A Caixinha de Música escrita por Fernanda Dixon


Capítulo 7
♪ Capítulo VI – Impotente. ♪


Notas iniciais do capítulo

Oiie gente! Mil perdões pela minha demora, mas sabem das provas finais (que acabam amanhã) e tentei postar naquele dia que comentei, porém fiquei meio ocupada com um projeto meu :/

Bem, depois de passar mal ontem finalmente cheguei para postar o cap6. Ele é leve, sim, Frigga foi calma sobre a Selene, mas não direi sobre Odin ;) Tem um drama que acho que eu exagerei um pouco, entretanto é que eu adoro um drama rsrs'

Espero que gostem do drama e da trapaceira :) Onde tem Loki precisa de uma brincadeirinha kkkkk Agradeço de coração pela Agent Killer por dá uma forcinha na brincadeira que estava incompleta :D

Boa Leitura



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– Você fez o quê? – exclamou Frigga depois de doze longos segundos em silencio. Sua voz saiu trêmula e em choque, deixando Odin preocupado e sem entender o assunto.

Loki suspirou pesadamente e coçou a nuca. Iria ser mais difícil do que imaginava, ele tinha certeza disso. Levantou a cabeça encarando a mãe que parecia aflita esperando pela resposta de novo.

Se repetisse ela lhe daria uma bronca? Frigga era sua mãe, amorosa e carinhosa não iria dá um castigo, apenas ficará decepcionada. Mas isso ele não queria.

– Droga Loki, ficando com medo da própria mãe... – resmungou mentalmente.

– Eu desobedeci uma ordem sua mãe, cantei a canção com a música. – repetiu Loki calmamente e lentamente para ela não ter uma reação ruim.

E não deu certo.

Frigga arregalou os olhos e ficou pálida, mais do que já era, cambaleou para trás sendo amparada rapidamente por Odin que a segurou. O rei preocupado segurou-a firmemente tentando não fazê-la cair.

– Frigga? Frigga meu amor você está bem? – perguntava Odin encarando a loira.

– Mãe, está tudo bem? – indagou Loki preocupado tentando se aproximar, porém o pai levantou a mão o impedindo.

– Não se aproxime Loki, fique onde está. – mandou e depois abaixou a mão encarando sua esposa, que voltava a ficar melhor. – Frigga o quê houve?

A mulher não respondeu. Apenas se ajeitou ficando em pé e aproximou-se do filho, ajoelhou ficando na altura dele e o segurou pelos ombros. Frigga estava com um olhar apavorado e preocupado, ela passava a mão pelo rosto do menino e nos braços dele como se procurasse algum machucado.

Pelo que lembra, Frigga tinha ouvido história que o quê escondia na caixinha de música era uma das piores criaturas, que machucava qualquer um que ficasse na sua frente. Ela tinha receio de Loki ter sido machucado pela tal criatura.

Boatos de mau gosto pro garoto.

– Loki, o quê você libertou? Por favor, me diz que tal criatura não te machucou meu filho. O quê tinha naquela caixa? Meus deuses. Não me diga que ele lhe fez mal. – Frigga estava com as mãos na cabeça do menino quase balançando ela.

O moreno pegou as mãos da mãe rapidamente e as segurou com calma mostrando firmeza, como se dissesse para não se desesperar.

– Está tudo bem mãe, eu estou ótimo, mais do que isso – ele sorriu levemente, porém feliz. – Mãe as coisas que andaram falando sobre a caixa, é mentira, eu descobri isso. Não é um monstro e sim uma pessoa.

– Pessoa?

– Sim, uma garota. – desviou o olhar envergonhado, Frigga notou o quanto ficou e deu um riso fraco. – Ela é muito legal mãe, não faria mal á ninguém eu juro, ela é apenas... diferente.

– Como assim meu filho? – perguntou confusa.

Loki suspirou e balançou a cabeça encarando o chão. Sabia o quanto seria difícil explicá-la a situação.

– Ela é amaldiçoada, sua pele é feita de porcelana. – respondeu.

– Conte-nos direito Loki. – pediu Odin tentando entender o diálogo.

Mesmo com medo de Odin castigá-lo decidiu contar tudo. Afinal era Selene que estava em choque então não dava para ter medo do pai naquele momento.

Contou do inicio até o fim e depois explicou a situação, os pais só o encaravam ouvindo tudo atentamente. Sabia que eles ficariam decepcionados por ter escondido Selene por dois anos, mas fora necessário pelo que disse e eles entenderam.

