Quando meu pai me disse que sairíamos pra caçar eu não imaginava que fosse chover tanto assim.

Era um dia normal, como qualquer outro, havia acabado de chegar em casa. Subi as escadas, fazendo ranger as velhas tábuas da escada de casa, corri para meu quarto e me joguei em minha cama e comecei a cantarolar qualquer coisa, afinal, era o início das férias, havia dia mais feliz no ano ?

Levantei da minha cama e me dirigi ao banheiro para finalmente trocar as malditas roupas da velha escola da vila, vestindo um short meio velho e uma regata folgada.

–Milles, desça, o almoço já está pronto !

Ouço minha mãe gritar do andar de baixo.

Desço correndo as escadas até a mesa na cozinha.

–Viu o Pai, Milles?

Minha mãe pergunta.

–Ele disse que só voltaria mais tarde hoje, depois que a última coisa caiu do céu eles não param de falar daquilo, a final, lago não se enchem de peixes assim não é?

Dois dias atrás um objeto metálico enorme atingiu o rio da vila, desde então, o lago se encheu de peixes diferentes e novos numa velocidade absurda. Ninguém sabe o que é, então evitam mexer nele, as autoridades devem chegar a qualquer momento, ninguém quer se meter em problemas com o reino.

Devoro a sopa de sardinha em questão de minutos e volto a subir até meu quarto.

Pego uma pequena espada de madeira e engulo alguns pedaços de pão antes de sair de casa.

–Aonde você vai ?

–Vou na casa do Jeff, volto mais tarde !

Sem perder mais tempo abro a porta de casa e saio correndo até a casa do outro lado da rua.

Chego a uma casa grande e velha, de meu amigo Jeff, um ano mais novo que eu, um menino alto e magro, filho de um dos guardas do reino.

–Jeff ! Abre a porta !

Ouço seus passos correndo em direção a porta.

–Olá ! Milles, quanto tempo !

–Nós nos vimos a duas horas atrás ..

–Cala a boca e entra logo !

Entro na casa e ele me conduz até seu quarto.

–Esta pronto pras férias ? Devemos ir a casa de Golias logo mais .

–Trouxe a espada, que acha de um treino antes de irmos ?

Jeff abre uma gaveta e dela retira outras duas espadas de madeira.

–Vai lutar com isso? Só vai conseguir tropeçar em si mesmo ..

–Ah, vamos logo, eu venho treinando !

Descemos até o sótão da casa, uma sala com tatame, coisas velhas e poeira.

Fico em posição de combate com minha espada, estou bastante certo de que vou ganhar.

–Que vença o melhor !

Jeff avança com suas duas espadas, atacando rapidamente com uma de cada vez, defender seus ataques fica quase impossível.

Seguro um de seus ataques e forço sua espada, fazendo o recuar e ficar indefeso por alguns segundos.

Acerto suas costelas e tento golpear seu joelho, porém ele consegue acertar um golpe de contra ataque e me derruba no chão.

–Incrível !

Levanto rapidamente e começo a atacar rapidamente, Jeff defende todos os meus ataques, um após o outro.

Paro de atacar e dou uma rasteira nele.

–Ei ! Isso não vale !

–Claro que vale, você acha que seu inimigo liga pro que vale e o que não vale ?

Jeff me soca.

–Calma !

Começo a rir da sua cara.

Saímos do sótão em direção a casa de Golias.

–Será que ele está em casa ?

–Ele é sedentário, nunca vi sair de casa por vontade própria !

–Fala isso pra ele, duvido voltar com todos os ossos no lugar.

–Tem medo dele? Que ridículo !

Jeff se prepara para me socar de novo, no entanto um homem surge por trás de nós.

–Ei ! Preciso do meu filho inteiro hoje !

Fala o homem.

–Pai ? O senhor não ia voltar só mais tarde ?

–Eu decidi passar aqui, faz tempo que não fico um pouco com meu filho !

–Acho que preciso ir, vá encontrar Golias, nos vemos mais tarde !

Digo a Jeff.

–Ok, até mais tarde trapaceiro !

Jeff volta a andar até a casa de Golias.

–Então, o que faremos hoje ?

Pergunto ao meu pai.

–Eu estava pensando em caçar, ouvi dizer que você é muito bom com essa sua espada !

–Certo, vou pegar minhas coisas.

Volto para casa enquanto meu pai decide ir ao centro da vila alugar um cavalo.

Arrumo algumas roupas e provisões, arranjo uma bainha improvisada para a espada de madeira, estou pronto !

Desço as escadas, meu pai me espera na porta de casa.

–Vamos caçar perto à floresta da lagoa, devemos chegar lá em algumas horas !

Subo no cavalo e começamos a sair da vila.

Ao sair da vila entramos em uma longa estrada de chão, a natureza predomina, nenhum sinal de seres humanos, o dia está mais ensolarado do que nunca !

Algum tempo depois de viagem meu pai para o cavalo do nada.

