Oh James, meu querido e amado James.

Por que a vida precisa ser assim? Porque simplesmente não podemos ficar juntos? Por que você precisou me abandonar?

Você sabe que eu te amo, mas amar não é o suficiente. Minha querida irmã diz que um relacionamento não é feito somente de amor, precisa-se de confiança.

Então por que você não confia em mim?

Já não basta tudo o que fiz por você?

São tantas perguntas sem resposta...

Acho que nunca fiz tantas perguntas na vida, de uma só vez como agora. Se você ao menos facilitasse um pouco... Se você abrisse o seu coração... Eu ficaria realmente agradecida.

Não posso tentar para sempre, uma hora vou precisar partir.

Não quero que fique só, sem amor, sem o meu amor.

Oh James, meus pais insistem em dizer que estou errada, que devo parar de acreditar que um dia nosso relacionamento irá dar certo. Nem se parecessem mais com aquelas duas pessoas malucas pelo dinheiro que ganhariam se eu me casasse com você.

Shara diz que a nossa história não deve ter um final triste, e sim um final feliz!

Já cansei de seus finais felizes. Minha irmã só pode ter problemas mentais! Mas se eu também acredito no nosso final feliz, então tenho problemas mentais como ela. Porque só mesmo um doido para acreditar que um dia seremos felizes.

Ainda me lembro da primeira vez que o vi. Você se lembra?

Papai e mamãe me disseram que você era o garoto mais encantador e gentil que já tinham conhecido na vida.

Eu, ainda muito ingênua na época, acreditei.

Lembro-me exatamente o que papai disse naquela noite:

— Ele será seu marido um dia! Honre a nossa família, Annie.

Mas o que aconteceu naquela noite foi honroso?

Eu, Annie Langger, honrei minha família quando me entreguei à você? Quando os seus lábios tomaram os meus com fúria? Quando acordamos no dia seguinte cobertos apenas por um lençol?

Oh James, se tudo continuasse a ser como era antes... Talvez hoje seríamos um casal feliz. Mas nós dois sabemos muito bem que isso é impossível!

Não sei por que ainda tento... Talvez seja para que um dia, não somente eu, mas você também tenha um final feliz.

Eu o amei muito, ainda o amo e você sabe muitíssimo bem que sempre te amarei, até a minha morte.

Mas não dá para continuar assim. Eu aqui em Londres, sofrendo com uma saudade angustiante... E você aí, se divertindo na América, sem ao menos lembrar-se que eu existo.

Minha mãe disse algo interessante um dia desses:

— Até quando, Annie? Não vale a pena.

Acho que ela tem razão. Esta não é a primeira carta que escrevo e não obtenho resposta.

Até quando você irá me ignorar?

A cada dia, os médicos diminuem mais o meu tempo de vida. A cada dia, tenho certeza absoluta que vou morrer.

Mas antes, eu queria que pelo menos você estivesse aqui, que me abraçasse, que me beijasse... Que me fizesse feliz como antigamente.

Com amor, Annie.