Passou alguns minutos explicando e quando terminou esperou a reação deles. A de Odin era pensativo e frio, de Frigga era diferente, continuava com sua doçura misturada com a alegria, parecia ter gostado de saber sobre Selene.

Porém, do nada seu olhar ficou perdido e quase busto. Loki caminhou até a mãe, preocupado, e antes de colocar a mão no braço dela, Frigga segurou o ombro direito do menino e sorriu. Ela teve uma visão.

– Me leve até ela, Loki. – pediu Frigga sorrindo meigamente.

Assentiu e partiu acompanhando a mãe até a sala de cura, Odin permaneceu no salão ainda pensativo.

Caminharam pelos corredores e pararam na porta da sala, ela estava aberta então não precisaram batê-la. Entraram e Loki avistou Selene deitada numa maca ao longe, correu até ela e sentou-se na cadeira ao lado dela. A bailarina estava gelada e de olhos abertos com a boca meio aberta, estava em choque.

O garoto balançou a cabeça e continuou ao lado da maca, Frigga se aproximou e sentou-se ao lado do filho, encarando a menina com doçura.

– Essa é a garota?

– Sim – respondeu ainda encarando a amiga. – Selene é o nome dela.

– Um lindo nome. – elogiou e fez um carinho nos cabelos castanhos claros dela. – Lua... um bom significado.

Os dois permaneceram em silencio enquanto Loki tentava tirar os olhos encima dos de Selene, mas era impossível. Encarar olhos azuis como os dela estar em choque e perdidos era difícil, parecia que ela estava tendo uma visão. Um dos piores.

Era horrível vê-la tão impotente.

Loki permaneceu ao lado da amiga vendo sua mãe acariciar os cabelos de Selene até a curandeira adentrar na sala. Frigga encarou-a e levantou-se do seu lugar, o moreno fitou a mãe caminhando até a senhora até as duas ficarem cara á cara.

– Minha rainha? Veio ver a paciente? – indagou a curandeira.

– Sim. Meu filho me avisou sobre sua amiga e vim vê-la. Eu queria entender o porquê você não a curou antes Ada. – respondeu Frigga carinhosamente sendo delicada. Ela podia estar preocupada com Selene, mas não seria mal educada com a curandeira Ada.

– Perdoe-me minha rainha, o estado é de choque e posso fazer a magia para ajudá-la a melhorar. Contudo, sei que ela é nova no reino e os senhores não sabiam sobre a existência dela, então só posso fazer magia com a autorização de meus soberanos. – explicou Ada calmamente.

Frigga apenas assentiu levemente.

– Como sabes que ela é nova no reino? – o silêncio instalou na sala. A curandeira chegou perto e murmurou uma coisa, baixo, porém o suficiente para Loki ouvir.

– Porque faz vinte anos que não vejo o herdeiro dele. – murmurou calmamente e nervosa.

– Dele quem? – insistiu uma resposta.

– Oh minha rainha, a diferença dela com ele são grandes! Reconheci o parentesco da garota assim que a vi, os dois se parecem muito. Você um dia deve vê o mesmo que eu vi rainha Frigga. – disse a senhora deixando um ar sufocante de mistério. – Afinal, ambos são idênticos.

Loki ficou confuso a cada diálogo que ouviu. Como assim parentesco? Ela sabia sobre os pais de Selene? Tinha vontade de perguntar, mas sabia que ela não dirá. Era estranho entender que a curandeira, apenas encarando Selene, percebeu o parentesco dela.

O menino encarou sua mãe que estava parada com um olhar pensativo, entendendo as palavras da senhora. Encarou a Ada e assentiu lentamente.

– Um dia devo entender suas palavras Ada, mas agora, por favor, ajude-a. – pediu juntando as mãos. – Eu dou autorização.

– Sim minha rainha. – Ada assentiu e se aproximou da maca onde Selene estava, ficou do outro lado onde Loki estava e encarou-o. – Precisa ir agora meu príncipe, daqui a pouco darei noticias.

– Vem Loki, ela vai ficar bem. – disse Frigga segurando seus ombros.

Mesmo contra gosto, ele assentiu e levantou do seu lugar, aos poucos foi soltando a mão de Selene até sair da sala. A porta do lugar fechou-se e Loki apenas viu antes da porta ser fechada: Ada na frente de Selene começando com o feitiço.

...

