[ Carla]

Depois de muito chorar no ombro do Tomas, chegou a hora do enterro e lá estavam eu com meu irmão, meus pais, meu namorado, minha avó, o Pedro e a Alice. Todos estavam inconsolados, meu avô era muito querido e sempre tinha uma lição de moral para a gente, eu não aguentei ficar até o fim do enterro e fui para casa e fiquei no balanço que tinha no quintal e fiquei lembrando quando era criança e ficava bagunçando com o Pedro e o Lucas e meu avô para fazer a gente parar começava a contar histórias e nos fazia ficar quase que hipnotizados nela. Fui interrompida pelo abraço aconchegante do meu irmão.

— Carlinha, não fica assim, meu amor! Pensa comigo, linda! O vô não ia querer que ficássemos assim, ele está em um lugar melhor agora e tá cuidando da gente! Para de chorar, meu anjinho! - Por mais que eu não aceitasse, o Lucas estava certo, mas não era hora de admitir! Apenas queria ficar abraçada com ele. Minha mãe nos chamou para jantar e, por um minuto, voltei a minha infância quando ela gritava isso. Quando cheguei na cozinha, todos estavam lá, menos o Tomas. Estranhei.

— Alguém viu o Tomas?

— Ah, filha! Ele acabou de ir a sala falar ao telefone.

Depois de uns minutos, ele apareceu na cozinha e estava com uma cara estranha, preocupado, não sei. O jantar inteiro foi de silêncio e quando terminamos minha mãe disse que não precisava eu ajudar na louça, que podia ir descançar. Quando cheguei no quarto o Tomas já estava com um pijama e sentado na borda da cama de costas para a porta e então cheguei por tras o abraçando e sussurrei em seu ouvido:

— Amor, você está bem?

— Sim - respondeu ele um pouco frio

— Vou tomar banho - dei um beijo em sua nuca

Depois que tomei um banho quente, vesti um pijama, afinal, estava muito frio lá. Quando saí do quarto, o Tomas estava do mesmo jeito, pensativo. E assim que me viu, mudou sua expressão e correu para me abraçar

— Carla, eu já disse que eu te amo hoje?

— Não - falei fazendo bico

— Então, eu te amo - e selou a frase com um beijo, um beijo apaixonado que no inicio era calmo mas depois foi ficando quente e me fazendo ir a loucura. Fui o afastando de mim, porque não achei certo transar com meu namorado no dia do enterro do meu avô e ele entendeu bem e ficamos deitados conversando sobre coisas aleatórias.

— Amor, promete que vai sempre acreditar no meu amor? Que nunca, nem por um segundo, vai duvidar dele, duvidar que é verdadeiro, não importa oque aconteça?

— Claro! E eu espero que também não duvide do meu. Sabe Tomas, não querendo comparar, mas oque eu sinto por você é diferente! Não sei, eu nunca disse " Eu te amo" para o Matheus, porque eu não sentia isso com ele. E com você eu sinto. - Nesse momento, os seus olhos marejaram e eu o abracei muito forte.

Depois disso acabamos adormecendo.

Quando acordei o Tomas continuava apoiado em meu colo e comei a enche-lo de beijos até ele acordar.

—Bom dia!

— Bom dia princesa - falou ele com a voz de sono

— Vamos tomar café?

—Sim

Então, cada fez sua higiene e descemos e, nesse momento, tive uma surpresa. A sala estava cheia de malas e caixas

— Mãaaae! Para quê tudo isso?

— Bom dia, meu amor! Bom, nos vamos morar no Rio - falou ela toda alegre

— Ah, agora eu já sei com que o Lucas aprendeu a não contar as coisas!

— Filha, deixa de drama! Eu e seu pai achamos melhor, para sua avó não ficar lembrando direto e tudo mais

— Ok, mas quando vão?

— Hoje! No mesmo voo que vocês

Bom, aquilo foi uma surpresa, mas tava tudo bem, já que não vão morar conosco. Durante o café, os meninos ficaram tirando gracinha um com o outro e me senti bem de ver pessoas que eu amo se dando bem. Quando terminamos o café, fomos arrumar as coisas e ajudar minha mãe, o voo está previsto para sair as 15:30 e já eram 13 h.

— Mãaae! Vamos! Vamos perder o voo!

— indo, filha

—calma, Carla! Você sabe que sua mãe sempre foi assim!

Minha mãe desce e fomos ao aeroporto, o nosso voo não demorou muito e entramos. Eu sentei junto do Tomas e, mais uma vez, o seu olhar estava vago e mais triste do que nunca. Ele sentou do lado da janela e dormi a viagem inteira, mas acordei algumas vezes e lá estava ele, olhando para o nada e pensando em tudo! E u só queria que ele dividisse comigo oque está acontecendo, assim, não fico tão aflita.

Assim que desembarcamos, o Diego e a Roberta estavam nos esperando. E enquanto eu abraçava a Roberta, estava de frente ara o Tomas e vi seus olhos vidrados em um ponto fio, que o fez olhar fixamente para ele e parecia bravo, muito bravo. Quando consegui virar, tentei olhar para ver se achava o tal ponto, mas nada.