POV LUNA

Quando começaram a aparecer os magos do mal nós corremos. Alice resolveu tomar um caminho diferente, pois queria salvar sua família, e é claro que Diego foi atrás dela (esses dois são tão fofos juntos!). Quase conseguimos escapar, quase, porque o castelo mudava como o labirinto do qual Lucca e Sonya me falaram.

–O que vamos fazer? – perguntei quando chegamos a um beco sem saída.

Os magos do mal estavam chegando mais perto. Lucca começou a atirar bolas de fogo e Sonya pegou sua lança e também lutou. Mas os magos eram muitos. Eu comecei a ficar com medo e um dos magos se aproximava de mim, ele tinha uma espada, ergui minhas mãos sobre o rosto pra me proteger, fechei os olhos com o coração acelerado de medo. Mas nada me atingiu, quando abri os olhos vi que o mago tinha sido congelado, eu o congelei.

–Luna você tem poderes. – lembrou Lucca – Use-os!

Sem nem pensar duas vezes eu usei meus poderes. Eu nunca tinha usado meus poderes, nem sabia que tinha magia, muito menos como usá-la, mas foi realmente fácil. Água saiu de minhas mãos e flutuou rapidamente no rosto dos inimigos. Mas eles continuavam avançando e eu fiz gelo. Foi mesmo espetacular, eu posso atirar bolas de neve, cristais, posso congelar magos! Infelizmente o exército de magos do mal era interminável. Lucca fez uma coluna de fogo, como uma barreira de chamas, entre nós e os magos do mal.

–Lucca, não sei se isso vai funcionar. – falou Sonya.

Ela tinha razão.

–Cadê a professora nessas horas? – perguntei.

Lucca iria falar mal dela, mas a própria apareceu logo depois e fez um show e tanto. Ela era tão rápida com a espada que quase não dava pra vê-la. Ela também ficava se teletransportando dando pouca chance aos magos do mal (deu até pena). E eu fiquei feliz em saber que ela estava do nosso lado.

–Corram! – mandou ela – Por que ficaram parados aí?

–Ora, porque... – Lucca iria dizer que aquele lugar era sem saída, mas quando nos viramos vimos um corredor com uma escada em espiral que levava pra cima – Ah, isso não estava ali antes.

–Vamos! – disse Sonya e nós corremos.

Subimos as escadas em espiral, mas não conseguimos chegar até o final, porque nos últimos degraus nós caímos. Felizmente antes de chegarmos ao chão começamos a flutuar. Abri os olhos e vi que Kai nos levitava. Nos fez descer, e eu corri para abraçá-lo, mas antes de chegar perto dele ele gritou:

–Não chegue perto, afaste-se Luna!

–Por quê? – indaguei.

Ele foi pra trás.

–Meu pai... se você chegar perto de mim vai se machucar. – Kai parecia com dor, ele estava todo machucado e me deu uma dor no coração ao vê-lo assim. – Vão! É só correr em direção àquela porta – ele apontou para uma porta azul no final do corredor (tenho certeza de que ela não estava lá antes) – Passem por ela e encontrem um homem, ele ajudará vocês. Agora vão! Antes que a porta suma!

Corremos para a porta e entramos nela. A porta bateu atrás de nós e nos trancou lá.

–Ah, não acredito que aquele idiota nos enganou e nos trancou aqui! – Reclamou Lucca.

–Primeiro: idiota é quem chama os outros de idiota. – insultei – E segundo: o Kai nunca faria isso com a gente!

–Ele pode ter mentido, você foi seduzida por ele mana!

–Não fale bobagens, até parece! – resmunguei.

–Tá, vamos parar de brincar? Eu não estou enxergando nada aqui. – Sonya acabou com a discussão.

–Calma que eu vou acender fogo. – falou Lucca.

Ele fez uma chama e iluminou o local. Parecia um calabouço, lá tinha um homem encolhido num canto. Lucca iluminou mais e o homem erguei a cabeça. Eu o reconheci.

–Pai?Pai! – exclamei – É você!

Corri para os seus braços, mas Lucca estava chocado ainda.

–Luna? – meu pai perguntou – É você filha! Ah, meu amor! Lucca você também está aqui? Venha!

Lucca também o abraçou.

–Pai! Eu nem acredito que está vivo! Desculpe-me pai,eu não consegui proteger a mamãe, ela está... – Lucca chorou.

–Ah... – papai também chorou silenciosamente – N-não se preocupe filho, sairemos daqui, pelo menos tenho vocês.

–Ah, pai. Está é Sonya – apresentei Sonya ao meu pai.

–Eu sei. Ela foi uma de minhas alunas. – falou meu pai orgulhoso, pelo visto ele gostava muito da Sonya – Muito bem Sonya, desde que vi você soube que teria um grande papel no mundo.

Os dois se abraçaram.

–Que saudades do meu professor favorito. – disse ela.

