Unattainable reality ~ sendo reescrita~ escrita por Sol


Capítulo 3
Injusto?


Notas iniciais do capítulo

Oi oi oi... Belezinha? Acá estou eu e este cap é.. Ah, inexplicável, sério!



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Alice

Quase uma hora depois do choque de reencontrar Alli, eu achava que estava melhor, achava, no sentido de não acho mais.

Eu estava sentada no sofá, ouvindo a versão dos fatos de Sinara quando ele desceu as escadas, estava usando uma camisa social preta ao invés da branca, com os botões de cima abertos e o cabelo estava bagunçado, oque deu a ele um ar rebelde, mas eu também notei a fúria em seu olhar, sem dúvidas algo nele havia mudado, ele nos viu e sorriu.

— Adorei o Look, agora você parece mais um rebelde do que um coelhinho fofo, combina mais com a nossa causa. – Sinara comentou e eu ri.

— Então acho que isso é bom, já estava na hora de deixar de ser um mascote certo? – Ele respondeu, Sinara riu, mas eu o conhecia aquilo não era somente uma piada, ele realmente queria deixar de ser visto como fofo. — Devo agradecer a Robin. – Ele disse quando Robin estava passando por ele, o rapaz sorriu e bagunçou o cabelo dele ainda mais.

— Robin! – Lyh apareceu na janela, estava do lado de fora da casa e sorria como nunca. —Vem logo não terminei de falar com você e logo vai escurecer por isso me ajude aqui. – Robin a encarou emburrado e ela apenas imitou seu gesto. — Vamos, vamos, vamos. – Ela o apressou dando pulinhos lá fora, não pude deixar de rir, Robin não resistiu e acabou indo até ela.

Horas depois já tinha escurecido e a duquesa tinha nos prometido uma deliciosa torta de limão, Ches se propôs a ajudar no mesmo instante, eu resolvi andar pelo quintal, tomar um ar fresco.

Foi quando vi White, ele estava sentado na grama olhando as estrelas, eu hesitei por um instante, mas depois corri, tropecei e quase cai em cima dele.

Depois de ter que aturar ele me chamando de desastrada eu me sentei ao seu lado.

— Obrigada... – Comecei um pouco sem jeito e ele pareceu não entender. — Por não desistir de mim... – Conclui.

— Eu jamais desistiria. – Ele respondeu, sem olhar para mim.

— Oque você disse antes... É verdade? Que... – Tentei perguntar, ele baixou a cabeça e sorriu.

— Que te amo? – Ele completou ainda de cabeça baixa. — É possível... Eu só... Falei oque queria dizer a muito tempo. Não que eu pretendesse dizer isso exatamente agora, até porque eu não sabia se tinha certeza... Mas... Bem... Você ter me achado louco e impulsivo.

— Impulsivo sim, mas não louco. - Ele me encarou como se duvidasse e eu tentei manter o olhar nele, mas logo desviei. - Isso tudo aconteceu rápido demais, acho que preciso de um tempo pra pensar em tudo. - conclui e ele riu sem humor.

— Tudo bem, você esta pedindo tempo pra mim? Eu? White Rabbit? - Ele ironizou e eu ri.

— Ah! Para! Você corre tanto que tempo não te falta.

— Pois é, acho que o tempo me deixou meio paranoico.

— Meio? – Questionei, ele sorriu e me empurrou de leve para o lado.

— Calada, você só fala coisa desnecessária. - Ele resmungou com uma falsa revolta e eu fiz cara de coitada.

— Desnecessária como a sua arrogância seu coelho estupido. – Eu o empurrei levemente para o lado, virei a cara e deitei na grama, tentando conter o sorriso, ele se deitou ao meu lado.

— Vou te dar um tempo. – Ele começou a falar, olhando para o céu — Só não se afaste de mim, por favor... Mesmo que não goste de mim do mesmo jeito eu, quero pelo menos ficar perto de você. - Ele estava sério, mas parecia sofrer para dizer aquelas palavras.

— Al, eu acho que também gosto de você, só preciso pensar. Até pouco tempo você agia como se me odiasse, como se minha presença fosse um incomodo. – Ele se sentou novamente, passou a mão pelo cabelo e baixou os olhos.

— Me perdoe, eu não sabia como agir, mas você parecia se da bem com todos, menos comigo, eu só queria te proteger, eu não queria parecer frio e eu não te odiava, mas eu odiava saber que você não se importava em correr riscos por quem ama, sem nunca pensar em que te ama, você age da forma que acha certo, você se mataria por quem ama, mas não pensa que se você se morrer eu morreria junto. – Ele suspirou cansado. — Se for você, eu espero o tempo que for.

— Al, desculpa, eu... – Senti as lágrimas me dominarem, sem ao menos perceber eu já estava chorando, Alli me abraçou com força, e aquele abraço me aqueceu. — Alguém que se importa tanto comigo assim, nunca acreditei que pudesse existir, é por isso que nunca me importei com os riscos, porque ninguém nunca se importou assim comigo.

