O manual de sobrevivência de Havena Carry escrita por CherryBomb
“Uma vez ouvi dizer que o ensino médio seria um dos melhores anos da vida. Posso lhe afirmar que é mentira. Isto se chama ficção. A realidade é, sou antissocial, antipática, mal humorada, me irrito facilmente, não tenho paciência e mais, trocaria meu círculo social por um chalé cheio de livros e com muita neve. As vezes me perguntam porque prefiro ler à conversar. Simples. O livro te entende e te conforta, mas não te enche o saco com perguntas idiotas e desnecessárias. Bom, meu nome é Have Carry, tenho 17 anos de merda e curso infelizmente o terceiro ano do ensino médio”.
– Mas o que seria isto?
– Uma biografia, quem sabe?
– Sente-se senhorita Carry, precisamos conversar.
– Não, sério, agradeço o seu interesse, mas não quero conversar.
– Sente-se agora, por favor.
– Olhe, eu faço outro texto, dessa vez com unicórnios coloridos, gosta de unicórnios? Eu posso fazê-los na beirada da folha e pintá-los..
– Carry, não estou brincando, coopere.
Foram os 5 minutos mais estranhos da minha semana. Nunca me imaginei nesta situação.
– Quero que seja sincera.
– Hmm.
– Por acaso está depressiva?
– É.. não
– Senti alguma dor, alguma perda talvez?
– Ah, não
– Tem alguém abusando ou torturando você de alguma forma?
– Pelo amor de deus, não.
– Já pensou em suicídio?
– Chega ok? Paramos por aqui.
– Responda Carry
– Sinceramente?
– Sim
– E se? Qual seu problema com isso? A droga da vida é minha. Não é você que prega a droga de liberdade de expressão?! Não tem nada a ver com isso.
Bato com tanta força na mesa, que a faço balançar.
Detenção.
Esta não é minha primeira vez na detenção. Já estive algumas vezes, porém em outra escola. Nunca fui comportada, mas tento, muito, não chamar atenção, em todos os sentidos.
– Entre Havena Carry.
Se comporte, por favor, por favor, você não precisa de mais problemas. Seja a mais simpática possível.
– Olá
– Batendo com força na mesa, gritando com o professor Havena? Você nunca demonstrou esse tipo de comportamento agressivo e...
– Porque nunca fui importunada dessa forma.
– Como?
– Shane, me fez perguntas pessoais, não quero tratar de assuntos pessoais com ele, e com ninguém.
– Ele me mostrou isto. Levantou a biografia e a jogou na mesa, como se dissesse: “esta é a minha carta na manga”.
– Já disse que farei outra. Só quero ir para casa, será que posso?
– Pode, porém vou encaminha-la para a psicóloga da escola.
O que? Psicóloga?
– O que? Não. Quer dizer, não há necessidade, estou ótima.
– Carry, serão apenas algumas semanas, faça e me prove que está ótima.
Tom de sarcasmo. Só é bom quando eu uso.
– Ótimo. Pode deixar que provarei para o senhor. Disse enquanto me levantava da cadeira e colocava a mochila sobre os ombros.
– Todos os dias, 15 às 16 horas. Começando por hoje. Não se atrase ou falte.
Tudo que eu mais precisava era perder minhas preciosas tardes em uma consulta à psicóloga. Ótimo, provarei para aquele velho que estou e sou perfeitamente normal. Shane vai engolir toda aquela insolência, nem que eu mesma tenha de fazê-lo.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Bom este é o primeiro capítulo, espero que tenham gostado!