Escrito nas estrelas escrita por Bethane


Capítulo 14
Momórias escuras




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Minha respiração esta entrecortada, parece que alguém está fatiando meu coração em bifes. Lágrimas escorrem pelo meu rosto, me apoio na porta e respiro fundo e digo para mim mesma que isso não é o fim do mundo. Respiro pausadamente e tento organizar meus pensamentos, preciso sair daqui sem ser percebida. Me movo em direção a porta o mais silenciosamente possível. Estou tão atordoada que não vejo o Gabriel se aproximando, trombamos um contra o outro.

Na minha mente caótica não entendo que ele só quer me impedir de cair quando me segura. Grito apavorada, começo a me debater tentando me soltar, o terror estampado no meu rosto rosto pálido.

– Calma Claire! calma..... - ele diz me soltando lentamente e eu percebo que não estou naquele beco escuro e sim na sala de treinamento. Me apoio contra a parede e curvo minha cabeça para baixo, tentando normalizar minha respiração.

– Desculpe, você me assustou. - digo.

– Assustou? acho que foi mais que isso. Você estava apavorada! o que aconteceu?

– Nada.

Parece que o meu grito interrompeu o interlúdio entre o Tobias e a Tris. Os dois estão vindo em nossa direção.

– Acho preciso comer algo. Vou até o refeitório.

Não espero por uma resposta saio em disparada pelo corredor.

O pedaço de bolo que eu peguei não desce por minha garganta. Me sinto patética, um dos piores sintomas de se estar apaixonada é bancar o ridículo e nos últimos dias estou batendo o recorde. Isso tem que parar já.

De volta ao treinamento foco no saco de pancadas, no tablado duas garotas estão lutando. Ignoro o Tobias e a Tris deliberadamente e rezo para que me deixem em paz, mas parece que não rezei o suficiente, pois poucos minutos depois de começar a treinar sinto duas mãos segurando minha cintura parando meus movimentos. Sei que é ele sem precisar olhar para trás.

– Você precisa fazer uma simulação antes da luta, só falta você.

Já havia me esquecido disso, endireito minha coluna e vou pra simulação. Assim que entro na sala vou direto para a cadeira sem dizer nada. Viro o meu pescoço para que ele aplique o soro e fico esperando. Os segundos se arrastam sem que falemos nenhuma palavra. Finalmente ele suspira e começa a preparar a maquina e o soro.

– Sobre o que você viu mais cedo, eu...

– Não quero falar sobre isso.

– Mas eu quero. Quer dizer eu preciso que você entenda...

– Você não me deve explicações, então nos poupe. - a minha voz é neutra. Fecho meus olhos e tento me concentrar na minha respiração.

– Que droga Claire! será que dá para você olhar pra mim. - sua voz começa a se alterar.

– Eu já disse que não quero falar sobre isso. Você não entendeu? quer que eu soletre pra você?

– Não quero apenas que você me ouça!

Olho pra ele e sua expressão é de raiva, seus lábios formam uma linha firme.

– Pare com isso de querer sempre ficar se explicando, já disse que não precisamos passar por isso. Somos livres para fazer o que quisermos.

– O que você quer dizer com isso? - ele pergunta estreitando os olhos.

– Quer dizer que você pode ficar com quem quiser. E eu também.

– Como assim você também? você está saindo com alguém? é o Gabriel não é? sabia que você não iria resistir aquele rostinho bonito. - Ele me lança um olhar feroz e eu devolvo na mesma intensidade.

– Isso não é da sua conta.

– Mas é claro que é!

– Posso saber por quê? - pergunto erguendo as sobrancelhas.

Ele passa os dedos por seus cabelos, impaciente. Finalmente ele responde.

– Você é irmã da Sarah. É meu dever cuidar de vocês duas.

– Não somos sua responsabilidade! ficamos muito bem sem você até hoje. - depois de algum tempo continuo. - Não precisa se sentir obrigado a vir conosco, eu nunca deveria ter feito você prometer que cuidaria da Sarah. Dispenso você dessa promessa.

