Opostos escrita por Bellice


Capítulo 8
Leveza.


Notas iniciais do capítulo

Meninas, muito obrigada pela compreensão e paciência. Eu fiquei tão feliz com os comentários de vocês que voltei rapinho com um capítulo bem grande!
Boa leitura.



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Capítulo VIII – Leveza


“Que tudo seja leve de tal forma que o tempo nunca leve”.

Alice Ruiz.

 

Ponto de vista por Isabella Swan


Acordei sentindo o calor e a claridade do sol sobre meu rosto. As janelas de meu apartamento estavam com as cortinas abertas, o que fazia com que a luz solar entrasse por todo o pequeno espaço. Era uma das coisas que eu gostava ali: apesar de ser pequeno, a iluminação era perfeita, aconchegante. Demorei para raciocinar que, se a luz do sol estava batendo em meu rosto, eu me encontrava na sala, mais precisamente em meu sofá.

Assustei-me ao ver Edward ao meu lado, dormindo no meu minúsculo sofá. A noite anterior veio em flashes na minha cabeça: a pizza, o filme, o choro de Edward pelo filme, nossa troca de carícias e, por fim, imagino, o sono.

Meu coração se encheu de ternura ao vê-lo ali, tão perto de mim. Foi impossível conter o sorriso que dançou em meus lábios ao observá-lo dormir tão sereno. Talvez eu estivesse me apaixonando por ele – o que não era nem um pouco adequado. Eu já havia namorado antes, mas todos os meus relacionamentos, que foram poucos, tinham durado semanas ou no máximo meses; nunca tive nada muito sério e, com certeza, nunca senti metade das sensações que vivia com Edward. E isso que nós nem havíamos nos beijado! Eu sentia que nossa conexão ia além do contato físico, era algo quase como de outras vidas. Ele me entendia, eu o compreendia. Nossas histórias, apesar de opostas, eram similares. Com as nossas diferenças, nos encaixávamos. Será que ele tinha essa mesma percepção, ou eu estava delirando?

Eu levei minha mão aos seus cabelos, depositando neles um afago contínuo, delicadamente, repetindo o gesto da noite passada. Edward soltou um som parecido com “hmm”, o que eu encarei como aprovação. Eu deveria acordá-lo? Talvez ele tivesse outros compromissos. No entanto, não estava pronta para dizer-lhe adeus. Parecia que tínhamos sempre algo para conversar, o que era maravilhoso, ao menos para mim.

— Edward? –Chamei-o. Ele se remexeu um pouco, mas aparentemente meu chamado não havia sido o suficiente para que ele despertasse. –Edward? –Tentei novamente, dessa vez mais alto. Meu professor favorito finalmente abriu seus olhos, lentamente. Meu coração acelerou ao ver a cor clara e profunda deles e eu sorri, feliz por vê-lo acordado.

—Bom dia.

—Bom dia, Isabella. –Ele me lançou um sorriso torto lindo, cujo qual foi impossível não retribuir. Eu não fazia ideia do que estava acontecendo entre nós, mas estava adorando.

—São 10h. Acho que dormimos demais, e no sofá ainda. –Lamentei. Eu sentia minhas costas doerem levemente; sabia que as dele deveriam estar da mesma forma.

—Ah, você tem algum compromisso para hoje? Estou atrapalhando algo?

—Não! –Falei rápido demais. –Quer dizer, eu não tenho planos para o fim de semana. E você?

—Sinceramente, acho que eu tinha, mas não consigo me lembrar qual era. Aliás, nem quero, com você aqui.

Senti minhas bochechas ruborizarem. Ele estava me lançando algumas cantadas, ou eu estava vendo coisas onde não existem? Eu esperava que a primeira suposição estivesse correta.

—Vou preparar um café da manhã para a gente. Se você quiser, tem uma escova de dentes nova na primeira gaveta da minha pia, assim como toalhas de banho limpas na segunda.

—Irei aceitar, se não for muito abuso de minha parte.

—Claro que não.

Levantei-me, finalmente, do sofá, e fui preparar algumas panquecas, ovos e café. Edward também se levantou, indo direto para meu banheiro. Eu não tinha ideia que me sentiria tão à vontade com alguém que conhecera há pouco tempo, mas era ótimo. Na companhia de Edward, eu não me sentia tão sozinha. E nem era no sentido romântico da coisa – embora eu quisesse que um dia fosse – mas sim no sentido de ter alguém com quem contar, conversar, desabafar, rir, chorar...