Uma hora após o feitiço, Ada avisou que Selene estava bem e que só precisava descansar agora sem receber visitas. Loki queria visitá-la e ficar com ela, mas com a ordem de Ada dita decidiu passar o tempo lendo ou estudando, porém não estava com cabeça para tal.

Passou a maior parte da tarde no jardim ou tentando fugir de Lorelei, que aproveitou a sorte de encontrá-lo e para provocá-lo. Não estava com cabeça para estudar e nem para ler, muito menos para agüentar os falatórios de Lorelei.

Era hora do jantar, Loki com muito esforço conseguiu comer sua refeição enquanto os olhos de Frigga estavam encima dele. Após pedir licença, levantou-se e seguiu o corredor para seu quarto com passos rápidos.

Sabia que com aquele nervosismo todo não iria conseguir dormir hoje, com todo esse nervosismo, mas teria que tentar.

Antes de chegar á porta do quarto, escutou seu nome ser chamado por uma voz feminina completamente irritante.

– Loki! – chamou.

O moreno bufou virou-se vendo uma garota da mesma idade que ele: a garota tinha cabelos ondulados ruivos e olhos verdes, pele clara e é baixinha. Era Lorelei.

– O que você quer Lorelei? – perguntou Loki despreocupado.

Lorelei sorrir tímida e brinca com os dedos, envergonhada. Loki ficou impaciente, mas não gritaria no meio do corredor. A ruiva levou quinze segundos para responder.

– Amora me contou que tem uma cachoeira aqui perto, e eu queria saber se você quer ir comigo. – convidou a menina.

– Eu já fui. – disse seco desmanchando o sorriso da ruiva. – Se Amora foi, por que você não vai com ela?

– Minha irmã está muito ocupada aprendendo magia então pensei...

– Também estou muito ocupado Lorelei. – interrompeu. – Agora se me dê licença, tenho que ir dormir. – desconversou abrindo a porta e entrando no quarto.

– Mas... – antes de dizer alguma coisa, a porta foi fechada.

Loki bufou alto fazendo gestos com as mãos, irritado. Era difícil agüentar Lorelei sempre o perseguindo pra lá e pra cá, agora vem nessa hora marcar pra sair com ele? Nunca.

Trocou de roupa e foi pra sua cama, apagou a vela e depois se deitou cobrindo-se até os ombros. Confortou-se e tentou dormir, porém sem o toque da caixinha de música ou a canção de Selene era difícil. Ficou mimado demais com aquela caixa.

Virou na cama e tentou dormir, mas a única coisa que conseguia era mais desconforto e perda de sono. Estava nervoso. Quanto tempo ela demoraria pra acorda? A noite toda?

Suspirou e fechou os olhos tentando dormir que, por milagre de Frigga, conseguiu.

...

O silêncio estava dominando aquela noite até um barulho no corredor despertar Loki, abre os olhos meios sonolentos e volta a fechá-los, porém escutou um barulho mais alto, lhe assustando. Ele senta-se rapidamente e fita a porta do quarto, o moreno pensava que era sua imaginação.

Esperou mais alguns segundos até ouvir de novo. Não era sua imaginação.

Loki saiu da cama e caminhou até a porta, abriu bem devagar para na fazer barulho e saiu do quarto andando pelo corredor. O garoto olhava em volta dos corredores iluminados vazios, sem nenhum guarda. O que lhe era estranho.

– Olá? Tem alguém aí? – indagou Loki escutando sua voz ecoar pelos corredores. Nada. Não escutou nada além de passos eufóricos correndo até uma sala iluminada, conseguiu ver a sombra da pessoa passa, era de uma garota.

Franziu o cenho e caminhou até o final do corredor até a sala, escutava soluços e choros femininos. Loki arregala os olhos após reconhecer.

– Selene? Selene é você? – o garoto se aproximava mais da sala. – Selene eu não estou de brincadeira, é você?

Mas não recebeu nenhuma resposta e sim mais soluços. Loki correu e entrou na sala onde tinha sofás brancos e algumas poltronas, uma mesa e uma lareira no centro. Era a sala onde Frigga contava historias pros dois irmãos antes de irem dormir.

Loki olhou envolta até avistar Selene perto da lareira, ela encolhia os ombros enquanto chorava baixinho. Isso o preocupou. A amiga não era de chorar em cantos, ainda mais naquela hora da noite acharia que ninguém sabia sobre ela.

