Crianças escrita por Mlle Abrial


Capítulo 1
Nostalgia.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Seus olhos viajavam olhando para a janela do ônibus. Crianças são realmente puras, com seus brinquedos de plástico e bonecas de pano. Eu realmente gostaria de voltar a ser uma! Aí poderia andar pela rua sem me preocupar com aparência, correr por aí sem dar importância para os comentários de estranhos que jamasi verei na vida. Virar adulta é algo realmente difícil e que não queria, mas uma hora temos de amadurecer.
Lembro-me como se fosse ontem do dia em que fugi de casa. Eu era tão ingênua que peguei o trem e fui para a casa de minha avó apenas tentando assistir televisão. Minha mãe era o tipo de pessoa que não deixa seus filhos fazerem nada, mesmo assim ainda tenho enorme afeto por ela. E isto não me fez maltratá-la ou algo do tipo após sua velhice, muito pelo contrário.
— Escute, mamãe. O mundo está perigoso, então olhe bem em quem acreditar — disse, preocupada. — Já és uma senhora de seus sessenta e poucos anos.
Ela sempre fazia careta e saía, enquanto eu ficava com uma expressão maternal. Lembro bem quando era o contrário. Minha mãe dizia para não conversar com estranhos e não aceitar balas... Envelhecer é o mesmo que voltar a ser criança, de certa forma. Conheço bem idosos, adoro cuidar deles. É como preparar-se para sua própria velhice. Às vezes me pego pensando se já amadureci suficiente para comentar sobre coisas chatas de adultos. Afinal, mesmo que tenha tamanho, falta-me capacidade para compreender a maioria dos pontos de vista. E não para por aí, também sou péssima em expôr minha opinião. Talvez seja uma loucura inexplicável, ou até mesmo egoísmo da minha parte.
Queria ser uma garotinha novamente e voltar para a escola! Antes eu reclamava e dizia que queria o mais rápido possível virar adulto, no entanto, não existe nada pior. Estudar era fácil se comparado ao meu trabalho! Sinto enorme falta de não ter aproveitado o estudo que meus pais ofereciam. Não era dos melhores, porém servia para algo. Ah, arrependimentos.
— Ei, mamãe. Sobre o que está pensando? — indagou minha filha caçúla, sentando-se ao meu lado.
— Coisas de adulto, Calissa — respondi, não dando tanta importância. — Crianças não entendem.
— Mas, mãe! Já tenho idade para entender, diga-me! — exclamou, um tanto emburrada.
Lembrei de mim, quando mamãe dizia que era aldo de adulto. Eu simplesmente saía bufando da sala, enquanto chutava minha sandália de um lado para o outro. Meu pai sempre acabava entrando no meu quarto de fininho e contando-me o que era.
— Estava refletindo sobre a infância, pequena. — disse, acariciando seus cabelos.
Vi seu rosto iluminar. Um sorriso meigo estava esboçado e isto me fez rir brevemente.
— Mamãe pensa demais na infância. A sua foi divertida?
— Claro, Calissa. Sua avó foi uma ótima mãe e sempre acompanhou meu crescimento, querendo o melhor para mim. Assim como quero para ti.
Calissa era esperta demais para uma garota de seis anos e eu adorava suas indagações. Caterina, por outro lado...
— Mas, mamãe... Por que você gosta de falar a respeito disto?
— Porque é algo nostálgico.
— O que é nostálgico?
— Que traz saudade.
— E por quê? — indagou Caterina, prestes a deixar-me louca.
Ela era curiosa ao extremo e geralmente resolvia tudo por si só. Lembra bastante o pai. Já Calissa é mais quieta e costuma pedir bastante ajuda... Bem, mesmo que não queira admitir, isso é mais eu do que ele.
E assim terminei de escrever o primeiro texto que fiz sobre minhas filhas. Atualmente estão crescidas, uma com vinte e cinco e outra com vinte e seis. Cresceram muito bem e acabam cuidando de mim algumas vezes, já que não tenho mais forças para levantar da cama sem ajuda da cadeira de rodas ou alguém. Logo eu, que nunca parava de andar!


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Notas finais do capítulo

Baseada em tudo que escutei até agora de mães que "paparicam" seus filhos. ♥



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