A Pick-Up do Márcio escrita por Non Ecziste


Capítulo 1
Ana, a deusa do banheiro


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas, eu sou a primeira narradora dessa Fanfic! E vão ser 5 narradoras, uma pra cada Capitulo. Meu nome é Jamille e... bem... a personagem que vou fazer o ponto de vista é a Jamille. Kkkk. Boa leitura.



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Os professores estavam competindo para ver qual era a aula mais chata do dia...

Parabéns, Sávio, o prêmio agora é seu! E olha que eu costumo gostar de Física, mas esse professor com cara de quem frequenta narcóticos anônimos não ajuda.

Entediada, resolvi olhar para trás e ver se tinha coisa melhor, percebendo que Clara estava lendo uma fanfiction de dois meninos que se beijavam e soltavam purpurina pelos poros (ela tem sérias tendências a qualquer coisa gay, o que é muito estranho).

Clara é uma típica garota que finge não ser sentimental e que usa batom roxo, com cabelos curtos até pouco abaixo dos ombros e olhos castanhos cor de bosta. E se eu disser que ela tem a pele levemente amarelada é eufemismo, já que é tão amarela quanto um Simpson. Mais atrás, Ineda estava totalmente de costas – era a garota Lolita da sala, com seus cabelos pretos, lisos e compridos, caindo até a altura da cintura – enquanto falava com uma morena super charmosa e fresca, chamada Ana. As duas conversavam sobre chás, e sério, que adolescente de 16 anos conversa sobre isso?

Do meu lado esquerdo estava Ariel: a morena de cabelos chocolate enroladinhos, que lia sua revista sobre Nazismo parecendo bastante concentrada – do mesmo modo que Clara tem tendência a “shippar” dois garotos, Ariel elabora planos para jogar bombas atômicas nos Estados Unidos. Atrás dela, mais quieta que o normal, estava Nicole; uma brasileira rara, loira e de olhos verdes... e que parecia estar copiando a matéria, que orgulho!... Ah, não, espera, era só uma carta para o pseudo-namorado-crush-quedinha-amor dela, o Gabriel, um menino estranho que mudou de escola no ano passado, mas que é legal e tem um ótimo gosto musical.

Bem, essas são as minhas amigas, que me salvam todas as manhãs dessa escola que mais parece obra do capeta.

— EI PESSOAL DE SALINAS, BORA PRESTAR ATENÇÃO NA AULA, PORRA! — gritou o Cheira Pó, professor cheio de vocabulário e didática. Ignorei-o como fazia antes e continuei a vagar com os olhos pela sala.

Minhas amigas e eu somos as excluídas, junto dos meninos lá de trás, que também são meus amigos, mas que se limitam a dizer só “bom dia” pessoalmente. O que mais fala comigo é o André, e é uma amizade muito útil, já que o pai dele é dono de uma fábrica de esmalte e ele namora minha amiga Maria, que infelizmente não estuda mais com a gente. Além dele tem o Caio, que antes era muito tímido, mas nesse ano está falando mais. E o Davi, que só sabe dar bom dia – às vezes – e é gente boa.

— Professor — Thiago levantou o braço direito, colocando a mão esquerda sob a axila. Esse menino é estranho, e tem um corpo anatomicamente parecido ao de um pombo.

Flávio o liberou para ir ao banheiro.

— Ei Clara — sussurrei, puxando o fone de ouvido dela.

— Não puxaaaaa, vai quebrar! — ela fez uma careta.

— Tá, tá... Para de ler esse troço e bora conversar, essa aula tá insuportável.

— Ok, deixa só eu terminar essa parte.

— Nãooo, depois tu lê!

— Mas é a parte do lemon! O Takashi chegou por trás do Takeru e pôs a mão no–

— ZUMBI!! — Thiago abriu a porta da sala com força, causando um estrondo. Ele estava todo suado e com uma parte da camisa por dentro da calça.

Todo mundo riu.

— Ei filhão, tá doido? — disse Sávio, batendo com a régua no quadro. Ouvi uma risada escandalosa vinda da Daniely, logo depois.

— É SÉRIO, PROFESSOR, TEM UM ZUMBI NO BANHEIRO E EU VI OUTRO NO CORREDOR!

