Filha Das Águas escrita por Bianca Ribeiro


Capítulo 6
Capítulo 6




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/555469/chapter/6

– Shh... shh... Tudo bem, tudo bem...

– Drew deve estar por trás disso - eu disse, com raiva. - Ela está do lado de Gaia, Tristan. Ela é má.

Tristan olhou com determinação para mim, segurando meu rosto perto do dele. Realmente achei que ele ia me beijar.

– Eu acredito em você.

– Drew me disse coisas muito estranhas sobre Gaia - eu disse, enxugando o rosto. Tristan havia me soltado, deixando-me com um frio repentino.

– Hummm... Ela tem agido de um jeito bem suspeito, realmente. O que Drew disse?

– Ela quer que eu mate Percy - recomecei a chorar, sacudindo os ombros. - Gaia quer que eu faça isso. Drew disse que é a minha missão e... Tristan, eu SOU DE GAIA, eu pertenço a ela. É tão injusto! Eu não posso matar meu próprio irmão!

Tristan afagou minhas costas.

– Você não fará isso, calma...

– O que acha vai acontecer se eu desobedecê-la?

– Peppermint, olhe bem para mim - Tristan segurou-me pelos ombros, os olhos faiscando em cinza-prateado. - Você não precisa se preocupar com isso, ok? Gaia está na mais profunda vala do Tártaro e não pode acordar sem ajuda. Você tem Percy, tem Annabeth e tem a mim para cuidar de você, tudo vai ficar bem, entendeu?

– Eu... eu...

– Somos a sua família agora. Precisa confiar nisso.

Suspirei, acalmando-me, franzi a testa e olhei para ele.

– Quantos anos você tem? - perguntei num sussurro.

Ele sacudiu a cabeça, quase rindo.

– Você é inacreditável.

– Já me disseram isso - revirei os olhos.

– Tenho quase 17.

– Ah.

– Algum comentário? - havia risada em sua voz.

– Bem, não. É só que... nada.

– Agora eu quero saber.

Mordi o lábio. Tristan era quase quatro anos mais velho do que eu. Fim dos sonhos.

– É só que... - suspirei. - Eu estou gostando de andar com gente mais velha.

Tristan sorriu e me pediu um pouco de água.

Annabeth chegou, ofegante e me entregou um pacote de biscoitos sem dizer nada. Quando viu meu olhar interrogativo, deu de ombros, dizendo:

– Achei que você poderia estar com fome. Está tarde, vá dormir um pouco.

–Mas... Tristan...

Ele sorriu para mim e piscou.

– Vá descansar, Cabeça De Concha. Vou ficar bem.

Assenti, troquei um rápido olhar com Annabeth e deixei a enfermaria, aliviada e incomodada ao mesmo tempo. Tristan era mais velho que eu. O que ele ia querer com uma garota sem graça e mais nova do que ele?

Eu não me sentia muito bem. E não era só por toda essa coisa com Tristan. Eu me sentia totalmente perdida ali no meio de todos aqueles semideuses e criaturas míticas (que nem deviam existir). Não me encaixava ali, por mais que Percy, Tristan e Annabeth parecessem estar fazendo de tudo para me ajudar a me acostumar com essa nova vida. Quem era eu? Qual o motivo de eu estar aqui? Qual era a minha... missão?

Cruzei a quadra de vôlei de praia, pensando com meus botões, quando de repente algo me acertou com força na cabeça. Cambaleei e caí de joelhos na areia.

Ouvi risadas maldosas acima de mim.

– Ah. Como alguém pode ser tão lesada?

Reconheci aquela voz nojenta e irritante. Drew Tanaka.

– Aii - foi tudo o que eu consegui dizer.

Uma das garotas me ajudou a levantar, sem deixar de rir na minha cara. Olhei para as pessoas a minha volta; todas garotas, todas bem bonitas e delicadas. Lembraram-me de cara uma "pessoa" que eu nunca vi, mas que conheci nas histórias que minha mãe contava: Afrodite, a deusa do amor e da beleza. A megachata do Olimpo. Então Drew era filha dela...

