Surreal - Art and Insanity escrita por Jess


Capítulo 64
Capítulo 64 - Nós II


Notas iniciais do capítulo

Olá, Esse capítulo é como uma volta da vi



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Lembro como foi estar ali, sentir os fios par cima do meu braço, ver as ondulações das mechas... Um mar de fios castanhos.

Não me contive e levei minha mão aos cabelos macios dela, observei-a mover-se um pouco; como se um leve toque em seus cabelos fosse o bastante para acorda-la.

Era bom ouvir o ressonar calmo e sentir a respiração lenta. O corpo dela estava colado ao meu e nunca me senti tão calmo estando perto de alguém como estava com ela.

Anne confidenciou-me seu passado, seus sentimentos e sensações. Entretanto, eu não conseguia falar sobre mim... Ela nunca pediu para ouvir sobre mim, mas ainda assim sinto que deveria compartilhar algo.

A confiança dela me impressionava, mesmo quase não e conhecendo, mesmo não sabendo nada de mim além das coisas ruins; coisas que fiz questão de demonstrar o mais abertamente possível.

Agora, cercado por essas paredes brancas, percebi que todas aquelas tentativas, todas as estratégias não funcionavam com ela. Só consegui as respostas para minhas perguntas quando baixei a guarda.

Quando fecho os olhos e lembro daquele dia, parece que posso sentir o cheiro dos cabelos dela e da pele macia de seu corpo e ouvir a respiração calma.

Quando abro meus olhos, ainda estou aqui. Não me arrependo de nada do que houve naquele dia ou nos outros, só não consigo parar de lembrar e me perguntar como tudo está agora.

É difícil pensar que todos continuaram normalmente suas vidas, que as provações só couberam a mim, que Anne pode estar melhor que antes.

Meu egoísmo não me permite sorrir pensando que ela deve estar bem, afinal pelas minhas contas que não me trazem muitos resultados já fazem dois ou três anos que estou aqui, é tempo o bastante para alguém se esquecer. Talvez ela já tenha cortado os cabelos ou pintado, esteja usando lentes e vez de óculos, tenha mudado e se tornado mais sociável...

Quem sabe esteja completamente diferente de quando a conheci e nem que eu quisesse muito conseguiríamos conversar como antes, talvez ela esteja igual a todas as outras e a imagem que guardo em minha mente já não seja a de seu rosto.

Todos têm algo ruim para contar, alguém que não queria ter conhecido ou algo que não queria ter feito, mas a ideia de ter esse lugar nas lembranças dela me incomoda mais do que as perguntas de todas as sessões, mais do que as alucinações ou os remédios.

Ela foi diferente para mim, e ainda é, mas as possibilidades do que ela pode pensar hoje ou o que ela sente depois desse tempo é uma tortura.

Não sei se eu deveria deixar a pouca esperança de vê-la novamente existir dentro de mim, não a vejo desde aquela noite em que estava tão diferente, mas tão bonita...

Seus lábios estavam pintados com um tom de rosa claro, sua pele também estava pintada realçando seus traços, os cílios estavam envoltos por uma tinta negra que faziam seus olhos acinzentados ficarem ainda mais marcantes, seus cabelos pareciam cuidadosamente penteados.


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