Outsiders escrita por Rafaela


Capítulo 15
Onde estavam as flores agora?




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Mariana apareceu na porta, uma blusa branca da Forever 21 e uma calça desbotada que parecia ser de sua mãe. O som estava alto, principalmente os grunhidos dos pensamentos das pessoas, ela se sentia um pouco atormentada e deslocada demais por estar onde estava. Estava na dúvida, será que entrava ou não? Mas com a recepção de Alex, quem negaria?

– Você veio! – disse com ânimo.

– Sim – ela sorriu, não era exatamente o que ela queria dar de cara. Antes de qualquer movimento bruto que ela pensasse em fazer, deveria pensar na consequência de estar ao lado de quem partiu o coração dela, largou a pobre garota em pedaços.

– Você vai querer ficar com a gente? – Ele apontou para o grupinho tosco de amigos, que ela adorara fazer parte, mas não era nenhuma espécie de integrante fixa.

– Alicia está aqui?

– Não sei, provavelmente, vai vir mais tarde – Teresa respondeu de onde estava, com seu nariz arrebitado, sorriso no rosto. Como alguém podia continuar tão linda assim, depois de um coração partido?

Mariana estava começando a se odiar, não deveria ter vindo, sabia que essa piranhuda iria estar aqui, não entendia porque não pensou em nem ao menos bater na porta. Tudo bem, ela gostava de assistir aqueles olhos castanho-escuros cintilando na sua frente, mas não suportaria Teresa e suas crises de falsidade as alturas, nem aquele clima de casal-alternativo-perfeitamente-chato. Olhou de relance para os seus pés, não sabia se ia ou ficava.

– Mariana, onde está seu namorado? – perguntou Teresa, era para provocar ou algo do tipo?

– A gente terminou – mentiu, com a voz tão baixa que não quase era possível de escutar das escadas.

– Ah, tudo bem – disse ela. Por que não se gabou de estar com quem ela queria? Será que haviam terminado? – Vou pegar algumas bebidas, vocês querem? – Ela deu um salto até o chão, e caminhou com aqueles quadris jeitosos de modo em que Alex não parou de olhar pelos cantos dos olhos.

– Não quero nada – respondeu ele. – Lembra do que você disse de manhã? Estão dentro das flores.

– Eu já disse que não quero flores, merda! – brincou ela. – Tudo bem, depois, eu vejo. Vou ir lá, beijos – Soltou pelo ar.

– Então, onde estávamos?

– Em lugar nenhum – disse Nana, olhando para ele e suas blusas brancas coladas. Quando piscou os olhos, pegou-se imaginando se aquele abdômen continuava como em meses atrás. Tudo bem, ela ainda sentia um pouco de atração por ele, mas nada que a bebida pudesse lhe fazer esquecer.

– Acho que precisamos conversar sozinhos – ele murmurou, com voz rouca.

– Não temos nada para conversar – Ela olhou para aqueles lábios e sentia uma imensa vontade de grudar em seu pescoço, puxar aquele corpo alto, atlético e magro, para que ela pudesse lhe beijar e fazer coisas, além disso. Qual é, só atração física, não é amor!

– Tudo bem – ele respondeu. Olhou para ela da cabeça aos pés, com aqueles olhos de: “oi, eu quero te foder”, que ela conhecia muito bem. Mas o problema era que ele não queria fazer isso, estava com a cabeça nas flores e nas drogas.

– Alex, estou com um coração partido – Mentira! – Não quero ferir sua namorada – Mentira²! – Só queria curtir essa merda de festa em paz.

– Eu to com uma séria vontade de te beijar agora, mas não forço ninguém.

– Nem eu – fingiu que não estava nem aí, que ele não era nada nem alguém.

Os olhares deles se entrelaçaram, qualquer um podia ver uma corda surgindo e puxando um para o outro, algo se fundia ali, agora. Ele podia tentar se segurar e não beijar a garota ali na frente de todo, mas Teresa não tinha dito que queria sofrer? Pois bem, o sofrimento começava na sala de estar.

O vaso de vidro caiu no chão, onde estavam as flores agora? Eles pararam e olharam para Teresa, os lábios dela estavam semi-abertos. Era uma espécie de teatro, ou ela realmente estava chocada? Ela parecia bem doidinha, ecstasy lhe fazia bem, mas ao olhar de outro lado da sala, se enxergava a tristeza se exalando em lágrimas doces. Q quando se fazia alguém, que não chorava há tempos, por algum modo transbordar, Alex acreditava que o gosto do seu oceano combinava mais com uma limonada.

– Acabou – ela soluçou – simplesmente é o fim.

Ele olhou para Mariana, antes que ela fizesse algo. Depois, continuaram se beijando por ali mesmo. Ninguém se sentiu culpado, só Teresa que estava vomitando no banheiro por beber demais, mas tinha como companhia André, então, estava em boas mãos, apesar de ainda estar pensando em seu quase-namorado.

– Deveríamos ir para o quarto – sugeriu a garota, estava querendo algo mais que brincar com os sentimentos – flocos de neve – de Teresa, que pareciam estar derretidos.

– Tudo bem – ele disse numa boa.

Era subindo de mãos dadas que casais felizes fariam. Ela se sentou na cama de casal, era o quarto do pai dele, Mariana havia perguntado por que não estavam no quarto dele e ele respondeu: “Lá só tem uma cama de solteiro”. Colocou as mãos sobre a coxa de tecido egípcio e assistiu a garota olhando pelas janelas, só lhe faltava uma xícara de café. Olá, Tumblr!

Alex acendeu seu cigarro e ofereceu um para ela, mas Nana tinha parado por algum tempo, não era como ela queria morrer, nunca foi fã de morte lenta. Ela virou-se e olhou para ele, como alguém que queria subir em seu corpo, mas resistia.

– Por que você não dança para mim?

– Acho que não fico bem na pista de dança.

– Você fica bem em qualquer lugar!


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