Viagem

                                          Zoey/Nicolle

  Eu morava numa rua, quase deserta de Baltimore. Minha mãe trabalhava muito e fingia que eu não existia e o meu pai era um bêbado que ficava em casa sem fazer nada. Foi no dia do meu aniversário de 17 anos que decidi ir embora. Eu não podia viver como um passarinho na gaiola para sempre, e eu precisava de algo que fizesse minha vida valer à pena. Foi no dia 3 de março de 2007 que peguei a minha mochila e meus 800 dólares e fui atrás da minha aventura. Era o único dinheiro que eu tinha então não poderia gastar muito, gastaria a maior parte com a gasolina para moto que eu iria roubar. Acho que não se pode chamar de roubo, já que a moto é do meu pai, então pegaria como presente de aniversário. A noite estava escura e não havia estrelas no céu, somente a lua cheia iluminava a escuridão. Não iria sentir falta de Baltimore, eu só queria sair dali o mais rápido possível. Peguei minha jaqueta de couro e o capacete e parti rumo à cozinha onde se encontravam as chaves. Não foi difícil pegar as chaves, elas estavam no balcão, foi até fácil demais. Girei a chave e o motor roncou da moto Bandit 1250S, acelerei e senti a adrenalina tomar conta do meu corpo.

 Eu pegava a moto às vezes, digamos que sempre fui meio fora da lei, e não me importava que me prendessem. Só me importava estar longe e viver a minha vida. Eu viajaria por ai, não tinha um destino certo, e não tinha medo do que estaria por vir. Eu precisava de um pouco de ação.

  Viajei por toda a noite e cheguei a uma cidade chamada Rockville, eu estava cansada e decidi parar para descansar um pouco. Vi uma pequena pensão e aluguei um quarto. Decidi viajar sempre pela noite, era para mim como um manto que me escondia e me protegia. À noite para mim sempre foi algo encantador e agora eu viveria da minha maneira esse encanto. Eu tomei um banho e arrastei-me até a cama. Adormeci facilmente e quando acordei já era noite novamente.

“É hora de pegar a estrada” - disse para mim mesma.

 Eu fazia 1000 km por noite. Viajava 12 horas por dia e não senti falta de casa nem do sono que se acumulava às vezes. Eu havia estado adormecida por muito tempo e era hora de acordar.

 Eu já havia saído de Baltimore há uma semana, o dinheiro estava acabando, eu estava quase em Jaksonville foi quando ouvi um grupo de motoqueiros conversando.

  “Cara você tem que competir, é a única maneira de arrumarmos grana nesse fim de mundo. Além disso, você também é o único que já correu em rachas antes e que temos certeza que tem chance de ganhar.”-Disse um cara magro de bigode para um loiro musculoso e bonito do seu lado.

É isso!Disse pra minha cabeça.

 “Desculpem a intromissão!”- eu disse meio envergonhada-“Mas vocês podem me dizer onde vai ser o racha?”

 Nessa hora o loiro virou-se para me olhar. Ele era lindo, mas tinha algo de estranho nele, seus olhos eram muito escuros, poderia jurar que eram meio avermelhados se não fosse tremenda loucura. O rosto dele parecia feito de mármore e tive uma fixação, uma atração por tocá-lo naquele momento. Segurei-me para não fazê-lo, ele continuava me fitando seriamente e parecia que estava analisando-me.

 “Vai ser a meia noite na rua principal!” - disse um cara baixinho com cara de limão chupado.

 Um cara ruivo chamou o loiro de James, e todos partiram, mas ele continuou me olhando até a montar na moto e isso me deixou arrepiada. Eu precisava tomar cuidado com aquele cara, ele parecia perigoso. Preparei a minha moto e dormi umas horas. Essa foi à primeira noite que não viajei e foi realmente estranho.

 O momento da corrida se aproximava e eu precisava dar uma sondada de como seriam as regras do jogo. Eu não queria acabar arrebentada no asfalto, mas tinha que ser cautelosa na medida em que ainda pudesse ganhar. Eu não queria pensar no loiro e em como eles disseram que ele corria.

 “Eu posso vencer” – disse a mim mesma.

  Quando cheguei à rua, ainda faltavam 15 minutos para à hora da corrida,mas haviam uns 6 competidores já se preparando,eu vi um cara alto,e com uma jaqueta muito maneira,todos o cumprimentavam então deduzi que seria ele o organizador

  “Quanto é para participar?” – perguntei seriamente preocupada se os 300 dólares dariam.

  “São 300, mais objetos pessoais que você goste ou tenha! – ele me olhou na defensiva-”, mas uma moça tão jovem como você certamente não irá participar não é?Uma corrida como essa não tem regras e uma garota como você se daria muito mal aqui!”– e o idiota continuou a me fitar.

 “To dentro!” – disse convicta de que agora que eu não iria desistir mesmo. O que ele tava insinuando?Agora é minha obrigação ganhar essa droga.

 Virei-me para pegar a moto, e minhas chaves caíram no chão. Abaixei-me para pega-las e vi passos se aproximarem quando me levantei dei de testa, literalmente, com James.

  Eu me assustei ao vê-lo,mas não importava mais,eu já não tinha medo de perder para ele,muito menos para os outros.O organizador pediu para colocar as motos nas posições e eu olhei mais uma vez para James.Ele andava tão elegantemente que parecia uma pluma.Acho que eu já estou viajando na maionese.Ri comigo mesma das minhas idiotices.Vi quando Marco colocou o premio encima de um carro.Haviam 2 armas,1 espada que parecia nova e de prata,mas algumas coisas sem valor,algo parecendo um livro e 2100 dólares.

 Era tudo ou nada. Todos se preparavam, uma mulher apontou um revolver para cima, e atirou. Todos saíram praticamente voando em suas motos. Eu senti a adrenalina tomando conta do meu corpo, e acelerei a minha moto dando tudo para alcançar os outros. James estava na frente, eu passei dois caras, subi na calçada ultrapassei mais um, e meu corpo reagia com euforia a tudo o que eu fazia. Repentinamente acelerei tudo e alcancei 310 km/h ultrapassei os outros e estava chegando perto de James. Eu podia sentir o medo nos olhos dele, freei e dei a volta, ele fez o mesmo. Estávamos juntos agora, eu tinha que tentar, encarei-o por um momento e vi que estávamos perto da linha de chegada .Acelerei tudo novamente e ouvi todos gritarem,todos estavam eufóricos com a disputa.Parei a minha moto perto de Marco,eu nunca perderia essa chance.

 “Acho que subestimei você menina”- disse ele sem graça.

 “Eu tenho certeza disso!” – disse sorrindo amarelo.

         (continua...)