A Graduation of Nightmares escrita por Anna


Capítulo 2
Mais tonta que o normal


Notas iniciais do capítulo

Eu particularmente, gostei muuuito desses capítulo! Agora tirem suas próprias conclusões haha, nos vemos no final xoxo



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“Vejo esta vida como uma videira que balança

Balanço meu coração além do limite

E meu rosto está dando sinais

Procure e você há de encontrar”

Counting Stars, OneRepublic

Vamos, vai ser super legal! – Felipe disse com uma voz afetada e mexendo em seu cabelo invisível numa tentativa falha de me imitar.

– Ah, cala a boca! – eu disse o empurrando, o que não deu muito certo por ele ser um pouco, talvez muito, mais alto.

É, lá estávamos eu, Samantha, Sophia, Felipe, Carlos e um Luiz levado a força andando de noite em uma comunidade do Rio de Janeiro após ter andando de bonde no pôr-do-sol.

– Vamos nos ferrar quando voltarmos! – Carlos também começou a reclamar. – Melanie, suas idéias sempre são terríveis.

– Parem de reclamar, vocês estariam morrendo de tédio agora e esperando o dia seguinte para ir para a praia e... OH, MEU DEUS! – todos deram um pulo – Samantha me diz que você trouxe a câmera, olha que lindo! – eles se acalmaram e reviraram os olhos e logo em seguida eu estava puxando Sam para tirar uma fotos da paisagem. Depois só escutei Carlos chamando Sophia para conversar. Ai, ai esses dois.

A questão é que: Samantha e eu estudaríamos fotografia na faculdade, algo que já planejávamos havia muito tempo e se tinha algo fotogênico, simplesmente eu dava um surto porque normalmente sempre fico muito animada com qualquer coisa, por mais simples que seja. Começamos a conversar e tirar algumas fotos enquanto Carlos e Soph foram para algum lado e Luiz e Felipe para algum oposto. Eles gritaram algo e combinamos de nos encontrar em dez minutos no mesmo lugar onde descemos do bonde e se foram. E quando ficamos sozinhas, de repente só senti um saco de pano com cheiro de rato envolvendo meu rosto.

Tudo que vi foi o breu. Senti algo pontudo batendo em minha nuca e, então, escutando os gritos sufocados de Sam e alguns gritos agudos e longes de Carlos, eu apaguei.

*

Abri os olhos e percebi que estava em um galpão, provavelmente com quatro metros quadrados e algumas madeiras por aí. Mas além da madeira no chão, haviam pessoas, umas nove. Minha cabeça doía e latejava, tentei levar minhas mãos à nuca para ver se sangrava, mas elas estavam presas. O cheiro de rato continuava, mas agora misturada com algum cheiro estranho, parecia alguma droga.

– Mel... – a voz mole de Samantha soou ao meu lado. – Onde... Onde estamos?

– Eu não sei... Onde estão os meninos? E a Sophia?

– Será que são estupradores? Psicopatas? Serial killers? – ela elevou um pouco sua voz.

– Meninas? – uma voz conhecida ecoou do outro lado da sala. Era Carlos.

– Carlos, onde está a Soph? – perguntei assustada.

– Ela ficou escondida e provavelmente foi avisar os meninos depois que aqueles filhos da puta foram embora. Mas eu não sei, eles me apagaram.

– Vamos ter que nos prostituir e dar noventa por cento dos lucros pra esses ninfomaníacos. – Sam disse se alterando e Carlos começou a rir.

As demais pessoas que estavam ali pareciam meios desvairados e um pouco confusas, pelo meu básico conhecimento, deduzi que estivessem drogadas ou algo do tipo, conclusão: estavam retardados demais para nos oferecer qualquer informação útil.

– Os novatos acordaram. – um homem alto de meia idade (ou mais) entrou na sala. Ele parecia ter 1,90 e pouco mais de 50 anos, tinha uma barba branca e o cabelo igualmente. Usava um chinelo azul, uma regata que deduzi que estava bege por estar encardida e uma bermuda jeans com as barras dobradas de formas desiguais. Logo atrás dele, entraram mais dois caras que aparentavam terem entre 35 e 45 anos e um garoto com não mais de 23 anos que estava sendo zoado e levando petelecos dos dois homens.

O rapaz era bonito, tinha em torno de 1,77 de altura, cabelo castanho meio bagunçado e conforme veio se aproximando de mim e Sam, tive uma visão clara – literalmente – de seus olhos verdes. Ele fora praticamente empurrado até nós e trazia com ele uma tigela com algum tipo de comida que não consegui identificar.

– Comam, ainda precisamos lhes acostumar com a rotina. – o velho disse e os dois capangas riram com ele.

– Sinto muito. – o jovem nos sussurrou em um volume quase nulo com uma expressão triste.

