― Oi. ― disse o garoto, cumprimentando-a com um beijo no rosto.

― Oi! ― respondeu Teca, abobalhada com o gesto.

― Tudo bem? ― perguntou Carlos. A garota nada conseguia fazer além de assentir. Os olhos faiscavam a cada segundo que passava perto dele. ― Que bom! ― ela surpreendeu-se, acreditando que ele se importaria com o seu bem estar. ― Olha, eu tenho um par de entradas pra um filme nesse fim de semana. Tá afim de ir comigo?

― E-eu? ― gaguejou, desacreditada.

― Sim. Digo, se você não tiver outro compromisso...

― Claro! ― o menino deu um passo para trás um pouco assustado com a agilidade da resposta de Teca.

― Legal.― ele tomou-lhe a mão direita e depositou um beijo em seu dorso. Em seguida, deu uma piscadela para a menina e retornou ao lugar de onde saíra.

Teca girou sobre um pé só e levou a mão para perto do rosto. Perdeu-se em seus devaneios, já pensando no que vestiria naquele dia e em qual filme assistiriam.

Pegou o celular no bolso da saia do uniforme da escola e abriu o Twitter. “Crush conquistado com sucesso”, digitou e enviou o twitte no mesmo instante. Logo, o sinal tocou e ela caminhou em direção à sala de aula.

Mai tarde, no orfanato...

Larissa estava inquieta e entediada. Mexia em alguma coisa no celular, deitada na cama do quarto, quando a porta se abriu. Levantou o olhar e observou o volume de garotas invadir o local. Bufou. Estava acostumada a ficar sozinha em seu quarto e não a dividir um espaço duas vezes menor que o seu antigo com mais de dez meninas. A estúrdia teve início.

Em cada lado do quarto, as órfãs trocavam suas roupas, substituindo o uniforme da escola pelo do orfanato. Marian e Letícia cochichavam travessuras na cama de beliche da primeira enquanto, no “andar” de baixo, Dani tentava convencer Teca a não sair com Carlos e logo Tati e Maria se juntaram a conversa.

Atrás de Larissa, Mili comentava com Liz sobre como ela poderia se sentir segura no Raio de Luz, pois este não era um orfanato com os outros. Ao seu lado, Pata prendia o cabelo em um coque alto e improvisado. Vivi esperava Bia, impacientemente, lhe contar sobre o ocorrido mais cedo.

― CALEM A BOCA! ― gritou Larissa, irritada. As outras lhe direcionaram o olhar, mais que confusas. ― VOCÊS PARECEM UM BANDO DE GALINHAS CACAREJANDO! ― completou.

― What is the hell? ― murmurou Elizabeth, sem entender porque a morena havia dito aquilo.

― Como é que é? ― disse Marian. ― Ou eu entendi errado ou você de fato tá chamando a gente de galinha! Quem você pensa que é menina? Acha que pode chegar assim desse jeito?!

― Você entendeu completamente certo, Marina. ― respondeu Larissa irônica. Exceto pela parte do nome da loira, que não se recordava ao certo. ― E quem eu penso que sou? Eu sou Larissa Harper! E você? ― desafiou com a sobrancelha arqueada.

― Marian! Marian Alverte. ― contestou a garota. A morena revirou os olhos impaciente. ― Esse é o meu nome, queridinha!

― Oras, mas queridinho é o nome... do tapa que eu vou dar na sua cara! ― vociferou levantando-se da cama. Mili ficou na sua frente a impedindo de passar.

― Chega, né? Você não quer se meter em confusão no seu primeiro dia aqui, Larissa. ― disse a mais velha encarando-a nos olhos. Larissa sorriu ironicamente.

― E quem está dizendo isso?

― Eu. Mili.

― Ah, claro! A madre-superiora do Raio de Luz? Milene, faça-me o favor!

― É Milena. Com “A” no final. ― corrigiu Mili.

― É mesmo? FODA-SE! ― cantarolou Larissa, debochada. ― Eu estava em uma completa paz antes do galinheiro chegar1 Apenas eu, meu celular e o meu querido e amado fone! Paz, paz e paz.

― Olha aqui, garota! É melhor você virar essa boca pra lá antes que... ― ameaçava Pata, quando a menina a fitou.

― Antes que o quê? Acha mesmo que eu tenho medo de você? Seria melhor se voltasse pro lago cisne! ― Tati se prontificou a ficar entre as duas, temendo que Pata atacasse.

― Os incomodados que se mudem, ué! ― exclamou Ana.

― E é exatamente o que eu vou fazer Curupira! Só espero encontrar um lugar onde eu possa ficar quieta no meu canto! ― concluiu, se retirando do quarto e batendo a porta com força.

― Mas que menina folgada! ― disse Vivi, indignada.

― Pois é! Existe gente de todo tipo nesse mundo. ― sussurrou Dani.

― Ela é legal pra caramba! Gostei dela! ― falou Bia.

― Eu tenho que dizer isto outra vez: What is the hell? ― perguntou Liz.

Após algum tempo reclamando de Larissa e de suas atitudes precoces, a baderna sem fim teve início novamente, mas, logo acabou com Ernestina chamando as órfãs para o almoço.

Mais tarde...

― Tá legal. ― disse Thiago com um sorriso macabro no rosto. ― Se você pudesse escolher entre a Marian, a Letícia e a Bia para passar uma noite com você, qual escolheria e por quê? ― perguntou, encarando Eduardo. Os meninos brincavam de Verdade, desafio ou consequência no quarto.

― Se eu escolhesse a Marian, você diria que é marmelada e também seria mentira. Mas se eu escolhesse entre a Letícia ou a Bia, você não poderia dizer nada! ― refletiu o loiro. ― Nada contra a marrentinha, mas seria a Lelê. ― respondeu, mesmo sabendo que, no fundo, não escolheria nem Marian nem Letícia.

― Vocês são estúpidos! ― concluiu Juca, com nojo. ― Como podem ficar falando isso das meninas?

― Cala boca! Só fala isso porque tem namorada! ― respondeu Neco. Apesar da idade, o menino não era nem um pouco santo afinal, era amigo de Thiago.

― Nem por isso. ― disse Binho, sem querer.

― O que quer dizer com isso? ― perguntou Thiago curioso.

― Nada.

― Hum... Suspeito. ― após algum tempo tentando desvendar o que o amigo havia dito, pegou a garrafa e girou. ― Mosca para Tomas!

― A gente tá vendo! ― respondeu Mosca. ― Enfim, qual garota você acho a mais bonita daqui do orfanato?

― Eu achei a... ― o novato suspirou por um longo tempo. ― ... Vivi. ― Juca, enciumado, levantou-se de sua cama e puxou o moreno pelo colarinho.

― É melhor você ficar longe dela! ― avisou largando Tomas em seguida.

Continua...