Veja como a vida é uma caixinha de surpresas...

Quem são os verdadeiros monstros afinal?

Eu ou os doutores e doutoras que sentem a doentia expectativa de serem correspondidos? De torturar-me com horas e mais horas de tratamento.

Mas a vida não se trata de ser correspondido, nem que seja em ódio?
Quando nascemos, precisamos da piedade dos que extinguem os mais fracos. Assim crescemos até sermos fortes.

Eu não tenho piedade ou sentimentos tão valorizados pela sociedade. O sentimento que mais tenho é o de posse, posse sobre ela...

***
Tentei pintar minha musa,
a intrusa em meus sonhos, que tenho acordado.
Não terei um cavalo azul de Franz Marc, ou um cavalo alado,
para busca-la, traze-la novamente para meu lado.

Tentei faze-la sorrir...
Usei tudo para os outros ferir.
Tirá-los de perto de minha musa, para ela poder sorrir só pra mim.
Seriamos perfeitos e não teria fim

***

Lembro-me dos olhos claros por trás das lentes grossas do óculos de grau, da mania irritante de morder a caneta. Ninguém reparava nela, era um tanto quanto comum: cabelos castanhos e longos, pele clara, olhos azuis acinzentados que ficavam por trás das lentes grossas, eles eram a única coisa diferente nela e quase ninguém reparava. Eu reparei.

Ela sentava na fileira ao lado da minha, eu estava entediado com uma coisa qualquer e comecei a ouvir um barulhinho irritante, tentei ignora-lo, mas, não consegui. Segui o som do barulhinho e vi que era ela, o barulho era dos dentes dela batendo compulsivamente na caneta.

O barulho não era alto, por isso os outros alunos não se incomodaram, sequer repararam.

Fiquei parado, olhando-a morder a caneta e fazer aquele barulho repugnante. Até aquele dia ela não havia chamado minha atenção.

Eu conhecia vagamente todos da escola, sempre me adaptei rapidamente aos ambientes e sei que quanto mais gente você conhece mais influencia sobre os outros você pode vir a ter.

É algo simples: seja legal com gente influente a ponte deles acharem que você é realmente legal, se eles te acharem legal a grande maioria pensará o mesmo.
Isso é deprimente, eu sei. Mas sempre fui bom em parecer ser coisas, e era ainda mais fácil se as vozes não estivessem gritando na minha cabeça.