Uma chance para recomeçar escrita por Acte


Capítulo 14
Capítulo 14 Aniversário parte 1


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigado pelos comentários pessoal, to hiper, mega feliz em ver que cada vez mais tem gente favoritando e lendo, valeu mesmo galera! Continuem lendo, vem surpresas por aí.
Boa Leitura!



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CAPÍTULO 14

Karina

Dezoito anos. A maioria dos adolescentes não vê a hora de chegar a essa idade, eu também já pensei assim, mas sinceramente? Hoje parece uma data tão comum, vai ver é porque eu acabei de abrir meus olhos. Meus aniversários nunca tiveram muita graça ou importância, com exceção do ano passado, que o Pedro se superou e eu tive um dia inesquecível, mas fora isso tudo foi sempre muito normal: bolo, parabéns e um presente ou outro, e durante toda minha vida eu nunca tive uma festa de aniversário, até completar dez anos eu entedia isso, porque comemorar meu aniversário era o mesmo que comemorar a morte da minha mãe, mas quando comecei a entender melhor as coisas passei a odiar festas e pra quem nunca teve uma isso é fácil, apesar de que mesmo nunca tendo dito nada pra ninguém, quando criança meu sonho era ter uma festa com palhaço e cama elástica, mas...hoje eu estou completando dezoito anos e não quero me prender as tristezas da minha infância, quero apenas viver e deixar o passado no passado. Levantei e não vi a Bi, estranhei já que ela não levanta cedo, mas fui tomar meu banho, na mesa do café não encontrei ninguém, tomei café sozinha e fui para academia.

– Oi gente. – comprimento todos a pisar no tatame. Coloco meus materiais e começo a me aquecer.

– Vamo lá gente, cem polichinelos para aquecer.- meu pai fala acelerando ao entrar na academia. – Bora com isso Wallace, quem não morre não vê Deus. Vamo lá, to contando. Animo Fabi.

A manhã toda passa só com muito treino, meu pai comanda o treino todo e pega pesado, o que não é surpresa.

– Já deu meu horário pai. To indo pra escola. – digo a ele, que esta conversando com Panda.

– Tudo bem filha, bom dia de aula. E eu vou ter que sair agora tarde, resolver umas coisas da Liga, fecha a academia pra mim e arruma os materiais.– ele fala dando um beijo no meu rosto e voltando a conversar, e de alguma forma isso me machuca, no dia do meu aniversário, peraí, será que ele esqueceu? Tomo banho, me arrumo e caminho em direção a escola. No meu celular encontro apenas uma mensagem e logicamente é do Pê. “Tem alguém ficando velhinha mesmo? Parabéns minha linda! Te amo viu?! Hoje as coisas tão meio puxadas, mais a noite passo na sua casa. Te prometo muitos beijos a noite, rs. Love you esquentadinha! ♥” Sorrio boba para o sms,só meu namorado mesmo pra me fazer rir para uma mensagem.

Na escola a tarde passa mais devagar do que nunca, até que recebo os parabéns da galera da minha sala e me divirto com eles e aí chega à hora de ir embora. Tentando ao máximo não me concentrar no fato do meu pai e da minha irmã, além da Dandara e do João não terem lembrado-se do meu aniversário.

– Pedro? – perguntei surpresa ao vê-lo parado na porta do meu colégio. – O que ta fazendo aqui?

– Você acha mesmo que eu ia deixar minha namorada sozinha no dia do aniversário de 18 anos dela? E ainda por cima sendo uma sexta-feira. – ele fala se aproximando de mim, nos abraçamos, trocamos um beijo e caminhamos para o ponto de ônibus. Namoramos bastante dentro do ônibus e quando chegamos a Vila eu digo: - Eu prometi ao meu pai que fecharia a academia pra ele. Vamos lá comigo?

– Vamos, mas que tal passarmos primeiro na sua casa, assim você troca de roupa.

– Por que Pedro? – pergunto desconfiada.

