I've got a War in My Mind escrita por Red Lipstick


Capítulo 1
Funeral


Notas iniciais do capítulo

- Eu precisava de qualquer coisa pós "I'M COOK".



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Meu telefone toca pela décima vez no intervalo de meia hora. É o Cook novamente. Tenho culpa por não estar com vontade de falar com ninguém? Tenho culpa de estar fugindo para o apartamento do meu irmão? Porra, o diretor falsificou minhas notas e não tenho cabeça para ficar em Bristol. Não por agora. Tem quatro dias que o Freddie não responde minhas mensagens e nem atende minhas ligações. Eu já estou puta com essa atitude dele. Vou embora por ter cansado de tudo isso. Meu irmão tem um apartamento em Londres e estou indo para lá hoje á noite. O Cook não para de ligar. Decido atender e despachá-lo logo:

― Effy preciso contar uma coisa séria para você.

― Fale logo Cook! Estou sem paciência hoje.

― Isso não pode ser falado por telefone, tem que ser pessoalmente.

― Não me diga que vai dizer que me ama, Cook. Você já sabe a quem meu coração pertence

― Droga, Effy! Só fala onde podemos nos encontrar.

― Venha aqui em casa, idiota. Mas venha logo.

― Estou indo, me espere.

Desligo o celular e resolvo já vestir minha roupa da viagem.

Quando termino de empacotar tudo, escuto uma batida na porta da frente. Estou sozinha em casa, então desço para abrir.

― Oi Effy ― é o Cook.

― Hey Cook, entre. ― Encaminho-me para a sala de estar e ele me segue. Ele não aparenta estar drogado, mas seus olhos estão vermelhos. Tem sangue na sua camiseta.

― Você está machucado? ― Pergunto assim que vejo o sangue.

― Só umas dores nas mãos, fora isso estou ok.

― Então de quem é esse sangue? ― Oh Deus ― O QUE VOCÊ FEZ?

― Eu matei alguém. ― Ele fala se sentando e coloca as mãos na cabeça.

― Matou alguém? Porque? Como assim? Quem?

― Eu não consigo Effy. Por favor me ajude! ― ele me olha implorando. Me agacho na frente dele e coloco minhas mãos nas dele.

― Fala comigo, Cook. Estou aqui com você.

― Ele..ele..ele..Effy eu sinto muito.

― Ele quem? Fala comigo Cook.

― Eu não consigo.

― Vou pegar uma água. Espere um minuto ― levanto-me.

― Não vá Effy! Fique aqui comigo ― ele me puxa para seu lado no sofá.

― Cook se você não me contar o que fez, não posso te ajudar.

― Eu matei o John.

― Quem é John?

― John Foster.

― Foster? O meu Psiquiatra?

― O próprio ― Fico pasma por alguns segundos. Talvez minutos.

― Mas porque você fez isso Cook? O que ele te fez? Você é louco?

― Ele fez uma coisa Effy.

― QUE COISA?

― Ele..ele..ele..

― Não me venha com isso de "ele..ele..ele". Fale logo de uma vez!

― Ele matou o Freddie.

― Que?

― Ele matou meu amigo Effy. E ele ia me matar.

― Que? ― Cook me sacode. Acho que estou paralisada. Não sei.

― Effy? Effy fala comigo. Effy.

― O Freddie está...? Não Cook, você está me enganando.

― Effy eu não brincaria com uma coisa dessa. Por favor, se acalme.

― Cook ― me levanto do sofá.

― Effy.

― Eu quero ficar sozinha.

― Eu não acho uma boa ideia você ficar sozinha.

― Já contou para os outros?

― Não. Pensei de irmos juntos.

― Eu não quero. Quero ficar sozinha. Vá avisar todos.

― Não vou avisar a família dele.

― ELES PRECISAM SER AVISADOS.

― Não, eu acho que não.

― E por que você acha isso?

― Eles pensam que o Freddie fugiu. Já deve ser difícil eles lidarem com isso. Imagina se souberem da verdade.

― Eles vão ficar esperançosos que um dia ele voltará.

― E que assim seja, Effy. Não destruirei a esperança de um pai. Agora se você quiser contar, pode ir.

― Não. Eu não vou.

― Effy voc...

― Tchau Cook. Saia daqui.

― Certo então. Tchau Effy.

Ele sai. Escuto ao longe a porta batendo. Não devia escutar todo esse eco, por estar apenas á alguns metros da porta. Mas escuto. Existe todo esse eco. Me encolho no meio da sala. Freddie não. Ele não.

Não sei quantas horas se passaram. Só sei que escuto vozes perto de mim. Alguém coloca a mão na minha testa. Medindo minha temperatura? Não sei dizer. Sinto dedos no meu pulso e no meu pescoço. Escuto uma voz. Não sei á quem pertence, mas escuto.

― Senti o pulso.

― Effy? Effy? Você está acordada? ― Alguém me levanta do chão e me coloca no sofá. Uma coberta é colocada em cima de mim. Abro meus olhos. Vejo Thommas me segurando no sofá, Pandora perto de mim com um copo de água e Naomi me olhando de perto também. Meus amigos.

― Hey. Tudo bem beba essa água ― Panda estende o braço com o copo. Pego e me sento, ainda encostada no Thommas.

― Obrigada.

Olho mas adiante e vejo Cook, Katie, Emily e JJ na minha sala. Todos estão me olhando.