— Do que está falando? Alice você tem uma família, sabe o significado disso? Além de que todos aqui se importam com você, todos são seus amigos, você tem pessoas que se importam com você. – Ele disse pacientemente e eu me afastei um pouco, parando de chorar um pouco e o encarando, ainda estávamos bem próximos, mas não me importei.

— Tenho agora... Alli eu amo minha família, eu me importo com eles, você tem razão eu morreria por eles, mas isso não quer dizer que eles fariam algo assim por mim.

— Oque está dizendo? - Ele parecia confuso, eu não o culpava, não importa aonde eu vá todos sempre pensam da mesma forma, “Ela deve ter uma vida perfeita”, mas estão errados, muito errados, Alli ficou sério, parecia preocupado de verdade.

— Estou dizendo que... Esquece.

— Esquecer? Como eu faço isso me diz? Porque olha esquecer não é minha maior especialidade.

— Al...

— Alice, tente me ver no mínimo como um amigo, confie em mim... Pode me contar qualquer coisa.

— Então prometa que vai me contar qualquer coisa também. – Retruquei olhando em seus olhos, me lembrei do que vi na embaixada, ele mais novo, seus olhos eram azuis, não vermelhos, tinham muito ódio, mas eram mais reais, menos tristes.

— Minha vida não é nada agradável. – Ele respondeu com amargura.

— Por isso quero que me conte oque quiser, você é um só, não pode carregar tanta tristeza assim, quando sentir vontade me procure. – Conclui e ele sorriu.

— Digo o mesmo. – Ele retrucou e eu ri, ele suspirou, eu comecei a rir mais e ele apenas ficou me observando. — Sua maturidade me impressiona.

— Cala a boca. – Eu segurei a mãe dele e me levantei o puxando junto. — Agora vamos, é melhor irmos logo antes que a duquesa nos procure.

— Será que ela já terminou a torta de limão?

— Limão, por acaso é seu sabor preferido? – Perguntei tentando não rir.

— É sim por quê?

— Por que é doce como você.

— Engraçadinha, já pensou em virar comediante?

— Calado!

Entramos na casa, a duquesa nos viu e sorriu, acenando para que fossemos provar a sua guloseima de limão.

— Uou! Duquesa isso esta um sonho! – Lyh afirmou, totalmente encantada, Robin concordou, embora não tivesse comido muito. — Depois você pode me ensinar umas receitas.

— Claro! – Ela concordou e Lyh comemorou, depois a duquesa voltou-se para Ches que estava emburrado. — Oque foi agora pequeno? – Ela bagunçou o cabelo dele e ele a encarou, com uma carinha de cãozinho abandonado, opa, de gatinho abandonado.

— Nada. – Ele respondeu ainda emburrado e lançou um olhar para White, que só agora notei que estava quieto também.

— Não vai querer mais torta de limão? – Ela insistiu em mimá-lo, céus é por isso que ele e White são desse jeito, Ches sacudiu a cabeça. — Mas se não comer direito não vai crescer. Ah! Ches vamos, fingi que é chocolate ai te motiva.

— Não quero mais. – Ele resmungou.

— Então desamarra essa cara. – Ela mandou e Ches ergueu as sobrancelhas.

—Essa torta está incrível, eu adoro limão. – Alli disse e a duquesa sorriu, mas ainda estava preocupada. — Mas acho que pra mim também já deu, Ches você bem que podia ser útil e levar meu prato.

— Allister eu só não te mato porque hoje estou muito gentil. – Ches afirmou, pegando o prato com raiva, mas quando olhei em seus olhos ele pareciam agradecidos, ele foi para a cozinha e depois de um tempo ficou nos observando de lá.

— Nossa já esta ficando meio tarde, vamos nos preparar para dormir. – Lyh lembrou e nos levantamos, ela, a duquesa e Robin recolheram a bagunça e levaram para a cozinha, de relance vi a duquesa tocar na testa de Ches, com certeza achando que ele estava doente ou algo do tipo, ele apenas balançou a cabeça e saiu de perto do balcão.

Quando eu estava indo para a escada White segurou meu braço, me fazendo encará-lo.

— Quando todos forem dormir, você e Sinara nos encontrem no quintal.

— Oque?

— É pelo Ches, depois eu explico, por favor, só faça isso e levem uma vela – Eu olhei em seus olhos, ele parecia confiante.

— Tudo bem.

###

Horas depois consegui convencer Sinara a vir comigo, mesmo que eu mesma não estivesse convencida, fomos até o quintal e encontramos White lá, eles nos levou até um ponto distante da casa, onde um pequeno lago corria, quando chegamos perto vi Ches sentando num canto.

— Oque estamos fazendo aqui em? –Sinara perguntou e White sorriu, em seu rosto um pequeno arranhado se destacava e ele parecia ter acabado de sair de uma briga.

— É bem... São onze e cinquenta e cinco e como notaram Ches está um tanto ah... Arisco. Mas bem, trouxeram a vela?

— Trouxemos, mas pode explicar o mistério por favor. – Respondi mostrando o pequeno castiçal com a vela que tinha achado no quarto.