– Bem, é que eu estava com um plano de aproveitar que seu pai não esta por aqui e darmos uma namorada e é claro que se você tivesse com um calça menos apertada e com uma blusa mais confortável as minhas mãos teriam passagem liberada. – ele fala safado beijando o lóbulo da minha orelha e eu dou um tapa no braço dele.

– Safado. Mais assim, eu me troco e você me espera na sala.

Entramos na minha casa e eu estranho novamente não ter ninguém.

– Você me espera aqui. – digo a ele, que me pega por trás, entrelaçando a mão na minha cintura e descendo beijos pelo meu pescoço, me arrepio, mas o corto: - Pê, deixa eu me trocar. – falo manhosa, querendo e não querendo sair dos braços dele.

– Coisa gostosa. – ele fala e me solta, sentando-se no sofá.

– Já volto. – falo e me dirijo até meu quarto e lá tenho uma ideia ousada, na verdade normal para qualquer menina, mas para mim muito ousada. Me olho no espelho e quase me arrependo, mas hoje era meu aniversário, começaria a me soltar mais. Ando até a sala e encontro meu namorado deitado no sofá, não falo nada e espero ele me perceber, quando isso acontece ele se levanta e vem na minha direção, parando há uns dois passos de mim.

– Uau! – fala após me olhar de cima em baixo. – De top? – pergunta se aproximando com um sorriso danado e perguntando sobre meu top lilás.

– Gostou? – pergunto mordendo o lábio e ele balança a cabeça. – Quando comprei pensei em você.- falo colocando os braços em volta do pescoço dele e lhe dando um selinho.

– Pensando em me matar só ser for. – ele comenta retribuindo o selinho.

– Imagina, era só pra te deixar mais vivo. – provoco.

– Quer saber como eu fiquei vivo em te ver assim: de top e shortinho? - anula nossa mínima distância e gruda meu corpo no dele, me fazendo sentir a ereção dele.

– Tudo isso por mim? – continua na provocação e me esfrego nele, dou beijos molhados no pescoço dele e me solto correndo dele.

– Atiça e foge, é isso mesmo? – ele pergunta risonho e vindo na minha direção. – Nem pensar esquentadinha.

– Amor agora não dá eu tenho mesmo que fechar a academia.

– E você não sabia disso antes de se esfregar em mim?

– Para Pê! – eu falo quando ele me agarra e me prende. – Vamos fazer assim: nós fechamos a academia e aí eu prometo te acalmar.

– Me acalmar. – fala atacando meu pescoço. – Mais eu to calmo. Você não me viu nervoso, mas eu prometo que te mostro mais tarde. – promete me puxando para um beijo, onde a língua dele pede passagem e começa a brincar com a minha. A separação só vem minutos depois quando o ar falta. Ele me puxa pro colo dele no sofá. – Fica aqui quietinha, não se mexe, que assim que eu ficar melhor nós vamos. – depois dele se acalmar descemos a escada de mãos dadas e caminhamos até a academia. Chegando lá estranho a porta fechada.

– Será que o Duca fechou? – pergunto pra ele.

– Você não ta com a chave aí? Abre pra ver. – ele sugere e eu concordo. Empurramos a porta e então eu ouço um coro: Parabéns pra você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida. Viva Karina. Viva a K! – não acredito nos meus olhos e os percebo marejando. Meu pai, a Bi, Dandara, João, Tomtom, Duca, dona Beth, Sol, Wallace, Cobra, Fabi, Marcão, Zé, Ruiva, dona Dalva, minha sogra, meu sogro e mais uma galera da academia e da ribalta, estão todos reunidos, cantando parabéns pra mim. Olho pra trás e vejo Pedro com o olhar carinhoso gritando viva como todos e me sinto realizada. Estavam todos ali, todos que me faziam felizes, todos que faziam parte da minha vida.

