Era Pra Dar Certo... escrita por Lola Baudelaire


Capítulo 5
Dia de cão


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, sinto muito por ter demorado tanto pra postar. É que andei meio ocupada com as coisas da escola e não tive muito tempo para pensar.
Outro problema foi o grande dilema de decidir o que postar. Porque pra falar a verdade, eu só tenho ideia do que vai acontecer no final. Já que Brooke é uma personagem de um RPG que eu jogo. E como eu achei que seria muito legal me aprofundar na história dela, e resolvi criar todo um esquema por trás dessa personagem tão interessante.
Eu prometo que as coisas vão melhorar mais pra frente.
vocês vão gostar..


Vou deixar de enrolação e começar logo esse capítulo.
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ATUALIZADO 19/06/2015
Betado por Witlemn do blog Black Widow Design



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Assim que mamãe conseguiu se recompor, ela se deitou no sofá e aumentou o volume da tevê que estava passando os últimos minutos de Bonequinha de Luxo. Assim passamos o resto da tarde assistindo filmes antigos. Se quer tocamos no assunto, até por que aquilo tudo era ridículo demais para ser verdade.

Logo minha mãe, uma simpatizante do ateísmo, começou a falar que sou filha de um deus grego. Isso era totalmente contraditório. Onde já se viu uma coisa dessas? Eu tive medo de que minha pobre mãe estivesse enlouquecendo.

...

Por volta dás 18:00 subi para meu quarto, precisava de um tempo só pra mim para digerir toda essa confusão, e além do mais, eu estava ansiosa demais, precisava me acalmar. Tranquei a porta e me joguei na cama desfeita, era domingo e a empregada estava de folga. Bonnie, a gata, logo se aninhou em cima do cobertor salmão.

Sentei-me na cama e fiquei encarando minha gata siberiana. Ela era a única que ainda não tinha me deixado. Primeiro Natie. Agora mamãe parecia estar se afastando também.

— Ah querida, você não sabe a confusão que tá minha droga de vida. — disse pegando-a no colo. — pelo menos tenho você, né?

Ela ronronou em resposta, que eu esperava que fosse um “Claro Brooks nunca vou lhe abandonar”.

Levantei-me da cama já tirando o vestido, de uma hora pra outra comecei a sentir calor. Será a menopausa?

Me permiti ficar mais a vontade só de roupa de baixo, eu esperava que ninguém me visse de sutiã e calcinha. Já que estava trancada no quarto. A menos que alguém espionasse pela janela, mas pensando bem, não corria muito o risco já que o condomínio assegurava máxima privacidade. Mas mesmo assim não conseguia ficar quieta, precisava de algo para manter a calma.

Na tentativa de relaxar corri até a estante a procura de um livro, escolhi A Cidade Sinistra dos Corvos de Lemony Snicket, um dos meus livros favoritos. A capa estava desgastada, já que tinha ganhado tal livro aos 12 anos, e ao decorrer do tempo fui meio que sem querer o destruindo. Pude reconhecer sem ao menos ler o título. Tentei ler o conteúdo do livro, mas ao invés de encontrar as palavras em perfeita ordem, me deparei com as letras desordenadas dançando sobre o papel.

A dislexia parecia ter voltado de vez, provavelmete pela falta de eficácia dos remédios. Mamãe havia gastado milhares de dólares com tratamentos alternativos originados daqueles países onde se pode encontrar a cura para (quase) tudo. No inicio parecia surtir efeito, bem, na verdade eu dependo desses benditos tratamentos desde os 6 anos de idade, só agora com 17 que os sintomas voltaram. Me recordo bem, no meio de uma prova do SAT quando as letras começaram a flutuar, eu entrei em pânico e joguei a prova no chão, fui desclassificada por isso. Desde aquele dia vem sendo difícil controlar, agora que troquei a medicação, eu achava que poderia voltar a ser alguém normal. O que foi um grande engano.

Peguei o controle jogado no chão e liguei a televisão de 32 polegadas instalada na parede. Iria fazer a única coisa que ainda me deixava calma: Filmes.

Por incrível que pareça, meu cérebro hiperativo conseguia passar horas na frente da do televisor assistindo um filme. Estranho. Não é isso que se espera de uma pessoa com TDAH. O que é bem estranho.

