A nova Geração Brasil escrita por Cíntia


Capítulo 8
Vidas que se cruzam


Notas iniciais do capítulo

Meninas obrigada pelos comentários, eles me animaram muito.... Valeu!
Esse é um capítulo diferente, já que é narrado por 4 personagens, isso mesmo! Megan, Davi, Jonas e Verônica todos eles narrarão o capítulo. Espero que gostem e comentem, viu?



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Por Megan

Me olhava no espelho daquele Aeroporto. Eu estava perfeita. Parecia outra garota, pouquíssimas pessoas seriam capazes de me reconhecerem como Megan e ainda só se me vissem bem de perto. Cabelos escuros (apesar que o tom real do meu era castanho mesmo, mas como Megan Lilly, eu os tingia), um boné roxo, um grande fone de ouvido vermelho e preto que ajudava a fixar a peruca e o boné na minha cabeça, óculos de "grau" pequenos e despojados (como não tinha nenhum problema de visão, as suas lentes eram apenas estéticas), bem diferentes dos enormes óculos escuros que Megan normalmente usava. Uma camisa justa, mas comprida com um desenho de Irene Adler e Sherlock Holmes da série inglesa “Sherlock”, ostentando a frase “I’m Sherlocked” (como eu adorava essa série), uma calça jeans simples e um All Star da Catwoman (outra que eu amava). Aquela era Ada, não Megan... Eu estava preparada para ir a Tecnow, e como meu Dad iria, tomei um cuidado especial para não ser reconhecida, e mais ainda para encobrir os rastros da minha viagem. Não era a primeira vez que fazia isso, na America, já fizera o mesmo em diversas convenções.

Eu tinha chegado ao Brasil há poucos dias, e ainda penava com a conexão trash do hotel em que estava hospedada (thanks Jesus... faltava pouco tempo para a Marra Mansion ficar pronta, e de acordo com meu Dad, sabia que teria uma internet top). Para Mom e Dad, dizia que estava insatisfeita, morrendo de saudades dos meus “amigos”, que não possuía companhia aqui, mas que iria arrumar uma turma ainda pior do que a que tinha na Califórnia só para perturbá-los. Quantas vezes comentei que o Brasil era so boring. Assim ficava a maior parte do tempo trancada em meu quarto, agindo como se estivesse deprimida, e de vez em quando, saia sem dar satisfações. Dad achava que me rastreava através do meu Marraphone, mas eu já tinha dado um jeito nisso há muito tempo, com um programa e minhas habilidades, na maioria das vezes, ele pensava que eu estava em um lugar quando na realidade estava noutro.

Entrava muito no chat dos Hackers brasileiros. Conversei bastante com Ferris e Golias, e já achava esse segundo o cara mais fofo de lá. Também tinha conhecido outras pessoas, como Cascão, que parecia ser o mais jovem da turma, suposição tirada das expressões que ele usava e a maneira como Golias o tratava. Mel, uma moça que entrava raramente, e que gostava de ser o centro das atenções dos meninos. Minha impressão é que ela aparecia pouco, pois não conseguia descobrir a url e as senhas todos os dias. Zac Virus que era habilidoso, mas me parecia muito arrogante, dentre outros.

Foi no chat que escutei falarem pela primeira vez da Tecnow. Comentaram tanto sobre a convenção, as suas atrações e a qualidade da conexão, que eu sofrendo com a banda “merda” do meu hotel, vi que não podia ficar de fora. Além de tudo, me estimulava o fato de que eu encontraria a minha verdadeira galera por lá. A Tecnow que esperasse Ada, pois eu pretendia me divertir de verdade.

Cheguei ao local e após me esbaldar com a velocidade da conexão, decidi me misturar um pouco e bati papo com alguns geeks. Mesmo disfarçada, eu continuava sendo uma garota bonita, e pelo meu visual era evidente que fazia parte da tribo deles e eles adoravam quando aparecia uma nerd bonita. Conversamos muito sobre séries, filmes e quadrinhos, e etc. Em pouco tempo, ouvi falar de uma competição de games. Eu não era tão empolgada com games, tinha mais ligação com outras coisas geeks. Mas me interessei por um jogo de luta, que era considerado difícil, já que era necessário saber algumas sequências complexas de teclas para executar os golpes especiais. Eu o conhecia, e o jogava muito bem.

Comecei a jogar e fui vencendo um cara atrás do outro. Me tornei uma sensação, os rapazes achavam impressionante. Assim, os competidores apareciam cada vez mais obstinados para tirar aquela menina, meio que havia o orgulho de macho ferido. Mas eu continuei lá. Ninguém conseguia me vencer.

