Escrito nas estrelas escrita por Bethane


Capítulo 8
Caminhos do destino




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As câmeras de segurança estavam espalhadas por todo o complexo, isso me fez pensar não a primeira vez se a cidade inteira não estaria sendo monitorada. Eu olhei para pontos em que eu acreditava que elas estaria sem fixar meu olhar, algumas não passava de pontos minúsculos quase imperceptíveis. O quatro não parecia disposto a me deixar ir tão facilmente e eu rezei para que ele entendesse a indireta.

– Hoje é a primeira vez que vi esse homem! mas, tudo bem você não acreditar em mim. Eu também não costumo confiar em qualquer um.

Eu abro a porta e saio, as pessoas que estão na sala esperando me encara e eu as ignoro, sigo em direção ao apartamento em que durmo. Uma vez lá dentro sento na cama e começo a pensar no que o Quatro me disse, eu gostaria muito de acreditar que ele está dizendo a verdade. Algum tempo depois ouço o barulho da porta sendo aberta, eu pulo da cama totalmente alerta o Quatro está la me olhando.

– Como me achou aqui? - pergunto

Ele começa a se aproximar rapidamente de onde estou.

– Eu sempre sei onde você esta querida. - ele diz com um sorriso.

– Como? - sei que estou soando repetitiva mas não consigo controlar. Acho que não tomei tanto cuidado quanto deveria.

– Simples, eu tenho insônia as vezes e você esta literalmente no quarto ao lado.

– há quanto tempo você sabe?

– Desde a primeira noite.

– Você veio aqui só pra me dizer isso? - pergunto.

– Temos negócios inacabados. - ele fala se aproximando cada vez mais. - você me deve algumas respostas e se eu a deixei ir foi só por causa das câmeras.

– Aqui pode ter algumas. - replico

– Você é muito cuidadosa, se tivesse alguma aqui você já teria removido. Além do mais eu já fiz uma vistoria aqui. - Ele ficava tão lindo com aquele sorriso torto.

Eu dou um suspiro de rendição, ele parece pensar em tudo.

– Você diz que quer respostas, mas eu não confio em você e nem você em mim. Não sei como podemos resolver isso. Alguma ideia?

– Podemos nos conhecer melhor pra começar. O que você quer saber sobre mim? - ele agora se inclina sobre a cômoda perto de mim. - Mas como você deve saber eu perdi a memória, então...

– Isso é o que você diz, quem me garante que você realmente perdeu a memória?

– Por que eu mentiria? - ele parece estar se divertindo com minha desconfiança.

– Não sei, mas desde que nos conhecemos você só tem me ameaçado. Por devo acreditar agora que você é o mocinho?

– Eu não me considero um mocinho, estou mais para um lobo mal com bom coração. Quer saber por que eu implico tanto com você?

– Se não for pedir muito.

Ele esta tão perto de mim agora que posso sentir sua respiração em meu rosto. Tento me afastar mas ele segura o meu braço com uma mão, com a outra coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Ele se inclina e sussurra no meu ouvido.

– Desde a primeira vez que te vi não consigui pensar em mais nada do que ter você em meus braços e te proteger do mundo que existe ai fora.

– Então me entregar pra erudição é sua ideia de proteção? - pergunto tentando me afastar novamente, mas de novo sou impedida. Ele me olhou nos olhos.

– Eu não iria te entregar e nem vou. Acho que fiquei perturbado pela forma como você me afetou. Eu tentei assusta-la, mas quando você me enfrentou eu sabia que não podia deixa-la ir. Quando você disse que viria pra audácia eu não conseguia acreditar na minha sorte. Eu passei aquela noite torcendo para que você não mudasse de ideia!

Enquanto falava, ele não desviou o olhar nem uma única vez, não percebi em que momento ele havia colocado seu braços envolta de mim. Mas parecia tão certo estar ali, como se eu tivesse encontrado o meu lugar. Quando ele me beijou eu me senti forte, completa. Me esqueci de todas as outras coisas e me concentrei no que eu tinha aqui e agora.

Mas isso não é um conto de fadas e a realidade pode ser as vezes brutal.

– Eu não vou pedir desculpas por isso. - sua voz era suave e gentil. - eu queria fazer isso desde a primeira vez que te vi!

Sob a minha mão seu coração batia tão rápido quanto o meu.

– Não precisa se desculpar! Por que você não me mostra aquela sua paisagem do medo da qual me falou. - Ele pensa um pouco. - Você já viu a minha lembra?

– Ok. - ele finalmente diz e olha para o relógio em seu pulso. - Os outros devem estar no refeitório almoçando agora. Temos 50 minutos. - Ele me solta e segue pra porta. - Vejo você em quinze minutos na sala de simulação.

– ok.

Ele vai embora e depois de alguns minutos eu o sigo. Quando entro na sala ele não está, estou começando a me perguntar se estou fazendo a coisa certa quando ele entra.

