"Achei que viria mais tarde", foi a unica coisa que Elisa disse quando abriu a porta e deu espaço para que eu entrasse.

—Tentei ser rápida dessa vez.

—E "ele"?

—Eu estaria mentindo se dissesse que o Sebastian está bem, ele parecia péssimo. Me choca pensar que os pais dele permitem que ele fique ali, naquele estado...

—Anne, os Volkov só querem mantê-lo escondido para tentar reerguer a imagem que foi parcialmente destruída; eles estavam presentes na exposição que fui em NY, era como se nada tivesse acontecido, eles saíram com três obras que custam o quadruplo do que custa esse prédio, ou seja, eles não ligam e não perderemos tempo discutindo isso. Conseguiu atrasar o processo?

—Sim, e consegui depor. Tudo está dando certo.

— E ainda assim não me parece muito feliz, o que está havendo?— Elisa me questionou com o que me pareceu uma preocupação muito sincera; havíamos nos aproximado muito em todo esse tempo, não nos tornamos amigas ou fizemos festas do pijama, mas estávamos próximas.

—Eu não me sinto como pensei que sentiria; eu achei que quando estivesse tudo certo, tudo se resolvendo...

—Tudo voltaria ao normal. —Completou minha expectativa ingênua e óbvia. —Mas nada será como antes, o Sebastian nunca vai esquecer tudo que aconteceu e você nunca vai deixar sua culpa de lado.... Basta saber se vai conseguir viver com isso, ou melhor, se vão conseguir viver juntos com isso.

—Você fala com tanta praticidade, nem parece a Elisa.

—Esses dias estou tentando seguir o que o Sebastian sempre me dizia, as vezes a praticidade é a melhor forma de se resolver os problemas. Foi o que ele sempre tentou me ensinar.

É... Agora ela se parecia muito com ele, e não de uma forma boa; me parecia fria, arrogante e irritante. Pensar que eles estiveram por mais tempo juntos do que eu estive com ele me deixava... Não sei denominar; não sei se insegura, enciumada... Mas de uma coisa eu sei; me incomodava.

—Já conversou com o seu pai sobre o pedido de liberdade provisória? Agora já existem mais provas e outro suspeito, não tem um bom motivo para mantê-lo naquele lugar.— Elisa questionou ainda com seu tom de negociante.

—Já falei sobre o assunto, mas ele disse que a imprensa voltaria a se animar e não haveria um lugar sossegado o bastante para manter Sebastian longe disso tudo.

—Pois eu tenho como mantê-lo longe disso tudo, deixe essa parte comigo e diga para que ele comece a agilizar essa parte.