Obsession escrita por Desconhecida


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Gentee linda, deixem o comentário de vocês!



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— Ei! – Dylan me puxou levemente pelo braço. – O que tá acontecendo? – Disse suspeito.
— Nada. – Disse automaticamente.
— Nada?
— Nada.
— Tem certeza? – Insistiu.
— Absoluta, vou tomar um ar fresco e já volto. – Saí andando antes que ele pudesse dizer algo.

Caminhei rapidamente para fora do estúdio e me deparei com várias pessoas da equipe fumando encostadas na parede.

— Quer um? – Uma moça com cabelo colorido me ofereceu um trago.

Hesitei por alguns segundos.
— Não, não, obrigada. – Disse negando mais vezes que o necessário.
Ela riu da minha reação e disse:
— Sua cara é de quem precisa de um trago.
— É mesmo? – Ri. – Mas eu não fumo.
— Por enquanto, né? Porque eu também não fumava até entrar nesse ramo. – Disse sem dar importância.
— Entendi.

Meu celular tocou e pedi licença à menina.

Era Tyler. Fiquei encarando a tela do celular sem saber se deveria ou não atender.

— Alô?
— Oi, antes que você fale qualquer coisa queria pedir desculpas por ontem – Disse friamente.
— Ah, não esquenta. Sem problemas. – Falei surpresa devido ao seu tom.
— Nem sei o porquê que agi daquela maneira... – Disse constrangido. – Mas acho que parte de mim precisa que você seja sincera comigo, sei que as coisas já estavam resolvidas entre a gente e tudo tinha ficado bem claro. – Suspirou. – Cheguei até a falar que não ia correr atrás de você depois daquele dia, não estou correndo atrás, mas depois do que você me disse no luau fiquei pensando e...
— Hã? O que eu disse no luau? – O interrompi.
— Ah, você não lembra? – Falou confuso.
— O que eu disse no luau? – Repeti com medo do que poderia ter dito enquanto estava sob o efeito do álcool.
— Se você não lembra, acho melhor deixar quieto.
— Não, não é melhor – Falei como se fosse óbvio. – Por favor, me diz. – Já estava implorando aquela altura.
— Você disse que ainda pensava em mim, que deveria ter ficado comigo e que se arrependia de ter falado que “nosso momento” tinha passado. – Eu conseguia imaginar a cara de desconforto dele ao dizer isso.
— Ah. – Fiquei em silêncio. Que merda que eu tenho na cabeça?
— Então...?
— Eu não sei. Talvez eu ainda tenha um sentimento do passado... – Suspirei. – Mas é complicado, sei que amo o Dylan, mas não sei o que sinto sobre você.

— Oi? – Alguém se pronunciou atrás de mim.

Virei-me e vi Dylan me encarando com os braços cruzados. Desliguei a chamada sem pensar duas vezes no que Tyler teria para dizer, eu to ferrada.

— Quem era? – Ele suspirou como se já estivesse esperando que algo assim acontecesse.

Continuei em silêncio, o que eu ia falar? "a verdade" Não é tão fácil assim.

— Era o Tyler. – Disse pressionando os lábios. Resolvi lidar com isso como lido com os meus joelhos ralados, arrancando o band-aid de uma vez só.
— Eu tenho um milhão de coisas passando pela minha cabeça agora, não to com tempo para lidar com mais um dos seus dramas... – Disse chateado, mas com um ar superior.
— Oi? – Dessa vez quem estava de braços cruzados era eu.   
— Olha, sei que tive mil vacilos e de alguma maneira você perdoou todos, mas se você não queria me namorar desde o começo, por que não disse? – encarou o chão.
— Ahm, por que você não me deu oportunidade? Me pediu em namoro em frente a milhões de pessoas ao vivo? – Disse como se fosse óbvio. De repente o foco da discussão era outro.
— Você disse que estávamos bem! – Falou incrédulo por eu ter tocado no assunto novamente.
— Eu disse muitas coisas. – Resmunguei.
— Disse que me amava também. – Aproximou-se. – Ou você só disse isso por que, como você mesma alega, praticamente te “obriguei” a entrar em um relacionamento comigo.
— Você tá sendo infantil – Rolei os olhos.
— Foi você que acabou de dizer para a porra do Tyler que “não sabe o que sente” por ele! – Gritou nervoso fazendo com que todos os fumantes do lado de fora nos olhassem, inclusive a menina do cabelo colorido que fazia sinal com o cigarro com a mão como se quisesse dizer “Te avisei que era melhor fumar, se precisar tragar estamos aqui te esperando’’.

