A Senhora das Máquinas escrita por Mava Vhot


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Oi oi, pessoas! Sejam bem-vindas á história, não FIC, história rçrç :]

Eu respondo todos os comentários, e adoro comentários gigantes, então não se limite haha u__u

Se gostar, diga, se odiar, diga também!

Mava ~



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Hoje é o terceiro dia tentando encontrar a resposta. Os códigos que encontrei naquela caixa no subterrâneo de um cabaré nojento são extremamente nocivos. Nocivos á minha saúde mental! Estou praticamente louco. Há setenta e duras horas eu reescrevo a ordem dos números. Talvez eu deva questionar minha incapacidade de resolver esse enigma levando em conta meu diploma em engenharia mecatrônica. Mas juro, isso é muito anormal. A pessoa que escreveu estes códigos realmente praticava quebra-cabeças na infância.

Ah, o cabaré? Você não deveria nem estar se perguntando sobre isso! Descobrir a resposta dos códigos é algo muito mais crucial, caro amigo desconhecido. Mas tudo bem. Sei a curiosidade que se desperta por cabarés, apesar de ser só mais uma loja quase falida localizada na pior região de umas das piores regiões do Sul da cidade de Illona.

Eu havia acabado de descer do metrô, e procurava algum hotel descente o bastante para ficar. E acredite: foi uma tarefa difícil - levando em conta o fato de eu estar sem dinheiro, só com alguns trocados. A quadrilha de moleques que me assaltou noite passada já foi posta nas mãos da polícia, apesar de ter certeza - eu - de que nunca vão pegá-los. Talvez eu resolva isso depois. O hotel que pude pagar era até bonzinho, com toalhas limpas e lençóis cheirosos, mas a rua em que ficava... Senti o cheiro de cocaína e cerveja de longe. Alguns lotes abaixo havia uma espécie de bar, com letreiros brilhantes que diziam "Lise's House Bar". Eu estava morto de fome. E a comida do hotel era horrível.

Desci a rua até o Lise's House Bar.

***

O lugar era um lixo, cheirando a perfume vulgar de prostitutas e burritos estragados. Mesmo assim resolvi comer alguma coisa. Puxei uma banqueta e sentei no balcão. Rapidamente uma moça veio me atender. Apesar daquele lugar obscuro e nojento (ah, o que eu queria, afinal? Era um cabaré!), aquela moça se contrastava por sua beleza angelical. Seus cabelos na altura do ombro, ondulados e castanhos, e seus olhos cor de mel, com aquela expressão ao mesmo tempo alheia ao lugar e concentrada no trabalho me chamaram a atenção. Ela parecia tão pura! Como havia parado ali?

- O que deseja? - ela me perguntou.

- Ah, hum... O melhor prato daqui. E que esteja quente, por favor - enfatizei o "por favor". Ela ergueu uma das sobrancelhas e virou as costas para anotar o pedido. Num piscar de olhos havia desaparecido.

Procurei pela frente da cozinha por alguém de cabelos curtos, mas não havia mais ninguém. Frustrado, deitei sobre meus braços, tentando esquecer o barulho do lugar.

- Ei, você - uma voz ríspida me chamou. Levantei a cabeça apenas o bastante para ver de quem se tratava. Caso fosse algum bêbado querendo confusão, eu nem me daria ao trabalho de responder. No entanto, não era um bêbado. Tratava-se de uma mulher, alta e extremamente magra. Era negra, careca e vestia um avental. Talvez fosse a cozinheira. Mas por que estaria ali? - Está passando mal? Já vou logo dizendo que se for uma overdose vou chamar meus camaradas aqui. Que vá morrer longe da minha casa!

Arregalei os olhos, surpreso com sua rispidez.

- Estou bem. Apenas cansado - falei. Ao vê-la ainda desconfiada, alfinetei: - Quer vir aqui me cheirar?

Ela resmungou e se aproximou.

- Vai mesmo me cheirar? Porque olha, eu estava só sendo irônico...

- É claro que não vou cheirar você! O seu tipo já conheço só de olhar! Você tem cara de filhinho de papai, daqueles que acham que pertencem ao gueto só porque andam nas zonas pioradas - ela riu com sarcasmo. - Mas o que você quer por essas bandas? Não é o seu lugar.

- Tudo bem, você é maldosa. Bem maldosa - eu disse e ela sorriu. - E gosta de ser maldosa!

- Só sei me cuidar, garoto. Já você... Que trapo - ela balançou a cabeça.

- Estive viajando há alguns meses. Fui até o México, mas não me interessei muito e voltei para cá.

- E o que é que te interessa aqui no sul da Velha América? - ela perguntou, cruzando os braços.

- Não sei. A Velha América é minha casa. Na verdade, preciso terminar algo que uma pessoa começou. É... Complexo - eu respondi coçando os olhos.

- Hum - ela resmungou. - Sou Rana, sem o h e os dois n. - ela me deu uma mão.