Até que apareceu a guy, ele era branquinho, tinha cabelos castanhos, olhos escuros, usava óculos de grau pequenos e charmosos que lhe davam um ar cult, e inteligente, uma blusa com a estampa do Coringa ( será que gostava mais da DC ou da Marvel, seria um DCnauta?), e uma camisa jeans de manga longa por cima, possuía uma barba rala (para fazer). Tinha um jeitinho bem nerd, mas até que o achei bonito e sensual. Depois de uma disputa acirrada, esse carinha me venceu. Ele era realmente muito bom. Meu orgulho ficou um pouco ferido, mas até que gostei de ter um desafiante no meu nível.

Após a minha derrota, trocamos algumas palavras, ele era bem gentil, parecia a good boy, e a conversa teria rendido, se um garoto não aparecesse para falar com ele. Aproveitei a deixa, e fui embora sem nem me despedir. Não sei o que deu em mim, se eu queria fazer uma saída de efeito, like a super-hero, ou se evitei criar qualquer envolvimento mesmo. Como eu estava disfarçada e corria o risco de ser reconhecida, evitava ficar falando muito tempo com a mesma pessoa, e mais ainda, não queria criar laços ou trocar contatos com ninguém na Tecnow, já que não poderia desenvolver nada mesmo.

Anyway, foi um bom momento para fugir, pois faltava pouco tempo para a palestra do meu Dad começar, e eu não queria, não poderia perdê-la. Me sentei bem no fundo da plateia para não correr o risco de ser vista e reconhecida por Jonas Marra.

Meu Dad começou o seu discurso, e mesmo sendo sua filha revoltada, possuindo a minha mágoa, sabendo dos seus truques, tendo escutado suas promessas vazias e até mentiras. Eu adorava vê-lo em suas apresentações, sempre que podia, assistia, mesmo que escondida como na Tecnow. Jonas Marra tinha muitos defeitos, era autoritário, teimoso, manipulador, eu mais do que ninguém conhecia todos e admitia tudo. Mas em seus pronunciamentos, Dad nunca era boring, mesmo falando dos assuntos mais chatos e complicados... Ele tinha algo a mais, um carisma, nos contagiava. Eu admirava isso nele. E mais uma vez, ele havia começado aquela palestra em grande estilo...

Por Davi

Ernesto Avelar fez uma pequena apresentação e chamou Jonas Marra ao palco. Era esse o momento que eu mais esperava desde que viera a Tecnow. Golias finalmente teria o seu nome atrelado a uma ação e a verdadeira face de Jonas seria mostrada de forma humilhante. Eu tinha conseguido invadir o tablet dele, e assim que colocassem os slides da sua apresentação, o meu vídeo passaria (sendo que seria muito complicado pará-lo, coloquei travas para isso), aquele babaca veria com quantos paus se faz uma canoa:

– Boa tarde, pessoal. Boa tarde, Tecnow! Eu sou Jonas Marra. Para alguns sou um gênio, o inventor do Bro, o dono da Marra, que hoje é umas das maiores empresas de tecnologia do mundo... Um brasileiro que saiu do país e com seus sonhos, montou um império do nada. Impressionante? Não para todos... Para outros, sou o representante de uma das empresas que tem uma das tecnologias mais fechadas do Mundo. Um vendido que abandonou e traiu o seu país para criar fortuna através de uma empresa imperialista. Quem é o verdadeiro Jonas Marra? Não sei, talvez os dois lados estejam certos e errados. E penso que isso não importa tanto, pois essa palestra é para vocês, e quem são vocês? Esses jovens cheios de ideias e sonhos, que tem o poder e ainda mudarão o Mundo, essa nova geração. O Bro mudou o mundo nos anos 90... Conectou as pessoas... lhes deu acesso à tecnologia... Todos vocês tem podem mudar o mundo hoje! Eu tinha planejado uma palestra diferente... Slides milimetricamente montados. Um discurso pronto. Mas não vou usar nada disso. As melhores palavras se dizem no improviso. E sem usar a tecnologia, pretendo falar de pessoas, que é o que realmente importa... - Era isso mesmo? Ele não iria usar os slides? Não! Assim meu plano iria para o espaço! Comecei a ficar nervoso, eu estava quase saindo, mas fiquei curioso e continuei sentado -Hoje me fizeram uma pergunta, umas das melhores que recebi nos últimos anos, era sobre o Jovem Jonas Marra, um rapaz como vocês, cheio de sonhos e ideias, mas que enfrentou muita dificuldade e teve que sair do Brasil para realizá-los, o que ele veria num evento como esse, qual seria a sua reação?... - o discurso me surpreendia, Jonas Marra representava a imagem de tudo que eu era contra, mas o que ele falava era inspirador, era como se nós fossemos próximos, o momento que eu vivia tinha semelhanças com o que ele viveu, algo em suas palavras me tocou. Mesmo tendo meu ataque frustrado, e por consequência o meu ego ferido, eu fiquei lá, pois senti que precisava escutar o que ele tinha a dizer.

