Escrito nas estrelas escrita por Bethane


Capítulo 22
Esperança




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Tobias

Ver a Claire dormindo pacificamente me deixa com uma mistura de alivio e apreensão. Nos últimos dois dias ela mal abriu os olhos. O medico disse que ela quase morreu, e que por isso ela precisava descansar. No entanto o que eu mais queria é acorda-la, e ver seus olhos verdes me fitando cheio de vida novamente.

Seu rosto estava pálido, uma cânula foi colocada em seu nariz para ajudar na respiração. Sem falar nas agulhas que levavam soro e medicamentos para o seu sangue. Nunca conheci ninguém tão forte igual a ela, talvez a Tris fosse parecida, mas eram muito diferentes. Enquanto a Tris tirava a sua força do seu medo a Claire não se deixava dominar por ele, uma força que vinha da vontade de ser livre.

– Como ela está? - Olho para a porta e encontro o olhar da Tris.

Ela está tão diferente, parece mais dura, mais forte. Mas eu também mudei. Ela me lembra um soldado, e isso é o que ela é.

– Ela vai ficar bem! - olho novamente para a Claire deitada nessa cama de hospital, e tento reprimir a memória dos últimos dois dias. A Tris fica sem falar por tanto tempo que penso que ela já tenha ido embora, até ouvir novamente sua voz, baixa, mas clara.

– Espero que ela saia dessa logo! - ela se aproxima e coloca sua mão no meu ombro.

Houve uma época em que eu queria desesperadamente sentir seu toque de novo. Mas aqui e agora, olhando para a Claire nessa cama, não tenho certeza de mais nada.

– Ela é forte! e eu estarei ao seu lado. - ela retira a mão do meu ombro.

– Tobias, nos precisamos conversar. - ela diz

– Não aqui, e não agora Tris! Você teve quatro anos. Me dê algumas horas a mais está bem?

– Tudo bem! vou ficar te esperando. - ela diz e sai do quarto.

Sozinho novamente com a Claire, pego sua mão, que parece muito fria. Esfrego sua mão com a minha tentando aquece-la.

– Hey, você não pode morrer. Está me ouvindo? eu preciso de você. - sei que ela não está me ouvindo mas digo mesmo assim.

Passo o braço por sua cintura e me inclino apoiando a cabeça na altura do seu coração. Os seus batimentos estão fortes e constantes. Isso me deixa aliviado, mas me transporta para o momento em que pensei que ele fosse parar de bater. Essas imagens estão gravadas na minha mente. Principalmente o Uriah gritando que ela estava perdendo muito sangue e que poderíamos perdê-la.

Ela estava nos meus braços, parecendo um boneca de cerra pálida. Seu sanhue manchando minha camisa. Estreitei ela nos meus braços e rezei para que acontecesse um milagre. Estávamos do lado de fora da comunidade, sem médicos ou alguém capacitado parta ajudar. Ela precisava urgente de transfusão de sangue.

E um milagre realmente aconteceu em forma de Tris Prior, a garota que eu amei desesperadamente e até dois dias atrás achava que ainda amava. Parada na porta como um soldado ela distribui ordens, enquanto olhava de mim pra Claire. Um grande sorriso iluminou seu rosto, mas eu estava em choque, eu tinha nos braços a Claire que estava morrendo e do outro lado do cômodo a garota que eu achava que estava morta. Em nenhum momento eu duvidei de que ela fosse a verdadeira Tris.

– Me dê ela. - a voz de alguém tentando tirar a Claire dos meus braços me trouxe de volta. Quando eu olhei pra pessoa ao meu lado, senti um misto de confusão e alivio.

– Mathew! Ela está ferida. Você precisa ajuda-la! - estou quase gritando.

Dois homens de branco aparecem carregando uma maca. Eles a colocam no Chão e erguem os braços para mim.

– E nos vamos! Por isso estamos aqui. Deixem eles coloca-la na maca.

Não sei o que ele quer dizer com isso, mas não me importo. Contanto que eles a salvem. Do lado de fora ouço pela primeira vez um barulho estranho. Estava tão absorto que não percebi, até agora.

– O que é isso? - Olho para o chão onde os três caras do carro preto estão. Estão todos mortos, não sei de qual arma foram as balas que os mataram.

– Um helicóptero! a Claire precisa ir para o hospital o mais rápido possível. Podem pega-la.