–O que é aquilo ali na frente ?

–Um dos guardas do castelo, estranho, não deveriam estar por aqui ..

Meu pai desce do cavalo e se dirige ao guarda.

–Senhor, você tem certeza de que quer adentrar a floresta ?

–Mas é claro !, por que não ?

O guarda começa a resmungar alguma coisa e depois responde.

–Alguns objetos estranhos caíram perto a essa floresta, não podemos ajudar ninguém que esteja por lá,tem certeza do que quer ?

Meu pai pensa por um instante e responde.

–Certo, não devemos ficar aqui por tanto tempo, vamos nos arriscar ..

O guarda faz uma cara de decepção.

–Você quem sabe.

Meu pai volta ao cavalo e continuamos até a floresta.

–Chegamos !

Meu pai grita .

Acordo do pequeno transe em que me encontrava.

–Chegamos um pouco mais tarde do que eu havia planejado ..., mas não tem problema, ainda há muito o que caçar.

Fixamos um pequeno acampamento entre as árvores.

–Milles, está na hora de te dar algo ..

Me aproximo do meu pai.

Ele tira uma espada, mais ou menos do mesmo tamanho da minha, feita de aço com detalhes a ouro e o que mais chama atenção, uma gema incrustada no pomo da espada.

–Pai ! Eu nem sei o que dizer !

Pego a espada, se ajusta perfeitamente a minha mão, com o peso perfeito.

–Está na nossa família a muito tempo, quero que a tenha ..

–Obrigado pai !

O momento é interrompido por um som estrondoso vindo do céu e logo depois uma explosão enorme.

–O que foi isso ?!

Ouvimos gritos de soldados mais a frente, "Fujam !, vão para a cidade !"

–Acho que devemos voltar !

Desfazemos nosso acampamento rapidamente e corremos até o cavalo.

Já estava a noite, a estrada estaria escura, se não fosse pelas milhares de plantas em chamas, a cada momento caiam mais e mais objetos do seu, com explosões cada vez mais fortes.

Chegamos até a entrada da cidade e estava um caos !

Pessoas gritando e se escondendo enquanto bombas caiam do céu.

–O que é isso ? O que está havendo ?

Vimos um ser de pele negra com um brilho verde intenso atacar uma criança na rua, uma tropa deles estão espalhados pela vila.

–Filho, vá para casa !

–Mas pai, eu posso ..

–Não discuta, vá para casa e proteja sua mãe !

–Pai, você não pode ficar aqui sozinho !

–Milles, na vida precisamos proteger quem amamos, como eu amo você e sua mãe, não posso deixar que qualquer mal aconteça a vocês, por isso preciso que você fique calmo e faça o que eu digo, agora vá !

Eu desço do cavalo e saco minha espada enquanto saio correndo até minha casa.

Chegando em minha casa, o fogo se alastrava por todo o telhado.

–Mãe !

Corro para dentro de casa.

–Mãe, onde você está?

Começo a procura-la pela casa inteira, porém nenhum sinal dela até que ouço um grito.

–Mãe !

Subo as escadas e vou até o quarto dele, um ser igual ao que vi na rua está atacando ela, seu braço está sangrando e ela está quase inconsciente.

Saco a espada e ataco o monstro com toda a minha força, porém o máximo que faço e tirar a atenção dele da minha mãe, agora eu sou o alvo.

O monstro avança enquanto golpeio seu corpo sem parar.

–Por que não morre !

Ataca sua cabeça fortemente, fazendo com que ela role pelo chão do quarto, o corpo para de me atacar.

Jogo a espada no chão e vou até minha mãe, deitada no chão.

–Mãe !

Falo chorando.

–MÃE !

Seu rosto permanece imóvel e pálido, nem se quer pisca ou respira.

Me deito ao lado dela e a abraço.

–Mãe .. e-eu não fui capaz ..

Fico deitado no chão, minhas lágrimas pingam no chão enquanto ouço explosões e gritos lá fora.

Levanto me e enxugo minhas lágrimas, pego minha mãe nos braços e a coloco na cama.

–Mãe ... Eu não posso perder mais ninguém ..

Falo ainda soluçando.

–Vou salvar meu pai e você terá o enterro mais bonito do mundo .. E-eu te amo ..

Saio do quarto, trancando para garantir que não hajam mais visitantes, para que ninguém difame a mulher que foi minha mãe . Desço as escadas e abro a porta, o fogo parou de se espalhar.

As ruas continuam um caos, saio a procura de meu pai.

–Pai !

Vejo dezenas de monstros mas nenhum sinal de meu pai, ou de algum morador da vila.

–Droga !

Começo a correr para o centro da cidade

Antes de chegar até o centro uma enorme bomba caí perto de mim.

Sinto o calor da explosão queimar meu corpo, depois disso, o silêncio, não vejo mais nada, gradualmente vou perdendo meus sentidos até que eu caia em um sono profundo.