E o tumulto começou. Ninguém se calava e nenhuma alma viva acreditou no que o Thiago dizia, já que ele vive falando mentiras, dando potocas, causando ilusão. As pessoas apenas fingem que acreditam.

Levantei-me e falei às meninas:

— Bora beber água? Esqueci minha garrafinha — e foi o que bastou para que todas levantassem, pois só queriam um pé para fugir da aula chata.

— Bora Luiz? — chamou Ana. E só para constar: o Luiz é um dos nossos melhores amigos.

— Vou depois. To conversando com a Amanda.

Aquele traíra...

[...]

No final, somente nós seis fomos ao bebedouro.

Enquanto a Ineda passava uma eternidade bebendo água, fiquei olhando para a TV, no pátio da escola. Tinha acontecido alguma desgraça no shopping, cheio de gente ensanguentada e fogo. A repórter parecia bastante nervosa, e eu pude jurar que vi alguém morder o pescoço de uma mulher, ao fundo da imagem.

— AXL! — é como a Ariel me chama, um apelido.

— Oi? — virei na direção dela, esquecendo da televisão.

— Mamãe tá de plantão e me disse que tem algo estranho acontecendo, que pessoas com mordidas estranhas estão chegando ao Hospital. Ela me disse pra sair da escola e ir pra casa.

— Caraca, então bora sair daqui! Você já avisou as meninas?

— Já. Todas menos a Ana. Ela foi ao banheiro.

Senti um arrepio.

— Onde foi que o Thiago disse que viu um zumbi? — perguntei.

— No banheiro, eu acho — ela mordeu os lábios e deu um risinho. — Você não tá pensando que...

— Já volto! — corri em direção ao banheiro, o mais rápido que pude.

Chegando lá, notei que todo o local fedia, ainda mais que o normal. Parecia quando a mamãe esquecia um pedaço de carne fora da geladeira. Uma luz estava piscando, e fora o zumbido da lâmpada, não havia sinal de qualquer outro barulho.

— Ana? — resolvi chamá-la.

— Oi, eu!

— Onde você tá?!

— To saindo do Box.

Uma das portas metálicas se abriu e ela saiu da última cabine, toda sorridente.

— Menina, tu quase me matou de susto! — desabafei.

— Ah, desculpa. É que só tinha papel higiênico no último coisinha — disse ela, jogando o cabelo.

— A mãe da Ariel falou pra irmos pra casa. Aparentemente a cidade tá um caos.

— Ah, mas eu não queria perder aula de Lit... — uma mão arroxeada surgiu de um dos boxes e começou a puxá-la. Ela berrou, um grito gélido e estridente, até que foi levada para dentro.

— ANA! — corri até lá e abri a porta.

Pra quê, Senhor?!

— Puta... que... pariu.

O que eu vi me deixou chocada. A tia da limpeza era quem havia puxado a Ana, e ela caiu na privada, tentando afastar-se o máximo que podia. Bom... não era bem a tia da limpeza, e sim, uma criatura que ficava babando secreções escuras no cabelo da minha amiga, que já estava literalmente na merd– digo, na privada.

— SAI DAQUI, SUA MOCRÉIA — Ana berrou, quase chorando. — PARA DE BABAR NO MEU CABELO!

Tentei prender os dois braços da faxineira pelas costas dela, e admito: foi a pior sensação que já tive em toda a minha vida. Era gélida e flácida, a pele da criatura.

— SAI DA PRIVADA, ANA! VAI, PORRA!! É SÓ UM VASO SANITÁRIO, NÃO UM LABIRINTO!

Escorreguei na secreção da tia da limpeza e bati na parede com tudo, caindo com a dona zumbi em cima de mim. O cheiro forte de carne podre me deixou desnorteada. Uma Ana toda babada, molhada e bagunçada empurrou a cabeça da faxineira pra dentro da privada, de algum jeito que eu não sei como. Foi tudo rápido demais e, por sorte, a tal zumbi era uma velha fraca, então eu levantei e fui puxada pela Ana, a mais nova “deusa da privada”.

Não esperamos mais que um segundo ali dentro. Saímos correndo do banheiro mais perigoso desde a Câmara Secreta.


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Notas finais do capítulo

Bem, essa história é bem brisada, eu sei. Qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência. O próximo capítulo será narrado pela Clara, até!



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