Arton já havia sido mais interessante. Já havia sido mais emocionante.

Já tinha semanas que aquele brilho havia se esvaído. Nem todo calor de Azgher conseguia acabar com a sensação de frio que arrebatava Ethera todas as noites.
Ser aventureira já havia trazido mais glórias. E pensar que sua falta de visão havia condenado seus amigos daquele jeito. Seu amor doentio havia condenado.

Masato morto, Rurik perdido e seu amante aprisionado em algum plano escondido.

Como desejava ser tocada novamente pelo sulfure de pele acobreada que insistia em possuí-la e dominá-la como nunca imaginou que conseguiria ser.

O sulfure que acabou se mostrando um diabo poderoso. O Senhor das Profundezas.
Ingram Baatezu... Susurrava esse nome vezes suficientes para perder as contas.

Ingram.

A noção de tempo se esvaía, e percebeu que não faziam semanas... Faziam anos.
Ainda conseguia ouvir os ruídos da batalha, conseguia ver perfeitamente o samurai sendo desfeito em fogo infernal. Escutava os gritos do jovem clérigo que tanto tentou proteger.

Estava frio como nunca antes.

E agora apenas o arrependimento lhe fazia companhia. O arrependimento de não ter aceitado ser sua serva... Sua esposa... Sua rainha.

O tilintar das correntes que a prendiam soaram ao mesmo tempo que uma lágrima correu livre.

Desejava a morte mais que tudo.
E nunca a teria.

–xXx–

Em Malpetrim apenas a estátua dos três heróis marcava a memória daquele grupo. E abaixo dela, o sumo-sacerdote de Wynna chorava seus prantos, perdido na desesperança de encontrar sua amada maga, sua eterna companheira.