Escrito nas estrelas escrita por Bethane


Capítulo 12
Clonada




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Essa brincadeira de gato e rato já estava me deixando irritada. A explosão na cozinha não foi mais do que um aviso, ou um susto, para deixar claro quem dava as cartas. Se quisessem poderiam ter destruído prédios e casas. Mas não, o estrago foi apenas na parede da cozinha que voou pelos ares.

– Você está bem? - do meu lado o Tobias começa a se levantar.

– Sim, e você?

– Pensei que fosse morrer. Aquilo parecia uma bomba.

– E era, mas só para assustar. Ainda somos necessários vivos. Por enquanto.

– Como assim?

– Eles não sabem sobre o Uriah, acham que só eu sirvo. Eu prefiro que pensem assim, não quero o ele em perigo.

O lado do meu corpo que bateu no chão estava dolorido. Mas sem nenhum osso quebrado.

– Já está na hora deles saber com quem estão lidando.

– O que vai fazer?

– Enviar uma mensagem pra eles. Vamos encontrar o Uriah. - do meu lado estava o Gps, eu o pego e vou em direção a porta com o Tobias logo atrás.

– Não é muito arriscado? eles podem nos seguir.

– É... eles podem tentar, mas não vão conseguir.

Andamos alguns metros e entramos em uma casa em ruínas, o piso está tão podre que temos que tomar cuidado para não prender o pé na madeira. Passamos pelo quintar e pulamos vários muros. Mais a frente tem três prédios enfileirados, entramos no segundo e vamos direto para o subsolo. Entramos dentro de uma casa de força e em seguida eu vejo o alçapão.

Encontrei isso três anos atrás, quando estava explorando o lugar, ele leva a vários tuneis, em várias direções. Levou muito tempo para deixar de me perder e saber exatamente onde cada um deles vai. Eu o abro e indico para que ele desça, o que ele faz sem fazer perguntas. Se formos seguidos até aqui, é impossível saber qual caminho tomamos.

Depois de alguns minutos andando e fazendo várias voltas por segurança, chegamos ao nosso destino. Um antigo posto policial. É o único lugar por aqui que encontrei que tem rede, facilitando o acesso as redes de sistemas.

– Onde estamos? - ele finalmente pergunta.

– Isso era um posto policial há muitos anos atrás.

Subimos pela escada e entramos em uma sala. Lá no fundo por baixo da porta vejo uma pequena luz. Seguimos até lá, e bato na porta como sempre faço. O Uriah abre a porta com o sorriso de sempre, que vai diminuindo assim que me olha dos pá a cabeça. Não pensei que estivesse tão ruim.

– Um pequeno obstáculo no caminho, nada de mais. - digo e entrego o Gps pra ele.

– Você encontrou! - ele diz voltando a sorrir.

– Claro! como estamos aqui? conseguiu alguma coisa.

– Sim, já consegui o mapa e também calculei o tempo de viagem daqui até Chicago. Dentro do limite de velocidade é claro.

– E então? - pergunta o Tobias.

– o tempo é de aproximadamente 32 horas, são 2.131 milhas. A Sarah consegue combustível pra rodarmos esse tempo?

– No último bilhete ela disse que isso não seria problema.

– Qual é a data da próxima visita da amizade à cidade?

– Amanhã, eu pedi para que ela já trouxesse as roupas. Vou encontra-la e combinar tudo.

– É muito perigoso! - o Tobias diz.

– Eu sei, mas não temos escolha. Se você puder me dar cobertura amanhã de manhã no treino , eu agradeço.

– Ok, mas não se esqueça que amanhã será sua segunda luta. Vou tentar colocar para o período da tarde. Assim você conversa com mais tranquilidade.

– Você está se referindo a simulação que faremos antes?

– Sim e sobre a Asheley também. Ela é uma oponente bem forte.

– Ela não vai ser um problema. - falo com os dentes cerrados.

O Uriah me olha e ergue a sobrancelha.

– Se eu não te conhecesse, diria que você tem contas pra acertar com essa garota.

O pior é que ele estava certo, eu queria mesmo quebrar aquele nariz arrebitado dela, e fazê-la pedir clemencia. Mas eu não iria admitir a verdade na frente do Tobias.

– Claro que não. Ela gosta de usar truques, só que comigo não vai funcionar. Tem mais alguma coisa ai? - mudo de assunto deliberadamente.

– Sim, acredito que o mapa não vai nos ajudar muito. As estradas e rodovias podem não estar sinalizadas adequadamente, é por isso que eu precisava tanto do Gps. Vou tentar conectar com o satélite.

– O que ele faz? pergunto.

– Ele tem a mesma utilidade do mapa, a diferença é que a sinalização não é deteriorada como nas placas. Algo mais moderno e confiável.

– Vai demorar muito?

– Não sei, talvez.

Não quero ficar aqui olhando o Uriah trabalhar, tampouco tão perto do Tobias. Ver ele me deixa feliz e deprimida ao mesmo tempo. É uma confusão de sentimentos tão grande que as vezes penso que vou sufocar.

– Tudo bem, vou ficar um pouco no terraço. Ficar de guarda.

Saio e subo as escadas, assim que me encontro do lado de fora e o vento bate nome rosto, sinto vontade de chorar. Dentro de um pequeno cômodo encontro uma manta, que estendo no chão. Eu e a Sarah sempre fazíamos isso. Abria a manta e deitava, ficávamos horas olhando as estrelas. Muitas vezes até o amanhecer. Como aqui não tem muita luz, as estrelas pareciam brilhar mais.