Rapidamente, preparei ovos mexidos e panquecas de chocolate. Eu não sabia se Edward gostava de panquecas de chocolate, mas eram as únicas que eu sabia fazer; a salgada sempre ficava sem gosto algum. O cheiro de café passado já dominava toda a cozinha quando Edward saiu do banheiro, cheiroso, de banho tomado e extremamente lindo e atraente. Eu quis beijá-lo naquele momento, mas me contive.

—O seu café da manhã cheira deliciosamente bem, Isabella.

—Eu posso dizer o mesmo sobre você, professor. –Jesus, eu juro que gostaria de ter falado aquilo apenas mentalmente, mas meu cérebro me pregou uma peça e fez questão de externalizar meus pensamentos. Senti minha face quente, com certeza eu estava muito vermelha por conta desse comentário inapropriado.

Edward soltou uma risada alta e gostosa. Eu não sabia se ele estava rindo do que eu disse, da minha cara envergonhada ou de ambas as coisas. Eu nunca mais conseguiria olhar para ele. Certo, isso era uma mentira. Ele era muito bonito e charmoso para eu nunca mais ficar admirando-o discretamente.

—Hmm. –Ele pareceu pensar em alguma coisa, ao mesmo tempo que foi se aproximando de mim. Meu corpo estava encostado na bancada da cozinha e Edward, agora, estava à minha frente, a poucos centímetros de distância. Meu coração começou a acelerar e eu fechei meus olhos sentindo seu cheiro misturado ao cheiro de banho tomado bem mais forte agora. Meu Deus, aquele homem não possuía defeitos? Eu, pelo menos, não conseguira descobrir nenhum. –Sabe, eu também acho você muito cheirosa, Isabella. Você cheira a flores e isso é muito tentador. –Edward aproximou seu rosto da curvatura do meu pescoço; ele passou sutilmente a ponta de seu nariz por meu pescoço, antes de deixar beijos molhados e demorados pela região. Eu me arrepiei toda sentindo seu toque, aquilo era incrível.

Minhas mãos, que antes estavam rentes ao meu corpo, entrelaçaram-se na nuca de Edward, puxando-o para mais perto de mim e fazendo com que ele me olhasse. Seus olhos estavam um pouco mais escuros do que o normal e foi ótimo saber que ele me desejava. Eu estreitei a distância entre nossas bocas, colando a minha à dele. Suas mãos foram para a minha cintura e ele retribuiu o beijo, aprofundando-o mais.

Um barulho estridente começou a soar próximo de nós, atrapalhando o momento. Descobri que se tratava do celular de Edward; antes de nos separar, meu professor favorito deposito um selinho em meus lábios e dois beijos em minhas bochechas. Eu sorri, feliz por seu carinho e atenção. Por algum motivo estranho, não estava mais constrangida com a situação.

—Você deveria atender. –Eu falei em seguida, não querendo que ele ficasse inseguro sobre atender ou não sua ligação. Poderia ser importante, certo?

—Alô? –Ele finalmente tirou o aparelho do bolso e atendeu. A sua mão que continuava livre mexia em meu cabelo, fazendo um carinho delicado. Ele não havia se afastado de mim, apenas o suficiente para que pudesse segurar o telefone. –Desculpe, eu realmente esqueci. Nosso almoço não poderia virar um jantar?

Ah, droga. Edward, então, tinha um compromisso hoje e eu estava o atrapalhando. Será que ele havia marcado um encontro, será que ele tinha alguém, uma ficante, namorada, esposa? Edward se envolveria comigo sendo comprometido? Eu achava que não, mas minha insegurança fazia com que eu ficasse na dúvda.

—Certo, nos vemos à noite então. Também te amo. –Ele sorriu ao pronunciar aquelas palavras, transparecendo muito afeto em sua voz. Eu quis morrer de tanta inveja que estava sentindo: quem dera aquele amor todo fosse direcionado a mim... Meu professor charmoso realmente tinha outra pessoa? Eu não podia acreditar.

Assim que ele desligou, lembrei que o café estava esfriando; além do mais, estava ansiosa para que ele provasse minhas panquecas doces. Geralmente, as pessoas não gostavam muito, não por ter gosto ruim, mas sim por não combinarem com os ovos pela manhã; eu sabia disso e achava bom, pois para mim era como se ela fosse uma sobremesa do café da manhã, enquanto os ovos mexidos eram o prato principal.