– Parabéns irmãzinha. – Bianca fala me agarrando e me beijando. – Você ta linda, como o Pedro te fez vestir essa roupa? – ela pergunta me analisando de cima em baixo, mas eu não consigo respondê-la, pios Tomtom e Wallace já estão me puxando para um abraço também. Abraços, beijos, felicitações e mais abraços veem em seguida e eu quase me perco com tanta gente sendo carinhosa comigo, mas o que me chama atenção é ver o Aldo, o José Aldo, parado ao lado do meu pai me olhando. Caminho em direção a eles e então ele fala: Parabéns Karina! Dezoito anos é responsabilidade e no seu caso, acho que o Brasil esta mais perto do que nunca de ganhar uma estrela do muay thai.

– Obrigado! – eu respondo. – Não tenho nem palavras.

– Até parece que precisa linda, eu é que vim aqui para te dar parabéns e trouxe presente. – ele diz se virando e pegando um pacote de presente. – Aqui esta seu presente. Espero que use muito. – me passa o presente, eu abro e vejo uma luva de boxe lilás com roxa, simplesmente linda, o abraço emocionada.

– Combinou com a sua roupa K. – Dandara fala sorridente enquanto eu coloco as luvas.

– Muito obrigado. – eu agradeço emocionada e o abraço novamente. – Nem sei se mereço.

– É claro que merece Karina, mas que tal curtirmos sua festa agora e depois se me der a honra podemos lutar. – ele sugere.

– Mas é claro. – eu respondo e me viro para meu pai, que me olha com lágrimas nos olhos.

– Parabéns filha. – ele fala me abraçando e beijando. – Eu te amo muito e não pense que por que fez dezoito anos eu vou te deixar livre, nem pensar, ainda é minha bebezinha linda de olhos azuis. – ficamos abraçados por minutos e então Pedro sobe no ringue, improvisado num palco e chama a atenção de todos: - Um minuto da atenção de todos por favor. – ele pede e todos olhamos pra ele. Temerosa olho pra ele, com medo do que viria a seguir. Não queria passar vergonha e já estava todo mundo me olhando, fora que eu estou de top, com a barriga e costas toda de fora, não vou negar que isso me incomoda um pouco, eu normalmente estou de camisetonas largas. – Hoje é um dia muito especial e há quase dois meses, quando eu e minha cunhadinha linda nos falamos pra fazer essa noite pra K, eu fiquei pensando no que daria a ela e aí eu e meu violão nos acertamos e rolaram uma palavras, que unidas a um pouco de melodia e a voz maravilhosa da Sol, eu espero que eu consiga demonstrar com êxito o que eu sinto por essa lutadora esquentadinha. É pra você Karina! – ele diz e então começa a dedilhar uma introdução no violão e a Sol começa a cantar: Avião sem asa,

fogueira sem brasa,

sou eu assim sem você.

Futebol sem bola,

Piu-piu sem Frajola,

sou eu assim sem você.

Por que é que tem que ser assim

se o meu desejo não tem fim.

Eu te quero a todo instante nem mil auto falantes

vão poder falar por mim.

Amor sem beijinho,

Bochecha sem Claudinho,

sou eu assim sem você.

Circo sem palhaço,

namoro sem amasso,

sou eu assim sem você

Tô louca pra te ver chegar,

Tô louca pra te ter nas mãos.

Deitar no teu abraço,

Retomar o pedaço que falta no meu coração.

Eu não existo longe de você

e a solidão é o meu pior castigo.

Eu conto as horas pra poder te ver

mas o relógio tá de mal comigo

Por quê?

Por quê?

Conforme eles vão cantando eu sinto uma lagrimas teimosas rolarem no meu rosto e quando levo a mão para secá-las percebo que geral ta se emocionando com a letra. O Pedro realmente tinha um talento único para compor e emocionar as pessoas, e ainda era meu namorado, meu, que eu amo demais.

Neném sem chupeta,

Romeu sem Julieta,

sou eu assim sem você.

Carro sem estrada,

queijo sem goiabada,

sou eu assim sem você

Por que é que tem que ser assim

se o meu desejo não tem fim.

