Uma patricinha de outro jeito. escrita por Julie Cristine


Capítulo 4
Capítulo 4




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/554796/chapter/4

– Onde você estava Caroline? – perguntou meu pai quando cheguei a casa.

– Na casa da Patrícia.

– Estranho eu liguei para lá e a mãe dela disse que você não estava lá.

– Não me enche pai. – disse entrando no meu quarto batendo a porta.

– Caroline! – meu pai gritou entrando no meu quarto.

– O que foi? Você não tá vendo que eu não quero falar com você? Agora sai do meu quarto. AGORA!

– Você pensa que é quem para falar assim comigo? – disse meu pai.

– Eu a sua única filha! Que passou dois dias sem falar contigo! Porque você não estava em casa! Aliás, nunca está!

– Caroline eu estava trabalhando.

– CERTO! A única coisa que você sabe fazer. Trabalhar. Trabalhar e mais trabalho.

– É o que nos sustenta filha.

– Mas cadê a família? Eu passo mais tempo fora do que em casa porque eu sempre estou sozinha!

– Ok Caroline. Chega de drama.

– Drama? Você acha que tudo isso é drama? Sai do meu quarto agora. Eu te odeio. Eu quero minha mãe.

Meu pai me olha com cara de quem vai chorar. Mas recobra a forma e sai do meu quarto pisando duro. Coloco o travesseiro no rosto e começo a gritar e chorar. E durmo assim.

Uma mensagem.

É sério? Você está com o Erick Collins?

Como que ela soube. Levantei depressa da cama vesti um short jeans verde e uma regata branca. Peguei o casaco mais próximo e meu celular, a mochila, arrumei um pouco o cabelo e sai correndo de casa.

Liguei para a Patrícia.

– O que foi? – ela disse com voz irritada.

– Como a Chris soube? Você contou para ela?

– Sobre você e o Erick? Toda a escola sabe.

– Você está irritada com o que?

– Fofoqueira Caroline? Fofoqueira? Jura que você falou isso para a Maria? Sua idiota.

– O que? Eu não falei nada!

– Eu já sei de tudo não precisa esconder. Mas da próxima vez me fala o que você acha de min antes certo?

– Mas Patrícia... – ela desligou.

Legal. A Maria invento história minha pra toda a escola! Passei na frente do apartamento do Erick. E entrei. Ele atendeu a porta.

– Oi. – eu disso dando um beijo nele mais ele desviou.

Ele caminha até a sala e se escora na parede. Não me olha nos olhos, fica encarando o chão.

– Erick. O que foi? – digo me aproximando dele.

– É vergonha? Por isso você não contou pra suas amigas sobre nós? – ele diz olhando bem nos meus olhos.

– Não. Não é vergonha Erick. Só achei que nós devíamos ir devagar.

– Devagar. – ele ri – pra você devagar deve ter um sentido bem diferente.

– Não. Não tem. Só é ir devagar!

– Olha eu fui devagar. Não te assustei com a vontade de pedir para namorar com você.

– Eu sei.

– Eu fui devagar Caroline! Que droga. – ele diz andando até o outro lado da sala.

– Nós começamos muito depressa. Eu nem te conhecia direito, mas eu já gostava de você.

– Gostava mas tinha vergonha. – ele disse batendo na parede.

– Que te disse que eu tinha vergonha?

– Chris. Ela me contou que você não havia falado nada pra ela e nem para a Patrícia.

– Eu falei para a Patrícia. Ela sabia.

– De tudo? Não.

– Erick não é vergonha.

– Sai da minha casa Caroline.

– Erick...

Lágrimas já escorriam do meu rosto. Erick caminhou até a porta e a abriu.

– Vai embora.

Peguei minha mochila e sai do apartamento. Quando me virei a porta fechou na minha cara. Coloquei a mão sobre ela:

– Eu te amo Erick. – disse chorando.

Sai do prédio com rímel escorrendo por todo meu rosto. Não tinha condições de ir para a escola. Caminhei por horas pela cidade me arrependendo de tudo.

Do dia em que minha mãe morreu e eu não chorei nada. Do dia em que aceitei me mudar com meu pai. Do dia em que abri o diário dela. Da vez que li que ela queria que eu fosse igual a ela. Do dia em que eu me tornei minha mãe. Quando convidei Erick para sair. Quando disse que odiava meu pai.

Eu estava errada. Além de odiar ter feito tudo isso eu me odeio ainda mais. Erick não é culpado por eu ser desse jeito. Ou não ser. Será que algum dia eu vou poder fazer uma coisa sem querer me parecer com outra pessoa?