—Vamos, você precisa dizer se o cheiro é compatível com o gosto. – No momento que disse isso, me arrependi; esperava muito que ele não percebesse o duplo sentido impensado na frase. Ele soltou uma risada maliciosa.

—Eu adoraria provar, Isabella.

Engoli em seco e sinalizei para que se sentasse à mesa. Coloquei sobre esta os ovos em uma travessa e as panquecas em outra.

—Como você gosta do café? Preto ou com leite?

—Preto, por favor. –Assenti, servindo sua xícara. –Não é necessário açúcar, obrigada.

Fiz uma careta com sua resposta. Como alguém conseguia tomar café sem açúcar? O gosto do café adoçado já era amargo, sem então, ele ficava quase insuportável. Decidi guardar este comentário para mim e sentei ao seu lado, servindo-me em seguida.

—Bem, eu só fiz ovos e panquecas, mas espero que goste. A panqueca é de chocolate, muita gente não gosta porque não combina com os ovos por ser doce, mas eu adoro.

Nós comemos os ovos e tomamos nosso café falando amenidades: ele me contou um pouco seu trabalho e sua vontade de fazer um mestrado e doutorado para poder dar aulas em universidades. Contudo, ele não queria largar a educação básica, queria apenas conciliar as duas. Achei bonita a sua decisão, além de ter me identificado. Eu também queria dar aulas na escola regular e, quem sabe, em um futuro bem distante, ministrar aulas de literatura na universidade. Seria maravilhoso, como um sonho para mim. Eu mostraria à minha mãe e irmã o quanto elas estavam erradas sobre mim, e como eu conseguia, sim, me virar sozinha. Sei que de onde meu pai estivesse, ele estava me acompanhando e torcendo por mim, e isso me ajudava a prosseguir.

Perdida em meus pensamentos, nem havia percebido que Edward já comia minhas panquecas. Ele parecia estar gostando, e minha impressão se confirmou ao ouvi-lo dizer:

—Nossa, Bella, isso aqui está ótimo demais. Eu virei fã, sempre que vier aqui vou querer comê-las.

Meu coração se aqueceu com seus elogios e promessa. Então, ele tinha vontade de continuar me vendo?

—Sempre que você quiser, é só pedir. –Disse. Não me referia apenas às panquecas. –Então... –Finalmente tomei coragem. –Atrapalhei seu compromisso de hoje?

—Bem, não exatamente. Eu havia marcado um compromisso com minha família, na verdade, meus tios que eu lhe disse que me apoiaram depois que meus pais me deram às costas. Uma vez por mês eu passo na casa deles para almoçar por lá, mas esqueci que eu tinha marcado isto justamente hoje. Contudo, não podem me culpar, não é?

—Por quê?

—Eu me distraí com algo, ou melhor, alguém, muito interessante. –Fiquei envergonhada com seu elogio. Edward estava flertando comigo há dias, eu percebia isso claramente agora. Fiquei feliz por ele não estar enganando uma namorada ou coisa do tipo.

—Eu, interessante? Por favor, professor. Você é encantador em todos os sentidos, eu não consigo descobrir nem um mísero defeito em você. Isso é injusto, sabia? –Repliquei sua cantada em forma de elogio. Ele sorriu torto para mim e eu juro que queria emoldurar aquele sorriso.

—Então estamos quites, porque eu também não consigo ver nada que me desagrade na mulher linda e maravilhosa à minha frente.

Eu desisto, vou tentar parar de ficar constrangida com todos os elogios que esse homem me faz. Ele me elogiou mais em uma semana do que minha família uma vida inteira.

—Na verdade, eu sei um defeito sobre você, sim.

—E qual seria, Srta. Swan? –Ele perguntou, parecendo cético.

—Você gosta de matemática. –Fiz uma careta. –Só pode ser louco, sabe? Todos aqueles números... Não fazem sentido algum. –Brinquei.

—Sabe o que não faz sentido? –Ele perguntou de forma enigmática, levantando de sua cadeira e me puxando para também ficar de pé. Assim que repeti sua ação, ele me abraçou. Eu recostei minha cabeça em seu peito e envolvi meus braços por sua cintura, apreciando o momento.

—O quê?

—Como eu posso estar gostando tanto de você em tão pouco tempo. Não que eu esteja reclamando, no entanto. –Ele sussurrou aquelas palavras em meu ouvido e, novamente, um arrepio percorreu meu corpo todo. Eu sorri, emocionada com suas palavras.

—Eu também estou gostando de você, Edward. É como se eu o conhecesse a vida toda, sinto que posso contar com você para tudo, porque você, nós, nos entendemos tão bem...

