Um dia antes...

O dia começou completamente confuso.

Primeiro, minha querida mãe resolveu me acordar às 6 horas da manhã avisando que tinha feito reservas em um hotel de Malibu.

Ok.

Não que Malibu seja um lugar ruim, mas digamos que passar quase uma hora tentando dormir em no banco de trás de um SUV seja totalmente desconfortável. Passei a viagem toda me contorcendo para tentar achar um jeito de cochilar sem sentir dores nas costas.

Depois de comprar algumas roupas no shopping da cidade nos hospedamos no Malibu Beach Inn, o que foi uma maravilha ideia, já que pude passar o resto da manhã aproveitando o glorioso serviço de quarto enquanto assistia The Blacklist.

...

Já era quase 14h quando mamãe passou no meu quarto para me avisar que deveria estar pronta para algo que iria acontecer mais tarde. Às 18h fui arrastada para praia, onde me deparei com uma espécie de jantar a céu aberto. A decoração estava esplêndida, todas as mesas estavam enfeitadas com velas douradas e hortênsias.

Parei um pouco para admirar o sol que já começara a descer ao encontro do mar violento, era uma vista linda, digna de pintura, mas que não pude admirar por muito tempo porque logo fui obrigada a me mexer, já todos estavam me olhando com curiosidade.

Todo o nosso circulo social compareceu, desde Holly Cooper, a melhor amiga de mamãe ao pessoal do salão em que cortava o cabelo. Minhas amigas também estavam presentes. Emma e April acenaram-me chamando para sentar na mesma mesa que elas um pouco distante dos demais. Perfeito.

Decidi fazer companhia, já que não tinha intimidade com metade dos convidados.

— Brookster, onde esteve? — perguntou Emma ajeitando sua franja que teimava em cair sobre seus olhos, o resto de seu cabelo loiro quase branco estava preso em um coque alto e elegante.

— Fiquei no quarto o tempo todo, foi mal não aparecer, nem sabia que viriam. — respondi me sentindo culpada por não ter feito nenhum esforço para saber o que estava acontecendo.

— Procuramos você o tempo todo. — falou April exibindo seu novo corte de cabelo que, aliás, havia ficado ótimo, os fios castanhos emoldurava seu rosto perfeitamente, e a deixava cada vez mais parecida com Olivia Palermo.

—Sério?

— Claro que não sua tonta, o Spa era proveitoso de mais para ficarmos procurando alguém tão insignificante quanto você.— confessou nos fazendo rir.

Senti falta dessas duas nas semanas em que fiquei trancada em casa lastimando a vida.

Fomos interrompidas por minha mãe tentando chamar a atenção dos convidados para o que tinha a dizer.

— Senhoras e senhores... Não... Não formal de mais. Vou começar de novo. Queridas pessoas do meu coração, eu os chamei aqui, para um lindo jantar ao pôr do sol, para anunciar em primeira mão que Lorenzo e eu estamos noivos.

— O quê? — Interrompi.

Como assim pessoa?

Senti um vento frio vir da direção do mar. Houve um burburinho entre os presentes.

— Não acredito que ela vai fazer mais um escândalo. — Murmurou Cecily Evans, uma das sócias de minha mãe.

O choque em si não foi a notícia de que minha mãe ia se casar. Tudo bem ela se casar, ela já fez isso umas duas vezes, e sou completamente a favor de vê-la feliz. O grande choque da questão foi: minha mãe se casar com esse tal de Lorenzzo Vesentini, um modelo italiano (lê-se pilantra italiano) que quer dar o golpe e roubar todo seu dinheiro. Facilitaria muito minha vida se ela ao menos acreditasse em mim.

Indignada me levantei e corri na sua direção deixando todos perplexos.

— Mãe! Isso é um erro, você não pode se casar com ele.

— O que está acontecendo querida? Já conversamos sobre isso, volte para seu lugar. — sussurrou desconcertada.

— Não, mãe você não ‘tá entendendo.

— O que ela não está entendendo Brooke? — indagou o meliante, me desafiando a falar alguma coisa.

CRETINO.

Lorenzzo passou o braço pela cintura de mamãe e falou com orgulho: “Sua mãe e eu iremos nos casar, e seremos muito felizes.”.

O clima mudou bruscamente. Uma rajada de vento arrastou as mesas em direção oposta ao mar. A maré começou a subir molhando os sapatos dos presentes.

Senti uma sensação estranha, meu coração acelerou. Minha visão começou a ficar embaçada, só pude vislumbrar as pessoas correrem para longe do lugar. Uma enorme onda se aproximava da praia, enquanto minha mãe estava ali, sozinha, me encarando incrédula.

— O que você pensa que está fazendo? — ela exigiu com urgência.

— Na... Nada

Ela me encarava com olhos arregalados de repulsa que me causavam arrepios.

— Eu deveria tê-lo escutado.

— Do que você está falando? — não estava entendendo absolutamente nada.

— Ele estava certo, você está saindo do controle.

Eu queria ter questionado, mas não tive tempo. Só deu tempo de me jogar na sua direção e protegê-la da onda (não sei como) que teria nos engolido se não fosse por uma grande bolha de ar que nos cercava.