Caminhou lentamente até a lareira e ficou do outro lado dela enfrente á Selene, Loki levantou a cabeça e encarou a amiga que continuava de cabeça baixa. Como ela estava em frente ao fogo dava para ver direito seu corpo: encolhido e mãos juntas contra o peito, trajando uma camisola branca de manga comprida seda grossa, sua cabeça estava baixa deixando que seus cabelos cobrissem seu rosto como cortinas. Mesmo com a má iluminação, Loki conseguia ver as gotas das lágrimas caindo até as chamas.

Ficou encarando Selene que fungava enquanto se encolhia mais deixando o moreno nervoso. Não era a primeira vez que via ela chora, mas até hoje não tinha se acostumado com isso.

– Selene, você está bem? Por que est... – o garoto foi interrompido pela voz chorosa da menina.

– Inútil... – murmurou Selene. – Inútil...

– O quê? – indagou Loki confuso.

– Eu sou uma inútil. – repetiu a palavra completando.

– Você não é Selene. – negou Loki sem entender o porquê disso.

– Sou uma inútil. – afirmou novamente se encolhendo mais.

– Não é.

– Sou sim! – exclamou quase gritando levantando a cabeça. Os cabelos castanhos estavam presos na bochecha rosada por conta das lágrimas, os olhos azuis estavam vermelhos por causa do choro. Selene abria e fechava a boca enquanto ofegava como se tivesse acabado de se afogar.

Parecia que estava se afogando.

– Por que diz isso? Selene, você não é e nunca... – Loki foi interrompido de novo.

– Não minta! – gritou Selene. – Eu sei que sou fraca, frágil demais e... – seus olhos azuis ficaram perdidos e estendeu a mão botando encima do fogo. – impotente.

– Deixa de bobeira Selene. – esbravejou Loki. – Você pode ser frágil, mas não é fraca.

– Eu sou... – murmurou ainda perdida. – Eu sou fraca.

Então, ela abaixou sua mão tocando no fogo, quando tiveram contado Selene deixou um berro de dor sair de sua boca assustando Loki.

– Selene pare! – mandou preocupado.

– Viu?! Até com essa pele não sou aprova ao fogo! EU. SOU. FRACA. LOKI! – gritou Selene mais alto enquanto as lágrimas escorriam mais rápido. Continuou a ofegar e deixou a mão no meio do fogo, deixando-a queimar. – Eu sou impotente.

– Selene pare. – pediu Loki desesperado.

– Impotente. – a mão continuava no fogo. Até que do nada, ela começou a derreter.

– Selene para com isso! – gritou o garoto tentando pegar a mão dela, porém parecia que um escudo tinha aparecido no meio da fogueira, pois impedida dele tocar em Selene. Isso o desesperava.

– Impotente. – murmurou de novo enquanto encarava a mão derreter.

– Para!

– Fraca.

– Para!

– Inútil. – então sua mão sumiu e do nada, seu corpo pegou fogo.

– PARA! – gritou Loki e quando iria dá um soco no escudo sentiu uma mão segurar seu punho direito.

Os olhos verdes encaram o dono da mão e viu uma mulher encapuzada impedindo de ver seu rosto, porém dava pra ver os olhos vermelhos e a pele escura quase num tom verde morto, ela mostrava seus dentes podres.

– Só o coração quebrado acabara com a pele de vidro... enquanto sua maldição ainda estiver dentro si, o poder da morte ficara escondida sobre seu corpo. A maldição poderá ser quebrada se o amor verdadeiro declarar seu amor pela porcelana. Porém, o poder da morte nunca a deixara em paz. – disse a voz da mulher e depois, Loki sentiu uma queimadura em sua mão.

Olhou para seu punho e viu que ela estava pegando fogo, ele tentou puxá-la de volta enquanto gritava pela dor, mas não deu certo. O fogo começou a subir pelo braço lhe dando mais dor até chegar ao seu olho direito rasgando sua pele, ainda aos gritos.

Loki acordou em um pulo suando frio e com um no na garganta, segurando um grito. Os olhos verdes foram para seus braços e ele passou as mãos neles como se tivesse tentando sentir alguma coisa, sorriu aliviado. Sentia um formigamento passar pelos membros, mas ignorou assim que notou que tinha acordado. Era só um pesadelo.

Os olhos verdes se arregalaram e Loki fitou a janela, vendo que os sois nasciam, devia ser por volta de cinco e quarenta da manhã. A única coisa que o menino pensou foi: Selene.