― O que vocês estão fazendo aqui?

― Viemos te buscar.

― Me buscar porque? Aonde vamos?

― Vamos fazer um funeral simbólico.

― Eu não quero ir.

― Você precisa ir, Effy. Vai ser bom pra você. Um desfecho. ― É a voz do meu irmão Tony. Isso me faz levantar e correr para ele que está na porta da cozinha me olhando também. ― Oh Effy! ― ele me abraça.

― Tony vamos embora.

― Não Effy. Só mais tarde.

― Por favor Tony. Eu não quero.

― Você vai me agradecer depois. Suba com a Pandora. Ela vai te ajudar a tomar banho.

Não respondo. Apenas aceno para a Panda e ela me segue escada acima. Entro no chuveiro sem ajuda.

― Hey Effy.. Como você está? ― Vejo a sombra da Panda se sentando no vaso.

― Como você acha que estou?

― Pelo estado que te encontramos..Nada bem.

― Afinal que dia é hoje?

― Já faz três dias que o Cook nos contou.

― Três dias?

― Sim, achamos que você ficou três dias na sala. Cook falou que você está com a mesma roupa do dia que ele veio aqui. ― Não respondo nada. Apenas deixo a água cair pelo meu corpo.

― Eu realmente não sei dizer como estou.

Panda me ajudou a me vestir e penteou meu cabelo. Descemos para o primeiro andar e todos já estavam saindo de casa.

― Tony você vai comigo, né?

― Sim. Suas malas já estão dentro do meu carro. Quando tudo terminar, já vamos pra Londres. ― Abracei meu irmão, e fomos andando pela rua, junto com meus amigos. Escutava todos fungando durante a caminhada. Cook não tirava seus olhos de mim, olhando de minuto em minuto por cima do ombro.

Chegamos ao centro de Bristol.

― Para onde vamos? Como vai ser feito? ― perguntei para ninguém em particular.

― Vamos para a pista de skate que o Fredds frequentava. E lá vamos falar coisas. ― JJ me respondeu.

― Que coisas?

― Qualquer coisa ― Katie respondeu antes do JJ se quer abrir a boca.

Assenti para ela e continuei andando. Pensei em pedir para ficar apenas acompanhando calada. Mas por fim, decidi falar. Fui organizando meus pensamentos, enquanto todos foram se acomodando em uma das pistas. Me sentei entre Panda e Naomi. Olhei em volta. Meu Freddie ia naquele lugar todos os dias, e eu nunca fui ali com ele. Não tenho uma única lembrança dele andando de skate por essas pistas, mas sinto sua presença.

― Certo. Effy?

― Sim?

― Quer começar? ― JJ me pergunta e ele é o único em pé.

― Não. Pode ir você. Eu prefiro ir por último.

― Tudo bem. ― Ele engole seco e começa.

― Eu sou autista, e em poucos momentos da minha vida, aceitei isso bem. Freddie é meu amigo desde sempre. Eu não tenho como falar uma data ou um dia específico como início de nossa amizade. Freddie sempre me dizia que eu não deveria deixar minha condição ditar a minha personalidade, e eu sempre ignorei ele. Era sempre eu, Freddie e o Cook. E vai ser pra sempre, não é uma morte que vai nos separar. Ele pode não estar aqui, mas eu sei que ele está aqui comigo e com cada um de vocês. ― JJ para chorando descontroladamente. Cook levanta e o abraça. ― Me perdoem pelos pensamentos nada a ver um com o outro.. É só que.. Isso é tão irreal. ― Ambos se sentam. Katie se levanta. Ela fala e fala sem parar. A próxima é a Emily. Ela diz que não era tão próxima assim dele, mas era amiga e que a saudade já é imensa. Thommas é o próximo. Eu estou mergulhada em lágrimas. Não consigo ouvir mais nada. Naomi me prende sentada com seu braço. Assim todos vão falando, até que chega no Cook. Ele se levanta e começa falando olhando diretamente pra mim. Encaro-o de volta.

― Foi amor a primeira vista, Effy. O dele por você. Eu conheço..conhecia o Freddie melhor do que ninguém, e eu sei que ele te amou desde que te viu sentada no banco de carona do carro do seu pai, no nosso primeiro dia de aula. Eu fui um idiota, um burro, em ficar entre vocês. Eu não tenho como pedir desculpas á ele mais. Mas você está aqui, e eu te peço. Desculpas por ter sido um imbecil. Desculpa por ter fodido tudo. Desculpas por ter te amado. ― ele se senta. Sem esperar uma resposta, nem nada. Todos estão nos olhando. Eu estou surpresa. Mas esse não é o momento de pensar em nada. Me levanto e começo:

― Eu nunca me permiti amar. Sempre fui cometendo meus deslizes e seguia bem por ai. Aí eu me apaixonei, e isso ficou realmente muito fodido. Eu posso muito bem me desligar novamente e sair por ai fazendo besteiras, mas eu não consigo tirar esse sentimento de mim. Esse sentimento de amar e ser amada. Freddie morreu por mim. Por causa de mim. É uma montanha russa de emoções, é isso que a porra do amor é. E é por isso, que eu vou fazer de tudo para me recuperar e seguir em frente, pelo meu amor. Pelo meu Freddie.


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Notas finais do capítulo

Ainda choro toda vez que vejo um taco de beisebol. E sim, estou chorando no momento. #Freffy



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