— Eu sei. – Reconheci que também tinha errado. – Às vezes eu penso se deveríamos estar mesmo juntos... – Suspirei.
— Como assim? – Me olhou duvidoso.
— A gente tem tudo pra dar certo, mas por algum motivo a gente sempre dá errado. – Disse séria.

Eu conseguia escutar a voz dentro da minha cabeça dizendo “Cala a boca, não fode com tudo, fica quieta, não tome nenhuma decisão precipitada”.

E como se Dylan estivesse lendo meus pensamentos, disse:
— Vamos resolver isso mais tarde com calma, ok? – Pegou minha mão. – Eu te amo. Não quero tomar nenhuma decisão estúpida.
— Nem eu – Disse ainda pensativa.

Voltamos para dentro do estúdio e gravei as cenas que faltavam. Talvez o diretor tivesse desistido de chamar minha atenção, pois não tinha mais se pronunciado desde que saímos do intervalo.

Não esperei Dylan para ir embora, precisava de um tempo. Logo, peguei um táxi para casa e assim que passei a chave pela porta, escutei um barulho vindo de dentro. O que é agora?

— Clara! – Gritaram.
— O que vocês dois estão fazendo aqui? – Encarei-os surpresa.
— Temos uma notícia para você! – Ryan disse animado.
— Digam... – Disse rindo. Provável que esses dois tenham voltado, mas isso já era bem esperado.
— Eu tô grávida! – Header pulou de alegria.
— Quê?! – Disse chocada. – Você tá falando sério? Mas como? Hã?

Caralho. O que tá acontecendo com a vida?

— Lembra que eu te contei da recaída? – Disse emocionada.
— Lembro... – Falei, tentando processar o que estava acontecendo.
— Então! – Disse como se fosse óbvio.
— Meu Deus! – Abracei-os. – Mas como vocês pretendem lidar com isso? – Disse ainda confusa.
— Bom, vou me mudar para o apartamento da Header, por ser maior mesmo e também consegui um trabalho de administrador em uma agência de carro famosa, eles pagam o suficiente para gente se sustentar de início. – Disse sorridente.
— Ah, e eu to começando a enviar currículos para algumas escolas, né? Já to terminando minha graduação em inglês mesmo. – Deu de ombros
— Nossa. – Disse surpresa. – Parece que vocês tem tudo resolvido por enquanto. – Sorri sincera.
—Sim! – Disseram juntos.

Eu nunca os vi tão felizes.

— Só tenho a desejar toda a sorte e felicidade do mundo para os dois, sério, eu espero que vocês sejam muito felizes juntos – Tentei não chorar.
— Obrigada, Clara! – Ryan me abraçou dando um beijo em minha cabeça.
— Ai, eu te amo muito, sabia? – Header se juntou ao abraço.
— Parem vocês dois, vão me fazer chorar! – disse os empurrando de leve.

Ambos riram e logo em seguida disse para eles que precisava deitar porque tinha tido um dia cheio e estava cansada.

— Mas tá tudo bem com você? – Ela disse preocupada.
— Tá sim, fica tranquila. – Menti. Não queria estragar o dia dos dois com os meus “dramas”.

Tomei uma ducha quente e me enfiei debaixo das cobertas, apenas o abajur estava aceso e a lâmpada azul que eu tinha comprado, fazia o quarto ficar com um ar contemplativo e sereno. Apesar de eu não estar me sentido nem um pouco dessa forma.

A minha cabeça chegava a latejar de tanto que já havia pensado. Quase tomei uma decisão impulsiva e terminei tudo com o Dylan, embora não tenha nem dois meses de namoro direito.
Praticamente fodi, desculpa o termo, minha relação com o Tyler depois do que disse e para melhorar, eu já não sabia mais o que estava sentido e o que queria. Agora, essa notícia de que Header está gravida de Ryan, eles vão começar uma vida juntos, vão ter um filho, alguém para o tempo, por favor, porque preciso entender o que tá acontecendo.

Definitivamente eu precisava refletir sobre tudo aquilo até mesmo antes de ter qualquer tipo de conversa com um dos dois, se é que depois de hoje eles ainda vão querer falar comigo.

As pessoas dizem que nunca estamos satisfeitos com que temos, portanto penso se essa minha “dúvida” não se trata apenas do meu “tédio” em ter uma relação monótona ou se realmente estou começando a sentir algo pelo Tyler. Obviamente o sentimento não é tão forte quanto o que sinto pelo Dylan, afinal ele sempre será minha obsessão, mas até quando? Obsessões passam ou será que mesmo depois que tudo acabar, continuarei alimentando algum tipo de esperança? Eram muitas perguntas, que por mais idiotas que fossem não tinham respostas.