Levantou-se num pulo e correu pro banheiro, tomando um banho rápido tirando todo o suor que estava sentindo incluindo o formigamento, passando a esponja fortemente pelos braços tentando tirar a sensação do fogo que tinha sentido. Terminou seu banho e Loki trocou de roupa rapidamente, saiu do quarto e partiu desesperado pelos corredores.

Nervoso era o que sentia. Não entenderá nada com aquele sonho, mas tinha receio que Selene usasse ficar perto do fogo se chamando de fraca. Odiava isso. Pessoas se chamarem de fraca, Selene era frágil, mas fraca? Para alguém que agüentou fica dez anos em cativeiro com uma pele daquelas deveria ser forte.

Ele não queria que ela se sentisse impotente. Pois sabia o quanto ela odiava se sentir daquele jeito.

Correu vendo que tinha poucos guardas e entrou na sala de cura sem bater, abriu a porta e adentrou o lugar vendo que ninguém estava lá. Loki suspirou aliviado e viu Selene, ainda deitada na maca dormindo calmamente. Deu outro suspiro.

Loki aproximou-se dela e se sentou na cadeira ao lado, os olhos de Selene não mais abertos e sim fechados, lhe dando alivio. Mesmo gostando dos olhos azuis, preferia-os fechados do quê perdidos.

Usando sua magia, invocou um livro sobre contos mágicos e começou a ler, sem se importar ser alguém entraria e o expulsaria. Passaram-se alguns minutos e já tinha lido várias páginas, até que escutou a respiração pesada de Selene. Ela tinha acordado.

Os olhos verdes saíram do livro e foram até os azuis de Selene, eles estavam assustados e perdidos enquanto encarava envolta, parecia que não entendia onde estava ou procurando alguma coisa. Loki fechou o livro e deixou-o encima da cômoda ao lado da maca, levantou-se e segurou o braço direito gélido da garota, tocando de leve, mas isso a assustou.

Selene sentou-se rapidamente na maca assustada, seus olhos estavam arregalados e respiração ofegante, com medo. Loki deu um pulo por causa do susto, mas ai não se afastou. As mãos frias dele segurou os braços da amiga levemente tomando cuidado para não assustá-la mais.

– Calma, agora está tudo bem. – disse Loki quase murmurando, com receio de que ela daria outro ataque.

Tinha dado certo. Selene continuava a respirar ofegante, porém estava se controlando, do nada, os olhos da bailarina se encheram de lágrimas e ela caiu em choro, soluçando baixo. Loki continuou com as mãos nos braços dela fazendo um carinho para acalmá-la, mas tomou um susto quando Selene o abraçou rapidamente.

Loki tomou um susto, mas não se mexeu, deixando Selene chorar em seus braços. Os membros finos e frios estavam envolta da cintura do garoto, então não pode fazer nada além de corresponder o abraço. Sendo apertado com força.

Ficaram assim por longos dez minutos, Loki sem entender nada e sentindo seu peito ficar molhado causado pelas lagrimas. Tinha muitas perguntas, queria fazê-las, mas não podia por conta do estado emocional da garota. Se fizesse o quê podia causa? Já não agüentava tantas lágrimas.

Quando sentiu que Selene se acalmava, Loki afastou um pouco a cabeça e a encarou, a mesma se afastou ainda de cabeça baixa.

– Melhor? – perguntou.

– Humhum. – balbuciou saindo do abraço. – Obrigada.

Loki apenas assentiu.

O silencio era constrangedor na sala de cura, Loki fazia de tudo para não fazer perguntas sobre o ataque que deu e o motivo das lágrimas, mas sabia que se perguntasse, iria vir mais choro.

Suspirando – quase bufando-, decidi acabar com aquele silencio.

– Você está bem? Quer alguma coisa? Já que...

– Eu só quero uma coisa. – interrompeu Selene levantando a cabeça. – Vamos fazer uma travessura hoje?

– Selene, eu acho melh... – foi interrompido de novo. – Por Odin, hoje é o dia de todo mundo não me deixar falar! – pensou bufando mentalmente.

– Por favor, sei que acabei de acorda, mas... – deu uma pausa. Loki sabia que ela escondia alguma coisa, seus pensamentos foram pro sonho que teve. Será que ela tivera o mesmo sonho? – isso me deixaria mais relaxada.

– E desde isso quando relaxa? – indagou sorrindo travesso. Selene retribuiu um maroto.