- É seu nome de verdade? - perguntei. Ela prensou os lábios e consentiu. Sorri. - Tudo bem, Rana. E eu sou Gabriel.

A garota voltou com o prato nas mãos. O cheiro parecia ótimo.

- Passe para mim, querida - Rana pediu e dispensou a garota, o que me deixou bem mais frustrado. Resmunguei e meus ombros caíram.

- Droga - sussurrei ao perder a garota de vista novamente.

- Ora, ora! Tem precisado lavar os olhos? Que lave com sabão! - Rana bronqueou.

- Você é sempre tão brava assim? - perguntei casualmente.

- Só quando se trata da garota. Ela é meu pomo de ouro, e você deve saber logo. Não vá achando que só porque ela trabalha neste lugar indigno ela faz parte do que acontece aqui.

- Mas eu não tirei conclusões precipitadas sobre ela. Só um pouco. Talvez - fiz uma careta. - Quem é ela? - perguntei, enfim.

Rana me analisou por um tempo até que respondesse.

- Minha filha. Eu e ela tocamos esse lugar há algum tempo desde que meu marido faleceu. Não diga sinto muito - ela me interrompeu - ele nunca foi bom para nós.

- Ela não se parece com você - comentei.

- É. Ela puxou outros parentes - Rana se aproximou de mim e olhou em meus olhos. - Você, rapaz, tem cara de problema. O que você quer com ela?

- Nada! - ergui as mãos. - Prometo. Não quero nada. Só fiquei... Curioso.

Terminei de comer e enfiei as mãos no bolso da jaqueta a procura dos trocados. Já me levantava para ir embora quando Rana se pronunciou:

- Você precisa de um lugar para ficar?

- Ah, não, obrigado. Estou num hotel no início da rua.

- Tudo bem, então. Mas sei que você está sem roupas. E possivelmente liso, também.

- Onde quer chegar, hein? Você parecia bem brava no início. Cuidado, minha cara de garoto problema está te conquistando! Você vai ceder! - falei com um sorriso de canto ao ver que ela adorara a piada.

- Ora, venha cá! No subterrâneo da casa há um armário gigante cheio de roupas. Você pode pegar o que quiser - ela abriu a meia-porta do open bar e me indicou a escadaria para descer.

- Eu nem sei porque confio em você. Você poderia muito bem ser uma serial killer e me matar lá embaixo.

- Haha! - ela gargalhou. - Pelo menos você vai morrer cheio de roupas!

***

Depois de Rana ter me oferecido roupas novas e rejeitado o dinheiro pela comida, decidi que ela, definitivamente, ou era uma pessoa muito boa ou uma pessoa muito ruim. Decidi acreditar na primeira opção.

O subterrâneo era uma espécie de quarto bem grande. Nada me interessou muito além do guarda-roupa - quer dizer, por que havia um guarda-roupa ali embaixo? - até que avistei uma caixa de metal preta guardada no fundo dele.

- O que é isso... Aqui? - perguntei a ela.

- Hum... Nunca havia visto essa caixa antes. Puxa, que esquisito! - ela franziu o cenho e tentou pegar a caixa. - É pesado.

Agachei-me e pus as mãos no objeto, tentando levantá-lo. Com um esforço, consegui. Rana coçou o queixo enquanto analisava o que era aquilo. O que uma caixa preta metálica, aparentemente sem abertura, fazia no fundo de um guarda-roupa no subterrâneo de um cabaré no sul de Illona?

- Caramba, isso é mesmo muito estranho! - Rana exclamou.

- Você gostaria de ficar com ela? - perguntei.

- Hum... Mas o que eu faria com isso aí?

- Não sei. Você vai ficar com ela?

Rana me olhou de lado do jeito como fazia quando estava tentando adivinhar se eu era um bom sujeito ou não. Mas acho que consegui convencê-la. De algum jeito, consegui convencê-la.

E é por isso que agora estou no mesmo quarto de hotel pelo terceiro dia em vez de já ter ido embora daqui. Todas as noites volto ao cabaré de Rana para conversar com ela. Tudo bem, e para ver a garota. Inclusive, até hoje Rana não me disse o seu nome. Supus que seja Lise ou algum derivado de Lise por causa do nome da casa.

04111990EMDN era o que estava escrito na parte superior da caixa. E na parte inferior... 30200712EMDM.

O primeiro código eu suspeito que seja conhecido. A data de nascimento de minha tia é 04/11/1990, e EMDN poderia ser "Evans Monalise Dia do Nascimento". No entanto o outro código...

Estou quebrando a cabeça com ele.

Todos esses números e meu esforço fazem Rana dar boas risadas, mas eu ainda acho que há algo por trás disso. Algo obscuro, oculto. Eu vivo por teorias conspiratórias, e não vou parar até entender o que eles significam. As única perguntas que tenho medo de nunca encontrar as respostas são: de onde vem essa caixa? E quem escreveu esses números nela?

Continua


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