Peguei meu celular para ver a hora e já era 01h30 da manhã, meu deus. Quanto tempo passei tendo essas reflexões? Apaguei a luz na esperança de pegar rápido no sono. Não deu muito certo.

Já estavam me arrumando para sair de casa quando Header saiu do antigo quarto de Ryan.
— Ué, dormiu aqui ontem? – Estranhei.
— Ah sim, ficou tarde para irmos para casa, tem problema? – Disse prendendo os cabelos ruivos num coque bagunçado.
— Claro que não. – Sorri. – Mas eu já to de saída, falo contigo mais tarde então?
— Espera... – Caminhou até a porta, onde eu estava parada a olhando. – O que houve ontem?
— Como assim? – Me fiz de desentendida. Sabia que ela tinha percebido.
— Não sou idiota, ok? Percebi que tinha algo errado contigo ontem, mas sabia que você ia precisar de um tempo para refletir sobre o que quer que fosse. – Disse séria.
— Ah, eu te conto na volta, pode ser? – Disse sem graça.
— Dylan? – Tentou adivinhar.
— Também.
— Também? – Arregalou os olhos.
— Tyler. – Suspirei.
— Isso não é um bom sinal. – Afirmou confusa.
— Não. A gente se fala mais tarde – Disse novamente e fechei a porta.

Esforcei-me o máximo nas gravações, tinha que compensar meu fracasso amoroso em algum lugar e até que consegui.

— Nossa, nem se compara com ontem. – O diretor, cujo nome não sabia, disse.

Acho que era David ou Davi.

— Obrigado. – Hesitei. – Eu acho.
— Vamos fazer um intervalo pequeno então pessoal, estamos com tempo de sobra hoje, mas não se acostumem! – Declarou.

Olhei em volta procurando Dylan, mas não tinha tido sinal dele ainda, o que era bem estanho. Ontem ele também não havia mandado mensagem, mas pensei que ele também estava precisando de um tempo de tudo, inclusive de mim.

— Licença... – Hesitei com medo de errar seu nome. – Davi?
— Fale. – Suspirou. Acertei.
— Dylan não veio hoje? – Perguntei curiosa.
— Ele disse que estava passando muito mal, precisava ficar em casa. – Deu de ombros.
— Ah...Ok.

Fui para meu camarim e, preocupada mandei uma mensagem para ele:

"Você tá bem?”

Deixei o celular em cima da mesa de maquiagem e assim que começaram ajeitar meu cabelo, recebi uma mensagem. Peguei rapidamente o celular e vi que quem tinha falado era Tyler.

"Será que podemos conversar?”

Reli a frase algumas vezes.

“Desculpa ter desligado na sua cara ontem, podemos sim, mas não por enquanto. Tem algumas coisas que tenho que decidir e resolver primeiro, se estiver tudo bem para você.”

Não gosto de enrolação, mas não tinha o que conversar com Tyler quando ainda não tinha nem decidido o que fazer.

“Tudo bem, eu entendo.”

Era difícil dizer se ele tinha ficado chateado ou irritado com a minha mensagem, mas esperava de coração que ele tivesse realmente entendido meu lado.

O intervalo havia acabado e depois de aturar algumas brincadeiras nada inocentes de Colton, peguei minhas coisas e fui para o estacionamento.

— Ei, você! – Chamaram-me.
— Ahm, oi? – Virei-me para ver quem era.

Era a menina do cabelo colorido, talvez eu a apelide de “menina colorida” ou “menina do cigarro”. Tá, provável que seja melhor perguntar o nome dela mesmo.

— Quer uma carona? – Ela sorriu simpática.
— Pode ser! – Disse animada. De fato, não queria gastar dinheiro com táxi.
— Qual o seu nome mesmo? – Ela disse como se tivesse esquecido, mas tenho quase certeza que ela nunca chegou a perguntar.
— Clara, e o seu?
— Lizzy – Sorriu.

Entramos em seu carro que era um Hyundai Elantra branco. Sim, aprendi um pouco sobre carros com meu pai.

— Gosta de escutar o que? – Perguntou enquanto ligava o carro.
— Qualquer coisa – Dei de ombros.
— Eu amo Drake... – Disse com tom sugestivo.
— Pode ser Drake! – Ri.

Fomos conversando até minha casa sem parar, ela era bem legal e trabalhava com a equipe de áudio do filme, tinha estudado cinema por quatro anos e pensava em dirigir seus próprios filmes um dia.

“Não julgue uma pessoa pelo cigarro” foi o que ela disse quando mostrei estar surpresa por saber com quais famosos já tinha trabalhado.


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