Eu te quero a todo instante nem mil auto falantes vão poder

falar por mim

Eu não existo longe de você

e a solidão é o meu pior castigo.

Eu conto as horas pra poder te ver

mas o relógio tá de mal comigo

Eles terminam a música sobre os aplausos da galera e com um publico quase todo agarradinho, cheio de casais emocionados e curtindo o momento.

– Amor espero que tenha gostado. Parabéns minha linda, te amo muito viu?! A festa é pra você, curta muito – ele fala, coloca o violão em cima do ringue, desce, ajuda Sol a descer e vem em minha direção.

– Que namorado mais fofo você foi arrumar em K. – Dandara fala abraçada ao meu pai.

– Ele é lindo mesmo, a Delma criou um príncipe, preciso lembrar-me de agradecê-la. – comento enquanto ele passa pela galera, que o parabeniza pela música, até finalmente chegar até mim. Nos olhamos profundamente, eu sinto uma corrente de uma sensação única passar pelo meu corpo todo, que me arrepia, mais de um jeito bom, então eu entrelaço meus braços no pescoço dele e vou até o ouvido dele para dizer: - Nem em mil anos eu poderia querer algo além de você na minha vida. – falo alto no ouvido dele, em razão da música, que estava alta. – Sou eu que te amo, sou eu que sou como um avião sem asa sem você, é a minha vida que não faz sentido sem você. – nos abraçamos fortemente e eu finalizo dizendo para ele: - Fica comigo pra sempre? Assim resolvemos o seu problema de não existir longe de mim. – sugiro a ele que me olha com os olhos marejados, desliza sua mão esquerda pelo meu rosto e com o braço direito segurando minha cintura, me beija. Mas um beijo diferente de todos que já havíamos trocado. Tinha paixão, mas muita ternura, carinho e algo diferente, forte, avassalador e de repente uma certeza atravessa a minha alma: eu amava e era amada. Esse era nosso beijo de amor. Amor. A vida tinha me dado o amor, aos dezoito anos, como reclamar?

Quando partimos o beijo, eu o olho diferente e lagrimas começam a deslizar involuntariamente pelo meu rosto.

– O que foi amor? – ele questiona e eu simplesmente o abraço forte. – K? Ta tudo bem?

Soluço no pescoço dele, sentindo seu cheiro, sentindo seus braços me apertando, sentindo o coração dele batendo contra o meu, mas mais do que isso, pela primeira vez sentindo a alma dele se misturando a minha, nos estávamos nos tornando um só.

– Eu te amo! – ele fala carinhoso quando eu o solto.

– Eu sei. – respondo convicta. – E eu também te amo. – falo e então voltamos a dançar, ao som de John Legend.

Um tempo depois meu pai fala: -Desculpe atrapalhar os pombinhos, mas K o Aldo precisa ir embora, vai querer lutar com ele ou não?

– Mas é claro que sim. – respondo depressa. – Posso me desgrudar alguns minutinhos? – pergunto ao Pê.

– Só por alguns minutinhos. – ele responde me beijando. – Gostosa. – fala no meu ouvido e eu sorrio.

Coloco as luvas e sob o olhar atento de todos, subo ao ringue, para realizar um sonho e quem sabe para ver a concretização de um sonho começar a nascer. Nos cumprimentamos batendo a luva então começamos, entre jabs, diretos, cruzados, chutes de todas as formas, cai algumas vezes, mas numa sequência de golpes que ele me aplica, ele deixa o flanco aberto e eu passo e o acerto em cheio, ele tenta me puxar para um clinch, mas sou mais rápida e o acerto com um chute frontal e para surpreso de todos e minha, venço o primeiro round. Entres sorrisos e muita emoção estendo minha mão para ele, ciente de que eu tinha derrotado o campeão brasileiro. Minha noite estava completa, ou pelo menos era o que eu achava.


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Notas finais do capítulo

E aí gostaram? Comentem muito...
BjOs!