Abri o menu inicial fazendo aparecer uma lista de filmes salvos no PenDrive plugado na tevê, selecionei o primeiro título da sequencia: CARRIE, A ESTRANHA (1976). Um dos filmes que entram na minha lista dos melhores. Sissy Spacek foi indicada ao Oscar merecidamente pela atuação nesse filme. Particularmente eu preferia essa versão à lançada em 2013, não podia dizer nada sobre a versão de 2002, já que não o assiti. Mas esse era o melhor.

Eu entendia muito bem de cinema, fui criada entre o meio, meu sonho era ser ou cineasta ou atriz, queria estar entre Sophia Coppola como minha mãe, e se caso me tornasse atriz, queria ser lembrada entre as divas do cinema mundial, como Audrey Hepburn é até hoje. Nate costumava dizer que seria hilário assistir um filme sabendo que foi dirigido por mim.

Pensar em Nate me trouxe uma onda imensa de saudade.

Cretino! Ele não deveria ter feito aquilo.

...

Devo admitir que na hora em que Tommy chama Carrie para dançar, tive um pouco de vertigem. Sempre adorei o efeito do Contra-plongê, a técnica que consiste na câmera de filmagem posicionada um pouco abaixo do sujeito escolhido, isso dá uma impressão de grandeza ou algo do tipo. Porém, no caso do filme, quando o casal começa a dançar, a câmera (ou o casal) vai rodando e rodando, me deixando tonta, desvio o olhar um pouco para me livrar da maldita vertigem.

Em minha opinião, esse foi o único erro do filme. Espero que tenha sido a única que sofreu com esse efeito. Já que o filme é sim digno de um Oscar, por passar do comum da década de 70, e ter uma atuação impecável.

E lá vou eu dar uma de aspirante no assunto.

Um tempo depois, quando Sue é impedida pela Srta. Collins de interromper Carrie de sumir no palco, com um tapa na cara. Fui surpreendida pela minha mãe batendo na porta.

— Brooks vem jantar com a gente, Lorenzzo trouxe comida tailandesa pro jantar.

Hahaha. Muito engraçado. Como se meu dia não tivesse sido ridículo além da conta, ainda tinha que aturar o noivo da minha mãe com aquele sotaque italiano falsificado.

— Tudo bem mamãe, já estou descendo! — grito em resposta. Afinal, estava morrendo de fome.

— Vista uma roupa especial. Ele trouxe vinho.

Ah céus! Agora minha mãe passou e me incentivar a beber. O universo só pode tá conspirando. Sério mesmo

Apertei pause e congelei a tela bem na hora em que o sangue caia na cabeça de Carrie, seus olhos azuis me assustavam. Mas eu ignorei e fui tomar um banho longo e demorado.

Não me esforcei muito para me arrumar, vesti um vestido azul com listras étnicas da coleção passada da Anthropologie e calcei uma sapatilha velha que estava jogada embaixo da cama. Desci as escadas lentamente, como se tivesse competindo com uma tartaruga no quesito lentidão.

O casal estava na cozinha. Ele de jeans e uma camisa preta do Kiss segurando uma taça de vinho. Ela em um vestido soltinho púrpura da Kate Spade, com um álbum de fotos em mãos.

Já mencionei o quanto minha mãe é bonita? Ela tem uma grande semelhança com a atriz inglesa Jane Birkin. Ambas podem ser consideradas como beldades. Naquele momento senti orgulho de ter uma mãe tão linda.

Buona sera Brookes. — o noivo da minha me cumprimentou de longe com seu sotaque ridículo.

— Boa noite pra você também Lorenzzo. — respondi arrogante

O clima parecia pesado. Me arrependi por um segundo pensando na possibilidade de ter estragado a noite da minha querida mãe. Ela suspirou em desaprovação e quebrou o silencio.

— Muito bem... Vamos comer.

Naquele momento percebi pelo olhar desaprovador de mamãe, que a noite seria insuportavelmente longa, ela provavelmente me obrigaria a aturar o crápula a quem ela chamava de noivo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Porque eu amei.
Comentem gente pelo amor do vestido Anthropologie que a Brooke tava usando http://images.anthropologie.com/is/image/Anthropologie/4130336106161_046_b?$product410x615$

e pra quem quiser a imagem da Jane Birkin tá aii...

http://41.media.tumblr.com/17ff180374a529c1961ef90e03902e0d/tumblr_n768msPqBv1qagoxlo1_500.jpg


Ah, e não posso deixar de lembrar que vou deixar a parte do jantar pra amanhã..