Surreal - Art and Insanity escrita por Jess


Capítulo 71
Capítulo 71 - Coincidência


Notas iniciais do capítulo

Olá, como vocês estão? Espero que estejam bem.
Demorei um pouco para postar por estar reescrevendo o final dessa fic.
Espero que gostem desse capítulo, Dr. Fisher voltou nele.



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Minha pressa escondeu o que era evidente, perdi meu tempo tentando decifrar e descobrir o que havia por trás daqueles olhos e não os apreciei como deveria. Mas ela era um desafio, o meu desafio, e meu egocentrismo não deixaria que ela fosse um desafio perdido.

E ela estava ali ao meu lado, quando pude parar prossegui

Ouvi o som da porta se abrindo, era um som que não ouvia a algum tempo, ainda mais quando não era um horário da grade de rotina. Era o momento de começar a por tudo em prática, havia esperado de mais por algum sinal, qualquer coisa que me fizesse esperar mais um pouco.

A doutora chegou mais perto, ouvi seus passos lentos e o som da cadeira que o enfermeiro pôs para que sentasse. Não abri meus olhos, esperei que a porta se fechasse.

Ela me olhava com bastante atenção, seus papéis já estavam em mãos e parecia mais arrumada do que nas outras vezes em que nos vimos. Havia uma pequena camada de maquiagem em sua pele e tons claros.

_Olá Sebastian.

_Olá doutora, senti sua falta._Menti, mas ela não pareceu perceber, pois era o que ela queria ouvir. O que eu realmente queria saber era o motivo de seu sumiço, que provavelmente tinha algo relacionado ao andamento de meu caso.

_Estou ansiosa para a retomada de nossas sessões._ Ela disse dando um pequeno sorriso, que me pareceu contido._ Acho que devo lhe informar que elas terão que se intensificar, talvez você se sinta desconfortável e até intimidado. Mas essa não foi uma decisão minha, por mim continuávamos com nossas sessões mais leves... _Ela dizia como quem se desculpava, como alguém que decepcionou a todos._ Estão me cobrando muito._Disse por fim.

Ela já não era a Doutora de meses atrás, era alguém procurando aprovação, querendo aceitação de alguém que não a cobrava, que não esperava nada dela e que não a julgava. Nesse caso esse alguém era eu.

_Eu entendo.

Dei um sorriso triste e lhe estendi a mão. Era uma aproximação leve, a deixaria mais segura. E quanto mais segura estivesse mais fácil seria para passar para o ultimo estágio.

A doutora colocou a palma de sua mão na minha, meus dedos cobriram os seus, reparei em suas unhas cuidadosamente pintadas, sua pele era macia ao meu toque. Mal lembrava a ultima vez que toquei alguém.

_Vamos começar..._ Disse distanciando-se um pouco, eu apenas concordei e sentei-me de frente para ela.

_Tenho sua ficha aqui.Nela estão os diagnósticos antigos que foram feitos e os mais recentes._Ela falava em quanto foleava aquele monte de papéis em diferentes tons.

_Doutora Fisher... Sem introduções, eles querem respostas... Eles terão respostas.

Ela olhou-me nos olhos e respirou profundamente, não queria estar fazendo aquilo.Estava apreensiva e de alguma forma eu já não compreendia tão bem o porquê.

_Quero saber o que você lembra daquela noite.

_Era o ultimo dia de outono, todos estavam na festa... A maioria embriagados, mas não havia nada de incomum nisso._ Dei de ombros encarando-a. Ela continuava com o mesmo semblante serio, mas agora havia aquela insegurança.

_Você saiu antes do final da festa, certo?_ Indagou adotando uma postura mais profissional, olhando para a fixa em suas mãos.

_Sim.

Nada estava indo como eu havia planejado, consegui adiar o máximo possível esse momento , mas se não falasse agora perderia qualquer chance que poderia vir a ter de sair daquele lugar. Umedeci meus lábios e me pus a falar meus motivos de ter saído antes, contei o que era necessário.