– Vai ficar parada aí, garota? - perguntou uma das esnobes.

– Vamos, saia do meio do nosso jogo! - resmungou outra.

Sacudi a areia das minhas calças e manchei para longe dali. Drew sorriu de um jeito muito sádico. Não parecia uma expressão comum para uma garota de 14, 15 anos. Algo estava errado com ela. Um calafrio percorreu meu corpo.

Quando cheguei ao chalé 3, surpreendi-me ao ver Percy e um dos sátiros limpando pichações nas paredes azuladas. Meu irmão parecia irritado. Digo, muito, muito irritado mesmo. Apertei os olhos para tentar ler as palavras e arqueei as sobrancelhas ao entender o que escreveram:

VOLTE PARA O TÁRTARO, ENVIADA DE GAIA!

CHALÉ DOS LESADOS!

GAIA REINA AQUI!

PERCY SOFREU LAVAGEM CEREBRAL, CUIDADO!

Eu senti vontade de chorar. De raiva. Como as autoridades do Acampamento podiam permitir algo como aquilo? Por que Quíron não se manifestou ainda? E o Sr. D? Será que ele ainda não viu essa desgraça? Percy não merecia sofrer aqueles insultos. Ele é um herói! Ele salvou aqueles semideuses mais de uma vez e era assim que eles retribuíam? Isso é tão injusto...

– Percy...! - choraminguei, correndo ao seu lado.

– Oh, oi - ele suspirou, desanimado.

O seu amigo sátiro acenou para mim, cauteloso. Acenei de volta.

– Não acredito que fizeram isso! - reclamei. - Como puderam?

Percy trincou os dentes, furioso.

– Tenho certeza de que foi aquela garota, a Drew Takana.

– Tanaka - o sátiro o corrigiu, calmamente.

Percy o fuzilou com os olhos e ele encolheu os ombros.

– Drew? Como?

Os ombros de Percy caíram.

– Não posso provar, Pep. Mas tem algo muito errado acontecendo. Eu não entendo... - Percy grunhiu, irritado. - Mas isso não vai ficar assim.

Peguei uma das esponjas no balde cheio de água e sabão e comecei a ajudá-los a limpar em silêncio. Aquilo era tudo minha culpa. Eu sequer devia estar aqui.

No entanto, se por algum motivo desconhecido Poseidon me reclamou assim que cheguei, ele sabia que eu estava aqui. Sabia, sim. Talvez tenha, de alguma forma, me mandado para ajudar meu irmão em algo. Talvez seja a missão que eu tanto queria.

Eu queria acreditar nisso, queria ser útil.

– Nós vamos descobrir, Percy - eu disse, com convicção. - Estou certa de que Drew está metida até o pescoço nessa maracutaia, mas ela não é o cérebro por trás disso tudo. Não pode ser.

– Quem, então? - perguntou o sátiro, num quase sussurro.

Percy me encarou com expectativa.

– Ela, minha patrona.

– Gaia - uma voz disse atrás de nós três.

Percy segurou meu ombro e me puxou para trás dele. Protegendo-me. Bem, eu não queria ser protegida agora, queria ver quem é o dono daquela voz. Sim, dono. Era uma voz masculina.

– Você - rosnou Percy, fechando as mãos em punhos.

Sua nuca estava vermelha e ele respirava aceleradamente. Estava com raiva. Mas de quem?

– Você - repetiu a voz, firme e forte. Estremeci.

– O que acha que está fazendo aqui? - Percy perguntou, alcançando algo dentro do bolso da bermuda.

Estava quase completamente escuro, mas eu pude ver o rosto do homem que acabara de chegar. Seus olhos eram mini explosões vermelhas, o cabelo muito bem cortado e a postura ameaçadora. Minha pele começou a esquentar - acontecia quando eu estava em perigo - e minhas mãos a tremer. Eu tinha um palpite de quem era ele. E não era nada bom.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

:D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Filha Das Águas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.