Escolha

Sentei-me na cama e olhei o estranho dormir na minha cama. Ele se agarrou em meu travesseiro e o apertou contra seu peito. Levantei uma sobrancelha, ele parecia mais um bebê do que um adolescente. Senti alguém entrar e me virei, vendo Gessi em minha frente instantaneamente, com duas sacolas na mão com o nome de “Pestana”... Estranho. Ela olhou para aquele anjinho que estava deitado ali e deu um leve sorriso malicioso.
_Esse é o garoto?
_Tenha certeza disso.
Ela assentiu. Tirei o travesseiro dele á força enquanto Gessi colocava as sacolas dentro do guarda-roupa. O mesmo abriu os olhos lentamente e viu Gessi e á mim.
_Onde eu estou?
_Onde não deveria estar._Ele pareceu ficar curioso._No meu quarto de hotel mané.
_Ah... É verdade. Essa é a Gessi?
_Sou._A portadora do nome falou e andou até nós, sentando na beirada da cama e tirando as botas de salto-agulha dos pés, sem olhar para nós.
_Ah, e aí? Posso fazer parte da gangue?
Olhamos para ele com a mesma expressão, ao mesmo tempo.
_Gangue?_Gessi perguntou incrédula.
_Brincadeira, brincadeira._Ele disse levantando as mãos.
_Qual o seu nome?
_Lucas, Lucas Hemiut.
_Tá, vou tentar lembrar._Eu disse.
_Pode vir com a gente, vamos precisar de ajuda._Gessi tomou a palavra.
_Minha? Tá, tudo bem.
_Vamos lutar contra isso._Gessi mostrou a foto do vampiro pra ele e o mesmo ficou distante._O que foi?
Lucas não respondeu. Eu não prestei mais atenção àquilo, comecei á me perder em pensamentos. Era quase impossível saber como eu estava.
               
               “E a voz cativante dele me chamou na escuridão”

Era estranho, mas quase sempre eu me encontrava nessa situação. Tudo á minha volta ficava escuro lentamente, meus olhos queriam se fechar.
                    
               “E a escuridão me chamava, queria ir com ela”

A escuridão nos cantos dos meus olhos foi se fechando lentamente, até eu só ver um ponto de luz...
               
               “Mas essa luz vacilante se foi e eu me senti perdida”

Eu estava em uma sala, com um vestido branco, me sentia pesada, queria que meus joelhos tocassem o chão desesperadamente, eu não conseguia me manter em pé.

“Não tenha medo”

Um sussurro foi ouvido por mim e eu me virei, não encontrando ninguém. Era um salão, com duas portas. A primeira estava nas minhas costas, a segunda estava em minha frente.

“Escolha...”

Olhei para as portas novamente. Eram as únicas coisas que havia naquele salão grande, dourado e branco, elegante e delicado. Entendi o significado das portas, mas por que?
_Volte ou siga em frente._Sussurrei para mim mesma. Dei um passo pra trás e a gravidade me deixou mais leve.
“Pelo caminho mais fácil?”

Realmente, ir para trás me deixava mais leve e confiante, não me deixava vacilar. Mas por que aquela pergunta?

      “Vai voltar... Ou seguir em frente? É o caminho mais difícil...”

_Eu tenho escolha._Falei para mim mesma e dei um passo doloroso para frente. Tentei não me importar com a dor._O caminho mais difícil nos trás mais responsabilidades...

           “Mas é o melhor caminho á seguir?”

_Mas normalmente nos traz felicidade também._Dei outro passo para frente._Seguirei em frente.

               “Sim, você é a Taylor que eu conheço...”

Olhei para os lados, procurando o portador daquela voz, mas apenas via as portas.

                “É a Taylor que eu amo”

_Andy..._Sussurrei._Andy, fale comigo._A voz se calou._Fiz minha escolha, vou em frente.
Corri, minhas pernas fraquejavam, á cada passo eu ficava mais pesada. Minha cabeça doía e eu estava enjoada, mas não parei. Queria alcançar aquela porta.

                    “Eu queria seguir em frente”

Minha voz soou em minha cabeça. Cheguei na porta e á abri, voltando ao mundo real. Um enjôo tomou meu estômago e eu corri para o banheiro, fechando a porta e sujando a privada com meu almoço do dia anterior. Quando aquilo parou, me senti fraca novamente e caí. Meu enjôo voltou e eu tentava respirar me segurando na privada.

                    “Seja forte... Você escolheu”

A voz sussurrou novamente e eu soube que seria o ultimo sussurro. Era a voz dele... A voz que eu tanto amava. Ele não estava ali, mas de alguma forma me dava forças. O enjôo terminou e eu lavei meu rosto.
_O que é isto?_Perguntei pra mim mesma.
_Taylor? Fale comigo, TAYLOR?_Era a voz de Gessi na porta, mas eu não tinha forças para falar.
Pus a mão na cabeça e abri a porta, recebendo um abraço caloroso de Gessi.
_Eu não acredito nisso._Ela disse... Nisso o que?