O mundo contra nós. escrita por Hippie Anônimo


Capítulo 2
Uma manhã com a irmã mais nova.


Notas iniciais do capítulo

Esse é mais curtinho que o primeiro. Estou encurtando os capítulos para não ficar tão cansativo de ler.
Annw, a Emmy é tão fofinha hahahh



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–Emmy, que você está fazendo?

–Olha... –Disse ela baixinho, apontando para a rua.

Fui me aproximando ao lado dela na janela e vi um pequeno tumulto entre os carros, por sorte não era por onde meu ônibus passava. Dei minha ultima mordida na pizza e deixei meu copo no criado-mudo da minha tia para limpar minha mão no guardanapo, o amassei e joguei pela janela, o guardanapo voou até a frente da casa do meu vizinho, esfreguei minhas mãos na minha calça para limpar ainda mais.

–O que aconteceu? –Perguntei.

–Não sei, só ouvi um barulho e fui ver o que era.

Fiquei alguns segundos observando, estava muito curiosa, mas eu queria fazer as coisas bem rápidas para poder assistir minha série e levar Emmy sem me atrasar para o trabalho.

–Emmy, você está com fome?

–Sim!

–Vou tentar ligar para aquele restaurante japonês, o que você quer?

–Aquele macarrão com frango, e alguns sushis... –Respondeu se distraindo com aquele tumulto.

Fiquei alguns segundos olhando para o nada.

–Emmy, vai se trocar! Arruma sua mochila direitinho, ok?

–Você pode pegar ela? Está ali atrás da porta.

Fui até lá, era uma mochila muito bonitinha, me lembrei de que minha tia tinha comprado uma mochila roxa, mas ela não queria roxa, queria uma azul e rosa de gatinhos, deu o maior choro por causa disso, então eu, ela e meu pai fomos até o centro procurar na 25 de Março, um lugar onde se encontra de tudo por um preço mais baixo, mas não encontramos, voltamos para casa e minha tia estava com aquela mochila que ela queria, na verdade quase igual, ela era listrada de azul e rosa e tinha uma estampa de gato no bolso menor da frente, minha tia comprou dois chaveiros de pelúcia, um de gato e outro de flor, bem simples mais até eu fiquei querendo eles de tão fofos.

Entreguei e ela abriu a mochila, pegando dentro dele um caderno e um estojo.

–O que você está fazendo? –Perguntei.

–Tinha uma lição de casa mais acabei esquecendo e...

–Emmy! Mas que coisa! –Disse cruzando os braços.

–Desculpa! – Disse ela com um tom mais alto. –Eu faço rapidinho, eu sou muito boa mesmo em matemática.

–Dá isso aqui que eu faço. –Disse pegando seu caderno.

–Mas a professora sabe quando outra pessoa escreve, ela já brigou com um garoto causa disso!-Respondeu o pegando de volta.

–Está um trânsito do inferno lá fora, eu vou ter que pegar um ônibus lotado para o trabalho, não quero me atrasar de novo!

Emmy me ignorou e apoiou o caderno na sua cama, ajoelhada no chão e tirando do estojo um lápis e uma borracha.

Resolvi pegar a roupa dela e então depois ir direto ligar para o restaurante, abri o armário e peguei logo de cara uma roupa que eu achava muito moderna para a idade dela, um suéter listrado meio que rasgado na parte de baixo, ela usava sempre ele quando saia comigo ao shopping.

–Ana! Eu uso uniforme!

–E a onde está?

Ela apontou para sua gaveta e eu já fui pegando, ela estudava em uma escola pública, então só precisava da blusa. Peguei a blusa, uma calça preta com estampa de coração, um casaco marfim de botão marrom e também escolhi um tênis marrom escuro, peguei qualquer meia que vi e joguei todas as roupas em cima da cama da minha tia para ela se trocar.

Fui correndo para a sala, já faltava 15 minutos para começar Tho Windows, então gritei: “EMMY! VOCÊ VAI COMER MIOJO!” e ela respondeu “TEM QUE SER DE FRANGO!”, dei um “Graças a Deus” por ela ter aceitado tão fácil e fui a cozinha, abri o pacote de miojo num potinho, liguei a torneira esperando vir água e dai eu lembrei, não temos água.

Estava sendo um desastre, era impossível entregarem alguma comida em tão pouco tempo, então eu resolvi procurar alguma coisa suficientemente comestível, peguei várias bolachas de água e sal, coloquei duas com geleia, duas com maionese e duas com requeijão, coloquei uma em cima da outra para fazer um mini sanduiche, peguei uma xicara e despejei leite, misturei com achocolatado e chamei Emmy, fiz tudo bem rápido, me senti em uma corrida, apesar de que a única coisa que eu estava querendo era assistir a série, tirando isso tínhamos todo tempo do mundo.

Emmy veio correndo, com sua mochila de rodinhas em uma mão e Jack, o gato-pirata-caolho na outra, ela estava claramente esperando um belo miojo de frango, dava para notar a decepção dela, chegou a ser engraçado.

–Não reclama. – Eu disse. – Não tinha água para o miojo.

Ela olhou para mim e bufou, imaginei que se ela estivesse segurando um martelo ia me acertar na cabeça com ele.

–Tá, desculpa... Fiz o melhor que pude. -Falei.

–Por que você não ligou para o restaurante?

– Eu liguei uma vez e estava ocupado, dai eu fui escolher sua roupa e acabei demorando, eu vou assistir minha série já já, melhor do que passar fome, evite reclamar e aceite os fatos: se fosse o pai ou a tia você teria levado a maior bronca por não ter feito a lição ontem.