— Não tem mistério, é só... – Ele lançou um olhar aflito para o primo. — Fiquei desacordado por tanto tempo que quase me esqueci que dia era hoje.

— Hoje? – Sinara parecia tão confusa quanto eu.

— Sabe... O pai dele bem... Se estivesse vivo, faria aniversário amanhã. – Ele fez uma pausa— E antes de tudo, minha tia e ele sempre o acordavam meia noite e faziam a festa.

— Oh! – Tentei dizer algo, mas as palavras não vinham.

— Depois que ele... Eu queria fazer ele se sentir melhor, então desde que chegamos em copas fazemos algum tipo de homenagem, eu sei que não muda, mas...

— Puxa Al, isso é demais. – Consegui dizer enquanto ele olhava o relógio de bolso.

— três minutos, venham. – Ele pegou nossas velas e correu até o lago pegou alguns negócios, tipo caixinhas de madeiras pequenas e estreitas, as velas eram pequenas, por isso ele acendeu e as colocou dentro das caixinhas, o castiçal ajudou a equilibrá-las lá, depois devolveu as velas, ficando com duas na mão, ele olhou para Ches e pediu para segurarmos as velas.

Ele puxou Ches e o trouxe até nós, eu lhe ofereci uma vela, que ele aceitou sem ânimo, sei que isso pode ser estranho, mas Ches não esboçava nada de alegria, ele estava sério, triste e estava todo desarrumado.

— Dois minutos. – Anunciou Alli. — Venham, temos que desejar um bom caminho para a vela.

— Bom caminho? – Perguntei.

— A vela é um recado, quer dizer que uma pessoa muito importante não está mais entre nós, para que o máximo de pessoas saiba e diga palavras de consolo e de onde estão liberem a magia para guiar e proteger a vela, por isso ela deve seguir o máximo que puder. – Respondeu Ches. — É coisa de Jadis. – Ele por fim se aproximou de Alli, se sentou e observou o próprio reflexo no lago.

Sinara e eu nos aproximamos também e colocamos a vela na água, eu desejei do fundo do meu coração que qualquer filho de Jadis que ainda exista possa ver, e quase que por impulso criei uma pequena bola de luz verde e ela seguiu até a vela e a acendeu, fiquei surpresa comigo mesma, como eu sabia oque tinha que fazer eu não sei, mas era como se cada passo estivesse na minha cabeça, me guiando, me dizendo exatamente oque fazer, notei que ao meu lado Sinara fez o mesmo, sua luzinha foi rosa e acendeu a vela, Alli também o fez sua luz era azul claro e por ultimo Ches, a luz amarela acendeu a vela no exato momento em que no relógio deu meia noite.

— Feliz aniversário tio. – White desejou de olhos fechados.

— Feliz aniversário. – Desejei tentando imaginar Ches pequeno com seu pai, ele devia ser feliz.

— Feliz aniversário. – Sinara também desejou com um belo sorriso no rosto.

— Feliz aniversário... Pai... – Ches mal começou a falar e se pôs a chorar, Sinara se ajoelhou ao seu lado.

— Al? – Sussurrei para White, ele apenas sorriu e segurou minha mão.

— Acontece sempre, apenas deixe-o. – Ele sussurrou de volta, sem pensar duas vezes o abracei, ele retribuiu e pude sentir que chorava em silêncio.

— PAI... – Ches gritou para o nada, as velas já tinham começado a seguir seu caminho. — PAI, JÁ É MEIA NOITE... ENTÃO... – Ele se revezava entre gritar e chorar. — JÁ PODE ACORDAR, JÁ PODE ME ABRAÇAR E DIZER QUE ME AMA, QUE SOU UM BOM MENINO E MEREÇO UM CHOCOLATE. - Alli me apertou mais forte e começou a chorar de verdade, Ches socou o próprio reflexo na água, gotas voaram para todos os lados e depois o reflexo voltou ao normal, ele voltou os olhos para o céu, que estava incrivelmente estrelado. —VOCÊ PROMETEU, PROMETEU QUE DA PROXIMA VEZ IA ME ESPERAR ACORDADO, PORQUE VOCÊ NÃO TÁ AQUI? - Ele balançou a cabeça e socou o chão. —PORQUE AS PESSOAS QUE EU AMO SEMPRE ACABAM ME DEIXANDO? PORQUE TODOS TEM QUE MORRER? PORQUE TUDO É TÃO INJUSTO?– Ches parou de gritar e recomeçou a chorar, Sinara o abraçou e ele retribuiu chorando. — Por quê? – Ele continuou perguntando. — Eu só queria você de volta papai.

Eu olhei para o horizonte, sem notar já estava chorando, as velas desapareceram da minha vista, talvez seguindo para onde outros possam compreender essa dor, possam nos guiar com sua magia e nos consolar com suas palavras, mas até lá, tudo oque resta a cada um de nós é seguir em frente sem olhar pra trás.


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Notas finais do capítulo

Ches em seu momento, porque todos têm sentimentos! :v



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