Eu olho para o salão de beleza do outro lado da rua. Talvez hoje seja o dia de tomar minhas próprias decisões. Sempre sonhei em ter cabelo curto e mechas.

Tirei um foto antes de corta-lo. Entrei o salão. Estava vazio. Uma cabelereira estava sentada enchendo um balão de ar.

– Bom dia. – disse.

Ela vira e eu vi que o cabelo dela era preto com mechas vermelhas.

– Nossa garota você está horrível.

– Eu sei. Quero cortar meu cabelo.

– Lógico. Isso aqui é um salão. Senta aí.

– Quero pintar ele de azul. Na altura do pescoço.

– Posso dar uma ideia? Deixa eu cortar-lo e fazer de um jeito que você vai adorar.

– Faça como você quiser.

– Eai. Quer me contar o que está acontecendo com você?

Então eu comecei a falar. Desde o começo. Desde a época da Maria. Meus 14 anos ao lado dela. E depois que ela voltou não era a mesma Maria. Contei das minhas amigas. Da minha vergonha de ser inteligente e gostar de ler. Do Erick. Da minha mãe. Da minha vida.

Eu me abri com a cabelereira da esquina. Uma mulher que eu nem conhecia mas que parecia ser me amiga há décadas.

Duas horas pra mais contando de min. Já me sentia mais leve.

– Caroline. Quer um conselho? Não precisa ter vergonha de nada. Você é o que você e manda essas pessoas que querem que você mude para o inferno. Prontinho.

Ela me vira e eu dou de cara com uma garota com cabelo curto na altura do pescoço, mechas pequenas azuis escuras e uma franja de lado.

– Obrigado. Quando deu?

– Pra você? Olha nós estamos no prejuízo. Esse salão ta decaindo. Faço de graça. Viva feliz.

– Obrigado Mia.

Saio do lugar me sentido mais leve. Como se não tivesse só tirado o peso do cabelo mas também o peso do meu coração.

Vou para um bar e peso duas cervejas. O cara primeiro me encara. E depois traz três garrafas. Eu pago e saio com as garrafas na mão e bebendo.

Uma mulher me olha depois que já tomei a garrafa toda.

– O que foi? Nunca me viu? – digo sorrindo para a mulher que sai andando rápido.

Meu celular começa a tocar. É Chris.

– Carol. Onde você está? Tá todo mundo de procurando.

– Todo mundo quem?

– Patrícia. Camila. Erick. Maria. Christopher. E outras pessoas. Estão todos atrás de você até seu pai jpa foi comunicado.

– Erick está aí? Passa para ele.

Andando na calçada com muitas pessoas olhando para min.

– Carol?

– Oi Erick. Tudo bem contigo?

– Carol onde você está?

– Estou na Terra. Ou não.

– Espere você está bêbada?

– Erick. Só quero te dizer uma coisa. Eu te amo.

– Ok Carol onde você está?

– Você é um nerd. Um nerd muito tonto e tímido. Um pateta. Mas eu gosto de você. Eu te amo muito mas você acha que eu tenho vergonha mas eu não tenho.

– Carol...

– Não é vergonha. É mais medo do que as pessoas vão falar.

– Carol não precisa.

– Há vamos deixá-la fazer o que ela quer. – disse Maria mas no fundo.

– Bota no viva-voz. Por favor.

– Pra que?

– Coloca.

– Pronto.

– Maria. Você é uma vadia. Uma tremenda vaca. E adivinha? Eu odeio você.

Chegou a horas dos desabafos:

– O que ela me chamou? – disse Maria.

– Você é uma vaca mentirosa! – eu não estava com raiva e nem chorando, estava rindo. – Patrícia, você não é fofoqueira, eu nunca disse isso. Christopher a Maria só está com você pra me fazer ficar com raiva. Mas adivinha? Eu não estou com raiva. Estou feliz! E você Chris, vai viver com a Maria e para de inventar história. Porque eu não contei tudo sobre min e Erick pra você porque você sim é uma fofoqueira. E vocês que estão todos aí. Eu amo Erick Collins! Eu amo ele desde que ele falou comigo. Quando ele aceitou sair comigo. E eu o beijei! Há! Eu beijei o Erick e agora eu amo ele. E quem acha isso idiota vai pro inferno! Espero que não sintam mas falta de min.

Desliguei e bebi mais uma garrafa de cerveja. Fui para casa. Fiz uma mala com uma mochila peguei uma grana e meu cartão de crédito e fugi de casa. Peguei o ônibus e fui para uma cidade no interior.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma patricinha de outro jeito." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.