– Uma boa travessura sempre relaxa pros trapaceiros. – respondeu fingindo de sabia. – Vai aceitar ou vai recusar uma brincadeira? – Selene ergueu as sobrancelhas, curiosa.

Loki deu uma risada de lado e sorriu, fechou os olhos fingindo de estar pensativo, até que os abre com um olhar maroto e um sorriso brincalhão.

– Quando começamos?

...

Os sois ainda nasciam no horizonte de Asgard aos poucos, era por volta de seis e dez, e como toda manhã uma pessoa cuidaria dos estábulos e nos cavalos.

Um homem de meia idade gordinho entrou com trajes quase iguais de fazendeiro midgardiano. Ele assobiava feliz enquanto pegava os baldes e botava comida pros cavalos, sorria e fazia carinho neles.

Ele era um senhor que não tinha muita paciência para crianças ou para brincadeiras, era do tipo ranzinza e briguento, e era uma ótima vitima.

Nas madeiras embaixo do teto, Loki e Selene estavam encima da madeira encarando o senhor que cuidava dos cavalos. Ambos trocaram olhares cúmplices e assentiram de modo maroto.

– Agora? – indagou Loki sorrindo esperando o sinal de Selene.

Ela não respondeu, só ficou encarando atenta pro homem, até que ele ficou um metro distante deles bem distraído.

– Agora.

Loki sorriu e com apenas um gesto, lançou um feitiço fazendo o homem dançar desesperado. Tomado pelo susto, o senhor gritou enquanto dançava - sambada- desesperadamente.

As duas crianças caíram na gargalha vendo a cara desesperada do homem, porém se controlaram e pegaram os baldes. Ambos esperaram o senhor ficar embaixo deles e viraram eles, fazendo com que vários litros de néctar de frutas doce caíssem encima dele.

O homem gritou de nojo, pois odiava néctar, e isso fez as crianças rirem mais, seu corpo estava coberto pela gosma e molhava um pouco o feno que tinha.

– Argh! Quem que tenha feito isso vai pagar caro! – avisou o homem irritado enquanto ainda dançava.

– Ah então prepare sua raiva... – começou Selene sorrindo.

–... porque a travessura só está começando. – completou Loki retribuindo o sorriso maroto.

Pegaram outro balde e jogaram folhas secas, que grudaram no corpo coberto de néctar. Umas caíram no chão e elas eram tão secas que quando pisava nelas, faziam barulho.

De novo, o homem gritou de raiva deixando gargalhadas saírem das bocas dos travessos. Eles se levantaram e com a corda que tinha a usaram para descer, primeiro Loki e depois Selene, que segurava a última balde.

Ficaram dois metros longe do homem que sambava de costas para eles, trocaram olhares de cúmplices novamente e assentiram. O homem virou-se e encarou os dois, irritado, estava com tanta raiva que dava para ver o fogo nos olhos dele.

– Vocês! Eu mato vocês seus moleques! – rosnou o homem.

– Ah você não vai não – Selene sorriu de lado. – E nós não somos moleques. – avisou.

– Nós somos trapaceiros. – avisou Loki também e ambos seguraram firme nos baldes.

Os dois jogaram as macadamias duras que foram na direção do homem, o senhor deu um pulo na dança e começou a escorregar pelas castanhas duras que não quebravam. Ele gritou tentando se equilibrar e foi escorregando, até cair no feno a sua frente que continha néctar.

Caiu de cara e parou de dançar, as crianças continuaram a gargalha enquanto viam o rosto do homem levantar do feno, cheio de néctar e estava vermelho de tanta raiva.

Selene e Loki se olharam e gargalharam mais alto, os dois se viraram pra sair dos estábulos, mas não antes de ouvir o grito do homem:

– Um dia eu pego vocês seus bastardos! – gritou o homem.

Eles se viraram com sorrisos travessos.

– Nunca pegam os trapaceiros de Asgard. – disseram e saíram correndo rindo divertidos, ignorando os berros do homem.

Só não imaginavam que esse pequeno título, ficaria tão famoso em todos os Nove Reinos. Conhecido por esse codinome: os trapaceiros de Asgard.

Impotente ou não, para Loki, Selene era uma porcelana frágil por fora, mas forte por dentro.


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Notas finais do capítulo

"Porque faz vinte anos que não vejo o herdeiro dele." Sei que muitos devem ter ficado confusos com essa frase, mas se pensarem bem vão entender ;) Ada conheceu os pais da Selene, mas eu não vou dizer quem é kkkkk!

Espero que tenham gostado do cap :D