–E pai, a Sonya é namorada do Lucca agora! – contei.

–Ah, Luna! Que traidora!Isso não é hora de falar dessas coisas! – Revoltou-se Lucca.

–Tudo bem filho, falaremos disso depois de sairmos daqui.

–O quê? Mas... – Lucca ia protestar mas tínhamos de ir.

–Vamos! – dissemos.

Então pai abriu um portal para fora do castelo.

–Vão!

–Mas e você? – perguntamos.

–Eu não posso sair ainda. Derrotem Eidolon, assim poderei sair daqui.

Antes que pudéssemos protestar ele nos empurrou no portal. Aterrissamos em um lago, pelo menos não nos machucamos. Mas o lago era sujo e escuro, se eu não estivesse lá ou não tivesse meus podres talvez Lucca e Sonya tivessem morrido. Eu fiz a água nos atirar para fora, e ficamos no chão tossindo, quer dizer, eu não, porque por incrível que pareça consegui respirar debaixo d’água.

–Que droga! Água, eu odeio água!Principalmente suja! – reclamou Lucca – Que nojo!

–Ainda bem que você está aqui Luna. – agradeceu Sonya – Lucca não sabe nadar.

–E daí? – Lucca ficou corado – Algum problema?E além do mais Luna é minha irmã ela já sabe.

Ri um pouco, então lembramos que estávamos no meio de uma batalha. Vimos o castelo em chamas.

–Será que o fogo se expandiu? – perguntei.

–Provavelmente – concordou Sonya – O que nós vamos fazer agora?Entrar no castelo de novo?

–Não! – negou Lucca – Nem sabemos se vamos conseguir sair de lá de novo! Aquilo é um labirinto!

–Mas Alice e Diego ainda estão lá! – lembrei-o.

–Ah – ele pensou, mas cedeu – Eu vou me arrepender disso depois. Vamos logo!

–Sabia que concordaria! – exclamei.

–Imagina se o mundo estivesse só por conta dele, estaríamos mortos. – brincou Sonya.

–Ei! Não é bem assim! – Lucca mostrou a língua pra ela.

–Quem mostra a língua quer beijo! – provoquei.

–Vamos logo, temos que vencer uma batalha! – Sonya estava vermelha.

Entramos no castelo. Estava uma confusão lá dentro, tinham magos do mal ajudando a gente.

– O que está havendo? – Lucca ficou confuso.

–São os nossos aliados! – respondeu Sonya – Alice os libertou!

–Vamos encontrá-la! – corri mais rápido, estava preocupada com Alice e Diego, e também com Kai e papai.

“Onde será que eles estão?” me perguntei.

Entramos no meio daquela confusão, desviando de golpes de magos e tentando não chamar atenção, claro que não deu certo. Encontramos um beco sem saída, tivemos que lutar, mas não encontrávamos Alice e nem o Diego. Felizmente encontramos o irmão de Alice, ele estava lutando para proteger os seus pais (Que lindo!).

–Onde está sua irmã? – perguntamos.

–Não sei. Ela estava lutando contra Eidolon quando a vi, ela e o namorado dela. – respondeu ele. “Então eles estão mesmo namorando” pensei “Acharam que podiam esconder isso de mim...”

–O que?E ela nem esperou a gente? – perguntaram Sonya e Lucca me tirando de meus pensamentos.

–Vamos, temos que ajudá-los!

Mas antes de chegarmos fomos surpreendidos pelos guardas magos de Eidolon. Eles tinham no mínimo 2 metros e pareciam muito fortes.

–Saiam da frente! – gritou Lucca.

Mas os guardas nos jogaram para trás e caímos. Kai nos segurou e ficamos pendurados numa escada.

–Kai! – gritei com uma voz aguda – Achei que não pudesse nos ajudar.

–E não posso. – afirmou ele.

–Mas então...

A escada estremeceu, estava rachando-se.

–Luna suba, depois corram! – ordenou Kai.

Ele conseguiu me fazer subir e ajudou Sonya também, mas na vez de Lucca subir à escada, a mesma começou a ceder.

–Corram! – gritou Kai.

–Mas... – íamos protestar.

–Vão não se preocupem comigo! – Lucca sorriu – Eu amo vocês!

Então tudo ficou negro, eu gritei enquanto corria com Sonya, sem enxergar nada. Acho que conseguimos sair da escada, pois ouvimos um estrondo e os gritos de Lucca e Kai. A escada havia caído e eles também.

–NÃO! – chorei, desabei no chão em choque, Sonya fez o mesmo.

Estávamos acabadas. Nossos amigos, nossa esperança se foi quando os perdemos. Eu não conseguia me mexer, só chorar e chorar, como se o mundo tivesse acabado. E talvez estivesse mesmo, talvez tivéssemos pedido. “Deve ser por isso que está essa escuridão à nossa volta” pensei. Nada mais importava, perdemos.