Ainda relutante entrego a Claire a eles. Rapidamente eles a imobilizam, os sigo até a porta onde a Tris está. Ficamos frente a frente, e ela se joga nos meus braços, envolvendo meu pescoço, como tantas vezes ela fez no passado. Automaticamente eu a envolvo em um abraço. Ao longe ouço alguém chorando, parece a Claire. Me solto da Tris e olho para trás. A Clara está abraçada ao Gabriel, e ele está morto. Em algum momento da confusão ele foi atingido.

A Clara me olha e eu vejo a dor em seus olhos, a sua expressão corta o meu coração. Mesmo que ela não seja a Claire é o seu rosto que estou vendo. Olho para a Tris e ela parece esperar que eu diga algo.

– O que você quer Tris? - minha voz sai mais dura do que eu pretendia.

– Como assim o que eu quero? pensei que você fosse ficar feliz por me ver, por saber que eu estou viva!

– ótimo! bom pra você. É isso o que você queria ouvir? já ouviu. agora me deixe me paz. - digo e saio pela porta. Ela segura meu braço.

– Tobias... - ouço um tom de ressentimento na sua voz.

– O que você queria Tris? Que eu te recebesse sorrindo depois de você fingir que estava morta por quatro anos? você não pensou em mim ou nos seus amigos, no quanto iríamos sofrer. Você só pensou em você! e agora quer que eu esqueça o que você fez?

– Você tem razão. Eu deveria ter contado a verdade, mas eu não podia!

– Não contar aos outros eu até entendo, mas pra mim? pensei que você com o meu sofrimento! Me esquece Tris!

– Por favor Tobias, você precisa me deixar explicar.

Eu deveria estar com a Claire nesse momento, ela está precisando de mim. Ao contrario da Tris ela não me abandonou. Por deus! ela quase morreu uma vez por minha causa, ela não podia morrer agora.

Sempre soube que eu não merecia o amor da Claire, quando éramos criança eu já tinha percebido a forma como ela me olhava. Naquela época eu encarei isso como uma adoração infantil. Mas ela cresceu e essa adoração se transformou em um amor puro e desinteressado, desses que não se encontra todos os dias.

– Depois, agora a Claire precisa de mim! - quando chego do lado de fora a Claire já havia sido colocada no helicóptero. Só de olhar para essa geringonça meu estômago embrulha. Mas eu preciso enfrentar o meu medo de altura pela Claire!

Depois disso, parece que a minha vida ficou em espera. Passei os últimos dois dias no hospital, rezando para que a Claire fosse forte o suficiente para sair dessa. Uma mão em meus cabelos, me tira dos meus devaneios. Quando ergo a cabeça vejo dois olhos verdes me fitando, com um sorriso nos lábios.

– Você acordou! - isso é óbvio, mas não me importo.

– Onde você estava? está com uma cara de quem acabou de acordar de um pesadelo. - Ela passa a mão pelo meu rosto carinhosamente. - posso dar um jeito nesses monstros se você quiser.

Pego sua mão e beijo sua palma.

– Eu sei que pode querida! e tenho certeza que não há mais nenhum embaixo da cama. - digo rindo.

– Ótimo, você fica lindo quando sorri. Não quero mais te ver triste. Eu daria minha vida se isso significar que você será feliz.

– Shh..! nunca mais diga isso. Está me ouvindo.

– Eu te amo! nunca se esqueça disso.

Ela me dá um lindo sorriso e meu coração perde uma batida. Eu também a amo, mas não acho justo dizer isso a ela, por que por mais que eu queira negar, os meus sentimentos pela Tris ainda são fortes. Mas sei que ela não espera uma resposta minha.

– Eu sei!

A porta se abre e o Mathew aparece com uma prancheta na mão.

– Como está a paciente mais famosa dessa enfermaria? - ele pergunta de bom humor.

– Estou bem! e você é? - ela pergunta enquanto ele começa a remover a agulha do soro que está no seu braço.

– Fui eu quem te atendi! sou um cientista e medico é claro. - ela se encolhe quando ele diz que é cientista. - não se preocupe sei o que estou fazendo.

– Você não parece médico e muito menos um cientista. - sua testa está franzida.

– Por que? - o Mathew pergunta ainda sorrindo.

– Quando penso em um cientista, a imagem que vem a minha mente é de um velhinho barrigudo e com poucos fios de cabelo branco na cabeça. Você é jovem, além de ser incrivelmente lindo e sexy!

Estou surpreso por ouvir a Claire dizer isso. Ela leva a mão a e tampa a boca, seu rosto começa a ficar muito vermelho. O Mathew começa a rir divertido. Não gosto da forma como ele olha para ela, mais parece um olhar de admiração.

