A Pick-Up do Márcio escrita por Non Ecziste


Capítulo 3
Picadinho de Felipe


Notas iniciais do capítulo

É... Não levem tudo a sério, pessoas, o muro nem é tão alto. qq
Esse capítulo não ficou engraçado, mas também não era pra ser. Eu queria focar mais na narrativa e na história e nos zumbis e tal... Enfim.

Nicole aqui desejando a vocês uma boa leitura :)



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— Bora fazer o seguinte: Jamille, Ineda e Ariel, vão quebrando mais cadeiras até que a gente consiga um bom número de ferro e madeira. Enquanto isso, eu, Nana e Nicole, vamos vigiar a porta pra ver se não vem nenhum zumbi — disse Clara, ao que todas concordamos.

Dirigi-me até a porta e fiquei do lado de fora, enquanto Nana e Clara observavam as meninas quebrarem as cadeiras. Tudo parecia aparentemente quieto. Pelo menos naquele corredor. A porta do final do corredor, à direita de quem sai da nossa sala, estava fechada. Eu acho.

Quando me virei e entrei na sala, disse que estava tudo bem e que não tinha nada e nem ninguém lá fora. Ana resolveu ficar no meu lugar, enquanto Clara e eu ficamos paradas, que nem duas plantas, olhando as meninas quebrarem cadeiras.

— Ai, gente, isso não é pra mim! — Ineda parou e fez um drama básico.

— Deixa de frescura e volta ao trabalho! — Jamille gritou, fazendo com que eu e Clara ríssemos.

De repente, escutamos um grito. Era a Nana. Mas ela não estava mais lá fora, à porta. Eu coloquei a cabeça para fora e a vi sendo arrastada por um zumbi, então saí correndo e deixei Clara na porta, gritando para ela ficar ali caso aparecesse mais algum zumbi vindo de outra direção. Eles estavam quase passando pelo portão perto da tesouraria quando eu puxei a Ana pelo braço. O zumbi virou rapidamente e eu pude reconhecer a face. Era do tio que sempre ia lá na sala, mexer no ar condicionado. Eu deixei um grito escapar quando o reconheci. E nos próximos segundos, só lembro dele ter segurado meu pulso com muita força.

— Ana, sai daqui! Corre e vai pedir ajuda! — eu gritei, tentando me soltar daquele bicho nojento.

Ela saiu correndo, do jeito Ana de ser, gritando e chamando as meninas. Enquanto isso, o tio do ar condicionado começou a apertar mais e mais o meu pulso. Eu tentava a todo custo me soltar dali, sem fazer nenhum barulho. Não sei como, consegui me livrar o chutando bem na barriga. Ele caiu e deixou meu pulso bem vermelho, e eu de novo o chutei, só que para o outro lado da grade, e a fechei rapidamente, enquanto ele tentava se levantar. Infelizmente não iria adiantar muita coisa, porque assim que o portão foi fechado apareceram mais três zumbis logo atrás dele.

Eu saí correndo em direção à sala de aula e antes que chegasse lá, vi as meninas do lado de fora, equipadas com pedaços de cadeiras e ferros. Elas estavam tão ofegantes quanto eu.

— O que aconteceu? — Clara disse.

— Não dá pra explicar agora. Tem mais deles vindo aí, estão temporariamente presos atrás daquele portão — respondi, apontando para trás.

— Como a gente vai sair daqui? — Ariel miou.

— A gente pode dar a volta pelo outro corredor e ir até o estacionamento — Jamille sugeriu.

— Acho que não será possível... — Ineda disse, apontando para o outro corredor.

A cena foi assustadora. Estávamos cercadas por zumbis! Não tínhamos como sair. Nenhum dos dois portões nos deixava opção. E nem adiantava pedir ajuda. Pelo visto, toda a escola estava vazia. Os alunos que conseguiram se salvar, com certeza não estavam mais ali, e os que ficaram, viraram zumbis.

— E agora?! — Ana perguntou.

— O que vocês ainda estão fazendo aqui? — uma voz estranha surgiu. Era o Felipe, saindo da sala do Convênio A.

— O que TU tá fazendo aqui?! — Jamille gritou.

— To tentando me salvar. Tava me escondendo aqui. E cadê o meu Oi? – ele colocou a mão atrás da orelha. Eu o ignorei, assim como o resto das meninas.

Ô, carai... A gente tá perdendo tempo nessa joça! — Clara disse, agoniada.

— E que tal pular esse muro? — Ariel sugeriu.

