Encostei as costas na porta da caminhote de Isaac.

Luke havia ido se trocar com o resto do time depois de uma merecida vitoria. Luke. Merda, porque ele tinha de ser tão idiota? Porque eu tinha de ser tão idiota? Merda. Eu estava dando mais esperanças para Bruce ficando tão próxima? Porque Luke estava tão irritado? Eu tenho minha própria vida, a única pessoa que deveria ficar chateada era Bruce. Porque Luke simplesmente não poderia ser menos complicado? Porque eu não poderia ser menos complicada?

Porque a merda do amor tem de ser complicado?

–- Merda. - murmurei.

Eu queria gritar, por tudo pra fora. Porque tinha de ser tão frustante? Luke tinha namorada. Porque ele simplesmente não se importa só com ela? Teria menos brigas, muito menos.

–- Merda. - repito. Essa palavra parecia ser meu lema hoje em dia.

Encosto minha cabeça na janela da caminhote, com um pouco de força de mais, tenho que admitir.

Existem pessoas com vidas mais complicadas que a minha, mas tenho que admitir que a minha nesse momento parece uma novela mexicana que passava em nos anos de 1990. A imagem de Luke com um sombreiro e Bruce com uma arma apontada em direção a luke , ambos com bigodes quase maiores do que suas bocas me fés rir. Era algo estranho e ilariante, mesmo em um momento complicado.

Peguei o celular e conector aos fones de ouvido. Gostaria poder esquecer de tudo com uma música alegre e feliz, mas no momento eu prefiro uma música que seja mais pra baixo que eu mesma.

Pus a faixa no aleatório e veio uma música que refletia meu estado de espírito, "I'm not the only one".

Fechei os olhos e suspirei. Era uma música boa. Por que eu não a ouvia com frequência? Eu comecei a murmurar a musica em sintonia com o ritmo, a letra era triste.

Eu estava no refrão da música quando oalguém puxa um dos fones do meu ouvido. Abro os olhos devagar. Luke estava encostado ao meu lado, vestindo a mesma roupa de antes, os cabelos levemente molhados, deveria ter tomado um banho no vestiário.

–- É uma música triste, não acha? - perguntou vendo que eu olhava pra ele.

–- Um pouco.

–- Me desculpe, por ter implicado com você.

–- Não precisa se desculpar. - falei.

–- Preciso sim. - ele me olha nos olhos. Ele era tão corajoso para algumas coisas, mesmo sendo um medroso para outras. - eu impliquei com você, mesmo tendo sido ele que ficava se aproximando e...

–- Luke. - resmunguei apreensiva.

–- Está bem. Ele não estava tão próximo assim, ele só estava colado a você e com o braço...

–- Luke.

–- Está bem, está bem. Esquece. - ele fez uma pausa. - me desculpe, eu fui um idiota, você tem o direito de ficar próxima do idiota retardado que quiser...

–- Luke, não haja como uma criança.

Ele bufou.

–- Nick, o que eu quero dizer é que... É que se você gosta daquela... Daquela pessoa , pode ficar próxima dele o quanto quiser, você tem esse direiro. Eu só quero que você me perdoe, por favor.

Eu sorri.

–- Eu não gosto de Bruce, ele é apenas um bom amigo.

–- Não gosta?

–- Não gosto como mais que amigo. - falei.

Ele bufou novamente.

–- Eu entendi da primeira vez. Mas se ele é apenas um amigo porque ele estava tão próximo?

–- Ele estava me ensinando as regras do basquete.

–- Você aprendendo sobre basquete? - ele riu. - o que aquele idiota pode te ensinar sobre basquete?

–- Luke.

–- Esta bem. O que ele pôde te ensinar sobre a arte do basquete?

–- Ele sabe bastante... Só que eu não entendi quase nada...

–- Ótimo professor. - ele riu.

–- Pare com isso. - tentei soar séria, mas acabei rindo.

–- Esta vendo? Você concorda.

–- Não. - eu sorri. - fui vencida pelo cansaço.

–- Dá na mesma.

* * *

Eram 00:30 da noite. Eu não conseguia dormir.

Deitei minha cabeça no travesseiro me remexendo de um canto a outro da cama.

Papai havia me mandado para o quarto quando já era 00:13, dizendo que eu acordaria os Eric e Jordan fazendo tanto barulho ao andar pela casa.

Era comum eu ter insônia, mas comum do que parecia. Mas dessa vez era diferente. Eu só não sabia porque.

Sentei-me na cama pensativa. Luke sempre me acordava por qualquer motivo, até mesmo por uma pequena insônia, no meio da noite, muitas vezes dizendo que queria apenas conversar. Eu poderia fazer isso ao menos um vês certo?

Abri as cortinas de vagar e espiei o quarto de Luke.

As luzes estavam acesas e Luke andava de um lado para outro do quarto, o telefone pendurado no ouvido. Ele estava sério e gesticulava para o vento, parecia estar discutindo com alguém.

Ele massageou uma de suas têmporas com a mão livre e em seguida passou-a pelos cabelos castanhos os despenteado. Suas roupas haviam sido substituídas por uma calça de pijama e uma camisa sem mangas que deixava seus músculos de jogador de basquete a mostra.

Ele passara novamente a mão nos cabelos, ele estava frustrado, sem sombra de dúvida.

Subtamente ele desliga o telefone e olha para mim que o observava fixamente.

Ele indica com a cabeça o caderno que eu havia deixado em cima da escrivaninha e o dele que estava jogado em cima da cama.

Eu sou a primeira a pegar e a escrever uma mensagem mostrando para ele as palavras.

"O que houve?"

Ele sorri triste e me mostra o caderno, ele já sabia o que eu ia perguntar e também já tinha uma resposta.

"Estou em drama. E você?"

"Não consigo dormir." respondo.

Ele sorriu.

"Eu já imaginava."

"Quer conversar?" pergunto.

Ele faz que não com a cabeça e mostra o papel.

"Não quero falar agora."

"Tem certeza?."

"Sim."

Ele vira uma página e começa a escrever.

"Vamos falar sobre outra coisa."

"Qualquer coisa?" pergunto.

"Qualquer coisa." ele responde.