Por Jonas

O chofer guiava o carro e me levava ao aeroporto de São Paulo. Pelo Marra tablet, eu via a repercussão da minha palestra. Fora um sucesso, conseguira o que queria ao vir a Tecnow, com muitos elogios, e de maneira explosiva, coloquei o nome de Jonas Marra e da Marra na rede, inclusive, aumentei o valor das ações da minha empresa. Tal repercussão até que devia ser esperada, pois aquele fora um dos discursos mais apaixonados que eu já fizera, grande parte por causa de Verônica.

Aquela linda mulher, me inspirara e não saía da minha cabeça. Eu tentava parar de pensar nela, mas não estava tendo sucesso. Não deveria agir assim, aquele era o pior momento para eu arrumar confusão. Mas queria vê-la novamente e uma ideia maluca surgiu em minha mente. Talvez eu pudesse conseguir isso. Sem pensar direito, acessei umas urls, e digitei alguns comandos... Pronto... Agora era só esperar os acontecimentos se encaixarem.

Por Verônica

Eu não acreditava!!! Era só comigo que aconteciam tais coisas mesmo, e sempre nos momentos mais importantes. Eu precisava voltar ao Rio para escrever a minha matéria, a minha promoção dependia disso, e sabia que o tempo era crucial, quanto mais rápido saísse, melhor seria. Mas uma confusão nos registros da empresa aérea acabara cancelando a minha passagem. E agora todos os voos para o Rio naquele dia estavam lotados...

Ahh! Tentava passar todos os passos em minha mente... Depois que Davi apareceu na feira, e decidiu passar a noite lá, ele só alterou a volta do Vicente e não a minha. Tinha certeza. Por isso, eu não gostava de computadores, na minha relação com a tecnologia, sempre aconteciam coisas ruins e inesperadas. A empresa se propôs a pagar a minha hospedagem em São Paulo, mas isso não resolvia as coisas para mim. Eu tinha que voltar logo!

Furiosa, eu devorava um sorvete, enquanto andava muito distraída pelos corredores do aeroporto, assim um conhecido, cercado por seus seguranças, me chamou:

– Verônica Monteiro, o destino vive fazendo a gente se esbarrar ... - Jonas Marra sorria de maneira sensual. Ele era tão atraente e mexia comigo mais do que gostaria. Essa não! Nesse momento, eu não precisava desse encontro com ele para confundir as minhas emoções.

– Oi???... Jonas, desculpa, estou um pouco nervosa agora!

– O que aconteceu?

– Essas coisas sem explicação dos computadores, e olha que já me falaram que a Ciência da Computação faz parte da área de exatas. Imagina se não fizesse...

– Calma, Verônica. Não pode ser nada tão grave assim. Me conta o que aconteceu . – ele disse confiante e apaziguador.

Eu contei, mal havia terminado, e Jonas parecia possuir uma sugestão na ponta da língua:

– Como programador, eu humildemente peço desculpas em nome da minha área, e proponho uma solução ao seu problema... Estou voltando agora pro Rio de jatinho, Verônica, por que você não vem comigo?


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Nesse capítulo, realmente tivemos vidas se cruzando, cada um a seu modo. Os personagens principais bem ou mal, já estiveram todos num mesmo lugar.Tivemos doses de Megavi, Jovi, Veronas e até Megan e Jonas (não sei se tem um nome para os dois né? kkk Mas pretendo explorar sim, essa relação de pai e filha). Espero que tenham gostado, assim deixem as suas opiniões, eu adoro isso, e os comentários me estimulam. A falta deles tiram a minha empolgação.
Outra coisa, como minha história está no início e segue a linha da novela, eu vou fazer o concurso... Assim, gostaria da sugestão de 4 nomes de participantes para o concurso... Se quiserem sugerir, façam com nome de homens, ok? São 4 homens, todos brasileiros, se quiserem sugerir o perfil também é interessante.
Valeu e até o próximo!