– Vamos usar eletrodos, é impossível manipula-los para mostrar outra paisagem que não a nossa. No caso a minha.

Pela primeira vez eu admito que eu posso estar exagerando nessa coisa de desconfiança.

– Tudo bem.

Ele arrasta uma poltrona que está na outra extremidade da sala e a coloca junto a minha. Ele conecta alguns fios na minha têmpora e aplica o soro, em seguida faz o mesmo consigo.

Fecho os olhos e quando os abro estamos no topo de um dos suportes da ponte Golden Gate. A vista da cidade desta altura é incrível. Sinto o quatro estremecer ao meu lado.

– Medo de altura? - pergunto

– Um pouco! - seu rosto parece uma máscara de cera de tão branca.

– Vamos descer? - ele acena com a cabeça e começamos a descida. Não é tão difícil, mas se você estiver com medo pode se tornar um tormento.

Quando finalmente chegam os ao chão ele estava ofegante, eu segurei sua mão para tentar acalma-lo. Na próxima paisagem estava tudo escuro, eu não conseguia ver nada, atrás de mim algo se moveu me empurrando para a frente.

– Quatro? - eu pergunto apertando sua mão.

– Medo de confinamento! - ele fala.

– Ai meu deus! - eu tinha esperança que ele não dissesse isso, o medo começou a tomar conta de mim, como uma garra fria apertando minha garganta. Ele solta a minha mão e começa a procurar por algo no chão.

– Você tem medo de lugares como esse? - ele pergunta.

– Digamos que o porão não era meu lugar preferido na casa.

Cortesia do Marcos novamente, quando isso acontecia eu e a Sarah só éramos quando ele ia embora e a mamãe nos libertava.

– Deveria ter pinos aqui para fazer isso parar de diminuir. - percebo pelo tom de sua voz que ele esta ficando cada vez mais nervoso. Infelizmente essa paisagem é dele não acho que eu posso controlar.

De repente eu me lembro de quando eu era criança e a Sarah ficava muito nervosa, eu sopre conseguia acalma-la, mas eu estava calma lá diferente daqui.

– Relaxa. - eu me agacho e pego suas mãos novamente.

Tento ignorar as paredes nos espremendo como sardinhas e penso em lugares abertos e com muita luz, tipo uma praia, um campo de flores, um parque. Lentamente a minha respiração vai voltando ao normal, as paredes desaparecem e me vejo em uma sala em algum prédio na cidade.

O quatro me olha com uma sobrancelha erguida.

– Eu costumava acalmar minha irmã, achei que funcionaria com você. - Dou de ombros.

Na nossa frente tem uma mesa com uma arma e uma garota sentada em uma cadeira.

– Quem é ela?

– Não conheço, esse é o meu medo de matar pessoas inocentes.

– Você tem que mata-la. - digo

– É isso ai. - sei que ele não esta tão despreocupado como aparenta, ele vira o rosto e atira.

Passamos para a próxima simulação.

– Esse é o medo que você queria ver! ele diz e aponta para a porta, onde eu vejo o Marcos com um sinto na mão. Percebo que a diferença entre essa paisagem e a minha é que o alvo aqui não é a Sarah e sim o Quatro.

– Tobias! isso é para o seu próprio bem. - ele fala vindo na nossa direção.

Agora tudo se encaixa, eu deveria ter visto a semelhança entre ele e a Sarah, os profundos olhos azuis, os cabelos loiros e o nariz arrebitado. Os dois são irmãos filhos desse verme.

– Então quem é ele? - o Quatro, quer dizer Tobias está se preparando para soca-lo.

– Ele é seu pai! - digo.- Seu nome é Tobias Eaton!

Quando ele me ouviu ele parou antes de socar o pai. Eu desferi um soco tão forte no Marcos que ele saiu rolando. Eu estava muito feliz por fazer isso, mesmo sendo só em uma simulação.

– Mas como ele pode ser meu pai? o nome do meu pai é Charlie Evans!

– Tenho muita coisa pra te contar, mas não pode ser aqui. Me encontre na praia depois do treinamento. Lá não poderemos ser ouvidos.

Estamos de volta na sala de simulação. Eu olho para as câmeras e ele segue meu olhar.

– Eu dei um jeito nelas!

Eu me dirijo para a porta.

– Te vejo na sala de treinamento em trinta minutos.

– Onde você vai?

– Pensar um pouco.

Ele me abraça e me beija, saio e vou em direção ao apartamento.

Assim que abro a porta sei que algo está errado. Tudo esta como eu deixei, mas desde cedo eu aprendi a confiar na minha intuição. Pelo canto do olho percebo um movimento a minha esquerda, mas não sou rápida o suficiente, sinto uma pancada na cabeça e desabo no chão. Percebo algo pegajoso escorrer pelo meu rosto e alguém se aproximando.


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