31 de maio de 2015 – Nice, França

- Megan, você é forte, você consegue. – dizia Arthur em seu ouvido.

- It hurts a lot – queixou-se em um gemido.

Megan estava respirando profundamente, parecia que estava pronta para matar alguém.

- Eu sei... mas você é forte, já passou por tanta coisa até chegar esse momento, aguenta mais um pouco. – ele pediu.

- I can not do this. Eu não posso ter um filho. I’ll spoil it. Eu sou muito jovem e estúpida demais para ser uma mãe.

- Megan. – disse Arthur segurando uma das mãos dela. – Você amadureceu bastante nesse tempo, você não é mais uma garota fútil e estúpida, você é uma mulher agora. You are a brave girl. – Megan pareceu tocada por um momento.

- Let Megan... forcefully push! – a médica disse entre suas pernas.

Megan tomou uma grande respiração e empurrou com toda a sua força, apertando firmemente a mão de Arthur no processo.

- Isso é um aperto seguro que você tem aí, Megan. – Ele disse com uma pequena careta, mas não saiu do lado de Megan durante todo o processo obviamente doloroso.

- Once more and ready... We finished. – insistiu o medico.

- Você está fazendo tudo perfeitamente, vamos Pirralha... Eu sei que você é capaz. – Arthur disse a encorajando.

Megan gemeu e tirou forças de não sabe onde, tomou fôlego e empurrou novamente com toda a força.

- It´s a boy. – disse a médica.

Megan estava ofegante, mas ao ouvir o chorinho do bebê um leve sorriso surgiu nos lábios, enquanto uma lágrima caia de seus olhos.

- Bring him here. – disse fracamente.

Após ele ser limpo pelas enfermeiras, elas o trouxeram e gentilmente colocaram o pacote azul se contorcendo em seus braços.

- Ele é lindo Pirralha... tem os cabelos um pouco mais escuro que os seus. – comentou Arthur feliz.

Presente...

- Megan, tem certeza do que você vai fazer? – Arthur a estava questionando isso durante toda a semana.

Megan saiu do closet com conjunto nas mãos e olhou para o rapaz que se mostrou um grande amigo nos últimos anos. Ao longo do tempo Arthur se tornou sua base, sua fortaleza. Mesmo agora, quando teria que voltar no tempo e lembrar toda a dor que a levou até ali, ele estava ao seu lado aconselhando-a e ouvindo. Quem diria que Arthur Nigri se tornaria seu grande amigo e confidente? Com certeza ela não.

- Eu tenho que fazer isso... It is the marriage of my mother, eu não posso evitar voltar para o Rio. – ela disse colocando o conjunto na mala.

- Se você quiser eu fico com o Jack enquanto você vai e volta. – ele ofereceu.

- No. I Will not hide it anymore. – ela disse fazendo uma pequena careta.

- Eu digo isso para protegê-lo, tem apenas três anos. Você devia os preparar antes de chegar lá com ele.

Megan olhou com ternura para os olhos castanhos do homem a sua frente e suspirou, sabia que a situação não era a das melhores e que ele só estava tentando proteger e cuidar deles como vem fazendo ao longo desses quase quatro anos.

- É a hora de mom saber de sua existência, ela tem o direito de saber que tem um neto afinal.

Arthur suspirou e sentou na cama ao lado da mala, segurou as mãos dela e a puxou para abraça-la. A maturidade que Arthur tinha frente à vida a ajudou em um dos momentos que ela mais precisou de suporte, assim como a avó Berenice eles foram o alicerce que a ajudaram a se reerguer quando o mundo para ela parecia estar acabando. Contra todas as possibilidades eles se tornaram grandes amigos e Arthur não poderia estar mais feliz por isso, pois pode conhecer a garota incrível e a ver a amadurecer ainda mais com a maternidade, não tinha duvidas da mãe maravilhosa que ela era para o pequeno Jack. Ela realmente o surpreendeu.

- Queria tanto ir com vocês, mais tenho reuniões importantes essa semana.

- Você pode ir quando terminar as reuniões. – ela disse fazendo um carinho nos cabelos dele.

- Vou preparar a mala de Jack então. – sussurrou Arthur se levantando e saindo do quarto.