– Você acha que é tão fácil assim, esta dispensado e pronto? - ele esta gritando de novo.

– Se você decidir ficar aqui por causa da Tris, a Sarah vai entender. Eu já lhe disse que isso é uma possibilidade.

– E quem te autorizou a falar por mim?

– Não estou falando por você, e se quer saber mesmo a minha opinião. Você deve ficar com ela e descobrir o que você quer. Se vocês não ficarem juntos, você irá sofrer com essa dúvida e fazer quem estiver com você também sofrer.

– Eu nunca quis te fazer sofrer. - ele diz com um ar de cansado.

– Não me refiro a mim. Você deve isso a você, a ela, e a quem você vier amar no futuro. Não é saudável passar mais quatro anos nesse sofrimento se você pode acabar com isso agora.

Pego a seringa que está em sua mão e aplico no meu próprio pescoço. A sala começa a se desfocar e me vejo no maldito beco. Me lembro de ter pego o carro pela primeira vez e sai dirigindo sem destino, ele quebrou e me deixou sem meio de voltar para casa.

A chuva estava forte e incessante, quase não dava para ver nada. Começo a correr em direção ao centro da cidade. A única coisa que ouço por algum tempo é o som dos meus passos. A minha nuca se arrepiar e eu começo a olhar para trás, não consigo ver ninguém atrás de mim, mas sei que há alguém lá.

Corro cada vez mais rápido, tento me lembrar de que isso não é real, mas sei o que vai acontecer a seguir, de repente a rua se torna um beco sem saída, paro de correr e me viro. A minha frente tem um homem todo de preto, ele usa um chapéu de abas, não consigo ver o seu rosto. Ele vem em minha direção e eu corro até ficar contra a parede. Ele dá uma gargalhada alta quando está bem próximo. O medo me paralisa.

Me segura pelo braço e me joga no chão, saio rolando pelo chão, meus joelhos e cotovelos doem. Tento lutar, mas ele é mais forte e me prende ao chão com facilidade, em seguida rasga o meu vestido. Fecho os olhos e começo a dizer que isso é apenas uma simulação, mas o pior é que aqui não haverá o Uriah para me salvar.

Uma grande raiva se apodera de mim, estou cansada das pessoas acharem que pode fazer as escolhas por mim. Como se eu não tivesse vós, como se minhas vontades e meus desejos não importassem. Ergo meu joelho e o acerto entres as pernas. Ele solta um gemido, aproveito sua distração e inverto as posições. Começo a soca-lo com força renovada. Alcanço minha adaga e a enterro em seu coração sem a menor piedade. Então tudo desaparece.

Agora tudo a minha volta desaparece e estou em Chicago, estou do lado de fora do apartamento do Tobias na abnegação. Sigo meus instintos e subo as escadas correndo. Aporta não está trancada, entro e sigo os gritos do Marcos, no quarto o vejo inclinado sobre o Tobias, que aparenta ter uns dezesseis anos. Os dois estão muito alterados, o Marcos ergue a mão com o chicote e eu a seguro e me posiciono na frente do Tobias. O Marcos me empurra e eu bato a cabeça contra a quina do criado mudo ao cair.

Abro os olhos e estou de volta a sala. Saio da cadeira e vou cambaleando em direção a porta.

– Você está bem? - ele me segura antes que eu caia, minhas pernas parecem gelatinas.Não consigo responder, só quero sair dali. - O que foi essa última parte, a simulação era apenas para um medo.

Assim que encontro minha vós respondo.

– Você vem perguntar isso pra mim? foi você que programou o computador.

– Sim, mas não pra isso. O que foi aquilo? - ele pergunta mais para se mesmo que para mim.

De repente ele coloca a mão na cabeça e depois olha pra mim, outro flash de memória presumo. Sei que ele chegou na mesma conclusão que eu. Saio pela porta e começo a correr, mal ouço sua voz me chamando para voltar, seus passos se aproximando tentando me alcançar.


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