olhar só para frente. Não se preocupe, esses novos remédios estão me ajudando." Falei enquanto engolia cinco diferentes capsulas que certamente machucariam minha garganta.

Então tomei um café com leite e saí correndo de casa, não queria comer, e queria ser uma das primeiras a chegar. Não queria que todos me olhassem como na ultima vez. Eu já havia estudado nessa escola, mas saí um pouco antes do ano letivo acabar, a uns dois anos, a doença havia piorado e eu não pude continuar estudando. Acho que ninguém me reconheceria, julgando o tempo que eu fiquei fora, os vinte e dois kg que eu havia perdido com a Anorexia e todos os remédios. Eu estava diferente, me sentia diferente.

Peguei meu skate que meu pai havia recém comprado de presente pelo aniversário mal comemorado de alguns dias atrás. Eu nunca me interessei muito por skates, mas meu pai era fascinado e tentara me fazer andar de qualquer forma, mas eu apenas andava para me locomover, por não ter dinheiro para uma bicicleta e pelo ônibus não passar aqui perto de casa.

Cheguei na escola uns quinze minutos antes de abrirem os portões, me sentei em um banco e coloquei meus fones de ouvido. Tinha medo de errar de novo, tinha medo de enlouquecer outra vez. Mas eu tinha uma chance de recomeçar e não ia perder.

Só espero que o dia termine o mais rápido possível...


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Notas finais do capítulo

Aceito críticas e comentários positivos, obrigado por terem lido. Beijinhos.



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