—Sim, é verdade. Só fico triste de não ter lhe conhecido antes. A minha vida é muito mais feliz desde aquele dia chuvoso em que buscou a Claire na escola, sabia? –Eu assenti.

—É recíproco. Você torna tudo mais leve e colorido, Edward.

Mais uma vez naquela manhã – agora quase tarde – nos beijamos; sem pressa, sem segundas intenções. Apenas nos beijamos, desfrutando daquele sentimento novo e mágico. Todas as manhãs de sábado poderiam ser assim, de verdade.

Quando nos afastamos, recolhi a louça suja, coloquei na pia e comecei a lavá-las; Edward me ajudou secando os pratos, xícaras e talheres. Era surreal o quanto até mesmo o silêncio compartilhado com Edward, enquanto fazíamos uma coisa tão simples, era calmo, tranquilo, harmonioso. Eu me sentia bem, muito bem ao lado dele. E, pelo visto, ele sentia o mesmo. Certamente alguma coisa de bom eu fiz na vida, para merecer um anjo desses nela.

—O que você acha de irmos ao Central Park fazer um piquenique hoje à tarde? Assim, nós poderíamos aproveitar esse belo dia de sol.

—Eu ia adorar! –Comentei, empolgada. Fazia tempo que eu não ia ao parque, estava sempre tão preocupada com o estágio, com a faculdade, com as contas, com a Claire, com a minha mãe, com a limpeza da casa... Que acabava não aproveitando momentos por desperdiçá-los com excessivas preocupações.

Antes de irmos, dei uma leve arrumada na casa. Peguei uma cesta antiga de vime que eu possuía e coloquei algumas frutas apenas; seria necessário passarmos em um mercado para comprarmos algo para beber e comer. Lembrei-me de pegar um livro para ler, eu adorava desfrutar de uma boa literatura ao sol. Estava lendo “O livro dos abraços”, do Eduardo Galeano. Tomei um banho, escolhi uma roupa simples, própria para ir ao parque e, finalmente, estava pronta. Edward estava sentado em meu sofá, zapeando pelos canais.

Não sei o motivo, mas eu estava tão feliz e leve, que antes que eu pudesse pensar no que estava fazendo, joguei-me em cima de Edward no sofá. Ele parecia assustado no início, já que estava distraído enquanto me esperava, mas logo seu susto passou para surpresa e da surpresa para aprovação. Eu estava sentada em seu colo, com os braços novamente entrelaçados em sua nuca e com a boca muito próxima da sua.

—Estou pronta. –Sussurrei.

—Estou vendo, Isabella. Pronta e linda.

Edward me beijou novamente e eu quase sugeri que ficássemos em casa, na minha cama, deitados e aproveitando esse sentimento que eu ainda não sabia definir, mas já gostava tanto da sensação. Contudo, levantamo-nos e saímos de meu apartamento. Afinal, aproveitar o sol era sempre bom, ainda mais bem acompanhada.

(...)

—O que é que você está lendo agora? – Edward perguntou com genuína curiosidade ao ver que eu havia levado um livro. Estávamos sentados na grama, embaixo de uma árvore do Central Park.

—Bem, é um livro muito interessante que se chama “O livro dos abraços”, de um escritor uruguaio chamado Eduardo Galeano. Ele não é composto por um texto inteiro em prosa, mas também não chega a ser poesias, crônicas nem contos, apesar de ter aqui um compilado de textos sobre memória, vida... Teve um que achei muito bonito, você quer ler?

—Eu prefiro que você leia para mim, linda.

Fiquei empolgada. Quando eu era mais nova, minha mãe nunca gostou muito que eu lesse, nem gostava de ler para mim. Ela dizia que aquilo era perda de tempo. Raramente, antes de Charlie morrer, ele lia para mim, mas seu trabalho ocupava muito de seu tempo, então era mesmo raro isso acontecer.

Procurei pelo texto que se intitulava “O mundo”, e comecei a ler em voz alta, para que Edward também ouvisse:

“Um homem da aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus. Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas.

— O mundo é isso – revelou. – Um montão de gente, um mar de fogueirinhas. Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam, nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo”.