– Me diz que eu não falei essa ultima parte. - ela pede mortificada. - não sei o que deu em mim. Desde que acordei falo as coisas sem pensar.

– Não se preocupe. Isso é efeito colateral do remédio pra dor que você está tomando.

– Eu sinto muito! não queria ter dito isso. - o Mathew ergue a sobrancelha, e ela retifica. - quer dizer não que o que eu falei não seja verdade... ai estou me complicando cada vez mais.

– Tudo bem! as pessoas quando toma esse medicamento, falam todo tipo de coisa que você pode imaginar. Obrigado pelo elogio!

Limpo a garganta para chamar a atenção dos dois. Não estou gostando da atenção que o Mathew está dando para minha namorada. Lanço um olhar para ele de que ela já tem dono, ele parece entender pois resolve ir embora.

– Mais um dia e você já poderá sair daqui. - ele diz pra Claire e ela sorri de volta pra ele. Isso me deixa muito irritado,.

– Obrigado! - digo enquanto o Mathew deixa o quarto.

– O que foi? - ela pergunta. - e onde exatamente estamos?

Não sei como responder essa pergunta sem deixa-la preocupada. Então digo o mínimo Possível.

– Estamos em uma antiga base do exercito americano, próximo a Chicago. - digo e olho para longe.

– Ok. - ela diz, ela percebeu que eu não quero falar sobre isso.

Essa é uma das coisas sobre ela que eu acho incrível, ela parece saber do que eu quero ou preciso mesmo antes que eu saiba. Isso aconteceu depois que ela me contou sobre a Sarah e quando encontrei com o clone da Tris em São Francisco.

Sarah! é tão estranho saber que eu tenho uma irmã. Mas a Claire foi maravilhosa com ela, a ensinou a ser forte e independente. Acho que o temperamento explosivo da Claire foi herdado da mãe, por que a Sarah é igualzinha. Ela quase colocou a enfermaria a baixo ontem, querendo noticias da irmã.

– Você acha que ele vai voltar logo? - a Claire segura o meu braço.

– Acho que não! por que? - pergunto ainda um pouco irritado.

– Humm.... o que foi? - ela me encara erguendo a sobrancelha, um sorriso se formando em seus lábios. Eu conheço essa expressão. Ela está aprontando alguma.

– Você quer que ele volte? posso chama-lo! - pergunto ficando cada vez mais tenso.

Lentamente ela move o seu corpo para a beirada da cama e depois me olha.

– Não, quero que ele demore muito tempo! por que você não deita aqui comigo? - ela pergunta e eu olho para o espaço vago ao seu lado.

– Não acho uma boa ideia!

– Qual é? vai amarelar? - ela me desafia e me lembro que foi com um desafio que tudo isso começou.

Me levanto da cadeira e tiro os sapatos.

– Nunca! - digo rindo e deito ao seu lado. Passo meu braço direito embaixo da sua cabeça e a puxo para perto de mim. Ela deita sua cabeça no meu peito.

– Eu adoro seu perfume! é como se eu estivesse finalmente em casa.

– E você está! - digo e a trago um pouco mais para perto de mim. Ela ergue a cabeça e me olha sorrindo. Não resisto e beijo seus lábios. Assim como das outras vezes me controlo, beija-la é maravilhoso. Não consigo me fartar dela, quanto mais a beijo, mais quero beija-la. É como se eu tivesse a muitos dias no deserto com sede, e finalmente encontrasse uma água fresca, pura e limpa. Se o paraíso existir é aqui, com ela nos meus braços. Paro de beija-la e a seguro mais forte. Ela suspira, lentamente sua respiração vai ficando regular, e sei que ela pegou no sono novamente.

Nunca pensei que pudesse amar duas pessoas ao mesmo tempo, até conhecer a Claire, e isso me faz sentir como um canalha. Pois lá fora em algum lugar, sei que a Tris está me esperando.


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Notas finais do capítulo

Pessoal! Essa é a primeira parte dessa Fic. haverá uma continuação, a segunda parte.
Infelizmente só vou poder voltar a escrever depois do ano novo, pois final de ano é muito corrido para mim.
Peço desculpas pela demora e nos vemos em breve.
Agradeço as pessoas que comentaram, e as que não comentarão pelo carinho, e por terem lido essa fic!
Desculpem pelos erros de digitação, por que sei que foram muitos! kkkkk é que o tempo é curto.
Obrigada!



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