Três semanas haviam se passado e Bruno nem pensara em voltar para a casa que morava com seus amigos. Ele ficou tão magoado com o que Jonatas disse, que nem mesmo quer cruzar com ele no campus.

O contato com seus amigos também foram perdidos. Mesmo pela internet, Bruno não respondia nenhum deles. Nem mesmo falar com Giovanna ele quer. Parecia estar tão envergonhado e humilhado que nem pudera sair de seu próprio quarto.

Ele estava morando num pequeno lugarzinho perto da ponte principal do campus. Aquilo nem poderia se chamar de quarto. Talvez o pequeno quarto de baixo da escada aonde Harry Potter morava fosse mais aconchegante.

Cheirava a mofo. As paredes eram úmidas e só tinha uma janela. Ela era de madeira, talvez retirada de um lixão dos anos 90. Aquilo agoniava os olhos e o nariz de Bruno. Nem em seus piores sonhos ele pensaria morar naquela ‘’caixa d’água’’, como ele mesmo chamava.

Nas três semanas que se passaram, os jovens que moravam com Bruno procuravam por ele em todos os cantos daquele colégio. Mas foi uma tentativa sem sucesso. Nem nas aulas eles se viam. Nem nas poucas aulas. Devido a um recesso que o colégio fez devido a inspeção sanitária.

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As aulas estavam finalmente voltando aos seus dias comuns. Tudo direito.

Jonatas, Giovanna, Vinicius, Carol e Ana estavam no campus, indo direto para a aula de Física, que era no segundo tempo.

– AI... –Giovanna falou.

– MEU... –Ana completou, e deixou continuidade para um próximo:

– DEUS. –Carol completou.

Eles olharam na direção de um menino, que era seguido por mais uma menina e um outro menino.

– Aquele é o... –Vinicius resolveu perguntar, mas logo alguém tinha a reposta.

– Bruno. –Jonatas afirmou.

– O que ele está fazendo com aqueles dois? –Giovanna pareceu irritada.

– Aonde ele conseguiu aquele relógio? –Carol enlouqueceu ao ver o que estava no pulso de Bruno.

– Quando foi que ele cortou o cabelo daquele jeito? –Ana perguntou perdida no tempo.

– Calma, aquela menina não é a Júlia Marotti? –Giovanna tentou buscar o rosto da menina. – A líder de torcida que conhecemos na festa?

– E aquele é o Matheus. O namorado dela. –Jonatas, mais uma vez afirmava com certeza. – Ele parece ser jogador de futebol.

Todos pararam para pensar.

– Então significa que Bruno está andando com os populares? –Giovanna falou, triste.

O resto concorda com a cabeça.

Bruno caminhava com seus dois novos amigos na direção deles. Mas ele não olhava para o lado, assim como os seus seguidores. Eles andavam sincronizados, no mesmo passo.

Os dois grupos se cruzavam, mas o de Bruno nem mesmo olhou para seus antigos amigos.

– Por que ele não falou com a gente? –Carol perguntou.

– Calma gente, é só uma crise. –Vinicius falou calmo. – Vai passar. –Ele deu um tapinha amigável no ombro de Jonatas e sorriu. – Vai acabar.

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Bruno andava com seus novos amigos pelo colégio até que chegou no meio do Campus. Na estátua. A mesma em que Joshua havia subido e mandado em todos. Matheus e Júlia ajudaram Bruno a subir na base da estátua. Ele sorriu.

– Caros estudantes e moradores do Campus Atlos, -Bruno começou, prestes a fazer um discurso. Lá de cima ele avistou os seus antigos amigos e o grupo de Joshua. – Como dito antes, eu iria mudar o jeito de se reinar sobre este lugar.

Jonatas deixou o queixo se encontrar com o chão. Teoricamente.

Uma bala de tiro atingiu a estátua, a poucos centímetros de Bruno. Todos ali gritaram e olhavam para os lados. Não se via nada suspeito.

Mais um tiro.

E por fim, o último e atingível 4.

A bala acertou a perna de Bruno e fez ele despencar da estátua. Júlia e Matheus saíram correndo para os cantos do colégio, com a intuição de se esconder dos próximos tiros que poderiam sair.

– Covardes. –Bruno sussurrou, caído no chão.

Da sua visão, fosca, só podia ver muitos pés se movimentando rapidamente e os olhos se fechando. As pálpebras pesadas e ficando cada vez pior. E a cadeira de Jonatas.

– Me ajudem! –Bruno ouviu a voz de Jonatas enquanto os seus olhos se fechavam.

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A enfermaria do colégio já era a como uma casa para aqueles jovens. Mais viviam ali do que na própria casa. Ou no caso de Bruno, quarto.

Os olhos de Bruno se permitiram abrir e deixar que ele pudesse ver toda a área aonde se localizava.

– Está melhor? –Ele assimilou o rosto de Giovanna.

– Se estivesse conosco, nunca teria acontecido isso. –Ana afirmou, em pé na frente da cama.

Jonatas também estava ali, mas permaneceu quieto.

– Olá! –Vinicius acenou. – Quem bom que está vivo.

Bruno solta uma risada sarcástica.

– É bom que está aqui. –Carol sorriu. – Ainda temos muito o que ver lá fora.

No galho da árvore, que era possível ver de perto devido a janela de vidro, um corvo pousou. Ele bicava a árvore e procurava algo pelo ar. Logo um papel veio voando e se grudou junto ao vidro. Nele era possível ver escrito:

‘’Quantos segredos conseguem guardar? Veremos se serão fieis.

–V’’

Todos ali dentro se olhavam.

– Calma... –Carol pareceu perdida.

– Quem é V? –Vinicius perguntou.

Bruno, Jonatas, Giovanna e Ana afirmaram com a cabeça.