REYNA SONHOU COM ELE novamente.

Primeiro lembrou das palavras de Vênus.

"Ele não será um semideus, mortal ou deus..."

Um garoto com aparência basicamente de 17 anos apareceu em seus sonhos pela terceira vez naquela semana, com fios negros caíndo pelo olhos e uma mecha ruiva se destacando, sua pele pálida intocável, seu corpo musculoso mas não exagerado, seu rosto perfeito, lábios rosados e seus olhos....

E que olhos...

Não pareciam ter uma cor exata, eram azuis no começo, mas mudavam para castanhos e depois para laranja, depois ficavam cinzentos e voltaram a ficar azuis.

Reyna se perdeu naqueles olhos, mesmo dormindo, parecia que nada mais importava, apenas... Ele.

"... não será um semideus..."

Com certeza ele não parecia um semideus, ou mortal, ou deus... Era mais que isso, era belo demais, era maravilhoso demais, era bom demais para ser real.

Um barulho ecoou na escuridão perto do jovem...

O garoto olhou ao redor assustado, uma fumaça negra começou a contorna-lo, em seus olhos estava um terror que Reyna acreditava não conhecer.

– Não, por favor... Não! – ele gritou quando as trevas se aproximavam, o horror em sua voz angelical era perceptível de longe, sua mão entrou em chamas, alaranjadas que tremeluziam fortemente se alongando ao céu sem estrelas ou qualquer luz, as chamas iluminaram a massa de trevas, ela era muito mais assustadora do que parecia.

Ele se concentrou e todo o seu corpo ficou dentro de uma massa alaranjada de fogo, a fumaça se retesou, mas voltou a se juntar em torno dele novamente.

– Não! – o fogo se apagou e ele foi consumido. Em meio as nuvens negras, Reyna o viu, seus olhos estavam negros, seus fios avermelhados como sangue, e ele a encarou. – Ajude-me.

Reyna acordou sobressaltada, estava totalmente suada, percebeu que havia dormido em um banco perto de Nova Roma, sua cabeça latejava e estava com uma marca de quem havia dormido mal estampada no rosto.

– Não posso te ajudar, não sei como fazer isso. – sussurrou para o céu estrelado, esperando que ele entende-se, Reyna se levantou e pegou o caminho mais rápido para seu quarto.

Encontrou uma rosa vermelha no chão, pegou-a com cuidado para não tocar em nenhum espinho, e viu sua verdadeira beleza, ela era muito vermelha, um tom vivo, que chegava a brilhar com a luz da lua, seu talo estava com poucos espinhos na verdade, e tinha uma folha verde cheia de vida presa nele.

Era incrível como a rosa parecia tão viva mesmo aparentando estar no chão por tanto tempo...

A rosa começou a aparentar que puxava Reyna para cima, ela parecia tentar escapar de suas mãos, mas a garota continuou segurando, a rosa puxou tão forte que rasgou seu dedo em um espinho, soltou a flor gemendo de dor e cobrindo o dedo com o tecido de sua bata.

Em vez dela cair como aconteceria normalmente, a flor começou a flutuar delicadamente até ficar na altura de seus olhos, foi quando percebeu um bilhete amarrado em seu talo, tocou nele com medo de se arranhar novamente, desamarrou o bilhete e o abriu.

"Ajude-me."

Não podia acreditar, no bilhete estava aquela palavra.

"Ajude-me"

Então ela entendeu.

"Ele não será semideus, mortal ou deus."

Vênus estava certa, ele não era isso, ele era muito mais.

Ele precisava de sua ajuda, e ela faria isso, mesmo que tivesse que trair as tradições, trair o acampamento, trair Jason, trair os deuses, deixar de ser pretora, ela faria isso pelo bem maior.

Faria isso em nome do Amor e da Morte.

Faria isso em nome da Justiça.

Faria isso em nome de Áiron.

Estaria se encontrando com ele ao amanhecer.