Megan continuou colocando roupas na mala, enquanto se lembrava do dia em que fez a viagem em sentido inverso, quando abandonou o Rio sem muito remorso, mas com o coração em pedaços. Agora estava voltando e não sabia se estava preparada para o que iria realmente encontrar, devia certas desculpas a algumas pessoas, foi difícil restringir a própria mãe da sua vida, assim como as conversas reduzidas com Ernesto, ela não abandonou a Brazuca apesar da separação com Davi, mas delegou maior responsabilidade a Ernesto, pois precisou se afastar sem dizer o motivo real do afastamento. Afinal ninguém no Brasil sabia que ela saiu de lá grávida e apesar de saber que devia um pedido de desculpa a algumas pessoas: seu filho Jack era muito valioso, foi o que a ajudou a seguir em frente, é o bem mais precioso da sua vida.

Se fechasse os olhos era como se ainda pudesse voltar no tempo e lembrar daquele dia perfeitamente.

9 de outubro de 2014 – Rio de Janeiro, Brasil

Estava um lindo dia de sol. Megan andava sem rumo pela orla de Copacabana. Seu cabelo estava um tanto bagunçado pelo vento e no rosto estava um olhar perdido. Seus braços estavam cruzados sobre o peito como que querendo se juntar, pois o coração já estava em pedaços.

Ela tinha passado mal esses dias, pensou que fosse por não está se alimentando direito depois que Davi lhe pediu um tempo, antes fosse. Grávida, ainda não podia acreditar que estava grávida. Como pudera ser tão descuidada?

A dúvida surgiu quando sentiu enjoou logo após passar o seu perfume favorito e contabilizar que a menstruação estava atrasada, passou em uma farmácia e os três testes caseiros deram positivo.

O que ela faria agora com um bebê?

Agora que sua vida estava um caos completo, que parecia que iria começar a entrar nos eixos. Seu primo Danilo havia ligado a pouco dizendo que ouviu uma conversa da nerdestina com o Davi e ele iria terminar com ela.

Pâmela provavelmente a ajudaria criar a criança, mesmo achando que ela não esta pronta para ser mãe fato que ela concordar, como ela Megan Lily que estava aprendendo a cuidar de se mesma agora, iria cuidar de uma criança, de um bebê que seria totalmente dependente dela? Seu dad, acharia uma loucura e provavelmente acreditaria que ela fez isso só para prender Davi, considerando ser apenas mais um capricho. Será que seriam capazes de propor que ela fizesse um aborto? Apesar de tudo ela sabia que não estava disposta a isso.

Tinha muitas coisas para pensar, muito a decidir. Não era justo que isso tivesse acontecendo com ela. Mas chegou a hora de Megan Lily Parker-Marra crescer de verdade e lidar com as consequências das próprias ações e se tornar responsável por esse ser que agora dependia dela.

Mas ele também deveria saber ...

Um pouco mais decidida voltou para onde tinha estacionado o carro. Davi merecia saber que seria pai.

Olhando no relógio do carro, imaginou que ele estaria na casa dele, se não era só procura-lo na Plugar. Chegou a Gambiarra estacionando o carro em frente à casa do nerd, com as pernas vacilantes andou até a porta do quarto/garagem e bateu.

- Megan.. Você está bem? – questionou Davi observando como a garota estava mais pálida do que o seu habitual.

Apenas o som da voz dele fez com que ela fechasse os olhos bem apertados e pedisse forças para o que ela iria ter que enfrentar agora. Ela voltou a abri-los devagar e olhou para os olhos ansiosos do nerd a sua frente... a espera de uma resposta. Ela abriu a boca para poder responder, contudo não pode porque a interromperam.

- Davi, quem é? – questionou Manuela, vindo de uma parte do quarto do nerd.

Megan queria que a terra se abrisse e a engolisse naquele momento, não esperava encontrar a nerdestina na casa de Davi, assim todos os seus planos foram interrompidos, ela não poderia dizer-lhe que estava grávida. Não assim.

Eles ficaram se olhando por um tempo, até que Manuela se pronunciou.

- Bom, acho melhor eu sair e deixa-los conversarem. - disse ela se retirando.

- Nos precisamos conversar Megan. – disse Davi dando espaço para ela entrar. E ele não tinha noção do quão verdadeiro essas palavras eram, mas agora ela não tinha coragem de contar a ele.

- Acho que já está claro o que você quer me dizer Davi. – disse Megan se segurando para não chorar. Olhando para o rosto do homem que ela amava e sabendo o que ele iria dizer, ela nunca pensou que poderia sentir uma dor tão grande como estava sentindo agora, ele ganhara seu coração sem muito esforço e o estava quebrando em mil pedaços.