—Esse é um dos meus textos favoritos, mesmo que seja curto, porque ele descreve exatamente como eu penso que é a vida: muitas pessoas que, apesar de parecerem todas iguais de longe, são únicas, cada qual com seu jeito, com seus defeitos, qualidades e talentos; algumas dessas pessoas vão entrar na nossa vida e sairão indiferentes, mas algumas poucas vão clarear toda a sua vida. –Olhei para Edward com um sorriso bobo nos lábios, querendo que ele soubesse, mesmo sem eu precisar dizer, que ele estava no grupo de pessoas que iluminavam a minha vida, sem dúvidas. –O mais bonito de tudo é ver que no texto ele aceita que as pessoas são diferentes, portanto, farão coisas diferentes, traçarão seus próprios caminhos. Muitos problemas na vida seriam evitados se as pessoas simplesmente parassem de jogar suas expectativas em cima das outras pessoas que estão à sua volta. –Sim, era uma indireta à minha mãe.

—Sabe que eu pensei a mesma coisa enquanto ouvia você ler? Adorei também esse texto, com certeza comprarei um exemplar para ler os demais. Eu acho tão bonito como algumas pessoas conseguem transformar uma coisa simples em algo tão significativo e extraordinário, sabe? O cara podia muito bem falar “as pessoas são diferentes, ok?”, mas não, foi todo poético e causou muito mais impacto. Eu sou objetivo e não tenho essa vocação, por isso amo números, contudo, não deixo admirar quem consegue. Você também escreve, Bella?

— Escrevo, mas isso não quer dizer que seja bom. –Eu sabia que não escrevia muito bem, mas continuava escrevendo por ser um hobby, uma fuga da realidade, não era como se eu quisesse fazer aquilo profissionalmente, afinal.

—Eu duvido muito que não seja ótimo. Vai me mostrar um dia?

—Talvez. –Respondi sem graça. Nunca havia mostrado meus escritos para ninguém.

— Vou esperar ansioso. – Edward me deu um beijo e nos deitamos aconchegados na grama do parque. O sol chegava até nós indiretamente, pois a sombra da árvore não o deixava insuportavelmente quente. O leve vento fresco que batia em nós, junto com o quentinho gostoso do sol e o barulho dos pássaros cantando deixavam o local e o momento simplesmente perfeitos, ainda mais quando este acontecia com Edward ao meu lado.

Ficamos ali por um longo tempo, às vezes conversando sobre amenidades, outras não falando nada; decidimos ir embora quando o sol já não se fazia mais presente. Estava chegando o momento de me despedir de meu professor favorito, ao menos por este fim de semana.

— Vou sentir sua falta, é ótimo passar tempo com você, Edward. – Confessei.

— Eu também adoro estar em sua companhia, Bella. – Nós entramos em seu carro para voltarmos às nossas casas. Edward me olhou por um bom tempo, ele estava imóvel, apenas olhando para mim. Eu sustentei seu olhar e também o admirei. Tudo parecia um sonho para mim, como se tudo isso que estou vivendo fosse um romance saído de um livro maravilhoso. Ele suspirou frustrado e eu o encarei interrogativa. Mas por que ele havia ficado assim de uma hora para a outra?

— Talvez seja impensado, precipitado e até meio louco e exagerado, Isabella, mas eu não quero passar a noite de sábado sozinho, não quando não tenho nem ao menos um compromisso que me impeça de estar ao lado de quem eu quero, ao lado de você.

— Mas e o seu compromisso com sua família? Edward, você não pode faltar, eles...

—Eu não vou faltar. – Ele me interrompeu, falando como se fosse o óbvio. –Eu quero que você vá comigo.

Eu o olhei sem acreditar no que ele dizia. Ele queria que eu conhecesse seus tios quase pais para ele? Por quê? Edward tinha razão, era precipitado. Como eu seria apresentada à sua família? Como eu me sentiria conversando com completos estranhos?

Eu queria passar a noite de sábado sem Edward? Não. Eu queria conhecer seus tios? Talvez, mas não hoje. O lado racional me dizia para negar o convite, enquanto o passional me dizia para ir sim, me jogar com tudo sim.

— Tudo bem, eu vou.  – Consegui dizer, finalmente. Parece que eu estava mesmo deixando meus sentimentos me guiarem. Eu só esperava não me arrepender de tudo.

Sinceramente, eu duvidava muito que me arrependeria. Nada poderia ser ruim com Edward por perto, pelo contrário: o pesado se tornava leve, o cinza virava colorido e a solidão transformava-se em companheirismo. Eu não podia estar mais feliz, independente do tempo que toda essa loucura durasse.

 


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Acham precipitado também esse encontro? Hahahah
Me digam nos comentários, por favor, não sejam leitoras fantasmas, as palavras de vocês alegram meu dia!
Bom final de semana.



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