– A noite está linda!

A voz do Tobias chega ao meu ouvido com uma nota de incerteza. Isso é um pouco novo, ele parece sempre tão confiante.

– Elas sempre são, somos nós que nunca prestamos atenção.

– Posso me sentar com você?

– Claro!

Ele se senta ao meu lado na manta e ficamos em silêncio. Depois de alguns minutos ele se deita, nossos ombros se tocando. Nenhum de nos fala nada por algum tempo, só olhamos as estrelas. Até que ele quebra o silêncio.

– Quero pedir desculpas pelas duas últimas semanas.

Eu dou um suspiro longo, não me agrada falar sobre isso. Mas sei que ele não vai continuar pedindo desculpas se eu não disser algo.

– Você precisava desse tempo, pra colocar a cabeça no lugar. Eu entendo isso, além do mais posso imaginar como foi difícil continuar me vendo depois de tudo que te contei.

– Do que você está falando?

– Minha mãe e seu pai..... tecnicamente somos a outra " família".

– Isso não tem nada a ver, você e a Sarah não tem culpa.

– Eu sei, mas....

– Pare de pensar sobre isso. Eu precisei de um tempo pra me organizar meus pensamentos.... é como se tudo acontecesse novamente a medida que vou me lembrando.

– Eu sinto muito pela Tris. - digo sabendo que ele está se referindo a ela.

– Quem te contou?

– O Uriah me falou um pouco.

– Ela já se foi a quatro anos...

– E você ainda não conseguiu superar isso totalmente.

– Clare, eu sinto muito pela forma como agi com você.

– Sem problemas, por que não esquecemos que aquele beijo aconteceu. Não foi nada de mais.

Pra mim significou muito, mas quanto antes me afastar dele melhor. Ambos sofreremos menos.

– Nada de mais? é isso que você tem pra dizer do que aconteceu? - sua voz vai ficando cada vez mais alta.

Me doí dizer isso, é como se eu estivesse sendo rasgada em pedaços a medida que as palavras saem da minha boca.

– Você levou quatro anos para descobrir, que não está preparado para se entregar totalmente a um novo relacionamento. Não posso me dar ao luxo de esperar mais quatro, para descobrir que você ainda a ama!

– Você não poderia ter sido mais clara do que isso.

– Sinto muito! - a minha voz sai um pouco embargada e ele pega a minha mão.

– Uma vez você disse que tem coisas que não podemos controlar, elas apenas acontecem no momento que tem que acontecer. Você não pode controlar tudo Claire. - ele parou de falar e eu esperei ele continuar. - Você não pode querer afastar as pessoas que te amam, para protegê-las do sofrimento ou se proteger. Não está em seu poder decidir isso.

– Estamos falando de destino?

– Não, apenas acredito em algo.

– Quando olho para as estrelas fico imaginando se isso de destino é verdade ou não. Existem coisas que não conseguimos explicar, como por que acontece algo com um e com o outro não.

– Algo como estar escrito nas estrelas?

– Talvez, será que seriamos capazes de mudar algo, se soubesse o que iria acontecer? e se impedisse, será que não era exatamente isso que deveria acontecer no final de tudo?

– Não sei.... Mas eu estarei do seu lado!

– Eu quero te pedir uma coisa.

– Pede.

– Se algo me acontecer, gostaria que você me prometesse que vai cuidar da Sarah pra mim!

– Não vai te acontecer nada. Eu prometo.

– Não pode fazer promessas que não pode cumprir.... só quero que me prometa que cuidará dela, não vai deixar que seu pai se aproxime. Por favor Tobias é a única coisa que te peço.

Ele suspira.

– Eu prometo. - ele me puxa para seus braços e eu me deixo levar. - nós vamos conseguir encontrar uma cura pra isso, você não vai morrer. E se isso estiver escrito nas estrelas nos vamos mudar isso.

Me solto dos seus braços e me sento, ele faz o mesmo.

– Como você soube disso?

A resposta era óbvia, mas saiu antes que eu pudesse me controlar.

– O Uriah me disse ontem.

– Não sabia que vocês se falaram ontem.

– Eu trouxe algumas armas e munição.

Me levanto e olho para a cidade iluminada ao longe.

– Vamos ver se o Uriah tem alguma novidade.

Ele estava sentado em frente a um dos computadores, parecendo muito concentrado. Quando entramos ele se assustou.

– Tudo bem? - pergunto.

– Mais ou menos, eu estava entrando no sistema da erudição.

– Ótimo, quero que você mande um recado para eles, bagunce os resultados das pesquisas com o soro de regeneração. E faça um download de todas as informações sobre o mundo lá fora. Precisamos de uma arma contra eles.

– Então eu achei umas coisas aqui que talvez você queira dar uma olhada.

Na tela do computador apareceu alguns nomes, com idade, local de nascimento, endereço e um monte de informações que eu não entendi. Dentro os nomes estavam o meu, e o da Tris.

– O que é isso?

Na parte de cima da da lista estava a palavra CLONES. Em seguida ele mudou pra próxima tela, onde aparecia varias fotos. A minha estava entre elas, mas o meu cabelo estava curto e eu nunca o deixei curto. Um pensamento passou pela minha mente.

– Eles estão clonando as pessoas.

Eu olhei para o endereço na frente do meu nome. São Francisco. O meu clone estava aqui.... e o da Tris também.


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