_Quem é responsável pela investigação do caso?_ Minha pergunta veio antes que pudesse pensar em como ela seria interpretada.

Doutora Fisher ergueu uma sobrancelha e apenas fitou-me. Desviei o olhar imaginando como ela iria interpretar aquela pergunta, como apenas curiosidade ou uma forma de tentar conseguir informações que me ajudassem a sair dali. Sorri pra disfarçar minha percepção de como aquilo havia soado suspeito.

_Desculpe, deve ser algo sigiloso... Eu não deveria ter perguntado._ Tentei parecer acuado, para que ela não desconfiasse de meus últimos planos. Não iria abusar de sua distração, ela continuava desconfiando, ainda pensava em cumprir seu papel ali, como uma profissional séria.

_Só estou estranhando esse comportamento. Você se manteve em silencio durante todo esse tempo e agora está curioso até sobre os assuntos do andamento do caso... É normal que você se preocupe com o caso, mas depois de todo esse tempo?

_Na maior parte do tempo que estive aqui, estava dopado. Quando voltava tudo estava confuso e a ultima coisa que passava por minha cabeça era o caso; e se isso acontecesse eu tentaria evitar me preocupar.

Minha explicação deve ter sido muito convincente, pois eu olhar deixou de ser tão fixo em mime voltaram a fitar aquela fixa. Não pude deixar de ficar curioso, quis poder ler aquela fixa; parte do que eu havia afirmado era verdade: havia passado muito tempo dopado, e aqueles papéis poderiam me explicar muitas coisas.

_A investigação está sendo feita em conjunto com o tratamento psiquiátrico.

_Isso não me parece respeitar o sigilo que deveria haver na relação psicanalista/paciente...

_Existem exceções Sebastian, o seu caso é uma exceção.

Ela já parecia um pouco nervosa com meus questionamentos, num movimento rápido fitou o relógio em seu pulso. Não sei se temia não ter tempo o suficiente para fazer todas as perguntas ou se estava ansiosa para despedir-se.

_Você não acredita no que está falando._Limitei-me a dizer.

Doutora Fisher parecia jovem demais e cheia daqueles sonhos que todos têm quando chegam ao ponto onde sempre quiseram estar, a sensação de que há muito a ser feito e que cabe apenas a você fazê-lo, ela acreditava no "cuidar", no tratamento de doenças mentais, no respeito, na ética...

_O que acredito não está em pauta._ Disse parecendo querer por um fim naquela conversa, mas antes que ela voltasse a fazer as perguntas indaguei.

_Pelo menos quem está em minha defesa?_ Indaguei antes que ela voltasse à suas perguntas, minha pergunta saiu como um ultimo recurso.

Doutora Fisher parou de fitar os papéis em suas mãos e olhou meus olhos. Um contato um pouco inesperado, afinal ela parecia estar me evitando alguns segundos antes.

_Já falaram sobre isso com você Sebastian... Eu ainda não tinha assumido o cargo, mas sei que foi no terceiro dia em que esteve aqui; te fizeram algumas perguntas, mas como não respondia pediram para que seu advogado tentasse lhe comunicar o que estava acontecendo. Ele veio com a companhia de um enfermeiro, mas você parecia estar num estado de choque, como num trauma... Não lembra?

Ouvi cada palavra, meus olhos estavam fixos no nada como se eu estivesse morto. Não me lembrava com muita exatidão do que aconteceu durante os primeiros dias, tudo parecia muito confuso, sempre pareceu confuso, mas nunca como estava.

_Lembro, lembro-me vagamente. Eu poderei vê-lo novamente?

_Pedirei para alguém ligar para o Andreiko. Agora vamos continuar...

Doutora Fisher prossegui, mas não ouvi nada que ela falava , parei de ouvir quando ela disse Andreiko. Seria muita coincidência existir dois Andreiko advogados, mas era um pouco perturbador pensar que de alguma forma Anne estava próxima de mim e ela sabia.


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Notas finais do capítulo

Comentem, me avise se houver algum erro, diga sua opinão, abra seu coração...
Estou sentindo falta dos meus leitores.



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