Ela desviou o olhar e bufou novamente, comeu um dos sanduiches de bolacha e não reclamou de novo.

Fui correndo até a sala como se fosse a Emmy, joguei minha mochila no chão e me sentei no sofá, procurei o controle atrás das almofadas e o achei atrás de mim, tinha um tempinho até Two Windows To The Beyond começar, então resolvi ficar mais informada das noticias e coloquei no jornal.

Falou de várias coisas, como se tivesse mais notícias do que o normal; Mostraram vários acidentes de carro, falaram da água, da África, de uma vacina que eu já tinha tomado, de vários acidentes que estava acontecendo em outros países, doenças, e muitas outras coisas, tudo em muito pouco tempo, mas o que mais me deixou nervosa foi sobre dois policias no Rio de Janeiro, dizia que eles mataram um grupo de pessoas que supostamente estavam praticando canibalismo, mas mal acabou de dizer isso que pulou para outra noticia. Resolvi tirar do canal na hora, ainda faltava 3 minutos para o meu seriado então eu já coloquei no canal, estava nos comerciais.

Fui então verificar se Emmy já tinha comido, fui até lá e o prato e a xícara estavam vazios, ela estava terminando sua lição de casa.

–Está conseguindo fazer direitinho?

–Sim... Mais ou menos...

–Pode falar que eu te ajudo, mais vai rápido.

Eu sentei na cadeira do lado dela e meu celular tremeu, era uma nova mensagem, o peguei e a vi, era uma mensagem da Larissa, uma amiga do colegial:

“oi ana, fiquei sabend q vai ter um protesto na paulista por causa desses problemas, eu e meu namorado vamos, vc vai querer ir tb? vai ser o dia todo, eu to indo agora, mas vc q sab J”

A Larissa era uma das poucas amigas que eu tinha no colegial, eu não gostava muito de ninguém de lá, eu era uma das poucas bolsistas do colégio, então em minha opinião todos eram riquinhos mimados, e para eles, eu era a nerd pobretona. A Larissa era da minha sala, só falava comigo para fazer trabalhos, no intervalo eu ficava ou com ela e seus amigos, sozinha com meus fones de ouvido ou com o grupo dos bolsitas, que eu gostava bastante, mas eles só falavam de estudar e estudar.

Em geral para mim ela era bem falsa, soube que ela falava mal de mim e do meu jeito, eu nunca gostei dela, mas eu a considerava uma amiga para ter alguém no intervalo quando não queria ficar sozinha.

Respondi e me toquei que meu ônibus passava na paulista para ir ao colegial, e que além desse transito todo, acidentes, e problemas, teria que enfrentar um protesto?

Resolvi não pensar nisso, para quem sabe esquecer, o dia estava quase se tornando um grande problema, não precisava de nenhum motivo a mais.

–Ana, resolve essas ultimas contas? Eu repasso depois para a professora não desconfiar que foi você.

Pensei em dizer não, mas não queria ter mais problemas.

Fiz a conta rápido, era duas de multiplicação e outra de divisão, terminando voltei á TV correndo, pois ouvi a musiquinha que tem quando inicia o seriado que era assim :“When the two windows open, go away, do not wake.” Com uma imagem escrita ‘’Tho Windowns To The Beyond” e depois aparecia a primeira parte do episódio mostrando os créditos iniciais. O episódio era sobre uma séries de assassinatos, o personagem principal é o John, ele é um ex detetive do FBI que escreveu um livro de sucesso sobre esse tema, a família se afasta por que ele se tornou muito famoso, e é provavelmente sequestrada, mas acontece que todas as pistas estão no livro que ele mesmo escreveu, então ele meio que entra no livro e tenta achar sua família. No episódio ele pega cada lugar que essas vitimas foram assassinadas e marca no mapa cada um com um ponto, e no final do último assassinato os pontinhos do mapa formam uma letra, a letra K de Katte, esposa de Jonh. E pegando a inicial do nome de cada vitima e em sequência forma a seguinte frase: ATTE DIED.

Emmy assistiu comigo o final, pronta para a escola e eu para o trabalho fomos indo embora, eu peguei as chaves e também peguei meu tênis, também decidi colocar um casaco, já que estava bem frio aquele dia.

Fechei a porta e fomos descendo as escadas até a garagem, abri o portão e fomos andando, costumávamos conversar durante o caminho, mas parecia que ninguém estava com animação de falar, nem eu nem Emmy. Passamos ao lado da onde tinha acontecido aquela confusão nos carros, que já tinha parado por sinal, havia apenas um carro com o vidro todo quebrado, e um carro de policial atrás dele, com um policial fora conversando com o provável dono do carro. Continuamos andando. A escola de Emmy não era muito longe de casa, era só passar por algumas ruas, atravessar uma ponte que passava pela avenida, descer uma rua e virar á esquerda, andando mais um pouco era a escola, laranja com desenhos de criança na frente.

Sempre tinha as mesmas pessoas na entrada do portão, um gordão careca de terno que ficava sentado num banco segurando seu walkie-talkie e uma mulher com um cabelo bem liso, era louro tingido com a raiz e as pontas escuras, ela sempre estava segurando um caderno e uma caneta, anotando nomes ou algo assim.

Chegamos lá a menos de 6 metros e aquele cara foi se levantando com muita lerdeza do seu banco, mandando a gente parar com a mão e balançando a cabeça em sinal negativo.

– O que foi agora? – Perguntei com raiva.

– Você não foi notificada? Não haverá aula hoje, volte agora para casa.

– O que? –Perguntei quase não acreditando.

–Pois é amiga, leve sua irmãzinha de volta antes que eu te expulse!- Disse o homem com um tom bem violento.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pela perda de tempo Emmy.



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