Sun Shy escrita por River Herondale


Capítulo 3
Tell everyone


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, e desculpe qualquer errinho :)



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Não demorou muito para que os curiosos do Acampamento Meio Sangue notassem que Nico di Angelo andava por aí com um novo anel no dedo.

Ninguém se importaria se fosse qualquer outro tipo de anel, mas aquele era simplesmente o anel com o símbolo de Apolo. Havia deuses mais contrastes que Apolo e Hades? Não, impossível. E Nico nem ligava com os olhares. Quando ele ficava inseguro bastava olhar para seu dedo e lembrar do sorriso de Will que todo seu medo ia embora. Will era o raio de sol da manhã que nos promete um novo dia, uma nova chance. Nico finalmente estava tendo uma chance de viver por conta própria.

Era difícil para ele. Nico já havia perdido a irmã, a pessoa que ele mais amava e confiava. Não suportaria perder mais ninguém, e se aproximar de Will apenas dava o medo nele de que um dia ele o perderia.

– Nico?

O filho de Hades encarou Will que olhava para ele intensamente com seus olhos confiantes. Will se sentou ao lado de Nico.

– Oi.

– Você está com uma expressão tão estranha. Algum problema?

– Não, nada. – a voz de Nico oscilava, por mais que ele odiasse que isso acontecesse. – Os campistas andam notando.

– O quê?

– O anel. Seu anel.

– Ah, sei... – Will encarou o chão. – Nico, talvez seja a hora de contar.

– O quê? Não! – Nico exclamou alto demais. – Quero dizer, pela primeira vez estou sendo aceito em grupo, reconhecido por quem eu sou sem ter que me esconder nas sombras. Não quero que isso aconteça de novo.

– E não vai acontecer. Eu estou com você.

– Eu sei mas... Nós somos dois caras.

– E...? – Uma sobrancelha de Will estava levantada. – Nico, entenda uma coisa: estamos no século XXI, o mundo mudou muito desde que você nasceu. Dois caras namorarem é natural, é amor como qualquer outro. Nada muda, acredite.

– Mas algumas pessoas ainda julgam e olham estranho. Will, diferente de você eu vivo os últimos anos sempre sendo julgado, as pessoas têm medo de mim. Minha bravura na guerra contra Gaia pode ter sido reconhecida a pedido de Reyna, mas isso não significa nada. As pessoas esquecem rápido nossas conquistas.

– Nico, só me escute. – Will pegou na mão do garoto. – Eu te amo. Amo mesmo e estar ao seu lado é o que me faz bem. Você não pode continuar se escondendo nas sombras, não pode continuar a ter medo das opiniões e comentários alheios. Você precisa confiar em si, e confiar nas pessoas que gostam de você. O resto é o resto, não importe, ok? Não prive-se de amar.

Nico cogitou por alguns segundos. A mão quente e aconchegante de Will apertando a sua, o cheiro de sol do garoto, os cachos loiros e cortados curtos. Ele não conseguiria não confiar naquele garoto.

– Tudo bem. – ele disse. – Eu vou tentar.

Eles saíram do esconderijo em que estavam e foram caminhando de mãos dadas até voltarem no acampamento. Os campistas que rodeavam a frente da Casa Grande olharam curiosos para as mãos dadas dos dois, alguns com olhares estranhos, outros entusiasmados. Nico queria se esquivar imediatamente, mas Will segurava sua mão forte, seu dedão acariciando a costa de sua mão.

Algumas filhas de Afrodite soltavam risadinhas quando passaram próximo a eles. Nico se irritou pois a risada delas era uma mistura de deboche e animação. Bem, ele sabia que filhas de Afrodite costumavam adorar amores com tragédia, amores proibidos e amores com sacrifícios. Elas deveriam estar adorando o filho do Submundo namorando o filho do Sol e das artes.

Era tão estranho, tantas diferenças. Nico tinha quinze anos, Will dezessete. Nico era branco como uma folha, mas os cabelos a escuridão. Will era bronzeado e loiro saudável. Nico era magro e só comia por necessidade, já que perdera as papilas gustativas no seu tempo no Tártaro. Will era magro, mas tinha músculos no abdômen e braço, e sempre quando ele comia era devagar e saboreando, como se aquele fosse seu último alimento. Nico nunca sorria. Will tinha um sorriso radiante. Nico sempre estava em alerta e na defensiva. Will anda suavemente sobre a terra.

Mas Nico o amava, e Will também.

– Finalmente. – Um dos filhos de Apolo disse sorrindo para o irmão. – Já estava meio que na cara, sabe?

Will e o garoto se abraçaram, e Nico agradeceu meio sem graça. Will suspirou.

– Viu? Não é tão ruim assim assumir um relacionamento.

– No mundo dos mortais deve ser mais fácil, suponho.

– Ah, não é! Lá tem um negócio chamado Facebook no qual as pessoas colocam estarem em “Relacionamento sério” e as pessoas ficam curtindo e comentando seu namoro para você ler! Quer coisa mais constrangedora!

– E se a pessoa não colocar o “Relacionamento sério” nesse tal de Facebook?

– Bem, isso não é bom sinal. As pessoas interpretam como falta de amor, ou de confiança. Como assim você não quer mostrar para o mundo que estamos em relacionamento sério? Os mortais meio que querem expor estarem felizes e beijando a boca de alguém.

