A Âncora escrita por Nice Chick


Capítulo 8
À solução




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Os dias se passaram. Meu pai continuou a me atormentar com suas opiniões sobre minha vida. As vezes não aguentava e rebatia seus argumentos idiotas, mas sofria com os olhares de julgamento e as perguntas. 'Com que você esta falando?' era o que ouvia todos os dias.

Minha mãe viera me visitar algumas vezes, mas ficava a maior parte do tempo sozinha ou com Sophia apesar de ela sempre ter algo para fazer, afinal ela também tinha uma vida.

Quando estava sozinha tinha companhia.

Meu pai.

Ele espera todos irem embora para falar das coisas importantes pois sabia que só assim eu escutaria e se não estivesse muito mal, responderia.

– Então, por que estamos em Long Island mesmo?

– Ha ha, muito engraçado.

Contei-lhe quase tudo. Expliquei como minha mãe tinha apoiado a ideia de meu padrasto de se mudar para esse fim de mundo, o que meu pai achou idiota, lhe falei sobre Sophia, a menina que sempre esta por perto como ele dissera, Philipe, sobre as festas e a escola. Não mencionei Mathew, pois depois de um mês e meio que eu não o vira, não conseguia decidir se ele ainda fazia parte de minha vida. Mesmo com raiva era impossível odiá-lo.

O lobo de pelo dourado acompanhava meu pai por todos os cantos. Parecia estar controlando todos as falas e movimentos de meu pai através de seu caminhar calmo e seus dentes desafiadores. Não havia razão aparente para aquele comportamento.

A cada dia ficava pior. A quimioterapia ajudava e as doses de IL-2 me matavam. Meu cabelo havia começado a cair junto com meu índice de vontade de viver. Minha mãe falava que precisava lutar, mas não aguentava mais. Estava na beira da morte. Pelo menos morte não podia sentir dor.

Tinha acabado de voltar da quimioterapia quando percebi algo diferente. Na porta do quarto alguém me olhava com olhares secretos. Já era tarde e o sol batia nos lençóis velhos do hospital. Era Mathew, mas seu belo sorriso não era mais visível.

– Oi - disse ele entrando. Andava em um ritmo calmo como se estivesse com medo da minha reação devido a sua chegada.

– Depois de um mês sem nos falarmos tudo o que você tem a dizer é 'oi'?

– Não.

– Então onde estava Mathew?!?

– Na casa de minha mãe. Fui passar um tempo lá para... - antes que pudesse continuar o interrompi.

– Por que?!?

– No início estava fugindo. Fugindo do inevitável, afinal se não me importasse mais estaria tudo bem. Sobrevir contra 95% de chance de mortalidade é muito!

– EU QUE DEVERIA SOFRER COM ISSO! EU QUE ESTOU MORRENDO!

– Eu sei, por isso parei. Só fiz merda até agora, então resolvi ajudar.

– Ajudar como? Me abandonar aparentemente não funcionou.

Silenciosamente Mathew parou de falar, sentou-se na cama ao meu lado. Tirou um envelope da mochila. O abriu e tirou uma pesquisa de lá. Era a solução, minha salvação.

– Voltei por você - disse ele enquanto se aproximava para me beijar. Meu pai já não estava mais no quarto.

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– O que queria tanto me dizer que tive que vir aqui? O que era tão importante que você não podia me dizer pelo telefone? - disse minha mãe entrando no quarto enquanto guardava suas chaves. Sophia estava com ela.

– Tenho boas notícias - meu sorriso crescia cada vez mais - não vou morrer!

– Como assim? - ela não me parecia animada.

Mathew saiu do canto escuro do quarto segurando a pesquisa. A cada passo parecia mais feliz.

– Achamos uma solução Sra. Laurens. Joanne pode receber um transplante de fígado e rin. Com a cirurgia será mais fácil tratar o câncer no intestino.

– A médica já me informou sobre isso, mas para Joanne receber o transplante alguém tem que morrer e depois de entrarmos na lista a UNOS pode demorar anos para nos dar os órgãos - suas esperanças tinham sido destruídas.

– Não mãe, ninguém precisa morrer - aquele era o melhor dia de minha curta vida - posso receber o transplante de alguém vivo!


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