O garoto deixou a comida de Carlos ao seu lado, o mesmo lhe fuzilou com um olhar mortal, depois ele deixou o galpão junto com os homens mais velhos. Após um comentário meu sobre achar que ia perder minha virgindade naquele momento sendo forçada – lê-se estuprada – e um totalmente tarado de Samantha dizendo que se fosse com o garoto dos olhos esmeralda ela agradeceria, Carlos chegou mais perto de nós e contou o que conversara com Sophia e, pelo jeito, eles estavam namorando. Minutos depois os dois homens, que eu resolvi identificar como capanga careca e capanga baixinho, apareceram. Sem dizer nada, capanga careca me levantou puxando-me para cima pelo braço e capanga baixinho fez o mesmo com Sam, ficamos nos debatendo, mas então, eles provaram que pra cada ação há uma reação nos dando tapas e socos de punho fechado. Carlos se levantou para tentar nos defender, mas levou um soco na cara e outro na boca do estômago o deixando imóvel no chão. Os dois homens passaram conosco pela mesma porta que entraram, onde, para minha surpresa, se localizava outro galpão. Cada um deles desamarrou nossas mãos respectivamente e, sem pensar, eu dei um soco no nariz do careca. O que, é óbvio, não surgiu efeito como eu esperava, já que o homem tinha o triplo da minha massa muscular. Em seguida, só senti sua mão arder em meu rosto de um estalo ecoar.

– Sua vadia! – ele disse e me tacou no chão, eu já estava pronta pra levar mais umas boas bofetadas.

– Larga ela! – Sam pisou no pé do projeto de homem (o baixinho) e foi pra cima do careca que a jogou no chão.

A porta se abriu bruscamente e o rapaz apareceu com um pedaço de ferro.

– Cleiton, Júlio, já deu por aqui. Não encostem mais um dedo nelas se forem machucá-las. – ele disse posicionando a barra de ferro no ar, mas estava claramente com medo.

Eu estava muito confusa, perturbada, amedrontada, revoltada e todo sentimento que tenha sinônimo a isso. Samantha tremia ao meu lado e então segurei sua mão, lágrimas escorriam de seus olhos, e ela quase nunca chorava.

O garoto permaneceu no lugar e nós o encaramos confusas, ele começou a lacrimejar e se chamar de idiota. Os homens pegaram duas cadeiras e nos amarraram nelas, em seguida trouxeram maços, mas não parecia cigarro. E não era, eu tinha certeza que aquilo era maconha.

– Mel? – Sam sussurrou.

– Oi? – disse no mesmo tom.

– Eu... Acho que tinha alguma coisa naquela comida... Sabe? A mesma coisa que vão nos obrigar a... Cheirar. Eu comecei comer e notei algo diferente, eu to com medo. Muito medo. O que eles vão fazer conosco? Ai, eu gostaria de nunca ter saído do hote... Quer dizer... – um tom de arrependimento pelo que acabara de falar tomou conta de sua voz.

Eu não consegui responder nada, a culpa apenas me corroia e eu vi finalmente a conseqüência dos meus atos impulsivos. Não estaríamos ali se não fosse por mim. Uma fumaça tomou conta do local, seguida por risos nojentos e, então, eu ouvi barulhos de socos e um grito choroso desesperado, mas por algum motivo eu estava rindo e coisas sem nexo saiam da boca de Samantha.

*

Quando acordei, estava de volta ao galpão com as outras pessoas. Todos dormiam, menos Sam. Eu estava um pouco zonza, mas a vi conversando com alguém.

– Obrigado, - a ouvi dizer – sabe, por não deixá-los nos bater. – estreitei meus olhos e identifiquei a pessoa com quem ela conversava, como o rapaz. – E... desculpe.

– Sam? – lhe chamei a atenção. – Eu... to me sentido mais tonta que o normal.

– Melanie... hm, esse é o Eric. O garoto que nos trouxe comida. E que nos salvou mais cedo. Ou melhor, mais de noite.

Ele estava deitado em um colchão velho, com uma tigela com água ao lado, parecendo um animal, em seu rosto haviam cortes e hematomas, seu olho estava inchado e vermelho.

Ele me explicou que devíamos estar um pouco fora de si ainda devido ao fato que praticamente dormimos cheirando maconha. O que me deixou atordoada, pois nem eu e nem Sam já havíamos consumido drogas antes. Ele disse pra ficarmos calmas que ninguém tinha feito nada conosco. Ainda.

– Mas... Por que você trabalha pra essas animais? – perguntei com desprezo ao me referir aos homens.

– O mais velho, Lúcio, é meu tio por parte de pai. Quando meu pai morreu “acidentalmente”, - fez aspas – ele foi morar comigo, minha mãe e minhas duas irmãs. Na época, eu tinha quinze anos, minha irmã mais velha dezessete e a mais nova, nove. Ele é doido, capturou minha irmã mais nova como se fosse outra pessoa e fingiu dar apoio para minha mãe encontrá-la. Não gosto de dar muitos detalhes dessa história, então: Ele matou minhas irmãs e minha mãe e nem preciso dizer que ele se aproveitou delas e disse que ou eu trabalhava para ele no comércio de pessoas, ou ele me mataria. – fiquei boquiaberta tanto quanto Sam. Ele explicou mais algumas coisas, disse que não era da comunidade e que naquele momento nem estávamos lá. Estávamos em um galpão no meio do mato, sem celulares, sem presença de vida por perto, com efeito de maconha correndo em nós e basicamente, estávamos muito fodidas (e graças a Deus, ainda não no sentido literário. Ainda.)


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Notas finais do capítulo

Uuuuuuuh que barra hein, Melanie toda revoltada ndkjndkjan enfim, acho que até o fim dessa semana posto o terceiro. Críticas, elogios? Aceito tudo, bjocas x



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