— E depois? — Ineda perguntou.

— Depois a gente vê o que dá. Agora vamos! — disse.

Felipe nos ajudou. Juntou as duas mãos em um tipo de pedalinho, e a Jamille foi a primeira a subir, pisando nas mãos dele e se segurando em um cano, alcançando o topo do muro rapidamente (ela entende bem de muros). Em seguida, pulou e gritou dizendo que estava tudo bem.

Enquanto a penúltima garota subia, eu olhei para trás e vi que os gemidos haviam aumentado. Agora dezenas de zumbis estavam quase nos alcançando. Eu rapidamente subi. Estava na metade do caminho, quando olhei para baixo e vi que eles já estavam no mesmo lugar que a gente. Dei um forte impulso e cheguei ao topo do muro.

— Segura a minha mão! — eu gritei, esticando a mão pra Felipe vir também e não virar comida de zumbi. Mas foi tarde demais. Ele virou picadinho antes mesmo de tocar na minha mão.

Pulei de lá de cima sem olhar para trás, e seguimos caminho. A rua ao lado do colégio estava um caos. Os carros haviam sido abandonados no meio da pista e algumas pessoas ainda apareciam, correndo e gritando. Parece que todo o município já estava sabendo que o nosso colégio havia virado uma fábrica de zumbis.

Chegando ao fim da rua, Ineda voltou a perguntar o que faríamos. Jamille sugeriu que fossemos até o outro canto do colégio para ver se ainda havia algum ser vivo. E quando passamos pela porta principal, vimos vários zumbis indo para aquele portão, onde antes estávamos. Presumi que a outra parte do colégio estaria livre de qualquer aparição “zumbística”. Acabei de criar essa palavra. Fuck yeah.

Paramos em frente ao estacionamento e, realmente, ele estava vazio, assim como toda aquela parte do colégio. Somente um carro havia ficado. A pick-up do Márcio. Jamille deu a ideia de pegarmos o carro para fugir dali, então entramos pelo portão que coincidentemente estava arrombado, e corremos até o carro.

Quando me aproximei da porta do lado do carona, vi que a chave continuava no painel. Entrei e sentei no banco, abrindo as outras portas pra que as meninas pudessem entrar.

— Eu dirijo! — Clara gritou, empurrando Ineda que estava quase entrando no automóvel.

Fechamos as portas do carro, enquanto Ana colocava os ferros na parte traseira do veículo. Clara deu partida no motor e me dei ao luxo de ligar o ar condicionado também. Ana entrou e ficamos todas ali dentro, aparentemente seguras. E pela primeira vez naquele dia, tivemos um momento de paz. Olhei para o céu, que estava mais nublado que o normal, sem nenhum sinal do sol. Um dia completamente cinza.

Ariel, que estava no celular falando com Adams, disse que ele viu no jornal da cidade dele a situação do nosso município. Ótimo. Agora o Brasil todo sabe desse caos.

— Ele disse que o Prefeito colocou grande parte da população dessa Cidade Nova dentro de um abrigo. Ainda falta as outras Cidades Novas. Incluindo as proximidades dos outros colégios. — disse ela, abaixando a mão que segurava o celular e depois olhando para mim, preocupada.

— A gente tem que sair daqui! Liga pro Gabriel, pro Filipe, pra Sophia, pra Camila, pro Caio, pro André, pra Maria, pro Davi, pro Luiz... por favor! Pergunta onde eles estão, perguntando se estão bem! — meu coração batia cada vez mais forte, e eu gritava para que Clara saísse logo do estacionamento.

Ariel ligou para o Gabriel e disse que o celular dele tava na caixa postal. O mesmo aconteceu com os outros celulares. Eu fui ficando cada vez mais desesperada, até que um grito foi disparado, vindo da Ineda. Todas do banco traseiro começaram a gritar e foi aí que eu olhei pelo vidro lateral do carro e vi o porteiro, todo ensanguentado, com o uniforme rasgado, batendo e se jogando na janela do carro. E ele não estava sozinho. Logo atrás dele, vinha mais uma dezena de zumbis.

Por um momento, Clara ficou paralisada. Enquanto isso, nós gritávamos e os zumbis chegavam mais perto. Até que eu olhei para o retrovisor e vi um safado uniformizado querendo subir na parte de trás da pick-up.

Clara deu ré, acelerou e, finalmente, abandonamos o estacionamento do colégio.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado e obrigada por lerem!
Até a próxima~ (que será a Ariel kkkk)



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