Não poderia lhe contar sobre a gravidez, ele não iria acreditar nela ou se acreditasse acharia que ela fez de propósito para prendê-lo a relação... simplesmente não poderia lhe contar. Respirou fundo fechando os olhos e criando forças.

- Megan, por favor, me entenda, eu não quero lhe machucar, nunca quis lhe causar nenhum mal. Você é uma garota incrível, - escuta-lo falando isso não estava tornando as coisas melhores. – muitos caras teriam sorte em ter uma garota como você, mas... mas eu percebi que eu ainda amo Manuela.

Um tiro em seu coração, teria doido menos. Megan pensou, mas ela meio que já estava preparada para isso, o Davi não era mais o mesmo desde que descobriu tudo sobre o seu dad e que a nerdestina tinha sido coagida.

- Você tem certeza Davi? O que nos vivemos não valeu de nada para você? – as palavras pareciam queimar a sua garganta.

- O que nos vivemos foi muito especial Megan, eu não me arrependo de nada do que vivemos juntos, mas quem eu amo é a Manuela.

- Então eu desejo que você seja muito feliz. Entretanto eu sinto que um dia você ainda vai perceber que a mulher certa para estar ao seu lado sou eu, e talvez quando você conseguir enxergar isso seja tarde.

Ela disse já não conseguindo segurar o choro, ela sempre teria algo permanente do amor que ela sentia pelo nerd, ela nunca se esqueceria de Davi. Mas com isso ela chegou a percepção que não poderia mais morar no Rio, ela não queria que ele a escolhe-se por causa da gravidez, ela merecia mais e o filho que ela estava agora gerando também merecia mais.

- Megan..

- No Davi, acho que já dissemos tudo o que tinha pra ser dito. Acho melhor eu walk out. Goodbye Davi.

Disse ela passando por ele igual um furacão.

Megan não se lembrava ao certo como conseguiu chegar a sua casa, mas chegou e se jogou nos braços da sua mãe chorando passou dois dias assim chorando e arrumando as coisas para sua viagem, sua mãe relutante compreendeu que ela tinha que sair do Brasil, ela precisava ficar longe de Davi Reis, apesar de que uma parte dele iria acompanha-la sempre. Ela tinha que aprender a viver sem ele, e morando no Brasil, trabalhando na Brazuca e o vendo feliz com a nerdestina não era a solução, ainda mais quando a sua gravidez começasse a ficar evidente.

Presente...

Megan sacudiu a cabeça tentando remover a memória, foram dias tristes na sua vida. Mas foram dias que lhe fortaleceram, que lhe ensinou que o amor também fere profundamente, que a vida não era um filme de comédia romântica como a fizeram acreditar. Finais felizes não existiam mais do que nos filmes e histórias da Disney.

A vida lhe mostrou mais de uma vez que ela precisava amadurecer e ver que não era fácil. Apesar de todas as lagrimas de todas as rasteiras que a vida havia lhe dado, ela também lhe trouxera algo de um valor imensurável. Um raio de luz ou melhor o seu sol particular que lhe arrancava sorrisos todos os dias. Alguém com o nome: Jackson Parker.

- Mom. – uma voz de criança sussurou.

Megan respirou fundo e afastou aquelas lembranças, colocando um sorriso no rosto e virando para o seu filho, que merecia ser feliz e ela faria todo o possível para conseguir isso, ele teria a infância feliz que ela queria ter tido.

- Diga-me my sun.

- Coio – ele disse esticando os braços. – não vai boia não.

Megan o pegou e abraço beijando a sua cabeça uma vez e bagunçando o cabelo dele que já era um pouco rebelde.

- A mom nunca vai te deixar meu amor... ainda que eu vá, você sabe que eu volto.. - ela prometeu mais uma vez.

- Ito é o que? – ele questionou apontando a mala dela em cima da cama.

- Vamos ver a grandma... então, vá para o seu quarto que o Tio Tuca que está fazendo a sua mala. – Megan o colocou no chão e ele saiu correndo.

Megan sorriu e balançou a cabeça.. Olhou para a foto de seus pais na cabeceira e sentiu como se um buraco estivesse sendo aberto no peito... o que eles vão pensar dela quando souberem da verdade? Como trataram Jack?