– Os mortais são estranhos.

– Nem me fale.

Na hora da janta, Nico e Will sentaram um ao lado do outro, e algumas filhas de Afrodite se aproximaram deles. Aquelas deveriam ter em média quatorze anos e tinham tanta maquiagem e brilho no rosto que Nico supôs que a maquiagem da Barbie deveria estar em promoção em Nova York.

– Oi...? – Will começou.

– Ai meus deuses, não creio no que estou vendoooo! Meninas, não é o casal mais adorável do mundo? – Uma delas que era loira comentou enquanto mascava chiclete.

– Concordo e assino embaixo, gata! Casal do jeitinho que mamãe gosta! – Uma com cabelo bem preto e um colar delicado falou, sua voz estridente.

– Como assim do jeitinho que Afrodite gosta? – Will perguntou meio receoso.

– Ah, você sabe! Vocês são tão improváveis quanto uma vaca namorando um rato! Com certeza mamãe vai visita-los, ah vai... – a loira falou, e então olhou horrorizada para sua unha. – Ai, quebrei a unha do mindinho! É um desastre, irmããããs!

– Contando que Eros não venha junto, eu acho que aguento. – Nico resmungou, e Will apertou sua mão, passando confiança.

– Mas juro que até um tempo atrás achei que você poderia estar de olho em Percy Jackson. – uma de cabelo loiro escuro falou, seu gloss brilhava forte.

– Ah, mas ele é magnético, né irmã? Até euzinha pegaria o maior herói dos últimos tempos. Nem Perseu, o original deveria ser tão magnifico! – A de cabelo preto falou. – Acredita que ele recusou a imortalidade e o posto de deus? Tão humilde!

– Ouvi falar que até Calipso caiu nos encantos dele. Pena que ele prefere a sem graça da filha de Atena, a Chase. Já viram as pontas duplas dela? – uma de cabelo castanho falou.

– E a romana, Reyna! – a mais loira voltou a falar enquanto cutucava a unha recém quebrada. – Dizem que ela esqueceu imediatamente o Jason Grace quando pôs os olhos em Percy. Ah, e ouvi falar que enquanto eles estavam no Argo II, Jason ficava meio pra baixo e ia ser consolado com o Percy! Com. O. Percy! Não com Piper nem nada! Ai gente, adoro essas polêmicas!

– Vocês são filhas da deusa do amor ou da fofoca? – Nico estava roxo de irritação. – Isso tudo é ridículo, nem sei onde vocês tiraram isso.

Nico se levantou e saiu do pavilhão de jantar, seu sangue fervendo. Mesmo que boa parte fosse mentira e pura invenção daquelas garotas, a menção do nome Percy Jackson embrulhou seu estômago. É óbvio que ele sabia que Percy é magnífico, o maior herói dos últimos tempos, o corajoso, o salvador. É óbvio que Percy era digno de ter fãs, digno de ter sua história marcada para a eternidade. Ele sabia tão bem isso que fora intensamente apaixonado pelo garoto, mas isso já tinha acabado.

Nico ouviu uma movimentação familiar atrás de você. Ele disse:

– Tem companhia?

– Que tipo de companhia? – Will falou.

– Ah, você sabe. Uns quatorze anos, muito gloss, brilho e spray pra cabelo. Dizem serem filhas da deusa do amor.

– Não, só tem um simples curandeiro de dezessete anos. Não é um herói consagrado nem nada, nem faz parte de profecia nenhuma e vive em um chalé cheio de meio irmãos talentosos. É o suficiente para você?

Nico se virou para encarar ele.

– O que você quer dizer com isso?

Will suspirou.

– Nada. Olha, eu sei, ok? Sei que Percy foi seu primeiro amor, e não te culpo por isso.

– Will?

– É impossível esquecer o primeiro amor. Eles nos ensinam muito, e nunca deixaremos de lembrar dessa pessoa com algum tipo de sentimento. E Percy é tão grande que fica difícil não gostar dele. Eu sei que não sou nenhum grande herói, que não luto com espadas e mato gigantes. Mas eu gosto do que faço, gosto de cuidar das pessoas, e gosto de você. Não ligue para essas garotas.

Nico ficou quieto por um tempo, pensando em tudo que ouvia. Estaria assim tão na cara que o assunto Percy Jackson era tão delicado para ele? A maior dificuldade de Nico era falar a palavra “Percy” ou “Poseidon” ou mesmo ouvir essas palavras. Falar com Percy sem tremer ou agir naturalmente era praticamente impossível. Nada parecia natural ou simples. Sempre complicado.

Mas com Will não. Com Will era simples. E natural.

– Vem cá. – Nico se levantou, fazendo sinal com a mão para Will se aproximar.

Will foi se aproximando, Nico segurando a mão dele enquanto se preparava para beijá-lo.

Quando ia encostar sua boca na dele, ouviu uma voz interrompendo-os.

– Então é verdade. – disse Hades com um sorriso sarcástico. – Meu querido filho agora tem um amor!


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Notas finais do capítulo

O que será que Hades está fazendo aí, hein? Obrigada por cada review lindo, gente, e até o próximo capítulo!